RECORDANDO OS VENDEDORES AMBULANTES E SEUS PREGÕES MATINAIS – Parte III
(ORMUZ BARBALHO SIMONETTI)
Desfilavam pelas ruas da velha cidade outros
saudosos pregoeiros. A velhinha da carimã, uma
espécie de broa feita de massa azeda de
mandioca, muito utilizada na confecção de
bolos e biscoitos. Andava sempre com um porrete
na mão, para se defender dos cachorros vadios,
mas também pra correr atrás dos garotos
traquinos que mexiam com ela gritando
“carimã podre!”.
saudosos pregoeiros. A velhinha da carimã, uma
espécie de broa feita de massa azeda de
mandioca, muito utilizada na confecção de
bolos e biscoitos. Andava sempre com um porrete
na mão, para se defender dos cachorros vadios,
mas também pra correr atrás dos garotos
traquinos que mexiam com ela gritando
“carimã podre!”.
O vendedor de alfenim, um simpático
velhinho que usava uma velha sandália de rabicho
feita de sola e caminhava lentamente com paços
miúdos e cadenciados, trazia em seu
tabuleiro torrões de açúcar transformados
em miniaturas de bois, vacas, cachorros,
galinhas e cavalos, tudo cuidadosamente
pintados com cores vivas e atraentes.
velhinho que usava uma velha sandália de rabicho
feita de sola e caminhava lentamente com paços
miúdos e cadenciados, trazia em seu
tabuleiro torrões de açúcar transformados
em miniaturas de bois, vacas, cachorros,
galinhas e cavalos, tudo cuidadosamente
pintados com cores vivas e atraentes.
A vendedora de mangabas, negra alta e
esbelta, equilibrava na cabeça com graça e
desenvoltura, um alguidar de barro cheio
dessas frutinhas genuinamente nordestinas.
A venda era feita por litro e também em
pequenas caixolas feitas com folhas de
“cajueiro brabo” - uma espécie que existe
em áreas de tabuleiros e que tem folhas
grandes e espessas - e costuradas com
palitos de coqueiro. As frutas eram colhidas
nas dunas que circulam nossa cidade pelo
lado do nascente.
esbelta, equilibrava na cabeça com graça e
desenvoltura, um alguidar de barro cheio
dessas frutinhas genuinamente nordestinas.
A venda era feita por litro e também em
pequenas caixolas feitas com folhas de
“cajueiro brabo” - uma espécie que existe
em áreas de tabuleiros e que tem folhas
grandes e espessas - e costuradas com
palitos de coqueiro. As frutas eram colhidas
nas dunas que circulam nossa cidade pelo
lado do nascente.
Outro pregoeiro, que ainda hoje
pode ser visto pela cidade, é o vendedor
de geleia de coco. Conduzindo o tabuleiro
na cabeça, anunciava o produto batendo
seguidamente com uma espátula, que utilizava
no corte das poções, em uma das pernas do
tabuleiro que produzia um som metálico.
Os preços variavam de acordo com o
tamanho da porção. Ao lado do tabuleiro,
presos por um arame, pedaços de papéis
de diversas cores serviam para acondicionar
a guloseima. Pessoas que por ventura
utilizassem próteses dentárias, por motivos
óbvios, evitavam seu consumo.
pode ser visto pela cidade, é o vendedor
de geleia de coco. Conduzindo o tabuleiro
na cabeça, anunciava o produto batendo
seguidamente com uma espátula, que utilizava
no corte das poções, em uma das pernas do
tabuleiro que produzia um som metálico.
Os preços variavam de acordo com o
tamanho da porção. Ao lado do tabuleiro,
presos por um arame, pedaços de papéis
de diversas cores serviam para acondicionar
a guloseima. Pessoas que por ventura
utilizassem próteses dentárias, por motivos
óbvios, evitavam seu consumo.
O vendedor de pirulitos – do tipo
guarda-chuva -, garoto franzino e saltitante,
vez por outra encostava a tábua recheada
com as deliciosas iguarias no muro de
alguma residência, pra jogar bola de meia
ou de gude, com os garotos da rua.
Não raro, quando apanhava a tábua
novamente, alguns pirulitos havia
desparecido misteriosamente. Mesmo assim,
sempre estava por ali batendo uma bolinha.
guarda-chuva -, garoto franzino e saltitante,
vez por outra encostava a tábua recheada
com as deliciosas iguarias no muro de
alguma residência, pra jogar bola de meia
ou de gude, com os garotos da rua.
Não raro, quando apanhava a tábua
novamente, alguns pirulitos havia
desparecido misteriosamente. Mesmo assim,
sempre estava por ali batendo uma bolinha.
Lembro do vendedor de raivas, que
trazia o produto em um depósito cilíndrico
dentro de um saco e o conduzia preso as
costas segurando-o com uma das mãos.
Havia ainda o vendedor de cocadas; o de
tapioca e beijus no coco além dos
conhecidos grudes de Extremoz, que
passava propositalmente sempre no
início das manhãs ou no final das tardes,
horário que antecede as refeições; o
vendedor do famoso “cuscuz da Mata”,
caminhava equilibrando o tabuleiro
na cabeça, com andar ligeiro e cadenciado
como se disputasse uma macha atlética.
Com os primeiros raios do sol, partia
para sua maratona que começava na
Avenida Um, no bairro do Alecrim,
onde se localizava a fábrica, só
retornando no dia seguinte, após novo
carregamento.
trazia o produto em um depósito cilíndrico
dentro de um saco e o conduzia preso as
costas segurando-o com uma das mãos.
Havia ainda o vendedor de cocadas; o de
tapioca e beijus no coco além dos
conhecidos grudes de Extremoz, que
passava propositalmente sempre no
início das manhãs ou no final das tardes,
horário que antecede as refeições; o
vendedor do famoso “cuscuz da Mata”,
caminhava equilibrando o tabuleiro
na cabeça, com andar ligeiro e cadenciado
como se disputasse uma macha atlética.
Com os primeiros raios do sol, partia
para sua maratona que começava na
Avenida Um, no bairro do Alecrim,
onde se localizava a fábrica, só
retornando no dia seguinte, após novo
carregamento.
O pipoqueiro, presença constante
nas portas das escolas ou onde houvesse
aglomeração de crianças, também realçava
o cenário das ruas da velha cidade.
O vendedor de cavaco chinês, que apesar
da modernidade, ainda insiste em sobreviver,
não utilizava nenhum pregão.
Era reconhecido apenas pelo frenético
tilitar de seu triângulo, em obediência
um encadeamento bem conhecido,
principalmente pela criançada.
nas portas das escolas ou onde houvesse
aglomeração de crianças, também realçava
o cenário das ruas da velha cidade.
O vendedor de cavaco chinês, que apesar
da modernidade, ainda insiste em sobreviver,
não utilizava nenhum pregão.
Era reconhecido apenas pelo frenético
tilitar de seu triângulo, em obediência
um encadeamento bem conhecido,
principalmente pela criançada.
E continuava o desfile dos pregoeiros
matinais. Aparecia o vendedor de peixe,
que os trazia pendurados em uma peça
de madeira apoiada em cima de seu ombro.
Na mão, um porrete de madeira e na
cintura uma peixeira “12 polegadas”,
para tratar o pescado, ou dividi-los
em postas de acordo com o desejo
da dona de casa. O vendedor de
caranguejos-uçá e gordos goiamuns,
vendidos amarrados em cordas de
10 e 12 unidades, pendurados em
um pau de galão. O vendedor de
camarões torrado, vendidos em litros,
atraia os fregueses anunciando que sua
medida era “cheia no capricho” e
sempre tinha um agrado de 4 a 5 camarões
que colocava depois.
matinais. Aparecia o vendedor de peixe,
que os trazia pendurados em uma peça
de madeira apoiada em cima de seu ombro.
Na mão, um porrete de madeira e na
cintura uma peixeira “12 polegadas”,
para tratar o pescado, ou dividi-los
em postas de acordo com o desejo
da dona de casa. O vendedor de
caranguejos-uçá e gordos goiamuns,
vendidos amarrados em cordas de
10 e 12 unidades, pendurados em
um pau de galão. O vendedor de
camarões torrado, vendidos em litros,
atraia os fregueses anunciando que sua
medida era “cheia no capricho” e
sempre tinha um agrado de 4 a 5 camarões
que colocava depois.
Um dos pregoeiros mais famoso
daquela época foi o jornaleiro Cambraia.
Conheci-o muito bem, pois, diariamente,
passava em frente a minha casa anunciando
com um vozeirão arrebatador:
“ôlelê, ôlelê, jorná de natá”.
Negro alto, de brancos cabelos pixains
que mais pareciam pipocas, tinha
feições marcadas pelo tempo. Andava
sempre de pés descalços, calças arregaçadas
na altura dos joelhos e camisa entreaberta.
Trazia os jornais, em baixo do braço
protegidos por uma espécie de papelão.
daquela época foi o jornaleiro Cambraia.
Conheci-o muito bem, pois, diariamente,
passava em frente a minha casa anunciando
com um vozeirão arrebatador:
“ôlelê, ôlelê, jorná de natá”.
Negro alto, de brancos cabelos pixains
que mais pareciam pipocas, tinha
feições marcadas pelo tempo. Andava
sempre de pés descalços, calças arregaçadas
na altura dos joelhos e camisa entreaberta.
Trazia os jornais, em baixo do braço
protegidos por uma espécie de papelão.
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