quinta-feira, 24 de maio de 2018



OUTRA VEZ ESTAMOS EM CRISE
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
            O Brasil vem se tornando um país inviável mercê da multiplicidade de ações negativas e da falta de gestão responsável, além de uma deterioração da questão ética, que retira do cidadão a sua alta estima.
            Numa economia em crise, pela queda da produção dos insumos básicos, também da prestação de serviços, tudo decorrente da falta de políticas eficazes que ponham o Estado brasileiro nos trilhos e ofertem uma melhor qualidade de vida.
            Com uma economia capenga resulta uma crise, também, em suas finanças, pois não há recursos suficientes para o atendimento das necessidades públicas, pela redução da arrecadação.
Há um esquecimento de que a finalidade essencial da criação do Estado, como um todo, que ensejou na história a ideia de o povo prover a sua criação como pessoa ficcional é exatamente cuidar da organização da nação, gerindo os destinos dos integrantes do povo criador.
Contudo, esse nem sempre é o comportamento da criatura, que se agiganta em detrimento do criador, quando não se estrutura à falta de pessoas competentes e honestas, com o combate à corrupção e elevação da moral do cidadão. Com tal comportamento vemos desmoronar a esperança, pelo menos a médio prazo, de dias melhores.
            Eu sou um pessimista, aliás sempre tive essa característica, mas igualmente, mesmo com tal sentimento não fico parado vendo a banda passar, faço o meu dever de casa e tento influir na atividade externa, inclusive agora, com pouca saúde e quase chegando a oito décadas de vida.
            Assim o faço e fiz no passado, quando tive a honra de ensinar nas Universidades pública e privadas, dando o melhor do meu conhecimento, com um resultado que me orgulha, pois ensinei a jovens que hoje ocupam cargos importantes em Tribunais, na Advocacia e no Magistério.
Do mesmo modo assim agi em todas as Entidades onde trabalhei – Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal de Contas do Estado, dando o máximo de mim, criando formas modernas e mais eficientes na prestação de serviços e disso tenho provas, que as apresentarei em futuro livro que estou escrevendo. No entanto, na visão reversa, senti tristeza pelo silêncio sobre recente láurea que recebi da UFRN, concedendo-me o título de “Professor Emérito”, que me proporcionou congratulações de entidades como o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, mensagens de membros do Tribunal Superior de Justiça, do CREMERN, Ordem dos Advogados, amigos e correspondentes e confrarias culturais. Mas nenhuma mensagem recebi, até agora, já ultrapassados trinta dias do acontecimento, daquelas Instituições onde dei por alguns anos o meu trabalho como funcionário ou Membro. Esqueceram de mim?
            Essas coisas mostram a banalização dos gestos de reconhecimento a um título tão importante conquistado, independentemente de quem seja o agraciado, dando-se a uns, que pouco fizeram, honrarias em detrimento de outros que tudo deram de suas existências, sequer uma mensagem.
            Lamentavelmente, aqui ainda se cultiva o velho adágio: “O homem só vale pelo dinheiro que tem, pelo cargo que ocupa ou pelo mal que pode fazer”.

            Nessa trilogia eu tiro nota “zero”.


quarta-feira, 23 de maio de 2018

segunda-feira, 21 de maio de 2018



PANDEMIA E PANDEMÔNIO

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

A vida da gente, hoje em dia, chega a doer e a enjoar. Sobrepondo-se à lógica, aí estão os mistérios do mundo. Ele parece apodrecer cotidianamente. E acho essas razões um tanto metafísicas mas, perfeitamente racionais e cabíveis à espécie. Apesar da revolução das ciências, em todos os campos de atividade, há uma angústia indagativa porque tudo piora quando a humanidade progride materialmente. Muito antes, nas esquinas do mundo, a fatalidade das guerras ditadas pela imprudência interrompia a esperança do ser humano no dia de amanhã. Tudo leva a crer, no crepúsculo dos nossos dias, que a escalada geométrica da dificuldade de se viver no planeta, hoje tão afetado pela superpopulação e a crise da falta de alimentos, é que ingressamos no corredor escuro do Armagedom.
A vida passa e diante dos nossos olhos segue um desfile barulhento de excessos. Excessos e abusos perturbadores provocados pelo braço do homem. Vejam só, por que surgem na atmosfera (o ar que respiramos) vírus gripais, infecciosos e contagiosos que se multiplicam e se transformam virando pandemia? No processo de mutação ultrapassam a eficácia da vacina e se propagam com surpreendente rapidez, induzindo-nos acreditar que a camada superior da terra e as defesas do corpo humano estão comprometidas por atos insanos do próprio homem. Os continentes, desde os mais industrializados aos mais pobres, desérticos, quentes, superpovoados, até as  florestas tropicais em compasso progressivo de extermínio, incluindo os mares revoltos, revelam-me recôndita preocupação com o final dos tempos.
Igual em perigo à pandemia, mora vizinho o pandemônio. O tumulto do trânsito em Natal está trazendo estresse e hospitalizando muita gente. Avaliem as cidades maiores! Semana passada, entre 18h e 19h30, gastei de automóvel trinta minutos do bairro de Lagoa Nova ao Natal Shopping. O número de veículos hoje na capital resgata a “saudade de mim mesmo”, como disse o poeta português. Esse grave fato estatístico não preocupa apenas pelo dano físico de acidentes, mas igualmente, pela nova geração de ansiosos, psicóticos e depressivos. E haja consumo de benzodiazepínicos. Diariamente em Natal, acontece de cinco a dez acidentes com motos. A malha viária não comporta mais o enxame de ônibus, “ligeirinhos” antipáticos e imprudentes, automóveis e utilitários de luxo, que lembram a crise de paranoia do governador do estado.
Todavia, o pandemônio não se encerra aí. O assalto à mão armada não apenas reside ao lado, mas está dentro de casa fazendo reféns. Com armas modernas e de grosso calibre os marginais já são um número maior que o efetivo policial. Segurança no Brasil é uma ilusão congratulatória. Somente os bobos acreditam e agradecem. Ainda iremos assistir, se não planejarem logo uma solução, desfilando nas ruas e bairros as forças armadas do país, envolvendo-se na estratégia de resguardar a cidadania que é vida e que significa tanto quanto a defesa da soberania do país. Igual ou pior do que a invasão do território nacional é o lar ultrajado, violentado e saqueado da família brasileira que, no dizer de Rui Barbosa, “é a pátria amplificada”. E a política no Rio Grande do Norte nesse inverno é um mar de náufragos fatais. O político continua sendo aquele indivíduo fraco e defeituoso. O poder de barganha dos faraós hoje precisa ser investigado. O Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte de forma técnica isenta e competente, analisou e reprovou as contas do governo do estado relativas ao exercício passado. De acordo com a lei, remeteu o parecer ao Poder Legislativo para providências de acordo com a Constituição. E qual foi o voto do relator: sugerir a aprovação com ressalvas. E a pergunta que fica: Para que serve um Tribunal de Contas? E para que serve o Poder Legislativo que desqualifica e desmoraliza o seu órgão institucional auxiliar que decidiu unanimemente?
(*) Escritor

domingo, 20 de maio de 2018

O RIO GRANDE DO NORTE PERDE O SEU MAIOR XERIFE






MAURÍLIO PINTO DE MEDEIROS foi um homem de coragem. Trocou a comodidade de uma vida familiar feliz para arriscar diariamente sua vida no combate ao crime e aos criminosos.
Suas ações e sua coragem geraram
 incontável número de pessoas gratas, mas não deixou de ter eventuais inimigos, que não compreenderam a sua missão.
Sempre tive por Maurílio o maior respeito. Compreendi toda a sua carreira perigosa e sob sua autoridade a cidade viveu dias de segurança e paz.
Neste momento de dor para a sua família e perda para o Estado, só nos resta rogar a Deus que o receba em sua mansão e faça o exame justo de sua vida.

Reproduzimos homenagem que lhe foi prestada pelo escritor Berilo de Castro, em data de 03 de abril do ano em curso, no site Ponto de Vista:

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MAURÍLIO PINTO, A NOSSA GRATIDÃO –
Maurílio Pinto de Medeiros nasceu em Pau dos Ferros/RN, no dia 24 de agosto do ano de 1941, filho do coronel PM Bento Manoel de Medeiros (1910-1961) e de Julieta Pinto Nascimento (1919-2014).
Iniciou sua carreira de policial civil ainda menor de idade, aos 16 anos, como motorista, nas mais variadas e perigosas incursões policiais na região de Patu/RN, acompanhando o seu pai, o disciplinado e eficiente delegado Bento.
Após prestar serviço militar obrigatório por 2 anos na Força Aérea Brasileira ( FAB ), volta à Polícia Civil e é contratado como motorista da Secretaria do Interior e Justiça, no dia 1 de julho do ano de 1964, quando passa a ocupar oficialmente a função de motorista do delegado geral da Polícia Civil, o coronel Bento de Medeiros.
A princípio a ocupação na função policial seria de curta duração, pelo que afirmara o sei pai, o coronel Bento: “ Maurílio, meu filho, olhe, só quero que você fique na Polícia até o momento que eu estiver trabalhando.
Quando me aposentar não quero mais você aqui”. O pai temia pela vida do filho. Sabia da difícil e perigosa missão que o filho teria, caso continuasse.
Maurílio formou-se em Jornalismo, profissão na qual nunca atuou. Diplomou-se em Direito ( Bacharel ) no ano de 1975, quando prestou concurso para delegado da Polícia Civil, sendo aprovado.
Conheci Maurílio no ano de 1972, quando fui contratado no Governo de Cortez Pereira, para prestar serviço médico na Secretaria de Interior e Justiça, na função de clínico geral no Complexo Penitenciário João Chaves.
Homem simples, alheio a vaidades, corajoso, estrategista e de uma dedicação e um empenho em suas missões sem precedentes: sempre executadas com muito zelo e determinação, merecedoras dos mais altos reconhecimentos e aplausos, a ponto de merecidamente receber da Câmara Municipal de Natal o título de “Xerife” e da Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Norte a Medalha do Mérito Legislativo, sua maior honraria. Tinha e sentia literalmente em suas investidas o verdadeiro “faro”, o “cheiro” e a percepção para a elucidação de crimes de difíceis soluções.
Nunca saia para uma missão sem antes estudá-la minuciosamente; sabia muito bem os riscos que correria. Não se atirava às “cegas”.
Sua brilhante trajetória profissional conta com 47 anos de efetivos e dedicados serviços prestados à Segurança Publica do nosso Estado, onde galgou merecidamente todos os degraus da sua carreira policial: de motorista à Secretario Adjunto da Secretaria de Segurança e Defesa Social, deixando um legado imensurável e inquestionável de ações exemplares, que ficarão registradas e inapagáveis nos anais da história da briosa Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Norte.
Quem não lhe conhece, não perdeu o direito de conhecer.
Maurílio, a nossa gratidão.
Berilo de CastroEscritor