OUTRA VEZ ESTAMOS EM CRISE
Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
O
Brasil vem se tornando um país inviável mercê da multiplicidade de ações
negativas e da falta de gestão responsável, além de uma deterioração da questão
ética, que retira do cidadão a sua alta estima.
Numa
economia em crise, pela queda da produção dos insumos básicos, também da
prestação de serviços, tudo decorrente da falta de políticas eficazes que ponham
o Estado brasileiro nos trilhos e ofertem uma melhor qualidade de vida.
Com
uma economia capenga resulta uma crise, também, em suas finanças, pois não há
recursos suficientes para o atendimento das necessidades públicas, pela redução
da arrecadação.
Há um esquecimento de
que a finalidade essencial da criação do Estado, como um todo, que ensejou na
história a ideia de o povo prover a sua criação como pessoa ficcional é exatamente
cuidar da organização da nação, gerindo os destinos dos integrantes do povo
criador.
Contudo, esse nem
sempre é o comportamento da criatura, que se agiganta em detrimento do criador,
quando não se estrutura à falta de pessoas competentes e honestas, com o combate
à corrupção e elevação da moral do cidadão. Com tal comportamento vemos
desmoronar a esperança, pelo menos a médio prazo, de dias melhores.
Eu
sou um pessimista, aliás sempre tive essa característica, mas igualmente, mesmo
com tal sentimento não fico parado vendo a banda passar, faço o meu dever de
casa e tento influir na atividade externa, inclusive agora, com pouca saúde e quase
chegando a oito décadas de vida.
Assim
o faço e fiz no passado, quando tive a honra de ensinar nas Universidades
pública e privadas, dando o melhor do meu conhecimento, com um resultado que me
orgulha, pois ensinei a jovens que hoje ocupam cargos importantes em Tribunais,
na Advocacia e no Magistério.
Do mesmo modo assim agi
em todas as Entidades onde trabalhei – Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal
de Contas do Estado, dando o máximo de mim, criando formas modernas e mais
eficientes na prestação de serviços e disso tenho provas, que as apresentarei
em futuro livro que estou escrevendo. No entanto, na visão reversa, senti
tristeza pelo silêncio sobre recente láurea que recebi da UFRN, concedendo-me o
título de “Professor Emérito”, que me proporcionou congratulações de entidades
como o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, mensagens de membros do Tribunal
Superior de Justiça, do CREMERN, Ordem dos Advogados, amigos e correspondentes
e confrarias culturais. Mas nenhuma mensagem recebi, até agora, já
ultrapassados trinta dias do acontecimento, daquelas Instituições onde dei por
alguns anos o meu trabalho como funcionário ou Membro. Esqueceram de mim?
Essas
coisas mostram a banalização dos gestos de reconhecimento a um título tão importante conquistado, independentemente de quem seja o agraciado, dando-se a uns, que
pouco fizeram, honrarias em detrimento de outros que tudo deram de suas
existências, sequer uma mensagem.
Lamentavelmente,
aqui ainda se cultiva o velho adágio: “O homem só vale pelo dinheiro que tem, pelo
cargo que ocupa ou pelo mal que pode fazer”.
Nessa
trilogia eu tiro nota “zero”.