quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

 


Cartas de Cotovelo – Verão de 2023 – 6

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

GLORIOSA MARIA

Esta minha Carta de hoje não representa nenhuma súplica ou oração a Maria nossa mãe Gloriosa, mas uma singela homenagem a uma vivente que partiu, deixando exemplo e saudade – GLORIA MARIA DA SILVA, carioca de Vila Isabel, da cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, onde nasceu e viveu (15 de agosto de 1949 – 02 de fevereiro de 2023). 73 anos de vida intensa e marcante.

A imortalidade, não necessariamente, decorre daqueles ou daquelas que ingressaram em alguma Academia, mas os que deixaram frutos perenes escritos ou exemplos ofertados no correr da vida, que impõem servir de exemplo para o todo e sempre.

GLÓRIA MARIA era uma dessas criaturas. Jornalista que se notabilizou pela competência, destemor, inovação, humanidade e companheirismo.

Não tive a felicidade de conhecê-la pessoalmente, mas desde o começo de seu ingresso na Televisão cativou a atenção dos telespectadores e logo ocupou um lugar de destaque dentre os integrantes da comunicação televisiva.

Com finesse incomum, soube escolher a temática dos seus múltiplos trabalhos, realizados com criatividade e coragem.

Lembro da atenção que passei a dar às suas reportagens e comentá-las no sofá de casa com a minha Therezinha, que também a admirava.

O caminho de Glória Maria no jornalismo teve início quando ainda estudante universitária. Com muito esforço, sacrifício até, conciliava a sua profissão com empregos que lhe garantiam a sobrevivência.

Depois foi funcionária da Globo (1970), onde ofertou a sua fidelidade até a viagem final, fazendo o registro de sua presença nos acontecimentos mais importantes da história do Brasil e, também de países estrangeiros de então, entrevistando, desde as pessoas mais simples até a imponência dos advindos de família real, de astros, esportistas e heróis que se destacaram nesse mundo de meu DEUS.

Na Globo, participou dos programas mais icônicos, incluindo a apresentação, por 10 anos, de O Fantástico.

No correr da vida resolveu adotar Maria e Laura, às quais ofertou uma educação exemplar, sem exposição ao público.

Foi pioneira na altivez de defesa da raça negra, mostrando a sua extraordinária competência com coragem e determinação.

Aqui, apresento o meu profundo sentimento pela partida de tão estimada pessoa, a quem, enquanto vida tiver, não deixarei de lembrar.

Deus a receba em sua Casa Celestial.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

 


Augusto Severo, macaibense ilustre

 

 

Padre João Medeiros Filho (*)

pe.medeiros@hotmail.com

 

Os seus restos mortais encontram-se custodiados pelo Instituto Histórico e Geográfico do RN, aguardando o mausoléu definitivo. Reconhecemos e agradecemos os esforços daqueles que se engajaram, ontem e hoje, na luta para que o traslado acontecesse. Todavia, há um dado que parece esquecido e necessita de registro histórico. Trata-se do gesto de Valério Alfredo Mesquita e Odiléia Mércia da Costa, há quarenta anos. Eis o que ela afirmou em carta publicada no Diário de Natal, aos 29 de setembro de 1983: “A ideia da remoção dos restos mortais do aeronauta Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, do Rio de Janeiro para a sua cidade Macaíba, não é minha e nem de agora. Ela é antiga e até Mestre Luís da Câmara Cascudo e outros se pronunciaram favoravelmente.” Há um brocardo jurídico, inspirado em Santo Agostinho: “Unicuique suum tribuere” (A cada um o que lhe cabe e merece).

Em 1983, Dr. Valério presidia a Fundação José Augusto e a Senhora Odiléia era a Prefeita de Macaíba. À época, representávamos aquela Fundação junto aos órgãos culturais, sediados no Rio de Janeiro. Ali, exercemos, dentre nossas atividades eclesiásticas, as funções de vigário da Igreja de São João Batista (em Botafogo), em cujo cemitério jaziam os restos mortais de Augusto Severo. Igualmente naquela Cidade, no Colégio e Convento Santa Doroteia (situado à Rua do Bispo nº 191, Rio Comprido), residia a veneranda Madre Maranhão (Berta Augusta de Albuquerque Maranhão), filha do grande vulto macaibense.

Naquele bairro carioca (onde viemos habitar posteriormente com nossos familiares), morava uma grande amiga, Theresinha de Souza Machado, ex-aluna de Madre Maranhão. Ela agendou um contato nosso com a antiga mestra. Em junho de 1983, hora e dia aprazados, acompanhamos o Presidente da Fundação e a Prefeita ao convento. Ambos expuseram à freira o desejo dos conterrâneos de trazer os restos mortais de Augusto Severo para sua terra natal. Na ocasião, foi entregue à religiosa um documento da municipalidade, assegurando a construção de um jazigo condizente com o ilustre potiguar. Tranquilamente, a Madre expressou seu assentimento sobre o assunto. O Presidente da Fundação e a Prefeita de Macaíba prontificaram-se em providenciar as passagens aéreas para a religiosa acompanhar o traslado. No dia seguinte, após o encontro, fomos à referida necrópole para saber das futuras tratativas. Como vigário daquele bairro, íamos frequentemente ali presidir cerimônias litúrgicas. Recebeu-nos o administrador, o qual nos inteirou sobre os procedimentos necessários.

De retorno a Natal, o Presidente da Fundação e a Prefeita procuraram iniciar os passos para concretizar o projeto. Entretanto, alguns descendentes de Augusto Severo, manifestaram discordância, inclusive pela imprensa. É o que se infere de longa matéria publicada no Diário de Natal, datada de 26/09/83. O Senhor Augusto Severo Neto, representando a família, em correspondência endereçada à então Prefeita de Macaíba, publicada no Diário de Natal, nessa mesma data, assim se expressou: “Nossa tia, de já noventa e dois anos de idade, telefonou-nos, aflita, dizendo-nos ter sido procurada pela Senhora Prefeita, acompanhada de seu marido e um padre (grifos nossos) para solicitar permissão para o translado, mas que era absolutamente contra.” Entretanto, não foi isso o que ouvimos da veneranda religiosa, muito lúcida ainda. A aquiescência formal da religiosa consta na carta enviada à Prefeita Odiléia, publicada integralmente no Diário de Natal, edição de 29/09/83. Ali, pode-se ler frases lapidares: “O amor filial e a sensibilidade feminina dariam preferência a conservar, onde, até o momento, estão os restos mortais de meu inesquecível Pai... Mas, o coração deve ceder aos motivos da Razão e ao Amor à Pátria que se expressarão na homenagem que pretendem lhe prestar” [em sua terra].

Diante da desaprovação de alguns familiares de Augusto Severo, Dr. Valério e a Sra. Odiléia desistiram das tratativas, “ad bonum pacis” (para o bem da paz). Sempre desejamos conhecer a história daquele que deu nome, por algumas décadas, à cidade de Campo Grande, berço de nossos pais. A Providência Divina quisera que, em 2011, fôssemos acolhidos para ocupar a cadeira 18 da Academia Norte-rio-grandense de Letras, da qual Augusto Severo é patrono. Dissera Cristo aos seus concidadãos: “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22, 21).

 

(*) Da Academia Norte-Riograndense de Letras


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 

Altíssima ficção
​Vou seguir tratando da controversa divisão entre “alta” e “baixa” literatura. E, desta feita, vou focar na ficção científica, um dos mais importantes e populares gêneros de literatura. Seus fãs, seus clubes, seus prêmios (sendo o Nebula e o Hugo os mais prestigiados) são muitíssimos. Suas estórias vendem aos tubos. Invariavelmente, essas estórias vão bater nas telas grande e pequena. Sucesso para além das fronteiras da nossa imaginação. E eu a acho uma literatura estelar.
​Embora já existisse alguma produção do tipo desde o Iluminismo – afinal, com as “luzes” focamos na ciência –, convencionalmente, tem-se nas aventuras e na “littérature d’anticipation” de Jules Verne e na “science fiction” de H. G. Wells os precursores do gênero ficção científica. Como anota Miklós Szabolcsi (em “Literatura universal do século XX: principais correntes”, Editora Universidade de Brasília, 1990), “essa nova corrente inicia-se com Jules Verne, cuja obra ainda mantém em equilíbrio harmônico os elementos históricos, a descrição humana e futurologia técnica, caraterísticas que, com certeza, encerram o segredo de sua influência e de seu sucesso junto aos leitores; Herbert George Wells, por sua vez, apresenta utopias técnicas mais amargas e agourentas, que mostram um futuro distante forrado de pessimismo com relação ao ser humano”.
Sem demérito algum ao autor de “A máquina do tempo” (“The Time Machine”, 1895) e “A Guerra dos Mundos” (“The War of the Worlds”, 1898), devo aqui anotar que sou um fã de Verne, de suas “Viagem ao centro da terra” (“Voyage au centre de la terre”, 1864), “Vinte Mil Léguas Submarinas” (“Vingt mille lieues sous les mers”, 1870), “A volta ao mundo em 80 dias” (“Le tour du monde en quatre-vingts jours”, 1873) e, ao final, do seu conjunto “Viagens Extraordinárias” (“Voyages Extraordinaries”). Como aduz Bruno Blasselle, em “Histoire du livre: le triomphe de l’édition” (Gallimard, 2006, vol. 2), “se existe um autor no qual o progresso científico há inflamado a imaginação das pessoas, este é Jules Verne”, alegadamente o escritor mais traduzido da história.
É necessário registrar que o gênero ficção científica tem fronteiras muito mais amplas do que costumamos imaginar (afinal, onde estão as fronteiras da imaginação?). Aqui quero dizer que nesse gênero estão muito mais do que um “2001: Uma odisseia no espaço” (“2001: A Space Odyssey”, 1968), de Arthur C. Clark, para didaticamente darmos um exemplo marcadamente específico dessa literatura (e do cinema dela decorrente). Por exemplo, no gênero ficção científica entram distopias como “Admirável mundo novo” (“Brave New World”, 1932), de Aldous Huxley, “Fahrenheit 451” (1953), de Ray Bradbury, “1984” (“Nineteen Eighty-Four”, 1949), de George Orwell e “O Homem do Castelo Alto” (“The Man in the High Castle”, 1962), de Philip K. Dick. Temores do presente projetados num futuro até “próximo”. E, claro, distopias interplanetárias mais que ousadas, baseadas nas descobertas científicas de hoje e suas possibilidades de realização futuras quase infinitas. Este é o caso de Isaac Asimov e sua série, obra-prima da literatura, “Fundação” (“Foundation”, iniciada em 1942). Alguém pode querer literaturas de nível mais elevado do que as proporcionadas pelos autores e livros acima citados?
Doutra banda, é crucial aqui afastar o preconceito, vinculado à confusão entre o gênero ficção científica e um certo tipo de cinema/TV baseado nele, que alguns enxergam como superficial ou mesmo “mentiroso demais”. Pode até existir. Mas é fato já constatado a realização de muitas das “ficções” previstas por aqueles grandes autores “mentirosos”, digo “visionários”.
Para encerrar, ouso vaticinar que a ficção científica é o mais filosófico/profundo dos gêneros literários (e cinematográficos), na esteira do que defende Daniel Shaw, em seu “Film and Philosofy: taking movies seriously” (Wallflower Press, 2008), cujo título parece uma derivação do clássico “Taking Rights Seriously”, de Ronald Dworkin. De fato, cuidadosamente observando, a ficção científica trata de questões eminentemente filosóficas, como as diferenças entre o ser humano e as máquinas, a própria identificação do indivíduo em si, as implicações do presente no futuro da humanidade, o conceito de tempo, os perigos da sacralização da tecnologia e de certos mecanismos de controle social, a possibilidade e os impactos de um contato com seres alienígenas, entre muitos outros. Isso – que reafirmo aqui – não é mentirinha. É fato.
Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL

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A solidão povoada

Padre João Medeiros Filho

Um dos grandes desafios de nossos dias consiste em superar a insensibilidade social. É verdade que as tecnologias modernas favorecem a aproximação. Entretanto, apresentam um efeito adverso. Por exemplo: em casa, nos restaurantes, ônibus, consultórios etc. contam-se nos dedos aqueles que conversam com quem está ao lado. O contato é cada vez mais digitalizado ou por mensagem de voz. Há sinais evidentes de contradição. Verifica-se grande solidariedade pelas vítimas de catástrofes nacionais ou internacionais, mas ignora-se o pobre de mão estendida, que bate na janela do carro, suplicando uma ajuda. Há uma comoção pelos atingidos em desastres e acidentes, divulgados pela mídia. Porém, o mesmo não acontece diante do sofrimento daqueles que povoam os corredores e filas dos hospitais públicos de nossas cidades. Por vezes, fica-se anestesiado diante da dor tão próxima, mas sensível e solidário com o infortúnio distante. Apresentam-se várias justificativas para a indiferença ou ausência.

Nos dias de hoje, morar na mesma cidade, bairro, rua ou prédio não garante infelizmente uma convivência atenciosa entre as pessoas. É comum os vizinhos do mesmo edifício ou condomínio serem desconhecidos. Muitos experimentam o que se denomina solidão povoada. Vive-se sozinho, apesar de cercado de pessoas por todos os lados. As novas possibilidades suscitadas com o avião, telefone, internet e as redes sociais não conseguiram destruir as lógicas e dinâmicas que criam desencontros, exclusões, indiferença e até violência. 

Não se pode negar que uma convivência tranquila entre os seres humanos é salutar. Cristo pressentiu essa terrível solidão e prometeu a sua companhia: “Não vos deixarei órfãos [sozinhos]... estarei convosco todos os dias” (Jo 14, 18). Vive-se paradoxalmente a civilização da distância, insensibilidade e solidão. A indiferença pode gerar antipatia, desrespeito e até agressividade. Isto mostra que o mundo não compreendeu ainda a mensagem de fraternidade e amor de Deus feito homem. É um direito de todos serem acolhidos com atenção, respeito e reconhecidos em sua dignidade. As criaturas sentem necessidade de ser bem tratadas, ouvidas, amparadas em suas necessidades, abraçadas e amadas. É preciso descobrir no Evangelho a ternura e a compaixão de Cristo pelos desvalidos, carentes, excluídos e enfermos. Infelizmente, não é isso o que predomina atualmente nas relações humanas e sociais. Constatam-se cada vez mais práticas e posturas individualistas, excludentes e uma tendência à globalização da indiferença social. Dom Helder Câmara exclamou em um de seus programas, na Rádio Olinda: “Somos ainda pagãos. Fomos batizados apenas no corpo, mas não na mente. É preciso batizar as regiões pagãs de nossa alma.”

Compartilhar o amor é a energia mais poderosa no processo de humanização. Por isso, Jesus ensinou: “Amai-vos uns aos outros... Nisto conhecereis que sois meus discípulos” (Jo 13, 34-35). Santa Dulce dos Pobres também afirmou: “O mundo necessita mais de amor e atenção do que de pão.” Deus concedeu ao homem a liberdade. Mas, é preciso lembrar que ela não elimina nossa ambivalência. Assim, ter-se-á sempre a possibilidade de amar ou odiar, ajudar ou dificultar, repartir ou reter, ser generoso ou egoísta. Esta condição pede vigilância e discernimento nas escolhas.

O ser humano paulatinamente passou a ser coisificado e reduzido a mero consumidor. E como consumir exige ter dinheiro, este passou a ser cobiçado, tornando-se a pérola preciosa a ser buscada e disputada por todos. É lamentável, mas na sociedade hodierna, quem não tem dinheiro vale pouco. A vida passou a ser regida por ganhar e acumular, e não respeitar e amar. Aí reside uma parte significativa da cultura da insensibilidade social. Poucos se indignam e reagem ainda diante da injustiça e exclusão. Nem mesmo os governantes, escolhidos e pagos para lutar contra essa realidade. É preciso pensar no poder do amor e na força da solidariedade, que suscitam entusiasmo e transformações culturais e sociais. Nisto está a grandeza da obra de Francisco de Assis, Tereza de Calcutá, Padre João Maria, Padre Ibiapina e tantos outros que concretizaram mudanças sociais em seu tempo e contexto. Eis o conselho do apóstolo Paulo: “Vesti-vos com os sentimentos de compaixão, bondade, mansidão, humildade e paciência. Ajudai-vos uns aos outros” (Col 13, 3).

domingo, 29 de janeiro de 2023

 

Cartas de Cotovelo – Verão de 2023 – 5

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

MANHÃ DE VERANEIO

Mais um dia que surge, sob um sol maravilhoso como dádiva do Criador. Os pássaros foram os primeiros e os seus gorjeios me despertaram do sono de um outro dia dadivoso. Quiçá a paz de criança dormindo!

Mesmo com este cenário maravilhoso que a Praia de Cotovelo nos oferece, não consigo apagar um pouco de nostalgia e saudade, quando falta a presença de THEREZA, mentora de todos os programas dos dias de veraneio, principalmente do domingo, quando passeávamos na orla e tirávamos fotografias que registraram durante 71 anos de convivência, uma amizade e um amor, daqueles que podemos dizer, sonhado e realizado.

Claro está que estou agora em imensa regressão no tempo e isso não pode causar espanto, eis que já caminho para os 84 anos de uma vida que somente deixou saudades de vitórias, de alegria, de convivência, embora também estivessem presentes instantes de perdas e dor, porque é a sina de todo cristão vivente ou, apenas de todo vivente.

Me perdoem, mas todos nós temos, de vez em quando, momentos de depressão, doença que nos impõe sofrimento.

Nesses instantes volto-me para Deus e sua grandeza e dos ensinamentos do Cristo Nosso Senhor, da Santa Mãe Maria e do operoso e exemplar José, ou mesmo, uma boa e salutar leitura, como “De uma longa Caminhada”, do meu amigo Honório de Medeiros, de onde colhi essa preciosidade:

Quero me sentar nas calçadas nos finais de tarde, xícara de café na mão, o chiste, o juízo-temerário, a anedota, a estória e a história na ponta da língua e na raiz do ouvido, o pensar leve, o dizer ameno, o lamento – se houver – sentido, enquanto a vida passa como em um sonho, suave e derruidora, o tempo se esgota evanescente até que não haja mais o momento seguinte e eu, sábio posto que velho – assim espero -possa ter a certeza de que tudo pelo qual se ensanguenta o homem, a não ser quando em defesa de si e dos seus, não vale a pena, e que acertei quando despi meu espírito, até o nada, do supérfluo, e compreendi o tamanho de minha ignorância.

Nada a reclamar e tudo a agradecer – esta natureza exuberante que não estamos sabendo cuidar; desse clima de humanidade, que não estamos conduzindo de forma competente; alimento que recebemos todos os dias; das companhias dos familiares e dos amigos, sempre gentis e prestativos.

Particularmente, adoro esta Comunidade ordeira de Pium e Cotovelo, a simplicidade do seu povo e solidariedade dos visitantes, bem presentes nas missas dominicais do Padre Sidnei, cativante porque singela.