sábado, 27 de julho de 2013

ENCONTRO COM A POESIA: MATSUO BASHÔ



                                                                       (Por Horácio Paiva)


            Seu nome de nascimento era Kinkasu. Bashô foi seu último nome literário, já que no passado, no início de suas atividades artísticas, chegara a utilizar outros nomes, como Sobo e, depois, Tosei.

            Descendente de samurais (seu próprio pai fora um deles, a serviço da poderosa família Todo), não seguiu Bashô a tradição guerreira de seus familiares e antepassados. Antes  -  espírito especulativo, criativo, religioso e artístico  -  tornou-se poeta, um grande poeta, um dos melhores, e não apenas de sua pátria, o Japão, mas do mundo.

            Nasceu Matsuo Bashô em 1644, em Ueno. Ainda criança, aos nove anos, foi entregue à família dos senhores de seu pai, servindo-a como pagem do filho herdeiro, Yoshitada, apenas um pouco mais velho do que ele. Vieram a ser grandes amigos.  Ambos com vocação para a poesia. Num ambiente propício à boa educação, com mestres notáveis, logo cedo passaram a compor poemas. Morrendo precocemente o amigo, retirou-se Bashô para Edo (Tóquio), tornando-se discípulo, durante anos, do monge zen-budista Buccho, o que, afinal, veio a ser relevante na vida de Bashô e na definição de seus rumos estéticos.

            A propósito do aprendizado do Zen, são palavras do mestre Seigen: “Antes de estudar o Zen, as montanhas são montanhas e as águas são águas; após uma primeira noção sobre a verdade do Zen, as montanhas já não são apenas montanhas e as águas já não são apenas águas; mas, quando se atinge o conhecimento, as montanhas voltam a ser montanhas e as águas voltam a ser águas.”

            Octavio Paz, no brilhante opúsculo “A Poesia de Matsuo Bashô”, diz com precisão: “A doutrina Zen  -  e isto a coloca em oposição às demais doutrinas budistas  - afirma que as fórmulas, os livros canônicos, os ensinamentos dos grandes teólogos e ainda a palavra mesma de Buda são desnecessários. O Zen prega a iluminação súbita. Os demais budistas crêem que o Nirvana só pode ser alcançado depois de passar por muitas reencarnações; Guatama mesmo conseguiu a iluminação quando já era um homem maduro e depois de ter passado por milhares de existências prévias que a lenda budista recolheu com grande poesia (Jatakas). O Zen afirma que o estado satori é aqui e agora mesmo, um instante que é todos os instantes, momento de revelação em que o universo inteiro  -  e com ele a corrente da temporalidade que o sustém  -  desmorona. Este instante nega o tempo e nos põe em confronto com a verdade.”      

            É notória a influência do zen-budismo  -  e de seu conceito de súbita iluminação  -  na produção artística de Bashô. Na verdade, não podemos passar ao largo dessa informação, se quisermos melhor apreender o significado de sua obra.

            Renomado mestre do haicai (poema curto japonês, composto de três versos), observa Manuel Bandeira que essa forma poética será levada, na literatura japonesa, “à extrema perfeição no século XVII pelo grande Bashô e seus discípulos Ransetsu e Kikaku.” Vários outros grandes nomes, porém, agregaram-se a essa lista, como são exemplos Issa e Buson.

            Viajante contumaz, deixou-nos Bashô cinco diários com relatos de suas viagens feitas a pé, como um monge, pelo Japão, “verdadeiros cadernos de esboços, impressões e apontamentos. Estes diários são exemplos perfeitos de um gênero em voga na época de Bashô e do qual ele é grande mestre: o haibun, texto em prosa que rodeia, como se fossem pequenas ilhas, um grupo de haikus. Poemas e passagens em prosa se completam e reciprocamente se iluminam”( Olga Savary).

            Tive o prazer estético de ler (e reler, naturalmente) a obra-prima (assim unanimemente considerada) desses relatos, o livro “Sendas de Oku”, na tradução de Olga Savary (feita através do castelhano, via Octavio Paz), editado, em 1983, por Roswitha Kempf/Editores. Já no início, no primeiro parágrafo, sente-se a força da poesia: “Os meses e os dias são viajantes da eternidade. O ano que se vai e o que vem também são viajantes. Para aqueles que deixam flutuar suas vidas a bordo dos barcos, ou envelhecem conduzindo cavalos, todos os dias são viagem e sua casa mesma é viagem.”

            A frase inicial do segundo parágrafo, não obstante dirigir-se ao passado, é profética, em relação ao seu genial autor: “Entre os antigos, muitos morreram em plena rota.” Com efeito, morreu Bashô em Osaka, destino de uma de suas viagens, em 12/10/1694. Foi enterrado em Otsu, às margens do lago Biwa.

MATSUO BASHÔ (n. 1644, Ueno; m. 12/10/1694, Osaka):


Do mesmo haicai, duas traduções de Olga Savary:


Sobre um velho tanque
salta uma rã: ruído
submergindo.

Sobre o tanque morto
um ruído de rã
submergindo.


            Eu faria a síntese, com a seguinte versão:


Sobre o velho tanque
ruído de rã
submergindo.


Quatro traduções de Manuel Bandeira:


Quatro horas soaram.
Levantei-me nove vezes
Para ver a lua.


Fecho a minha porta.
Silencioso vou deitar-me.
Prazer de estar só...


A cigarra... Ouvi:
Nada revela em seu canto
Que ela vai morrer.


Quimonos secando
Ao sol. Oh aquela manguinha
Da criança morta!




                        -x-x-x-x-x-


NOTAS:


(1)       A propósito do Zen, o monge católico trapista Thomas Merton, em seu livro “Zen e as Aves de Rapina”, procura demonstrar a aproximação dessa doutrina com o Cristianismo. Curiosa e interessante a relação que estabelece entre a “iluminação” zen-budista e a “graça” cristã. Cita São João da Cruz, que “compara o homem a uma janela através da qual brilha a luz de Deus.”* Com efeito, são palavras do próprio santo, extraídas de sua obra “Subida do Monte Carmelo”: “Quando a alma dá lugar (que é apartar de si toda névoa e mancha de criatura, tendo a vontade perfeitamente unida à de Deus  -  porque amar é trabalhar em despojar-se e desnudar-se por Deus de tudo o que não é Ele), logo fica esclarecida e transformada em Deus, e o Senhor comunica-lhe o seu ser sobrenatural de tal maneira que parece ser o próprio Deus e, de fato, é Deus por participação.” No mesmo livro de Merton, diz o zen-budista Daisetz T. Suzuki, que com ele dialoga, sobre as condições da iluminação e da graça, citando o bispo medieval Mestre Eckhart: “Se for o caso de estar alguém vazio de coisas, criaturas, dele próprio e de Deus, e se Deus pudesse ainda encontrar nele um lugar onde agir, então declaramos: enquanto esse lugar existir, essa pessoa não é pobre, da mais íntima pobreza (eigentlichste Armut). Pois não é intenção de Deus que o homem tenha um lugar reservado onde ele possa atuar, uma vez que a verdadeira pobreza de espírito requer que o homem esteja vazio de Deus e de todas as suas obras, de maneira que se Deus quer agir na alma, Ele mesmo seja o lugar onde age  -  isso lhe agradaria fazer. Pois se alguma vez Deus encontrasse uma pessoa assim tão pobre, tomaria a responsabilidade de sua própria ação e seria Ele o lugar da operação, porque Deus age em Si mesmo. É aqui, nessa pobreza, que o homem recupera o ser eterno que um dia ele foi, é agora e será para sempre.”

*O Papa Francisco, em seu primeiro discurso no Brasil, falando às autoridades deste País, no início da Jornada Mundial da Juventude, em 22/07/2013, pronunciou a seguinte frase, que lembra São João da Cruz, Doutor Místico da Igreja: “A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo.”


(2)       Destaque-se o pioneirismo do poeta mexicano José Juan Tablada (1871-1945) na utilização do haicai (ou haicu, como dizem os hispânicos) em língua castelhana, no começo do século XX. Informa Octavio Paz que as “suas pequenas e concentradas composições poéticas, além de ser o primeiro transplante do haiku para o espanhol, foram realmente algo novo em seu tempo. E o foram a tal ponto e com tal intensidade que, ainda hoje, muitas entre elas conservam intactos seus poderes de surpresa e seu frescor. De quantas obras mais pretensiosas pode se dizer o mesmo?”. Eis cinco desses haicais, na tradução do autor destas notas:


O salgueiro

Tenro salgueiro:
quase ouro, quase âmbar,
quase luz.

           

Os gansos

Por nada os gansos
tocam alarme
em suas trombetas de barro.


Voos

Juntos na tarde tranquila
voam notas do Angelus,
morcegos e andorinhas.


O morcego

Os voos da andorinha
na sombra ensaia o morcego
para logo voar de dia?


A lua

É mar a noite negra;
a nuvem, uma concha;
a lua, uma pérola...


(3)       No cenário atual das letras do Rio Grande do Norte, Brasil, há também cultores do haicai. Alguns exemplos na poesia de Jarbas Martins e Horácio Paiva:


De Jarbas Martins:


Até logo, Chê.
A revolução na esquina
e a barba por fazer.


Travessura tua
-  teu seio cortado ao meio.
Uma meia lua.


raro escrevo. Vivo.
escrever é um verbo
intransitivo.


Ser tua perna arqueada,
ser teu arco, flecha e barco,
ser teu zen.


Pôr de sol assim.
Duas dores, dez mil cores.
Deus assina: FIM.


De Horácio Paiva:


Via Láctea

o vento lá fora geme
colhendo
estrelas mortas


Plenilúnio

madrugada de plenilúnio:
canta o luar
ou o galo?

Les mains sales

O tempo escorria lentamente
e tudo estava tranquilo...
até Sartre roubar o meu relógio.


Natividade

Luz na estrebaria:
sobre as dores do mundo
o olhar de Maria.


O navio fantasma

surpreende-me vê-lo
e mais:
saber que estou nele



Antes, escrevera o currais-novense José Bezerra Gomes (1911-1982), embora sem a disposição estrófica do haicai, esse curto mas denso poema:


Sempre Sábado

Naquele
sábado
a música
daquele
sábado



(4)       Millôr Fernandes (1923-2012), humorista e filósofo brasileiro, do Rio de Janeiro, destaca o humor em seus haicais filosóficos. Bons haicais, bons exemplos:


Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha


Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos


A vida é um saque
Que se faz no espaço
Entre o tic e o tac


Probleminhas terrenos:
Quem vive mais
Morre menos?


Nunca esqueça
A vida também
Perde a cabeça



                                               -x-x-x-x-x-

sexta-feira, 26 de julho de 2013

DOMINGHINHOS


Sanfoneiro e cantor encarnou o lado sensível da música regional nordestina
Trecho de Tenho sede, de Dominguinhos e Anastácia: “Traga-me um copo d’água, tenho sede / e essa sede pode me matar. / Minha garganta pede um pouco d’água / e os meus olhos pedem o teu olhar”.
Reinado absoluto. O sanfoneiro toca em Caruaru em 2007
“O sertanejo é antes de tudo um forte”, sapecou Euclides da Cunha em “Os sertões”. Os desavisados reconhecerão na definição o protótipo do cangaceiro, do cabra macho, do matuto destemido que não leva desaforo para casa. Ledo engano. Como o próprio Euclides deixou claro, essa força não reside na coragem, na valentia ou no destemor, mas repousa na improvável força interior contida no termo euclidiano Hércules-Quasímodo. O sanfoneiro, compositor e cantor Dominguinhos encarnou o lado sensível, belo e pungente dessa força, contrapondo-o à valentia da cabroeira que dormia ao relento e lutava contra as tropas da lei e da ordem. Lampião era o sertanejo-mandacaru. Dominguinhos, o matuto-flor: a flor que brota do cacto com a beleza protegida pela agressividade bélica dos espinhos.
Desde cedo ungido príncipe da música regional nordestina que o Rei Gonzaga fundou e sustentou com o rebuliço mágico dos 180 baixos de sua sanfona, o garoto de Garanhuns, Pernambuco, cruzou as veredas da vida sem trocar de patente nem de coroa: sempre foi menino, sempre foi príncipe. Consciente da majestade de seu Lua, legitimada pela dimensão universal de sua herança, a grandeza dele, caudatária da simplicidade, o tornou herdeiro perpétuo, impedindo-o de subir ao trono com o desaparecimento físico do criador do forró. Não se confunda, contudo, essa simplicidade com complexo de inferioridade ou desconhecimento do próprio potencial que levou Gonzaga a lhe transferir sanfona, cetro, reinado e gibão. Nada disso: mantendo-se na infância, ele preservou o segredo da beleza e da variedade da obra que o fundador trouxe das brenhas para transformar no ponto de contato e de solidariedade dos deserdados da seca no bulício das metrópoles.
Em Dominguinhos comungavam a humildade dos mansos de espírito e a altivez dos gênios que reconhecem seu valor ao identificá-lo não nas glórias da fama, mas na consciência da fidelidade a sua grei, que a retribui com um amor mudo, sincero e pleno, que vai além do aplauso fácil. Este reconhecimento passou, é claro, pela unção real, mas se confirmou em todos os contatos que o artista manteve com seu público, gente com quem partilhava as mesmas origens e com quem se comunicava pela mudez de cúmplices egressos dos mesmos roçados nos quais a necessidade e a escassez tornam a solidariedade gênero de primeira necessidade. Esse povo aprendeu a linguagem das pausas longas e o reconhecimento da labuta na textura áspera da pele da palma da mão acostumada com a soleira que ofusca e a aridez do solo de pouca água.
Se o Rei do Baião fez de Asa Branca, com a letra do urbano Humberto Teixeira, o hino da diáspora nordestina pelo mundo afora, o príncipe da sanfona compôs em Lamento Sertanejo, com a letra-síntese de Gilberto Gil, negro e interiorano qual Gonzaga, a saga do retirante aculturado. “Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação, / eu te asseguro, não chore não, viu, / eu voltarei, viu, pro meu sertão”:  Gonzaga e Teixeira cantaram o mito da volta do homem à terra, bastando que caia a chuva do céu. “Por ser de lá, / na certa por isso mesmo, / não gosto de cama mole, / não sei comer sem torresmo. / Eu quase não falo, / eu quase não sei de nada. /  Sou como rês desgarrada / nessa multidão boiada caminhando a esmo“ – na melodia de Dominguinhos Gil decretou a saga de um Ulisses-Quasímodo que não retorna a Penélope, mas faz do desassossego solitário o jeito de ficar onde estiver, construindo Ítaca em si mesmo.
A Odisseia do cantor do vale do Araripe, nos confins onde Pernambuco acaba no Ceará, foi registrada no percurso do peixe em Riacho do Navio, com letra do parceiro Zé Dantas, partindo do Atlântico na direção do paraíso idílico perdido nas margens do riacho da Brígida, contra a correnteza. Essa busca do cordão umbilical enterrado na porteira do curral avoengo se expressa na utopia do desterrado: “Pra ver o meu brejinho, / fazer umas caçada, / ver as ‘pegá’ de boi, / andar nas vaquejada, / dormir ao som do chocalho / e acordar com a passarada, / sem rádio e sem notícia / das terra civilizada”.
A Ilíada do sanfoneiro da “Suíça nordestina” mantém o desterrado no desterro, universo transportado de Garanhuns para os guetos nordestinos nas metrópoles – o Brás em São Paulo, o Campo de São Cristóvão no Rio… Nesses lugares, o cavalo de madeira transporta o retirante para os ambientes urbanos, tornando-o uma espécie de extra-terrestre adaptado aos hábitos e à cultura da Troia que desconhecia. O retirante pede água, busca o amor e vai ficando: a obra de Dominguinhos é a consciência de que todo lugar é sertão e o sertão é aqui mesmo, reconhecido nas manchas de suor tornadas mapas da solidão que virou ritual de encontro. Como cantou em Tenho sede, com letra de Anastácia, sua mulher e parceira de origem: “Traga-me um copo d’água, tenho sede / e essa sede pode me matar. / Minha garganta pede um pouco d’água / e os meus olhos pedem teu olhar”.
(Publicado na Pag.D03 do Caderno 2 do Estado de S. Paulo de quarta 24 de julho)

Dois craques


ESCRITOS DE JOAQUIM SÍLVIO CALDAS
Escritor, cronista e apaixonado por Natal
RN
  
Nesse país de mensaleiros e aloprados, nem tudo está perdido. Entretanto, acabamos de perder dois craques: um da música e o outro do futebol.



Dominguinhos, herdeiro oficial e de fato do grande Luiz Gonzaga, morreu precocemente, já que 72 anos não é idade hoje em dia para ninguém morrer. Não sei se poderia haver alguém no mundo que não gostasse do artista e do homem.

Coincidentemente, no mesmo dia, sobe para o andar de cima o maior ful-back que o mundo já conheceu, o grande Djalma Santos. Contudo ele não era grande apenas pelo futebol de que era dotado. Era grande como exemplo de homem de bem e de atleta que sempre serviu de exemplo aos mais novos.

Talento é coisa que a natureza dota a cada um. Caráter, não, depende do comportamento de cada um de nós. 

Agora quando alguém consegue associar o talento ao bom caráter, aí sim, não temos apenas o gênio, mas o bem-aventurado.

Portanto, o Brasil acaba de perder dois grandes homens, por seus talentos e por seus bons exemplos. Fora em outro país e as autoridades lhes mandariam erigir estátuas. Esses dois sim, pessoas do povo, que souberam bem utilizar o talento que Deus lhe deu para somente praticar o bem, com humildade e profissionalismo. Sem demagogia, sem alarde.

Viva Dominguinhos. Viva Djalma Santos. Fora os mensaleiros e os aloprados.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

*CONVITE *


 

 
 
UNIÃO BRASILEIRA DE
ESCRITORES DO
RIO GRANDE DO NORTE -
U B E - R N

        O presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN  convida Vossa Senhoria e família para  o lançamento do livro *O MARIBONDO AMOROSO* da Escritora NATI CORTEZ(in memoriam), vol. 01, da Coleção Nati Cortez (Infanto-Juvenil), selo editorial Nave da Palavra.

Data: 25.07.2013 (quinta-feira)  - Hora: 18h - Local:  Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras à rua Mipibu, 443 - Petrópolis

          *  Eduardo Antonio Gosson*

               Presidente  da UBE/RN

HOJE


 
 
 
Caríssimos (as).

No dia 25 de julho, 5ª feira, às 18 horas, haverá o lançamento do livro de Nati Cortez, "O Maribondo Amoroso", uma peça da pioneira do teatro infantil no Rio Grande do Norte. A publicação é da UBE potiguar, em parceria com a família da autora.
O lançamento será no auditório da Academia de Letras do RN, na rua Mipibu, 443, Petrópolis "O Maribondo Amoroso" da escritora Nati Cortez (in memorian) é o vol. 01 da Coleção Nati Cortez (infanto-juventil), selo editorial Nave da Palavra.

Contamos com sua presença.

Cordialmente

A Família de Maria Natividade Cortez Gomes.

SAUDADES DA CONFRARIA



Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado
Os afazeres assumidos após a minha aposentadoria e, apesar do meu estado de saúde com mazelas e sequelas de tratamentos, não conseguem impedir o meu comprometimento com as entidades culturais às quais pertenço, como OAB/RN, Academia Macaibense de Letras, Academia de Letras Jurídicas do RN, Instituto Norte-Riograndense de Genealogia, União Brasileira de Escritores e Instituto Histórico e Geográfico do RN.
Infelizmente, para poder atender aos encargos que me são delegados, todos eles a titulo gratuito, me têm privado do prazeroso convívio com os amigos da Confraria da Livraria Câmara Cascudo – último moicano das livrarias regulares da Cidade Alta.
Sinto falta e muito das discussões científicas, literárias, transcendentais, mundanas e telúricas que as reuniões proporcionam, sempre regada a bolo e café gentilmente ofertado por Marconi Macedo, que é cria da velha Livraria Universitário do tempo de seu Walter Pereira.
Ali nós conseguimos resolver os problemas do mundo, numa visão humanística, poética e fraterna dos integrantes e de uma forma gostosa. Aprendo todo dia com aquela turma.
De quando em vez registramos alguma baixa, como ocorreu com o Dr. José Pinto; outras vezes temos o temporário afastamento de algum dos seus membros, como o caso do Dr. Manoelzinho, que deve estar lutando para salvar o seu rebanho da seca. Outros, ainda, são viajantes e viajeiros.
Acontece, também, aqui e ali um afastamento provisório por alguma questão linguística, futebolística ou ecumênica discordante, mas nada que faça não se encontrar o caminho da volta.
No meu caso, o afastamento é pela dedicação maior que estou dando ao IHGRN, em período de restauração administrativa, com indicativos para reconstrução física e ampliação cultural, para cujo desiderato temos um mandato de apenas três anos.
Sempre que posso, dou uma esticadinha nas segundas-feiras, antes da reunião ordinária que fazemos permanentemente ou na sexta-feira, quando não sou convocado para a ALEJURN.
Esse afastamento venial faz com que eu realmente possa medir o bem que faz a Confraria da Livraria Câmara Cascudo, mantendo altaneira a bandeira dos pioneiros do “Clube dos Inocentes”, e guardando o mesmo sentimento de universalidade e igualdade entre todos. Pena que não se tenha tantas medalhas para distribuição entre os presentes durante a reunião, como faziam Cascudinho e Vivi.
Meu abraço fraterno para todos e tenham a certeza que não permitirei ser atingido pela prescrição!

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um dia e duas perdas




O BRASIL PERDE DOIS ÍDOLOS



Dominguinhos
morre aos 72 anos em hospital de São Paulo

Músico lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão.
Ele havia sido transferido para a capital paulista em 13 de janeiro.

Do G1 São Paulo
SELO DOMINGUINHOS (Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem/AE)Músico Dominguinhos morreu nesta terça-feira em
SP (Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem/AE)
Dominguinhos morreu nesta terça-feira (23), aos 72 anos, no Hospital Sírio-Libanês, emSão Paulo. Ele lutava havia seis anos contra um câncer de pulmão. De acordo com o hospital, o músico morreu às 18h em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. Segundo amigos da família, o velório teria início a partir das 2h desta quarta (24) na Assembleia Legislativa de São Paulo, na região do Ibirapuera, Zona Sul da capital. Mas até 5h30, o corpo do sanfoneiro não havia chegado ao prédio.
 
Ao longo do tratamento, ele desenvolveu insuficiência ventricular, arritmia cardíaca e diabetes. Dominguinhos foi transferido para a capital paulista em 13 de janeiro. Antes, esteve internado por um mês em um hospital no Recife. A filha do músico, Liv Moraes, confirmou nesta segunda-feira (22) que o cantor havia voltado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) porque o estado de saúde dele tinha piorado.
 
Considerado o sanfoneiro mais importante do país e herdeiro artístico de Luiz Gonzaga (1912-1989), José Domingos de Morais nasceu em Garanhuns, no agreste de Pernambuco. Conheceu Luiz Gonzaga com 8 anos. Aos 13 anos, morando no Rio, ganhou a primeira sanfona do Rei do Baião, que três anos mais tarde o consagrou como herdeiro artístico.
 
saiba mais
 
Instrumentista, cantor e compositor, Dominguinhos ganhou em 2002 o Grammy Latino com o “CD Chegando de Mansinho”. Ao longo da carreira, fez parcerias de sucesso com músicos como Gilberto Gil, Chico Buarque, Anastácia e Djavan.
 
Ainda criança, Dominguinhos tocava triângulo com seus irmãos no trio “Os três pinguins”. Quando ele tinha 8 anos, foi “descoberto” por Gonzagão ao participar de um show em Garanhuns. A “benção” lhe foi dada pelo rei do baião quanto tinha 16 anos.
 
 Dominguinhos durante apresentação em São Luis do Paraitinga em 2011. (Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo)
Dominguinhos em apresentação em São Luís do
Paraitinga (Foto: José Patrício/Estadão Conteúdo)
 
“Gonzaga estava divulgando para a imprensa o disco 'Forró no Escuro' quando ele me apresentou como seu herdeiro artístico aos repórteres”, lembrou-se Dominguinhos em entrevista ao G1 no fim de 2012. “Foi uma surpresa muito grande, não esperava mesmo.”
 
De acordo com ele, o episódio aconteceu somente três anos depois de sua chegada ao Rio, acompanhado do pai, o também sanfoneiro Chicão. Mudaram-se para a cidade justamente para encontrar Luiz Gonzaga. “Em cinco minutos, ele me deu uma sanfona novinha, sem eu pedir nada”, prosseguiu. Naquele período, Dominguinhos saiu em turnê com o mestre para cumprir a função de segundo sanfoneiro e, eventualmente, de motorista.
 
Centenário de Gonzagão
 
No fim de 2012, Dominguinhos se dedicou ativamente às celebrações dos cem anos do nascimento de Luiz Gonzaga. Durante um show no dia centenário, 13 de dezembro, realizado na terra natal do músico, Exu (PE), Gilberto Gil comentou: “Dominguinhos teve a herança do Gonzaga, que ele incorporou, através das canções, dos estilos, o gosto pelo xote, xaxado”. 
 
Para Gil, no entanto, Dominguinhos soube trilhar um caminho próprio. “Dominguinhos foi além, em uma direção que Gonzaga não pôde, não teve tempo. Ele foi na direção do início de Gonzaga, o instrumentista, da época das boates do Mangue, no Rio de Janeiro, quando ele tocava tango, choro, polca, foxtrot, tocava tudo, repertório internacional, tudo na sanfona."
 
 
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Mosaico Djalma Santos carreira (Foto: Editoria de Arte)

Djalma Santos, bicampeão mundial pela seleção, morre aos 84 anos

Ex-lateral estava internado desde o dia 1.º de julho, em decorrência de uma pneumonia grave

 
 

UBERABA - Faleceu nesta terça-feira, em Uberaba (MG), o ex-jogador Djalma Santos, bicampeão do mundo com a seleção brasileira de futebol. De acordo com o boletim médico divulgado pelo Hospital Hélio Angotti, o lateral morreu em decorrência de uma pneumonia grave e instabilidade hemodinâmica culminando com parada cardiorrespiratória e óbito às 19h30.
Mais cedo, também nesta terça-feira, o hospital mineiro havia informado que Djalma Santos havia tido uma recaída em seu quadro clínico e sido internado novamente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na noite de sábado. Ele estava internado em Uberaba desde o dia 1.º de julho. Na manhã desta terça, Djalma Santos, de 84 anos, recebia ventilação mecânica com necessidade de suporte hemodinâmico".
Bicampeão mundial com os títulos das Copas de 1958 e 1962, Djalma Santos vinha recebendo tratamento por causa de uma infecção respiratória aguda. A sua recuperação vinha sendo inconstante, pois ele havia deixado a UTI anteriormente no último dia 11.
Titular absoluto da seleção brasileira por mais de uma década, Djalma Santos foi eleito diversas vezes, nas mais variadas premiações, como o maior lateral-direito da história do futebol.

Djalma (que se chamava Dejalma) começou a carreira na Portuguesa, clube pelo qual conquistou duas vezes o Torneio Rio-São Paulo, em 1952 e 1955. Até hoje é o segundo jogador que mais vestiu a camisa lusitana.

Em 1959, já campeão do mundo com a seleção, se transferiu para o Palmeiras, onde marcou época, tendo atuado em 498 partidas (295 vitórias, 105 empates e 98 derrotas) e anotado dez gols.
Conquistou o Campeonato Paulista de 1959, 1963 e 1966, a Taça Brasil de 1960 e 1967, o Torneio Rio-São Paulo de 1965 e Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967.
Depois de quase 10 anos no Palestra Itália, encerrou a carreira no Atlético-PR, onde jogou por mais quatro anos, até os 42. O jogador, em mais de duas décadas jogando, nunca foi expulso de campo. Pela seleção, atuou em 110 partidas, tendo participado também das Copas de 1954 e 1966.





terça-feira, 23 de julho de 2013

22/07/2013


Veja íntegra do discurso do Papa Francisco no 1º dia de visita ao Brasil

Papa foi recebido pela presidente Dilma Rousseff no Aeroporto do Galeão.
Milhares acompanharam trajeto do papamóvel no Centro do Rio de Janeiro.


Vim para a JMJ para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo atraídos pelos braços abertos pelo Cristo Redentor. Estes jovens provêm de diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade."
Papa Francisco
O Papa Francisco chegou ao Brasil às 15h43 desta segunda-feira (22) para presidir a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e saudou os jovens em seu primeiro discurso, no Rio de Janeiro. "Cristo bota fé nos jovens", afirmou o pontífice argentino, que faz sua primeira viagem internacional desde que foi escolhido sucessor de Bento XVI. O Papa fica no país até domingo (28) e ainda visitará a cidade de Aparecida (SP), nesta quarta.
Leia a íntegra do discurso a seguir:
"Senhora Presidenta, Ilustres Autoridades, Irmãos e amigos!
Quis Deus na sua amorosa providência que a primeira viagem internacional do meu Pontificado me consentisse voltar à amada América Latina, precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a Deus pela sua benignidade.
Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração; por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta.
Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: “A paz de Cristo esteja com vocês!”
Saúdo com deferência a senhora presidenta e os ilustres membros do seu governo. Obrigado pelo seu generoso acolhimento e por suas palavras que externaram a alegria dos brasileiros pela minha presença em sua Pátria. Cumprimento também o senhor governador deste Estado, que amavelmente nos recebe na sede do governo, e o senhor prefeito do Rio de Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomático acreditado junto ao governo brasileiro, as demais autoridades presentes e todos quantos se prodigalizaram para tornar realidade esta minha visita.
Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus irmãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas amadas igrejas particulares. Esta minha visita outra coisa não quer senão continuar a missão pastoral própria do Bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da Esperança que d’Ele vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu Amor.
O motivo principal da minha presença no Brasil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações".
Estes jovens provêm dos diversos continentes, falam línguas diferentes, são portadores de variadas culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas para suas mais altas e comuns aspirações e podem saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico que os irmanem para além de toda diversidade.
Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé” nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: “Ide, fazei discípulos”. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos.
Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações.
Os pais usam dizer por aqui: “os filhos são a menina dos nossos olhos”. Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta.
A juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos.
Concluindo, peço a todos a delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo acolhimento!"