sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

SÁBIOS CONSELHOS

Fernando Sabino, o conselheiro e suas listas





texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra

Não foi da corte de nenhuma realeza para receber título de conselheiro, na verdade os conselhos nem são assim seus propriamente dito, pegou emprestado, de tanto escutar, aprendeu e repassa. Mineiro que se carioquizou, fez-se romancista e está no panteão dos maiores cronistas brasileiros, divisando com Rubem Braga o ponto sublime, o cume da montanha.

Muitas dos conselhos que saíram em suas crônicas, é bom que logo se diga, e que deram nome a um dos seus livros, donde lhe entrevistamos, são fruto dos conselhos do velho pai, o seu Sabino. Desfrutem Fernando Sabino pelo viés dos seus conselhos, para depois cair nas listas.

Adora fazer listas. Listas de tudo que é coisa, pois toda coisa, parece, é passível de ser listada. Sétima entrevista da série entrevistas imaginadas, quando se falará de e com poetas e escritores, pelo que já disseram em seus versos e prosa, por isso, imaginadas, mas nunca imaginárias, porque o fundo da verdade é o que já disse e está estampado no que já disseram. O entrevistado da vez, como se disse, é cronista. Entrevistamos no volume de crônicas No fim da certo.

Entrevistador: falemos dos conselhos...  Sabino, o que são as coisas?
Fernando Sabino: São como são e não deveriam ser ou gostaríamos que elas fossem.

Entrevistador: E o que não tem solução?
FS: O que não tem solução, solucionado está, não adianta gastar boa vela com mau defunto.

Entrevistador: E as coisas mudam, conselheiro?
FS: Se mudou, é porque não deu certo!

Entrevistador: Para antes de entrar...
FS: Veja por onde sair!

Entrevistador: Um bom conselho?
FS: Faça somente o que gosta. Para isso, passe a gostar do que faz.

Entrevistador: a melhor forma de resolver um problema é...
FS: a única forma de resolver um problema é primeiro resolver o do outro.

Entrevistador: E no fim, dá certo?
FS: Se não deu, é porque você não chegou ao fim.

Entrevistador: E as listas?
FS: Tenho um fraco por listas. Listas de tudo: das pessoas simpáticas que conheço, ou das mais chatas; dos livros que gostaria de já ter lido; dos melhores filmes que já vi...

Entrevistador: E a aquela das pequenas coisas que o desagradam, tem o que?
FS:Tampa de pasta de dentes, roupa sob medida, comprar a prestação, retirar gelo da forma da geladeira, esperar o que quer que seja, até mesmo pagamento! Salas de espera, vento, buzina, luz florescente, motocicleta, copo de plástico, poema lido pelo artista, a frase “você está lembrando de mim?”

Entrevistador: e por que a implicância com a tampa da pasta de dente?
FS: porque ela escapole da mão, cai no ralo da pia e é uma desgraça tentar tirá-la...

Entrevistador: E das coisas que agradam?

FS: Dia de chuva sem precisar sair de casa, carta que não exige resposta, conseguir desfazer um compromisso sem precisar mentir, pagar a última prestação, a frase “está tudo pago”, chegar atrasado no teatro e o espetáculo não ter começado, a frase “tenho uma boa notícia para você”, cinema sem fila, descobrir que ainda é cedo, dá tempo de tomar mais um, sabonete novo, fazer lista das pequenas coisas que realmente agradam...

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

I H G R N - COMUNICADO DE ADIAMENTO DE FESTIVIDADE




ORMUZ BARBALHO SIMONETTI, Presidente do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE, divulgou o seguinte comunicado aos seus associados, amigos e convidados, pedido de todos a devida compreensão:

Caros confrades, amigos e convidados. Em virtude da preocupante situação de falta de segurança que passa os cidadãos de nossa cidade, a Diretoria do IHGRN resolve adiar, por tempo indeterminado, a solenidade prevista para amanhã (quinta feira) 21 de dezembro de 2017. Oportunamente comunicarmos o dia que a solenidade será realizada.

LEMBRANDO SANDERSON NEGREIROS





    Conheci Sanderson quando 
ingressei na graduação em Direito 
na UFRN, na mesma turma de 
Ângela, sua esposa, que já 
era formada e estava fazendo 
o segundo curso. Ele era 
Chefe da Casa Civil do 
governo Tarcísio Maia.

 Acompanhava a mulher 
nas nossas confraternizações, 
que eram bem frequentes
 - e não só natalinas, como 
atualmente. Aí os nossos papos 
amiudavam, sobre cultura geral 
e “causos” que ele amealhou 
na vida acadêmica e nos 
cargos públicos que exerceu.

Tirava onda consigo, ao 
recordar que chamou o 
“vade mecum” de 
“quo vadis” nos primeiros 
tempos de faculdade. 
Misturou o bolor dos fóruns 
com a Sétima Arte, pela 
qual tinha maior predileção.

 Dizia-me da admiração 
profunda pelo irmão padre, 
Emerson, que foi vigário 
de Santa Cruz por muitos 
anos e para onde rumava 
em férias o seminarista 
Sanderson, balançado entre 
as virtudes sacerdotais e o 
apego à literatura laica. 
Findou vencendo o extra-muros 
do vetusto prédio curial 
da Av. Campos Sales. 
Consolidou-se a opção com 
a entrega de todo amor 
armazenado no 
coração-sentimento à 
doce Ângela, anjo da sua 
vida dali em diante. 
Em nova esquina da vida 
o destino nos marcou um 
encontro: pouco tempo 
depois de formados - 
um ano e meio, com precisão
 - eu e Ângela fomos 
aprovados em concurso 
e ingressamos na magistratura 
do Estado do Rio Grande do Norte.
Eu fui presidir a Comarca de 
Augusto Severo, miolo do 
Médio Oeste; ela foi judicar 
em Touros, linda praia onde 
os alísios curvam o continente. 
A cada jantar, a cada almoço, 
a cada solenidade, a cada 
celebração que a vida funcional 
nos proporcionava, eu sempre 
arranjava um jeito de sentar-me 
à mesa do poeta, para 
entre taças de vinho e 
garfadas generosas 
(ele era bom nessas 
duas ferramentas...), 
abastecer-me de saber e 
de bondade.
Certa feita dedicou uma 
noitada a explicar-me 
as virtudes da doutrina 
espírita e o sentido da 
eternidade;  do real valor 
da expressão “plano” no 
contexto kardecista. 
O aluno aqui, indo com mais 
frequência à taça do que 
ao garfo, perdeu as 
conclusões da aula, à 
medida que a sobriedade 
esfumou-se como o 
perfume da bebida.
 Mas juntei pedacinhos 
daqueles ensinamentos e 
montei, à minha maneira, 
a compreensão das 
vidas repetidas. Noutras 
jornadas expunha o seu 
desejo de estruturar em 
páginas uma novela que 
tinha prontinha na mente, 
ambientada no sertão 
cearense, cercanias de 
Pereiro, onde as pessoas 
deixavam um casarão 
histórico fechado e 
partiam para outras plagas 
e quando retornavam, 
anos adiante, encontravam 
tudo intacto - paredes, 
portas, teto, mobiliário, 
utensílios -, mas que se 
desmanchavam ao simples 
toque dos dedos, reduzindo-se a pó. 
As quadras se passavam 
e a cada encontro eu lhe 
cobrava a obra, obtendo 
a resposta gargalhada 
“ainda não”. Há poucos 
anos um abril chegou com 
a triste notícia da morte 
de Ângela. De logo vaticinei 
que em breve 
partiria Sanderson, 
independentemente do 
seu estado de saúde. 
E assim aconteceu. 
Não li, mas acredito que 
no registro do seu óbito, 
no espaço destinado à 
“causa mortis”, o oficial lançou a palavra “saudade”."


 



terça-feira, 19 de dezembro de 2017

NOTÍCIA MUITO TRISTE PARA A CULTURA E PARA A SOCIEDADE POTIGUAR



Sem maiores detalhes, acabo de saber do falecimento do querido amigo SANDERSON NEGREIROS.



TEMPO DE NATAL
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO

O sonho da humanidade, através da história, era chegar aos umbrais da eternidade. O Natal abriu as portas do Infinito e convidou o homem a entrar. O nascimento de Cristo é resposta a essa aspiração à insaciável sede e saudade de Deus, de onde um dia viera. No Natal, o viandante sem rumo encontra casa. “Deus armou sua tenda entre nós” (Jo 1, 14). O Inacessível virou tangível. O Abstrato tornou-se concreto; o Espírito perfeito, matéria. Natal é assim. Encontro do Tudo com o nada. O Criador e a criatura se sentam num mesmo banco, falando idêntica língua: a perene linguagem do Amor. O Grande chamou o pequeno para dialogar. O Amor convocou o ódio para perdoar. A Bondade e a Misericórdia convidaram a mesquinhez para renunciar à existência. A Luz brilhou e ordenou às trevas que desaparecessem. O Poema Celeste vestiu-se de versos temporais e terrenos. Tudo isto, enfim, para que a criatura visse de perto seu Criador.       
“Inefável mistério de bondade”, exclamara Santo Agostinho. O Natal veio nos deixar um recado para sempre: Deus é agora companheiro do homem e este é metáfora do Divino. Em Cristo convergem o caminho descendente de Deus e a estrada ascendente do homem. É o Amor, que vem ao encontro da humanidade, “esvaziando-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se igual a nós, exceto no pecado” (Fl 2,7).
Quem haveria de acreditar que uma criança nascida num lugar ermo, de pastagem de animais e colocada num cocho, poderia ser Deus? O Menino do Presépio veio para entrar na manjedoura de cada ser humano, dando-lhe vida e sentido. O Eterno existe e caminha ao nosso lado. Conhecemos um Deus criança, inocente, solidário, vivo, em permanente comunicação conosco, iluminando nossa existência, transfigurando nossas dores e transformando a morte em passagem para a plenitude da vida.
A beleza do Natal convida-nos também a esquecer nossas divergências, desentendimentos e contendas, deixando de lado o que possa causar divisão. É um convite a encontrar Aquele que, com certeza, será capaz de unir, aumentar a paz e o espírito de concórdia, que brotam da Encarnação de Cristo. A reconciliação e o perdão são consequências da vinda do Filho de Deus entre nós. O Livro da Sabedoria já profetizava o nascimento de Jesus, Palavra divina e Luz infinita. “Quando a noite ia ao meio do seu curso e um silêncio profundo envolvia o universo, a tua palavra doce, serena, mansa e todo-poderosa desceu do seu trono real para a terra” (Sb 18, 14- 15). Na claridade das luzes que brilham na escuridão, sentimo-nos envolvidos pela presença de Deus que nos ilumina, seja para as coisas importantes ou as mais simples da vida. A cada ano, na “Missa do Galo”, vivenciamos a profecia de Isaías: “O povo viu uma grande luz; para os que habitavam as sombras da morte uma luz resplandeceu” (Is 9, 1).

Natal é a celebração do encontro entre o céu e o homem. Assim, o que é do Alto une-se ao que é da terra, e esta é iluminada por Deus. O Messias veio para “reconciliar em si todas as coisas, as da terra e as do céu”  (Ef 1,3-10). As festas natalinas emocionam os que têm fé ou a sensibilidade de um coração verdadeiramente humano. Quem não se comove, ao ouvir as narrativas bíblicas do nascimento de um Deus que se humanizou? Em textos diferentes, podemos nos encantar com a belíssima narração de Lucas, aquela plena de símbolos de Mateus e com o enunciado magistral de João. Quem não se vê naturalmente impulsionado à oração, diante de um presépio, ao contemplar o Menino-Jesus reclinado numa manjedoura, sob o olhar extasiado de Maria e José? Quem não se deixa enternecer ao sentir o silêncio da noite mais iluminada, quebrado pelos acordes angelicais, indescritíveis, suaves, como as canções de ninar? Mas, o Natal também é apelo por mudança interior. Cristo despojou-se humildemente de sua realeza e divindade. Vamos nos despir dos preconceitos, do egoísmo, da arrogância e agressividade. Natal é tempo de Paz e de Amor. Acolhamos o “Príncipe da Paz” (Is 9, 6). Que Ele nos abençoe e conceda um bom inverno!

domingo, 17 de dezembro de 2017

PARABÉNS AO IHGRN



ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO CIVIL

Senhor Presidente do IHGRN,

Encaminho a Vossa Senhoria, em anexo, a Promoção de Arquivamento do Inquérito Civil nº 06.2017.00005857-7(Notícia sobre dano ao patrimônio cultural, decorrente de obra no edifício do Instituto Histórico e Geográfico, Natal/RN), Informo, ainda, que até a data da análise do arquivamento pelo Egrégio Conselho Superior do Ministério Público(localizado na Rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto, 97, Candelária, Natal/RN, Telefone: (84) 3232-5106; E-mail: csmp@mprn.mp.br), com prévia publicação da pauta no Diário Oficial do Estado, os interessados poderão apresentarem razões escritas e documentos para anexar aos autos.

Atenciosamente,

Paulo Bastos
Auxiliar do MPE, mat.: 199.451-4
Secretaria das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Natal/RN
Telefone: (84) 3232-7176; E-mail: 71pmj.natal@mprn.mp.br




O DOMINGO CULTURAL



Um poema de ROBERTO MANZANO
 
A três metros está o vizinho da esquerda;
a três metros, o da direita; a três metros,
o da frente; a três metros, o de trás.
Ouve-se na noite a tosse do outro
como se fora, sob o lençol, nossa própria tosse:
o cheiro do arroz queimado chega
de visita: e entra silenciosa
a miséria: promíscua, aglomerada, unânime!
E eu, no meio de tudo, latejante,
com meu cadáver responsável, sem claramente entender
como resolverei viver com um mínimo de dignidade.
 

                                               (Tradução de Horácio Paiva)

SEGUNDA-FEIRA - DIA 18



Grande Festa da Cultura Potiguar na Próxima Segunda

14ª edição do Troféu Cultura promete grande festa de celebração da arte local no palco do Teatro Riachuelo

A única premiação potiguar que abarca todas as manifestações artísticas está confirmada para 2017 e acontece já na próxima segunda-feira (18), no palco do Teatro Riachuelo. A festa do Troféu Cultura será totalmente aberta ao público e conta com apoio do Governo do Estado, através da Fundação José Augusto.

Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do Teatro Riachuelo até às 18h, a partir desta quinta-feira (a confirmar!), bastando apenas apresentar sua identidade. Estarão disponibilizados aproximadamente 1000 assentos ao público. O início da cerimônia está agendado às 18h com duração aproximada de 3h de muita celebração.

O público, artistas e imprensa serão recepcionados já na entrada no Teatro com apresentação luxuosa da cantora Carmen Pradella e banda. Já no palco, a Orquestra Sinfônica do RN dará início à cerimônia, seguida por apresentação da Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão, com encenação de um pas de deux(dança de casal).

A tradição e a vanguarda nortearão as intervenções artísticas apresentadas entre os anúncios dos vencedores em cada uma das 14 categorias do Troféu Cultura, que este ano recebe o nome do artista plástico Dorian Gray Caldas. O grande homenageado desta edição do Troféu, pelo conjunto da obra, será o intelectual potiguar e pesquisador Claudio Galvão.

VOTAÇÃO E RESULTADOS

Um júri de notória capacidade artística e composto por duas pessoas, escolhido pela produção do evento, selecionou os cinco indicados nas 13 categorias do prêmio. E a coordenação do prêmio definiu os cinco que disputarão o Artista do Ano 2017. Depois foi o público quem votou para escolher o vencedor em cada categoria.

O sistema de votação esteve abrigado no site Papo Cultura, que estreou em fevereiro deste ano e já conquistou a empatia da classe artística com a divulgação de agenda cultural, crônicas e críticas da cena local. Foi instalado, este ano, um sistema ainda mais seguro para garantir apenas um voto por CPF e conferir legitimidade ao processo.

Patrocínios e apoios

Além do apoio da Fundação José Augusto, o projeto Troféu Cultura 2017 recebeu aprovação nas duas leis de incentivo vigentes: o Programa Djalma Maranhão (municipal) e a Lei Câmara Cascudo (estadual). E conseguiu captar recursos junto à Cosern Neoenergia, Unimed, Hospital do Coração e Comjol, além do apoio cultural da Suvinil e Mercedes Benz.


Categorias em disputa

Destaque no Audiovisual, Destaque na Literatura, Melhor Fotógrafo(a), Melhor Artista Visual, Melhor Produtor(a) Cultural, Melhor Espetáculo de Dança, Melhor Show, Melhor Banda, Melhor Cantor, Melhor Cantora, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Espetáculo de Teatro, e Artista do Ano.

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Papo Cultura Assessoria de Imprensa
Sergio Vilar: (84) 9 9929 6595 (zap)