A pressa é inimiga da perfeição
Quando comentou a rapidez com que se redigia o Código Civil Brasileiro, o jurista Rui Barbosa usou esta expressão.
“A união faz a força” que era uma abreviação para um texto bíblico: ”É fácil quebrar uma vara, mas é difícil quebrar um feixe de varas”.
Acabar em pizza
Uma
das expressões mais usadas no meio político é “tudo acabou em pizza”,
empregada quando algo errado é julgado sem que ninguém seja punido. O
termo surgiu no futebol. Na década de 60, alguns cartolas palmeirenses
se reuniram para resolver alguns problemas e, depois de 14 horas
seguidas de brigas e discussões, estavam com muita fome. Assim, todos
foram a uma pizzaria, tomaram muito chope e pediram 18 pizzas grandes.
Depois disso, simplesmente esqueceram o assunto, foram para casa e a paz
reinou. Depois desse episódio, Milton Peruzzi, que trabalhava no jornal
Gazeta Esportiva, publicou a seguinte manchete: “Crise Do Palmeiras
Termina Em Pizza”. Daí em diante, a expressão pegou.
Andar à toa
”Toa”
vem do inglês ”tow”, que é a corda usada por um barco para rebocar
outro maior. Então, quando o barco menor está rebocando o navio, os
marinheiros do navio ficam sem fazer nada. À toa é algo feito sem
esforço, algo sem importância. Os portugueses, resolveram dar um sentido
figurado a esse procedimento marítimo, e já faziam isso desde o século
XVII.
Aos trancos e barrancos
A
expressão se refere a algo que segue adiante, mas com muita
dificuldade. Tranco é o salto que o cavalo dá, mas também pode ser um
golpe brusco. Barranco (no Brasil) é a ribanceira de um rio que tem
margem íngreme, mas em Portugal (que é de onde veio a expressão) é uma
vala aberta por ações da natureza, como uma enxurrada, ou pelo homem.
As paredes têm ouvidos
Nascida
na França e originada da perseguição contra os huguenotes, que resultou
na matança conhecida como a Noite de São Bartolomeu (em 24 de agosto de
1572). A rainha Catarina de Médicis, esposa de Henrique II (rei da
França), era muito desconfiada e uma perseguidora implacável dos
huguenotes. Para poder escutar melhor as pessoas de quem mais
suspeitava, mandou fazer uma rede com furos, nos tetos do palácio real.
Foi este sistema de espionagem que deu origem à esta expressão muito
famosa. Usada para avisar alguém sobre o que vai falar, para não se
comprometer.
Até que a morte os separe
Na
Primeira Epístola aos Coríntios, São Paulo usa a frase para falar dos
laços indissolúveis que unem homens e mulheres no matrimônio.
Botar as cartas na mesa
É originada dos jogos de baralho, no qual em um momento do jogo ”botar as cartas na mesa” é revelar aos outros o que se tem nas mãos, abrir o jogo.
Casa-da-mãe-Joana
Esta
Joana é a condessa de Provença e rainha de Nápoles (Joana I). Em 1347,
ela regulamentou os bordeis de Avignon, onde vivia refugiada.
”Casa-da-mãe-Joana” então virou sinônimo de prostíbulo, lugar de
bagunça.
Chegar de mãos abanando
Originada
no período de grandes imigrações no Brasil (final do século XIX).
Quando estrangeiros vinham com a família para trabalhar nas fazendas dos
barões do café. Os imigrantes deveriam trazer ferramentas para começar o
trabalho. Quem viesse sem nada, ou com as mãos abanando, era
considerado avesso ao trabalho.
Colocar a mão no fogo
Significa
confiar na inocência de uma pessoa. Nasceu na Idade Média. Para provar
sua inocência, o acusado deveria caminhar alguns metros, na frente de um
juiz e de testemunhas, segurando uma barra de ferro em brasa nas mãos.
As mãos eram protegidas apenas por um pedaço de estopa envolvido em
cera. Três dias depois, a estopa era retirada. Se a mão estivesse sem
nenhuma marca, o acusado era considerado inocente. Se aparecesse uma
queimadura, o sujeito era enforcado.
Com o rabo entre as pernas
Significa
aqueles que recuam, humilhados ou amedrontados. Seu uso é bem antigo,
pois Francisco Manuel de Melo a mencionou em Feira de Anexins, de 1666.
Comer com os olhos
Quem não pode devorar uma saborosa comida, acaba comendo apenas com os olhos. Atualmente, ”comer com os olhos”
significa ter certa inveja. Mas na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa
consistia em um banquete em honra dos deuses em que ninguém colocava as
mãos na comida. Todos participavam da refeição apenas olhando.
Contagem regressiva
No
filme A mulher na Lua, de 1930, o cineasta alemão Fritz Lang criou a
contagem regressiva para dar mais emoção a uma cena de um lançamento de
foguete. Cientistas alemães aprovaram a novidade e passaram a adotar a
contagem regressiva no lançamento de bombas V-2, durante a Segunda
Guerra Mundial. O procedimento foi levado à NASA pelos cientistas
alemães que se mudaram para os EUA, fugidos do nazismo.
Custar os olhos da cara
Deu
origem num costume bárbaro de tempos antigos. Os olhos eram
considerados muito valiosos. Então, governantes depostos, prisioneiros
de guerra e outros tipos de inimigos, tinham seus olhos arrancados
depois de um golpe ou batalha. Os vencedores acreditavam que desse modo,
os derrotados teriam poucas chances de se vingar porque se tornariam
inofensivos.
Dar de mão beijada
Entregar
algo a alguém sem nenhum pedido de retribuição. Diante dos papas, os
reis e nobres mais ricos primeiro beijavam a mão de Sua Santidade e em
seguida, faziam suas ofertas, entregando à Igreja terras, palácios e
outros bens. O primeiro a utilizar a expressão foi o papa Paulo IV, em
documento de 1555.
De pés juntos
Jurar
ou negar de pés juntos é dizer algo com toda convicção. Já se falava
assim em Portugal no século XVI. Os pés juntos indicam posição de
sentido, demonstram respeito e obediência.
De tirar o chapéu
É
quando alguma coisa está muito boa ou merece admiração. Antigamente se
usava muito chapéu, então a expressão era mais usada. Hoje em dia está
em extinção porque ninguém mais usa chapéu. Mas a expressão ainda
permanece como forma de homenagem e de reverência. O rei francês Luís
XIV criou uma espécie de manual de etiqueta sobre o uso do chapéu em sua
corte, ordenando que o chapéu só poderia ser retirado da cabeça para
saudações em ocasiões especiais. Foram os portugueses que trouxeram esta
expressão para o Brasil.
”Dia D” e ”Hora H”
Dia
determinado para a execução de uma certa tarefa ou para o início de uma
dada operação. Teve origem na Segunda Guerra Mundial, no famoso dia em
que os Aliados se preparavam para invadir a região da Normandia, ocupada
pelos alemães. Para manter o plano em sigilo, as forças aliadas
registraram apenas o dia como D e a hora como H. E foi daí que nasceram
as duas expressões: Dia D e Hora H.
O Dia D foi 6 de Junho de 1944 e a
Hora H foi às 6 da manhã. A operação de invasão envolveu 3 milhões de
soldados, 5.339 embarcações, 11 mil aviões e 15 mil tanques e veículos
blindados. Morreram 80.295 soldados alemães, 34.417 soldados aliados e
12.850 civis franceses. Foi a operação militar mais espetacular de todos
os tempos.
Entrar com o pé direito
A
expressão é muito antiga. No Império Romano, nas festas, os
convidados eram obrigados a entrar no salão destro pede (com o pé
direito). Assim, evitariam má sorte.
Errar é humano
A criação de ”Errare humanum est” é atribuída ao escritor latino Sêneca (4 a.C.-65 d.C.).
Hip, Hip, Hurra!
Provavelmente
nascida na Idade Média. ”Hip” viria de ”hep” (palavra formada pelas
iniciais do latim ”Hierosolyma est perdita”, cujo significado é
”Jerusalém caiu” ou ”Jerusalém está perdida”. ”Hurra”, por sua vez,
viria de ”Hu-raj!” (exclamação eslava que significa ”Para o paraíso!”.
Se assim for, pode-se dizer que ”Hip, Hip, Hurra!” literalmente quer
dizer ”Jerusalém está perdida e estamos a caminho do paraíso”.
Fazer um bicho-de-sete-cabeças
No
sentido figurado, fazer de alguma coisa um ‘bicho-de-sete-cabeças’ é
exagerar na dificuldade de realizá-la, o que pode acontecer por receio
ou por mera falta de disposição. Algo muito complicado, de extrema
dificuldade para sua execução ou entendimento.
‘Na mitologia, era uma
serpente descomunal, com inúmeras cabeças, que habitava região
pantanosa de Lerna, na antiga Grécia. Destruir o terrível monstro era um
dos 12 trabalhos de Hércules, o grande herói que se submetera à tarefa
para recuperar sua honra. A cada cabeça cortada outras mais renasciam do
corpo do monstro. Hércules conseguiu cortar todas as cabeças e impedir
que outras surgissem, cauterizando cada ponto com enormes tições tirados
de uma floresta em chamas’, explica o professor Ari Riboldi. Para
muitos autores, a serpente tinha sete cabeças, o que veio a consagrar a
expressão.
Memória de elefante
Você
lembra o aniversário de todos os amigos e nem precisa da agenda do
celular para ligar para o primo do interior? Então você tem a memória de
elefante. ‘O elefante é um bom aprendiz e lembra de tudo o que lhe é
ensinado. Assimila e repete com facilidade inúmeros comandos’, afirma o
professor Ari Riboldi.
Assim, costuma-se dizer que uma pessoa que
prontamente lembra de tudo possui memória de elefante. Nada a ver com o
tamanho do animal, mas sim com sua capacidade de repetir ordens e
comandos.
Ter minhocas na cabeça
Quem
está com minhocas na cabeça, está se preocupando à toa. Mas o que esse
bichinho tem a ver com os seus problemas? Segundo o professor Ari
Riboldi, a expressão é uma metáfora do que as minhocas fazem na terra.
‘A sua presença num terreno representa a certeza de fertilidade do solo.
Elas transformam os vegetais em húmus e, pela sua ação perfuradora,
facilitam a passagem e infiltração da água’, afirma.
‘As indesejáveis
são as minhocas da nossa cabeça, preocupações inúteis, mas que podem
nos tirar o sono. Para nos livrarmos delas, somente tirando-as de lá, ou
seja, literalmente extraindo-as desse solo impróprio’, compara. A
expressão retrata a ação das minhocas perfurando o solo.
Espírito de porco
Você
é o rei da piada sem graça, uma mala sem alça, grosseiro ou estraga
prazeres? É aquele que interfere, geralmente, no sentido de criar
embaraços ou de agravar situações que já são difíceis? Pois você tem o
espírito de porco. ‘A origem vem da má fama do porco, embora injusta,
sempre associado à falta de higiene, à sujeira e, inclusive, à impureza,
ao pecado e ao demônio, conforme alusões feitas no texto bíblico do
Antigo e do Novo Testamento’, explica Ari Riboldi.
No período da
escravidão, a má fama do porco foi reforçada. Nenhum dos escravos queria
ter a tarefa de matar os porcos nas fazendas, o que faziam muito a
contragosto. A morte era dolorosa: uma facada profunda em direção ao
coração, sangue jorrando e gritos do animal aos poucos se esvaindo até
morrer. ‘Entre os escravos, havia a crença de que o espírito do porco
ficava no corpo de quem o matava e o atormentava pelo resto de seus
dias. Nesse caso, o matador dos porcos ficava para sempre possuído pelo
espírito deles’, conta Riboldi.
Estar com a macaca
Em
algumas culturas, por influência da religião, acredita-se que certas
palavras, como demônio, diabo, satã, são portadoras de má sorte. ‘Fazem
parte dos tabus linguísticos e devem, portanto, ser evitadas. A simples
pronúncia poderia trazer mau agouro, atrair a ira de um deus ou de
entidade sobrenatural. O povo, na sua sabedoria, faz uso de outros
vocábulos, uma espécie de eufemismo’, comenta o professor Ari Riboldi.
No
Nordeste brasileiro, por exemplo, o capeta é substituído pelo termo
cão. Estar com o cão é ter o diabo no corpo. Nessa região, é comum
ouvir-se a expressão ‘cão chupando manga’ como sinônimo de algo muito
feio, ou seja, como se fosse ver o próprio capeta chupando manga e
fazendo caretas. Em outras regiões, o diabo é substituído pelo macaco ou
pela sua fêmea. Logo, ‘estar com a macaca’ também é estar endiabrado,
ser possuído pelo coisa-ruim, enfim, estar endemoniado.
Drible da vaca
Improvável
que uma vaca fosse capaz de fazer a jogada em que o atleta lança a bola
por um lado do adversário e a alcança correndo pelo outro lado (o mesmo
que meia-lua). A expressão teve origem na prática do futebol em campos
improvisados, nos potreiros do interior, nas fazendas, em plenas
pastagens de gado. Era comum, durante a partida, um desses animais
atravessar pelo meio do espaço onde se realizava o jogo. Diante dessa
situação, além de driblar o seu oponente, o atleta tinha que se livrar
da vaca. Para tanto, jogava a bola para um lado do animal e corria para o
outro, lá adiante, para alcançá-la e dar continuidade à sua trajetória.
‘Se
a vaca fosse dócil e mansa, tudo bem; caso contrário, se ela não
concordasse com o drible e ameaçasse usar os chifres ou patas, o mais
prudente era interromper o jogo por alguns minutos e esperar que ela
mesma se afastasse para além dos limites das quatro linhas’, brinca o
professor Ari Riboldi.
Lobo em pele de cordeiro
Lobo
em pele de cordeiro é o indivíduo que finge ser inocente e inofensivo –
como se fosse um cordeiro, o filhotinho do carneiro – para se
aproveitar e tirar vantagem dos desavisados, portando-se, então, como um
lobo voraz e traiçoeiro. ‘A expressão teria vindo de uma lenda da
Grécia Antiga. De acordo com essa lenda, um lobo entrou num rebanho de
ovelhas disfarçado, envolto numa pele de lã. Lá, saciou a sua fome,
devorando várias ovelhas indefesas’, conta o professor Ari Riboldi.
Comprar gato por lebre
Quem
nunca se sentiu enganado por aquela oferta generosa e descobriu que, na
verdade, comprou gato por lebre? Dizem alguns historiadores que, em
tempo de guerra e de carestia, muitas pessoas conseguiam vender gatos no
lugar de lebres, como carne para alimento, dada a semelhança entre
ambos após lhes tirarem a pele.
‘De tamanho e corpo parecidos, os
velhacos deixavam a carne de gato na água e temperada, o que disfarçava
seu cheiro e conseguiam passá-la adiante como se fosse lebre’, explica o
professor Ari Riboldi.
Tem boi na linha
Essa
é do tempo da vovó. Ter boi na linha é encontrar um obstáculo, surgir
um problema, uma adversidade. Houve época em que as estradas de ferro
eram protegidas por cercas, nas áreas de campo, onde havia criação de
gado. Se um dos animais ultrapassasse a cerca e se instalasse
tranquilamente sobre ou entre os trilhos da viação férrea, o maquinista
era obrigado a parar o trem, pois havia, literalmente, boi na linha. No
caso, a linha era a denominação dada à estrade de ferro (ferrovia),
conhecida com linha do trem, tendo em vista os dois trilhos paralelos,
explica o professor Ari Riboldi.
Corredor Polonês
Corredor
polonês é uma expressão comumente utilizada para denominar uma passagem
estreita formada por duas fileiras de pessoas que se colocam lado a
lado, uma defronte à outra, com a intenção de castigar quem tenha de
percorrê-la. A expressão faz referência à região transferida por parte
da Alemanha para a Polônia ao fim da Primeira Guerra Mundial, em virtude
da assinatura do Tratado de Versalhes. O Corredor Polonês dividiu a
Alemanha ao meio, isolando a Prússia Oriental do resto do país. Através
de uma extensão de 150 quilômetros e largura variável entre 30 a 80
quilômetros, permitiu que os poloneses circulassem livremente em
território alemão, bem como possibilitou o acesso da Polônia ao Mar
Báltico. Posteriormente, tanto o Corredor quanto a Prússia foram
incorporados ao território polonês. A disputa pela região do Corredor
Polonês provocou inúmeros atritos entre os dois países. Em 1939, durante
a invasão da Alemanha à Polônia, os poloneses foram encurralados pelos
alemães, os quais se posicionavam dos dois lados do Corredor e atiravam
contra os poloneses, que estavam no meio.
Voto de Minerva
A
expressão tem sua origem em uma história pertencente à mitologia grega.
Agamenon, o comandante da Guerra de Troia, ofereceu a vida de uma filha
em sacrifício aos deuses para conseguir a vitória do exército grego
contra os troianos. Sua mulher, Clitemnestra, cega de ódio, o
assassinou. Com esses crimes, o deus Apolo ordenou que o outro filho de
Agamenon, Orestes, matasse a própria mãe para vingar o pai. Orestes
obedeceu, mas seu crime também teria que ser vingado. Em vez de aplicar a
pena, Apolo deu a Orestes o direito a um julgamento, o primeiro do
mundo. A decisão, tomada por 12 cidadãos, terminou empatada. Chamada
pelos gregos de Atenas (Minerva era seu nome romano), a deusa da
sabedoria proferiu seu voto, desempatando o feito e poupando a vida de
Orestes. Eis a razão da expressão Voto de Minerva (também conhecida como
“voto de desempate” ou “voto de qualidade”).
Bafo de onça
A
onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a
caça. Por esta razão, fede muito e sua presença é detectada à distância
na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido passaram a ser
chamadas de “bafo de onça”. A expressão também faz referência ao hálito
de quem está (ou esteve) alcoolizado.
Santinha do pau oco
Expressão
que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos
18 e 19, os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas
utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado”
com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
Névoa baixa, sol que racha
Ditado
muito falado no meio rural. A Climatologia o confirma. O fenômeno da
névoa ocorre geralmente no final do inverno e começo do verão. Conhecida
também como cerração, a névoa fica a baixa altitude pela manhã
provocando um aumento rápido da temperatura para o período da tarde.
Sem eira nem beira
Significa
pessoas sem bens, sem posses. Eira é um terreno de terra batida ou
cimento onde grãos ficam ao ar livre para secar. Beira é a beirada da
eira. Quando uma eira não tem beira, o vento leva os grãos e o
proprietário fica sem nada. Na região nordeste este ditado tem o mesmo
significado mas outra explicação. Dizem que antigamente as casas das
pessoas ricas tinham um telhado triplo: a eira, a beira e a tribeira
como era chamada a parte mais alta do telhado. As pessoas mais pobres
não tinham condições de fazer este telhado , então construíam somente a
tribeira ficando assim “sem eira nem beira”.
Lua de mel
A
expressão vem do inglês honeymoon. Na Irlanda, na Idade Média, os
jovens recém-casados tinham o costume de tomar uma bebida fermentada
chamada mead – ou hidromel, composta de água, mel, malte, levedo, entre
outros ingredientes. O mel era considerado uma fonte de vida, com
propriedades afrodisíacas. A bebida deveria ser consumida durante um mês
(ou uma lua). Por essa razão, esse período passou a ser chamado de “lua
de mel”.
Pensando na morte da bezerra
A
história mais aceitável para explicar a origem da expressão é
proveniente das tradições hebraicas, onde os bezerros eram sacrificados
para Deus como forma de redenção de pecados. Conta-se que certa vez um
rei resolveu sacrificar uma bezerra e que seu filho menor, que tinha
grande carinho pelo animal, opôs-se. Independentemente disso, a bezerra
foi oferecida aos céus e afirma-se que o garoto passou o resto de sua
vida pensando na morte da bezerra. Assim, estar “pensando na morte da
bezerra” significa estar distante, pensativo, alheio a tudo.
Farinha do mesmo saco
“Homines
sunt ejusdem farinae” (São homens da mesma farinha, em latim) é a
origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento
reprovável. A metáfora faz referência ao fato de a farinha de boa
qualidade ser posta em sacos separados, para não ser confundida com a de
qualidade inferior. Assim, utilizar a expressão “farinha do mesmo saco”
é insinuar que os bons andam com os bons, enquanto os maus preferem os
maus.
Dor de cotovelo
A
expressão teve origem nas cenas de pessoas sentadas em bares, com os
cotovelos apoiados no balcão, bebendo e chorando a dor de um amor
perdido. De tanto permanecerem naquela posição, as pessoas ficavam com
dores nos cotovelos. Atualmente, é muito comum utilizar essa expressão
para designar o despeito provocado pelo ciúme ou a tristeza causada por
uma decepção amorosa.
Motorista Barbeiro
- Nossa, que cara mais barbeiro!
No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de
cabelo e barba, mas também, tiravam dentes, cortavam calos, etc, e por
não serem profissionais, seus serviços mal feitos geravam marcas. A
partir daí, desde o século XV, todo serviço mal feito era atribuído ao
barbeiro, pela expressão “coisa de barbeiro”.
Esse termo veio de Portugal, contudo a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira.
Tirar o Cavalo da Chuva
- Pode ir tirando seu cavalinho da chuva porque não vou deixar você sair hoje! No século XIX, quando uma visita iria ser breve, ela deixava o cavalo ao relento em frente à casa do anfitrião
e
se fosse demorar, colocava o cavalo nos fundos da casa, em um lugar
protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o
animal protegido da chuva se o anfitrião
percebesse que a visita
estava boa e dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”. Depois disso, a
expressão passou a significar a desistência de alguma coisa.
Dar com burros N’ÁGUA
A
expressão surgiu no período do Brasil colonial, onde tropeiros que
escoavam a produção de ouro, cacau e café, precisavam ir da região Sul à
Sudeste sobre burros e mulas. O fato era que muitas vezes esses burros,
devido à falta de estradas adequadas, passavam por caminhos muito
difíceis e regiões alagadas, onde os burros morriam afogados. Daí em
diante o termo passou a ser usado pra se referir a alguém que faz um
grande esforço pra conseguir
algum feito e não consegue ter sucesso naquilo.
Guarda a sete chaves
No
século XIII, os reis de Portugal adotavam um sistema de arquivamento de
jóias e documentos importantes da corte através de um baú que possuía
quatro fechaduras,
sendo que cada chave era distribuída a um alto
funcionário do reino. Portanto eram apenas quatro chaves. O número sete
passou a ser utilizado devido ao valor místico atribuído a ele, desde a
época das religiões primitivas. A partir daí começou-se a utilizar o
termo “guardar a sete chaves” pra designar algo muito bem guardado.
OK
A
expressão inglesa “OK” (okay), que é mundialmente conhecida pra
significar algo que está tudo bem, teve sua origem na Guerra da
Secessão, no EUA. durante a guerra, quando os soldados voltavam pras
bases sem nenhuma morte entre a tropa, escreviam numa placa “0 Killed”
(nenhum morto), expressando sua grande satisfação, daí surgiu o termo
“OK”.
Rasgar seda
A
expressão que é utilizada quando alguém elogia grandemente outra
pessoa, surgiu através da peça de teatro do teatrólogo Luís Carlos
Martins Pena. Na peça, um vendedor de tecidos usa o pretexto de sua
profissão pra cortejar uma moça e começa a elogiar exageradamente sua
beleza, até que a moça percebe a intenção do rapaz e diz: “Não rasgue a
seda, que se esfiapa”.
Água mole e pedra dura, tanto bate até que fura
Um
de seus primeiros registros literário foi feito pelo escritor latino
Ovídio (43 a.C.-18 d.C), autor de célebres livros como A arte de amar e
Metamorfoses, que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o
poeta: “A água mole cava a pedra dura”. É tradição das
culturas dos
países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de
frase pra que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com o
provérbio portugueses e brasileiros.
Olha o passarinho!
Quando
a fotografia foi inventada, a impressão da imagem no filme não se dava
com a mesma rapidez dos dias atuais. Na metade do século 19, os
fotografados tinham de permanecer parados por até 15 minutos, a fim de
que sua imagem fosse impressa dentro da máquina. Fazer as crianças
ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro desafio. Por isso,
gaiolas com pássaros ficavam penduradas atrás dos fotógrafos, o que
chamava a atenção dos pequenos. Assim, a expressão “Olha o passarinho”
ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora da pose para a
foto.
Novo em folha
Para
falar que algo nunca foi usado ou que, se já foi, está em ótimo estado,
dizemos que está “novo em folha”. A expressão também pode ser usada
para designar alguém que, depois de se machucar ou enfrentar uma doença,
está curado. A origem dessa expressão baseia-se em folhas de papel
branquinhas, limpinhas e sem amassados, encontradas em livros novos,
recém impressos. Assim, trata-se de livros “novos em folha”.
Ovelha negra
Esta
expressão não é brasileira nem restrita à língua portuguesa. Vários
outros idiomas também a utilizam para designar alguém que destoa de um
grupo, assim como uma ovelha da cor preta se diferencia em um rebanho de
animais brancos. Na Antiguidade, os animais pretos eram considerados
maléficos e, por isso, sacrificados em oferenda aos deuses ou para
acertar certos acordos. Daí o hábito de chamar de “ovelha negra” aqueles
que se diferenciam por desagradar e chocar aos demais.
Tintim por tintim
Corrente
tanto no português do Brasil como em Portugal, a expressão “tintim por
tintim” é utilizada para falar de alguma coisa descrita em seus mínimos
detalhes. Segundo o filólogo brasileiro João Ribeiro, “tintim é a
onomatopeia do tilintar de moedas”, ou seja, tintim é o barulho que uma
moeda faz quando cai sobre outra. Em sua origem, a expressão “tintim por
tintim” era usada para se referir a uma conta ou dívida paga até a
última moeda. Assim, quando queremos obter informações precisas sobre
algum fato ou situação, costumamos dizer: “Conte-me tudo, tintim por
tintim”.