sábado, 11 de janeiro de 2020






Cartas de Cotovelo – 11/01/2020
Sexta Carta (com Saudade)

As andorinhas voltaram

Neste sábado, da nossa varanda da Rua Parnaíba chamou-me a atenção o fio engrossado por andorinhas, coisa que só lembro ter visto há uns 10 veraneios atrás, quando passeava com THEREZA pelas ruas de Cotovelo. Teriam vindo em reverência a ela?

Em vôos rasantes e rápidos como o do beija-flor, vieram até o jardim de Dona Socorro e em segundo subiram e desapareceram até não sei quando, pois as andorinhas são aves de pequenas dimensões, que possuem beleza, elegância e agilidade em seu vôo e realizam longas migrações. No Brasil se conhece a andorinha-pequena-de-casa (Notiochelidon cuanoleuca), que mede cerca de 12cm de comprimento e pesa apenas 12g.

Mutantes, abandonam os locais frios, a procura de alimentação farta e migram para locais mais amenos e no final do inverno voltam em bandos barulhentos à sua região natal. Este retorno anuncia que a primavera está chegando. Podem viver até oito anos, com exceção da andorinha-do-mar, que pode viver por vinte anos. Isso significa que uma andorinha-do-mar pode voar 20 vezes ao redor do mundo durante toda sua vida.

O acontecimento, circunstancialmente trivial, para mim foi uma visita a Cotovelo, aonde ainda resistem alguma coisa da mata atlântica e, ao mesmo tempo, outra oportunidade de relembrar minha THEREZA que adorava pássaros e não deixava passar suas presenças em nossos momentos de veraneio.

Foi um momento de beleza, comunhão com a natureza e de saudade daquela que foi a razão da minha existência.

Desculpem, mas Quem canta seus males espanta.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020


Cartas de Cotovelo – 10/01/2020
Quinta Carta (com Saudade)

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

          Existem equipamentos que complementam o nosso conforto no cotidiano, mais ainda quando estamos no veraneio que não precisamos nos locomover para efetuar pagamentos, enviar mensagens, pesquisar assuntos interessantes, fazer nossas vitaminas no liquidificador, assar um pãozinho, um banho temperado e muitas outras coisas mais. 

          Pois bem, nestes dois últimos dias, no conforto do ar condicionado e vendo um bom programa de televisão, fomos colhidos de surpresa pela falta de energia na Rua Parnaíba, aqui em Cotovelo. 

           Acionado o 116 a informação era que os técnicos estavam se deslocando para resolver o problema o mais rápido possível. Ontem, aguardei a providência desde as 3 da matina, mas a energia só veio chegar às 16 horas, com a expectativa das notícias do toró em Natal. Hoje o fato se repetiu, perdemos o noticiário da manhã, mas a energia voltou em torno do meio dia.

        Em verdade não estamos aqui fazendo uma reclamação, pois o fato decorrer de uma chuva inesperada e sabemos que os operários da Cia. Fornecedora de energia são competentes e dedicados, mas apenas para enfatizar da importância que a energia elétrica nos trás.

        Não é sem razão que nos vem à mente os nossos veraneios da Praia da Redinha, onde a energia era fornecida através de um motor que era acionado pelas dezoito horas e desligado às vinte e duas, curto período em que aproveitávamos para um joguinho de baralho ou um bom papo na areia da frente da casa, sem nenhum risco de assalto.

        Naquele tempo não havia outro barulho que não o das águas do mar ou do rio Potengi quebrando na areia e permitindo olhar a beleza do céu e da natureza como um todo.
        Tive a oportunidade de voltar aos velhos pastos, já na companhia de THEREZA, e constatei que no Maruim apenas ainda resistiam duas casas – a que foi de papai e de seu Nelson, sogro de Professor Misael.

        Sem querer, a saudade volta de uma outra forma, com lembranças mais distantes, como o bambelô no Mercado, as cavalhadas organizadas pelo Dr. Túlio Fernandes, os passeios de bicicleta ao rio doce, a emocionante contemplação do vai e vem dos botes e das lanchas no cais, as reuniões esportivas e recreativas no Redinha Clube:

                      ...”Redinha, volte de novo ao teu seio, para eu viver sem receio aqueles tempos ideais”. (Fernando Gomes)


               

     

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

(encenação)

Cartas de Cotovelo – 08/01/2020
Quarta Carta (sem Saudade)

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

        Passadas as festividades tradicionais, voltamos os olhos para o veraneio e constatamos remanescentes velhas mazelas na Comunidade de Cotovelo. As escadas de acesso à praia pararam, para aguardar a costumeira maré forte de janeiro; a iluminação desbotada e ruas no escuro. Em frente da minha casa (Rua Parnaíba [que os mapas chamam de Paraíba] equivocadamente), está pior que o ano passado, que existia uma lâmpada, creio que de 1 (uma) vela fazendo-me colocar um refletor de 30 watts,de led, para a meninada brincar de voleibol sob as vistas minha e de THEREZA. Este ano a lâmpada do poste público está com a lâmpada queimada e eu troquei o refletor led por outro de 50 watts.
       
        Um outro problema, este de maior gravidade, refere-se ao não cumprimento do Projeto de ligação do saneamento da Prefeitura, prometido para junho de 2019 - o que não aconteceu. Acreditando no novo administrador, precipitei-me em aterrar a fossa grande e preparar o local para a ligação, ficando com a antiga fossa e agora corro o risco de ter que usar constantemente o caminhão de esgotamento, transtorno para mim e para os vizinhos. Os escavamentos para os canos do saneamento da Rua Parnaíba, que não é calçada, embora fique entre as duas pistas de ida e volta de Pirangi, foram aterrados com areia comum e daí os permanentes atolamentos, aumentando a poeira e nos obrigando a prestar ajuda para o desatolamento com a camionete de Ernesto.

          No ano passado comprei duas caçambas de barro e resolvi o problema - da minha casa até o confronto com a rua Marabá, mas depois da minha casa o problema continua, para os lados da Rua Herith Correia. E agora José...

          Estimado Prefeito Taveira, rogo a sua atenção para mandar apurar e resolver esses problemas. Mande trocar a lâmpada do poste defronte à minha casa 258. Em homenagem à sua administração estou disposto a colaborar com os custos desses meus problemas aqui reclamados. Envie a conta. Olhe, já paguei o IPTU antecipado!

          Por último, alô alô Diretoria da PROMOVEC, vamos fazer uma reunião para registrar nossas reivindicações e traçar projetos para este veraneio? 

         

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020


Cartas de Cotovelo – 06/01/2020
Terceira Carta de Saudade
 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

        Os reis magos são personagens controvertidas na história da humanidade, citados somente por Mateus (2,1-12), que visitam o menino Jesus, trazendo para eles presentes: ouro, incenso e mirra. Seus nomes eram Melquior (ou Belchior), Baltasar e Gaspar. Tais nomes também aparecem no Evangelho Apócrifo Armeno da Infância, do fim do século VI, no capítulo 5,10. O texto diz:


Um anjo do Senhor foi de pressa ao país dos persas para avisar aos reis magos e ordenar a eles de ir e adorar o menino que acabara de nascer. Estes, depois de ter caminhado durante nove meses, tendo por guia a estrela, chegaram à meta exatamente quando Maria tinha dado à luz. Precisa-se saber que, naquele tempo, o reino persiano dominava todos os reis do Oriente, por causa do seu poder e das suas vitórias. Os reis magos eram 3 irmãos: Melquior, que reinava sobre os persianos; Baltasar, que era rei dos indianos, e Gaspar, que dominava no país dos árabes.
        O que eram e de onde vieram são outros mistérios - eram Reis, mágicos (magos), porque tinham grande conhecimento da astrologia?  Sábios, Escribas? 
         Tendo sabido que o lugar era Belém, Herodes mandou-lhes pedir que informassem o lugar exato para que ele “também pudesse adorá-lo”. Guiados pela estrela, os magos chegaram a Belém, que fica a cerca de 10 quilômetros de Jerusalém. Encontrando o Menino, ofereceram-lhe, como presente, ouro, incenso e mirra. Tendo sido avisados, em sonho, para não dizer nada a Herodes, voltaram para suas terras por uma outra estrada. Tendo descoberto o engano, o rei Herodes mandou matar todas as crianças de Belém que tivessem menos de 2 anos.
          Viajaram das suas terras com o intuito de visitar o Menino Jesus e adorá-lo. Belchior veio da Europa, Gaspar da Ásia e Baltazar da África. Sabedores do intuito de Herodes regressam por lugar diferente para não terem encontros com o Rei.
          Essa história atravessou continentes e chegou até nós e como pessoas de grande valor, verdadeiros santos, respeitados e venerados. Em Natal mereceram um dia feriado e possuem uma igreja e um santuário no bairro dos Santos Reis onde todos os anos são realizadas comemorações e venerações.
         No meu tempo de rapaz fui muitas vezes aos festejos, assisti missa, confissões com Frei Damião de Bozano, visitei o Santuário com peças representando órgãos do corpo que foram sarados, depois a festa foi deturpada com jogos de azar, parque de diversões. Hoje já apresenta uma festividade religiosa. Algumas vezes a minha THEREZA foi comigo e escolhi o dia para o meu noivado (1962). Estava veraneando na Redinha e vim de lá para pedir ao velho Rosso a mão de sua filha formalmente, prometendo o casamento para o mesmo dia do ano seguinte o que não aconteceu pelo fato de ser coincidente a data com o plebiscito e eu trabalhar no TCE e transferi a data para 16 de março. THEREZA então tinha se mudado para Belém do Pará por motivo de transferência funcional de Arnaldo Jones Nelson, seu cunhado e com quem vivia toda a família e lá casamos na Igreja de Santo Antônio na Praça Batista Campos, por licença da Paróquia da Trindade.
         São lembranças, boas e saudosas lembranças. Obrigado meu Deus!

domingo, 5 de janeiro de 2020


Cartas de Cotovelo – 05/01/2020
Segunda Carta de Saudade

 Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

        Hoje retornei a Cotovelo com armas e bagagens para tentar manter os mesmos costumes e roteiros do tempo de THEREZA.
A casa ficou cheia de familiares que logo foram se acomodando e na hora do almoço comemos uma Cavala Branca feita por Rosa de Dona Helena do Bar e Restaurante Cotovelo, de velha tradição.
Após o almoço a madorna tradicional, sem a presença física dela, mas certamente a espiritual como aconteceu na noite emocional de ontem quando ela esteve em meu quarto, deu-me um beijo e vários abraços fazendo-me sentir o seu cheirinho inconfundível. Foi a primeira vez que tive essa sensação. Por isso tenho a certeza que ela está entre nós, com seu sorriso e suas orientações para a ordem da casa.
À tardinha minha neta Gabriel se ofereceu para um passei à beira-mar, pois a maré estava em baixa e havia muito espaço para uma caminhada e saí claudicante, fazendo uma foto na mesma pedra onde ela saudou o ano de 2019.
Continuamos a conviver o clima especial dos veraneios, numa rememoração dos últimos 30 anos que passamos na aprazível, calma e acolhedora praia de Cotovelo, revendo os tantos amigos que fizemos nesse espaço de tempo, mesmo com o som dos bate-estacas das festas de Pirangi.
Sem dúvidas, THEREZA continua reinando em nossos domínios.