sábado, 30 de março de 2013


SOBRE DESARMAMENTO

Vigorando desde 22 de dezembro de 2001, a Lei 10.826, mais
conhecida como Estatuto do Desarmamento ainda passará
pelo plebiscito, mas o debate deve continuar enquanto os
criminosos agirem com armas pesadas, deixando a sociedade refém
até de mísseis.
E tem mais: um dos exemplos mais destacados é a regulamentação
do estatuto com muitos artigos autoaplicáveis, como a exigência
do teste psicotécnico para a aquisição e porte de armas de fogo,
marcação de munição e indenização para quem entregar suas
armas. Até pouco tempo o Brasil era um país armado e agora possui
uma legislação que proíbe o porte de armas por civis, com exceção
para casos onde há ameaças contra a vida da pessoa. Mesmo assim,
o porte terá duração previamente determinada, ficando sujeito à
demonstração de efetiva necessidade para obtenção do registro.
Além do mais, o porte poderá ser cassado a qualquer momento,
principalmente se o portador for abordado com sua arma em estado
de embriaguez ou sob o efeito de drogas e medicamentos que
provoquem alteração do desempenho intelectual ou motor.
A diferença entre registro e porte de arma ainda é complicada
porque o registro vem a ser o documento da arma que deverá conter
todos os dados relativos à identificação. Com a nova lei só poderão
andar armados os responsáveis pela garantia da segurança pública,
integrantes das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência
e agentes de segurança privada. Civis só com porte concedido pela
Polícia Federal.
Trata-se de uma significativa mudança na legislação penal que prevê
penas mais específicas para condutas até então tratadas da mesma
maneira como o comércio ilegal e o tráfico internacional de armas,
tipificadas como contrabando e descaminho. Se a arma acessório
ou munição comercializada ilegalmente for de uso proibido ou
restrito, a pena deve ser aumentada pela metade.
Afinal, a proibição pode ou não aumentar o contrabando de armas?
O que espanta é que, até hoje, não existe um plano definido pelas
forças policiais para o embate do contrabando. Pior ainda: acreditase
que, em caso de uma ação neste sentido, o efeito será inverso.
_______________
FONTE: Brasília em Dia n. 836 - ano 16. (Colaboração de Walter Gomes, Brasília)
Sábado de Aleluia

O que é Sábado de Aleluia:


Sábado de Aleluia é um dia de comemoração no calendário de feriados religiosos do Cristianismo, sempre antes da Páscoa. O Sábado de Aleluia é o último dia da Semana Santa.
O Sábado Santo pode cair entre 21 de março e 24 de abril, e nesse sábado é celebrada a Vigília pascal depois do anoitecer, dando início à Páscoa. Sábado de Aleluia é o sábado anterior ao domingo de Páscoa, onde acende-se o Círio Pascal, uma grande vela que simboliza a luz de Cristo, que ilumina o mundo. Na vela, estão gravadas as letras gregas Alfa e Ômega, que querem dizer "Deus é o princípio e o fim de tudo”.
Na tradição católica, os altares são descobertos, pois assim como na Sexta-Feira Santa, não se celebra a Eucaristia. As únicas celebrações que fazem parte é a Liturgia das Horas. Além da Eucaristia, é proibido celebrar qualquer outro sacramento, exceto o da confissão.
Antes de 1970, no sábado de aleluia os católicos romanos deveriam praticar um jejum limitado, como abstinência de carne de gado, mas poderiam consumir peixe, etc. É também no Sábado de Aleluia que se faz a tradicional Malhação de Judas, representando a morte de Judas Iscariotes.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Sexta Feiera da Paixão

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR
Invitatório
Ant. Cristo, Filho de Deus, resgatou-nos com o seu Sangue: Vinde, adoremos.
Salmo invitatório: Ordinário.
Ofício de Leitura
Hino.
Salmodia
Ant. 1 Revoltam-se os reis da terra e os príncipes conspiram juntos, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
Salmo 2
 1 Porque se agitam em tumulto as nações *
e os povos intentam vãos projectos?
 2 Revoltam-se os reis da terra *
e os príncipes conspiram juntos †
contra o Senhor e contra o seu Ungido:
 3 «
Quebremos as suas algemas *
e atiremos para longe o seu jugo».
 4 Aquele que mora nos céus sorri, *
o Senhor escarnece deles.
 5 Então lhes fala com ira *
e com sua cólera os atemoriza:
 6 «Fui Eu quem ungiu o meu Rei *
sobre Sião, minha montanha sagrada».


12 Haverá no sepulcro quem fale da vossa bondade, *
ou da vossa fidelidade no reino dos mortos?
13 Serão conhecidas nas trevas as vossas maravilhas, *
na terra do esquecimento a vossa justiça?
14 Eu, porém, clamo por Vós, Senhor; *
de manhã, a minha oração sobe à vossa presença.
15 Porque então me afastais de Vós, Senhor, *
porque escondeis de mim o vosso rosto?
16 Infeliz de mim que agonizo desde a infância, *
já não posso mais suportar os vossos castigos.
17 Sobre mim passou a vossa ira, *
e os vossos terrores me aniquilaram.
18 Como vagas me cercaram o dia inteiro *
e todos juntos caíram sobre mim.
19 Afastastes meus amigos e companheiros, *
só as trevas me fazem companhia.
Tércia
Ant. Era a hora de Tércia, quando crucificaram Jesus.
leitura breve Is 53, 2-3
Cresce diante do Senhor como um rebento, como raiz numa 
terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, 
nem aspecto agradável que possa cativar-nos. Desprezado e 
repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa 
desprezível e sem valor para nós.
V. Nós Vos adoramos e bendizemos,
Senhor Jesus Cristo.
R. Que pela vossa santa cruz remistes o mundo.
Sexta
Ant. Desde a hora de Sexta até à hora de Noa, houve
trevas sobre toda a terra.
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR

quinta-feira, 28 de março de 2013


UM SÉCULO DE VIDA
 Logo of Exercito Brasileiro



Neste dia 02 de abril do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2013, um potiguar completa UM SÉCULO DE EXISTÊNCIA. Seu nome é FRANCISCO GOMES DA COSTA, nascido no longínquo ano de 1913, na Fazenda Pitombeira, do Município de Taipu, no Rio Grande do Norte, único sobrevivente da descendência do Coronel João Gomes da Costa (filho único de Cassiano Gomes da Costa e Maria Rosa da Costa, tendo por avós Manuel Gomes da Costa, de nacionalidade portuguesa/Candinha e o Velho Freitas e avó cujo nome não recorda) e Anna Rodrigues da Costa (filha de Alexandre Rodrigues Santiago e Maria Joaquina Rodrigues de Paiva e neta de Jerônimo Ferreira Santiago/Felipa Rodrigues Santiago e Francisco de Paula Paiva/Bernardina Lopes de Vasconcelos), tendo sobrevivido aos irmãos de dois casamentos e uma união, em número de 12 – do primeiro casamento, contraído com Bernardina Rodrigues da Costa vieram Maria (AA), casada com João Severiano da Câmara; Jerônimo (Loló), casado com Otacília Teixeira Gomes; Luzia (Zia), casada com Jerônimo Severiano da Câmara; José (Zeco), casado com Maria Lígia de Miranda Gomes; Antônio (Tonho), casado com Isaura Juvêncio da Câmara; Pedro (Pedinho), casado com Maria da Conceição Rocha e Manuel (Ué), casado com Lígia Maria Benfica da Costa; do segundo casamento com Anna Rodrigues da Costa, sua cunhada (irmã de Anna), nasceram Francisco (Ici), o biografado, casado com Mabel Rose Jardine Costa; Luiz (Zilú), casado com Maria Dulce e depois com Estrela da Liberdade; Paulo (Paulinho), casado com Olindina dos Santos Lima; Maria (Lilia), solteira e Sérgio (trazido por Tia Nana, em sua viuvez de Sérgio Guedes da Fonseca), casado com Elizier da Câmara Benfica. Todos nasceram em Pitombeira-Taipu/RN.

Havia uma repetição de nomes na família, como no caso do velho Cassiano, que tinha um irmão Manoel Gomes da Costa, pai de João Gomes da Costa (primo), Antônio Gomes da Costa, Francisco Nobre Gomes da Costa e José Gomes da Costa.

Quando o Cel. João Gomes enviuvou teve uma união temporária com uma senhora chamada Generosa, nascendo dessa união Luiz Xavier da Costa, no lugar chamado Trigueiro, em Ceará-Mirim/RN, pelos idos de 1911, que também foi reconhecido pelos irmãos e faleceu nos anos 40.
Uma infância feliz, no ambiente bucólico de fazenda, rodeado de carinho dos pais, harmonia dos irmãos e proteção dos tios e tias Manuel Rodrigues Santiago (Tio Ué), casado com Maria Francisca de Paula (Tia Maroca) e pais de Noel; Jerônimo Rodrigues Santiago (Loló); Petronila Rodrigues Santiago (Tia Peta), casada com João Praxedes do Amaral Lisboa, pai de Otávio; Maria Rodrigues Santiago (Tia Lica), casada com Vicente Severiano da Câmara, pai de João (Vanvão), Antônio (Tonho), Xandu, Loló, Liquinha, Maroquinha e Dorotéia.
Até os 15 anos viveu em Pitombeira, mas sempre retornava para os bailes onde, aos 18 anos, contava com a companhia de K-Chimbinho, afamado clarinetista potiguar, de fama nacional. Estudou em escolas públicas e em Natal no Colégio Santo Antônio (funcionava na Igreja do Galo), despertou para a carreira militar influenciado pela visão da Polícia nos dias de feira, contra a vontade do seu pai. Apreciava futebol e o esporte de caçar de baladeira e espingarda. Registra-se que no começo dos anos 40, a pedido do seu companheiro de farda, Capitão Leitão, o então Tenente Francisco Gomes tornou-se presidente do Alecrim Futebol Clube.
Em 1930 tornou-se aluno da Escola de Instrução Militar, que funcionou no Colégio Pedro II, que ficava no lado oposto do Teatro Carlos Gomes – Escola de Instrução 11, ao tempo do Tiro de Guerra 18, dirigido por Luiz Soares, onde fez curso e recebeu carteira de reservista de 2ª categoria, tendo como instrutor o 2º Tenente Francisco Antônio do 29 BC. Costumava dar guarda na Escola de Artífices na Revolução de 1935, como aluno.
Em 1935, precisamente em 9 de julho entrou para a Escola Militar de Realengo, fazendo o seu curso, saindo em 25 de dezembro de 1938, como aspirante (tempo de Getúlio Vargas), classificado com Aspirante do 30BC Socorro – Jaboatão dos Guararapes, em Recife, Pernambuco, durante um ano, passando nessa data para a patente de 2º Tenente, tendo sido designado para servir no 31BC de Natal até 1942, época em que foi designado para servir em Fernando de Noronha.
Embarcou em Recife no dia 11 de fevereiro de 1942 e saiu em serviço de comboio do navio Itatinga, escoltado pelo esquadrão da Marinha do Brasil – Cruzador Rio Grande do Sul e por dois submarinos. Um era o Paquete Pará, conduzido pelo 31BC, Grupo de Artilharia e Cia. Transmissão, durante oito meses e dez dias.
Posteriormente foi matriculado na Escola de Motomecânica em Deodoro, Rio de Janeiro, como 2º Tenente, terminando o curso e classificado para o 1º BCCL, durante um ano, em Casa Forte, Recife em 10 de dezembro de 1940 ou 41, dali para Pindamonhangaba, São Paulo, quando pediu transferência para o 31BC. 
Terminou a sua carreira no Rio de Janeiro, na Secretaria Geral do Ministério da Guerra em 05 de agosto de 1966, como General de Brigada e em seguida foi promovido a General de Divisão, em razão de ter a condição de ex-combatente.
Já na Reserva, foi designado para presidir a Subcomissão Geral de Investigações do Rio Grande do Norte no início do governo militar instalado em 1964, ali prestando os seus serviços entre 19 de março de 1969 até 10 de agosto de 1971. A sua saída foi antecipada a pedido, quando teve discordâncias com o Ministro Jarbas Passarinho, quanto à forma de condução da SCGI.
Recebeu muitos elogios e louvores pela sua conduta e desempenho irrepreensíveis em toda a carreira e atos de coragem em momentos difíceis da vida brasileira. Exerceu muitas funções de comando. Recebeu a Medalha do Pacificador em 1963 e a Medalha Militar de Ouro, em 1966.
Teve uma vida conjugal harmoniosa com a sua esposa Mabel Rose Jardine Costa, já falecida, exemplo de virtude, que conheceu em Recife em 1945 e com quem gerou dois filhos, que não sobreviveram. Sua dedicação à família foi marcante e, em relação ao meu pai (José Gomes da Costa, seu irmão), certa vez, num momento de enfermidade deste, exigiu que fosse buscar outro centro, pois em Natal ainda não havia instrumental de alta precisão e ao fazer isso disponibilizou até o seu patrimônio. Prova maior de amor não poderia ser dada.
De uma união com a Senhora Maria Alma, gerou os filhos Fernanda de Souza Costa, Fernando de Souza Costa e Fabrício de Souza Costa e com a Senhora Tereza, gerou Francisco Gomes da Costa Júnior.

Reside atualmente na Rua Olinto Meira, 1027, demonstrando que, apesar dos seus 100 anos, ainda está completamente lúcido e disposto a continuar sua jornada por mais alguns anos, se Deus o permitir. Chegou a fazer um croquis completo de toda a Fazenda Pitombeira, suas casas e demais edificações, seus moradores e seus acidentes geográficos, como o rio e as estradas, os pequenos cômodos e onde se armazenava cada tipo de cultura.
Homem sóbrio, tranquilo, patriota, jamais se inclinou para a política ou ações contra os governos constituídos. Nunca se intrometeu em questões ideológicas de esquerda ou de direita, mantendo uma postura de honra e fidelidade ao Exército ao qual serviu por longos anos, mas proclamou não ter simpatia pelo  ideário comunista.
A FAMÍLIA LHE TRIBUTA TODAS AS MERECIDAS HOMENAGENS.
____________
Apontamentos complementares colhidos em entrevista em 2011.
Testemunho do General COSTA:    
Não sei dizer se foi papai que construiu tudo em Pitombeira, mas a casa grande sim, em 1909 e também a capela de São João, que possuía na nave central a imagem desse Santo e nos lados as de Santa Luzia e São Sebastião.
            Das minhas lembranças registro uma vida intensa naquela comunidade, onde se desenvolvia a cultura de algodão, feijão e milho e, também bananas, além de uma criação de gado bovino – cerca de 220 cabeças.
            A propriedade era progressista, com feira aos domingos e parada de trem, cortada pela estrada de ferro, pelo rio Ceará Mirim e pela rodovia. Papai construiu uma estação, com abrigo para os passageiros.
            Também foi erguido um prédio para funcionar uma escola, armazéns, casa de farinha, cocheiras, açougue – papai abatia uma rês a cada sábado, para vender na feira (realizada em uma latada) e na venda, esta construída em 1917, defronte da casa grande, além de inúmeras casas dos moradores e agregados – a comunidade tinha cerca de 200 pessoas.
            A diversão da Fazenda se restringia às peladas no meio da rua entre as casas da mesma e às sessões de “fobó”, tanto em Pitombeira, quanto em Gameleira, lugar bem próximo, onde papai também tinha propriedade, administrada por Francisco Nobre Gomes da Costa. Em Pitombeira os bailes eram na casa de Joaquim Costa, pois ele tinha três filhas: Zefinha, Águida e Dorinha. O sanfoneiro era Antônio Costa, ajudado pelo próprio Joaquim e Ermerindo Serafim, que tocavam ganzá, reco-reco e triângulo. Algumas vezes em Taipú, onde tocava K-Chimbinho, clarinetista afamado, cujo nome verdadeiro era Sebastião Barros, irmão de Ramiro, que era meu amigo, filhos de Inocêncio Barros (moradores de Taipú).
Papai inicialmente teve um namoro com minha mãe – Anna Rodrigues Santiago, mas terminou casando com sua irmã Bernardina Rodrigues Santiago, de cujo matrimônio nasceram AA, Loló, Ziá, Zeco, Tonho, Pedro e Ué, enquanto Anna casou-se com Sérgio Guedes da Fonseca, da Gameleira, nascendo desse casamento Sérgio Guedes da Costa. Bernardina e Sérgio faleceram em 1909 e 1912, respectivamente e, os então cunhados se casaram, nascendo nova prole: Ici, Zilu, Paulo e Lilia, da qual sou o mais velho. Sérgio agregou-se aos irmãos com tal intensidade, que era considerado como filho igual aos demais.
No tempo da viuvez, que demorou pouco, papai gerou um filho, chamado Luiz Xavier da Costa, pelos idos de 1911, que foi reconhecido pelos irmãos e faleceu nos anos 40.
            Das outras pessoas, lembro-me de Francisco Serafim, espécie de guarda-costas de papai, que usava um enorme facão e era quem acionava o motor da usina da Fazenda, também dos vaqueiros João Domingos, Beja e Joaquim Cavaco, a engomadeira Lulu, irmã de Joaquina, da família Matias e dos moradores Alexandre Cacete, Pedro Felipe, João Batista pé grande, Manoel Fabrício, José e Francisco Serafim, Mário Marcelino, Manoel Matias, Joaquim Costa, Débora, José e Francisco Belo, José Patrício, Pequena e Geralda Simão, Loló, Francisco Lourenço, Pedro Galdino, Lulu, Luis, Joaquina, Francisca e Severino Matias, João Gomes de Freitas, Inez e André de Paula, Cândida, Luíza e Ermelino Serafim, Manoel Patola, Maria Madureira, Sebastião Rocha, Angela, José, Antônio e Santina Nicácio e outros que não me lembro o nome. No lado da Estrada de Ferro, moravam cinco famílias – João Alfredo de Paula, casado com Luzia de Freitas, os Professores João Barreto, Joaquim Teotônio e Artur Henrique e Professoras Dona Rosália, Dona Alice, Dona Irací e Dona Dores.
            No campo da política, papai foi Prefeito de Taipú, emancipada de Ceará Mirim e desse tempo lembro-me da campanha, onde se dizia:

“Tá chegando a eleição,
ninguém sabe ainda quem ganha,
se é João Gomes no automóvel,
ou Pedro Guedes na Aranha”.                
           
Papai possuía o único automóvel da região e Pedro Guedes tinha uma espécie de “carruagem”, conhecida por “aranha”.
            Papai, ao completar 60 anos e vendo que os filhos procuravam outros caminhos para a vida, resolveu vender a Fazenda que, apesar do tempo, continua íntegra, pertencendo agora aos herdeiros de André Elias.
            Veio para Natal morar na casa velha da família do Desembargador Silvino Bezerra, na Rua Meira e Sá nº 138, no Barro Vermelho, onde passou o restante de sua vida e bairro onde mora a maior parte dos seus descendentes, inclusive eu.
______________
            Após ouvi-lo, fiz algumas pesquisas em livros de Câmara Cascudo, Paulo Pereira dos Santos e João Maria Furtado, constatando, em complementação, o seguinte:
            Taipú foi Vila em 10 de março de 1891, desmembrada de Ceará Mirim e cidade em 29 de março de 1938. Esse nome vem da aldeia dos indígenas “Itaipi”. Agregados à cidade estavam as povoações de Barreto, Poço Branco, Gameleira, Contador, Boa Vista (Passagem Funda) e Pitombeira, que tinha parada de trem no Km 52. Pitombeira foi inaugurada em 15 de novembro de 1907 e foi comprada por dois contos de réis, onde o Coronel João Gomes da Costa criou 12 filhos e de onde saiu o grande político João Severiano da Câmara, cujo primeiro emprego foi exatamente na venda de Pitombeira e onde conseguiu o primeiro recurso para começar o seu império, já que o Cel. era seu tio, padrinho e orientador. João Câmara dizia que “Pitombeira era a sua Universidade”. Também passou pela venda do Coronel Otávio Praxedes, que veio a ser um grande empresário.
            Os livros registram que o Cel. João Gomes tinha um “zonofone” que tocava os discos das Casas Garçon.
            Por sua vez, Baixa Verde de Dr. Proença, nasceu de Taipú – era um lugar afastado, elevada à condição de Vila e sede do Município do mesmo nome em 19 de outubro de 1928, tendo João Câmara como seu primeiro Prefeito. Em 1930, com a Revolução, foi destituído, mas logo depois, reempossado pelo Interventor Irineu Jófilly, com autorização da Junta Militar.
            No livro Vertentes, do Desembargador João Maria Furtado, existe uma certa discriminação a João Câmara, traçando-o como poderoso, o que se justifica pela diferente ideologia do seu autor. Nele há uma referência pouco lisonjeira ao Dr. José Gomes (artigo do Sr. Alfredo Edeltrudes de Sousa, em 15/02/1932), onde atribui uma derrota daquele numa ação judicial, “por ser este amigo, cunhado e sócio do coronel João Câmara”, que teria interesse na causa. Na verdade José Gomes nunca foi nem sócio nem empregado de João Câmara, apenas prestou alguns serviços profissionais a ele alguns anos depois. O advogado permanente de João Câmara era o Dr. Véscio Barreto, pois Zé Gomes era recém formado, inscrito na OAB/RN exatamente em 1932. Os biógrafos de João Câmara não confirmam nada sobre este episódio, mas ao reverso, que Baixa Verde criou corpo com Vanvão e, Zé Gomes, só é referido em momentos de discursos e, por Cascudinho, (por engano), quando quer se referir a João Gomes, troca o nome por José Gomes, por ser seu contemporâneo, amigo e com quem chegou a trabalhar e lidar diariamente.
__________________
Fonte: Livro “Testemunhos”, de Carlos Roberto de Miranda Gomes, Natal, Ed. Sebo Vermelho, 2002.


O lava pés
Quinta-feira Santa - - Eucaristia: Sacramento do amor

Por: Dom Eduardo Koaik
Bispo Emérito de Piracicaba

A celebração da Semana Santa encontra seu ápice no Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-feira Santa, a sexta-feira da paixão e morte do Senhor e a solene Vigília Pascal, no sábado à noite. Esses três dias formam uma grande celebração da páscoa memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

A liturgia da Quinta-feira Santa nos fala do amor, com a cerimônia do Lava-pés, a proclamação do novo mandamento, a instituição do sacerdócio ministerial e a instituição da Eucaristia, em que Jesus se faz nosso alimento, dando-nos seu corpo e sangue. É a manifestação profunda do seu amor por nós, amor que foi até onde podia ir: "Como Ele amasse os seus amou-os até o fim".

A Eucaristia é o amor maior, que se exprime mediante tríplice exigência: do sacrifício, da presença e da comunhão. O amor exige sacrifício e a Eucaristia significa e realiza o sacrifício da cruz na forma de ceia pascal. Nos sinais do pão e do vinho, Jesus se oferece como Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo: "Ele tomou o pão, deu graças, partiu-o e distribuiu a eles dizendo: isto é o meu Corpo que é dado por vós.

Fazei isto em memória de ' mim. E depois de comer, fez o mesmo com o cálice dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós" (Lc 22,19-20). Pão dado, sangue derramado pela redenção do mundo. Eis aí o sacrifício como exigência do amor.

O amor, além do sacrifício, exige presença. A Eucaristia é a presença real do Senhor que faz dos sacrários de nossas Igrejas centro da vida e da oração dos fiéis.

A fé cristã vê no sacrário de nossas igrejas a morada do Senhor plantada ao lado da morada dos homens, não os deixando órfãos, fazendo-lhes companhia, partilhando com eles as alegrias e as tristezas da vida, ensinando-lhes o significado da verdadeira solidariedade: "Estarei ao lado de vocês como amigo todos os momentos da vida". Eis a presença, outra exigência do amor.

A Eucaristia, presença real do Amigo no tabernáculo de nossos templos, tem sido fonte da piedade popular como demonstra o hábito da visita ao Santíssimo e da adoração na Hora Santa. Impossível crer nessa presença e não acolhê-la nas situações concretas do dia-a-dia.

Vida eucarística é vida solidária com os pobres e necessitados. Não posso esquecer a corajosa expressão de Madre Teresa de Calcutá que, com a autoridade do seu impressionante testemunho de dedicação aos mais abandonados da sociedade, dizia: "A hora santa diante da Eucaristia deve nos conduzir até a hora santa diante dos pobres. Nossa Eucaristia é incompleta se não levar-nos ao serviço dos pobres por amor."

O amor não só exige sacrifício e presença, mas exige também comunhão. Na intimidade do diálogo da última Ceia, Jesus orou com este sentimento de comunhão com o Pai e com os seus discípulos: "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti... que eles estejam em nós" (Jo 17,20-21).

Jesus Eucarístico é o caminho que leva a esta comunhão ideal. Comer sua carne e beber seu sangue é identificar-se com Ele no modo de pensar, nos senti mentos e na conduta da vida. Todos que se identificam com Ele passam a ter a mesma identidade entre si: são chamados de irmãos seus e o são de verdade, não pelo sangue, mas pela fé. Eucaristia é vida partilhada com os irmãos. Eis a comunhão como exigência do amor.

Vida eucarística é amar como Jesus amou. Não é simplesmente amar na medida dos homens o que chamamos de filantropia. É amar na medida de Deus o que chamamos de caridade. A caridade nunca enxerga o outro na posição de inferioridade. É a capacidade de sair de si e colocar-se no lugar do outro com sentimento de compaixão, ou seja, de solidariedade com o sofrimento do outro. Caridade é ter com o outro uma relação de semelhança e reconhecer-se no lugar em que o outro se encontra...

Na morte redentora na cruz, Cristo realiza a suprema medida da caridade "dando sua vida" e amando seus inimigos no gesto do perdão: "Pai, perdoai-lhes pois eles não sabem o que fazem." A Eucaristia não deixa ficar esquecido no passado esse gesto, que é a prova maior do amor de Deus por nós. Para isso, deixa-nos o mandamento: "Façam isso em minha memória".

Caridade solidária é o gesto de descer até o necessitado para tirá-lo da sua miséria e trazê-lo de volta a sua dignidade. A Eucaristia é o gesto da caridade solidária de Deus pela humanidade. "Eu sou o Pão da vida que desceu do céu. Quem come deste Pão vencerá a morte e terá vida para sempre".

quarta-feira, 27 de março de 2013


DESCANSO PRAIANO SUSPENSO
Já preparava armas e bagagens para um final de semana de paz e meditação na outrora minha "pasárgada" de Cotovelo.
As notícias de violência nas praias do sul tiraram a intenção dessa ansiada viagem, pois o caos reinante em nosso Estado, em matéria de segurança, nos leva à indignação e ao protesto.
De outro lado, as exigências para a renovação de licença de arma, desestimula a qualquer pessoa honesta, deixando à solta o bandido salafrário para quem as exigências não atormentam.
Enquanto isso, a estatística aponta Natal como detentora do maior índice de assassinatos de jovens, mercê do desmantelamento da máquina repressiva.
Está difícil viver nesta cidade, cercada de problemas de toda a ordem - falta de modalidade urbana, desrespeito às necessidades prioritárias, crise na área de saúde, estado de emergência, enfim, tudo o que for coisa séria estamos em regime de carência. Contudo, o spoil system de cargos públicos continua em voga com as disputas dos partidos para a ocupação de cargos comissionados, num descaramento paradoxal com os anseios da população por uma melhor qualidade de vida.
Sinceramente, esses desencontros nos levam a perder a confiança no futuro e estamos às vésperas de uma Copa do Mundo, sem que o legado prometido sequer tenha sido iniciado.
O viaduto do baldo, a orla marítima, a mobilidade urbana, a assistência à saúde continuam em passo de espera. E agora?
Logo, logo, estaremos pondo em evidência a próxima eleição, única coisa que permanece na cabeça dos governantes.
Taqui?????pro povo!!!!!!!! 
Quarta Feira de Trevas - a traição

A traição de Judas – uma história mal contada

Paulo da Silva Neto Sobrinho
“Afaste-se da boca enganosa e fique longe dos lábios falsos” (Pv 4, 24)

Introdução

É interessante como alguns temas bíblicos não resistem a uma análise mais profunda. Vários deles, que já tratamos em outros textos, nos levam a uma certeza que muitos trechos constantes da Bíblia trata-se de uma deliberada, mas sutil, montagem para se chegar a um objetivo previamente traçado. Daí, muitos textos foram amoldados a esse objetivo, passando por cima da verdade histórica que deveria conter tais escritos.
Muitas pessoas se chocam com atitudes como essa, a de uma análise crítica. Entretanto, não abrimos mão de fazer uso da inteligência com a qual nos dotou o Criador. Nós seres humanos racionais, que efetivamente somos, temos que usar esse dom, pois, não usá-la é abdicar da única capacidade que nos difere dos animais, por isso, acreditamos que só ofendemos a Deus, quando não utilizamos a nossa inteligência plenamente.
Reconhecemos, entretanto, ser muito difícil a inúmeras pessoas, principalmente as que não pesquisam, abandonar conhecimentos adquiridos, especialmente quando foram passados como verdades divinas sob coação ideológica. Ou seja, o simples questionamento da veracidade das mesmas já era, por si só, considerado como grave ofensa à divindade. Essa possibilidade de heresia acaba gerando um bloqueio mental em função do medo do conseqüente castigo por esse tipo de pecado. Assim, aceitamos sem o mínimo questionamento o que nos foi imposto como verdade absoluta. Com o tempo, passamos a defender idéias que nunca analisamos ou criticamos, como se nossas fossem.
O assunto que iremos tratar, desta vez, está relacionado a uma suposta traição a Jesus, que teria sido realizada por Judas Iscariotes, um de seus discípulos. Inclusive, tudo que consta na Bíblia sobre ele está somente nas passagens que iremos ver a seguir.

Análise das narrativas

Em Lucas 22,3-6, está escrito que, após satanás ter entrado em Judas, ele foi procurar os sacerdotes para ver de que maneira entregaria Jesus. Os sacerdotes ficaram tão satisfeitos com isso que combinaram em dar-lhe dinheiro, uma vez que eles desejavam, de há muito, eliminar esse herético. Tal acontecimento se deu, na versão de Lucas, antes da festa dos Ázimos, evidentemente, antes da ceia de páscoa, cujo prato principal eram os cordeiros que matavam especificamente para essa finalidade, entretanto, segundo João, esse fato se deu após a ceia (Jo 13, 26-29), apesar de que, um pouco antes, ele ter dito: “Enquanto ceavam, tendo já o diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse” (Jo 13,2), sendo, por conseguinte, omisso sobre qualquer combinação anterior entre Judas e os sacerdotes. Portanto, podemos verificar que há conflito entre as narrativas.
Quanto à questão dessa combinação com os sacerdotes, Mateus (26,15) diz que Judas pediu dinheiro para entregar-lhes Jesus, enquanto que Marcos (14,11) e Lucas (22, 5) afirmam que foram os sacerdotes é quem tomaram a iniciativa de retribuir ao discípulo, dando-lhe dinheiro como recompensa pelo seu ato ignominioso. Um bom observador irá perceber que, pelas suas narrativas, Mateus teve uma evidente preocupação, qual seja a de relacionar Jesus com as profecias, inclusive, muito mais que os outros Evangelistas. Daí ser ele o único que diz sobre o quanto Judas teria recebido, dando como certa a importância de trinta moedas de prata (Mt 26,15; 27,3). Essas passagens que falam disso são relacionadas a Zc 11,12-13, no pressuposto de que ela seja uma profecia, entretanto, os fatos ali narrados se referem ao próprio profeta Zacarias, não é, por conseguinte, uma revelação sobre algo que viesse a ocorrer no futuro.
Ao narrar os acontecimentos durante a ceia, Mateus relata que Jesus, ao responder aos discípulos sobre quem o iria trair, teria dito: “Quem vai me trair, é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme a Escritura fala a respeito dele..." (Mt 26,23-24). Passagem relacionada ao Sl 41,10, onde Davi reclama sobre um amigo que o trai. O que nos leva a concluir que tal passagem não é uma profecia, assim, não poderia estar relacionada a Jesus, como querem os que buscam, nas Escrituras, apoio para seus dogmas. Davi foi traído por um amigo, seu próprio conselheiro, de nome Aquitofel, conforme narrativa em 2Sm 15,12.31. O final trágico da vida desse “amigo da onça” foi enforcar-se (2Sm17,23), por isso, querem, igualmente, atribuir esse mesmo destino a Judas, como iremos ver mais à frente.
Outra coisa que nos parece sem nenhum sentido, principalmente por tudo que Ele fez, é que Jesus tenha realmente se preocupado em delatar o seu traidor, conforme narra Jo 13,26, quando, para identificar quem o trairia, diz aos que o acompanhava, naquela ceia, que seria a quem desse um pão molhado, dito isso, imediatamente, entrega-o a Judas. Talvez a preocupação aqui seja buscar mais uma forma de relacionar tal episódio a uma suposta profecia sobre esse acontecimento.
Mateus (26,48) e Marcos (14,44) dizem que Judas havia combinado com os sacerdotes um sinal – o beijo – para que pudessem identificar quem era Jesus. Lucas, apesar de não relatar absolutamente nada sobre esse sinal, diz que Judas aproximando-se de Jesus o saúda com um beijo (Lc 22,47). Enquanto que João não fala de ter havido uma combinação de sinal, nem que Jesus teria dito algo a respeito e nem mesmo coloca Judas beijando a Jesus, já que, para ele, foi o Mestre que se adiantou aos guardas acompanhados de Judas se identificando a eles como sendo Jesus, o Nazareno, a quem procuravam (Jo 18,3-5). Fatos novamente conflitantes.
Nenhum outro evangelista, a não ser João, coloca Judas como sendo aquele que, entre os discípulos, cuidava da “bolsa” (Jo 13,29). Vai mais longe ainda, o acusa de ladrão (12,6). Como uma acusação grave dessa não foi feita por mais ninguém? Se Judas fosse realmente ladrão, por que motivo o deixaram tomando conta do dinheiro? Alguém colocaria um ladrão como seu administrador financeiro? Não seria, evidentemente, para colocar a honra desse discípulo em jogo, fórmula encontrada para se justificar que, por ser assim, ele não teria também nenhum escrúpulo em trair o seu próprio Mestre?
Não bastassem os que já encontramos, aparecem-nos agora mais dois evidentes conflitos.
O primeiro está relacionado à forma pela qual Judas deu cabo à sua vida, movido, segundo relata Mateus, por profundo remorso. Estranhamente ele é o único evangelista que fala disso, nenhum outro apresenta uma linha sequer sobre Judas ter se arrependido. Continuando seu relato Mateus diz que Judas enforcou-se (27, 5), entretanto em Atos (1,18) está se afirmando que ele “precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”, mudando-se, desta maneira, a versão anterior a respeito de sua morte. Encontramos a seguinte explicação para esse passo: “Possivelmente a narração da morte de Judas enforcando-se, está inspirada na história da morte de Aquitofel (cf. 2Sm 17,23)” (Bíblia Sagrada Santuário, p. 1463). Conforme citamos anteriormente Aquitofel enforcou-se, mas querer daí, apenas por inspiração, atribuir a Judas uma morte semelhante é lamentável, pois os fatos bíblicos deveriam relatar fielmente o ocorrido, não como o autor quer que tenha acontecido, o que nos coloca diante de uma mera suposição.
O segundo diz respeito ao destino dado às moedas. Mateus menciona que Judas as teria devolvido, atirado-as dentro do santuário, que recolhidas pelos sacerdotes foram, por deliberação, destinadas à compra do campo do oleiro, para servir de cemitério aos estrangeiros (27,3-10). Citando que isso aconteceu para se cumprir o que dissera o profeta Jeremias. Mas essa história parece-nos mal contada, pois em Atos se diz que o próprio Judas teria comprado um campo (At 1,18), que até poderia ser esse do oleiro, mas de qualquer forma está em conflito com a versão anterior.
Na maioria das Bíblias em que consultamos, dizem que as profecias relacionadas a Mt 27,9: “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata,, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor”, seriam: Zc 11,12-13 e Jr 32,5-16, ou Jr 18,1-4 e 19,1-3, havendo, portanto, sérias dúvidas quanto à identificação da profecia especifica relacionada ao episódio. Como já falamos sobre a citação de Zacarias, fica-nos, por conseguinte, apenas as de Jeremias para dizermos alguma coisa. Em notas explicativas sobre elas encontramos que: “A citação é uma combinação artificial de Jr 32,6-9 e Zc 11,12-12” (Bíblia do Peregrino, p. 2386), isso deixa-nos diante da realidade de que, por se admitir que seja “uma combinação artificial”, estamos, sem dúvida, diante de mais uma tentativa de se relacionar acontecimentos no Novo Testamento com ocorrências registradas no Antigo Testamento tidas como se fossem verdadeiras profecias.
Quem tiver a curiosidade de consultar a passagem citada de Zacarias não encontrará nela nenhum aspecto de profecia, são apenas fatos relacionados àquele momento vivido por esse profeta. E quanto a Jeremias, não se encontra absolutamente nada que ele tenha comprado alguma coisa por trinta moedas. Sobre a compra de um terreno, sim, como podemos ver em 32,1-44, mas uma situação circunstancial, explicada da seguinte forma:
“À primeira vista se trata de um incidente: a compra e venda de um terreno segundo as normas e o procedimento da legislação judaica. O narrador se compraz em registrar todos os detalhes, mostrando que a lei foi estritamente cumprida e que o ato é juridicamente válido. O surpreendente dessa compra-e-venda é que se realiza às vésperas da catástrofe inevitável. Que sentido tem nesse momento comprar um terreno para que fique em poder da família? Tudo já está perdido. Mas o absurdo do ato é a chave do seu sentido. Para efeitos legais imediatos, a compra nada servirá; para efeitos proféticos, é admirável ato de esperança no futuro. É um oráculo em ação, Jeremias profetiza ao vivo: não só palavras, nem ação simbólica, mas ato real jurídico. Esse ato significa o futuro que ele antecipa: a jarra de barro onde se guarda o contrato é um penhor que Deus concede. Apesar do que está para acontecer, a terra continua sendo propriedade dos judaítas: a terra prometida aos patriarcas e possuída durante séculos...” (Bíblia do Peregrino, p. 1928).
Podemos ainda confirmar isso com a seguinte explicação: “A citação [Mt 27,9] é tirada na realidade de Zacarias (11,12-13). Mas, ele lembra também diversos versículos de Jeremias onde se faz menção do campo e do oleiro (32,6-6; 18,2-12)”. (Bíblia Ave Maria, p. 1319). Ressaltamos que a expressão “ela lembra”, é uma afirmativa que depõe contra o próprio texto que, positivamente, diz ser de Jeremias essa profecia.

Conclusão

Percebemos que as narrativas possuem diversos fatos conflitantes entre si, deixando-nos na convicção que tudo não passa de um ajuste dos textos para se chegar a um objetivo pré-determinado, conforme já falávamos, desde o início. Para se ter uma idéia mais exata sobre isso, colocaremos a passagem Mateus 27,1-26, que, para tornar a explicação mais fácil de ser entendida, iremos dividi-la em três partes:
I) 1-2: De manhã cedo, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, para o condenarem à morte. Eles o amarraram e o levaram, e o entregaram a Pilatos, o governador.
II) 3-10: Então Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, sentiu remorso, e foi devolver as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e anciãos, dizendo: "Pequei, entregando à morte sangue inocente". Eles responderam: "E o que temos nós com isso? O problema é seu". Judas jogou as moedas no santuário, saiu, e foi enforcar-se. Recolhendo as moedas, os chefes dos sacerdotes disseram: "É contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é preço de sangue". Então discutiram em conselho, e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros. É por isso que esse campo até hoje é chamado de "Campo de Sangue". Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias: "Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço com que os israelitas o avaliaram - e as deram em troca pelo Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou".
III) 11-26: Jesus foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o rei dos judeus?" Jesus declarou: "É você que está dizendo isso". E nada respondeu quando foi acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos. Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou vivamente impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse...”
Para o que queremos colocar não é necessário citar toda a narrativa, assim omitimos o restante da seqüência dessa última (vv. 16-26), pois até aqui, no versículo 15, já encontramos o suficiente para entendermos e percebermos que os versículos de 3-10 nada têm a ver com o contexto geral daquilo relatado na passagem. Inclusive, no versículo 3 está dito que Judas viu que Jesus havia sido condenado, quando, no desenrolar do texto, esse fato ainda não havia acontecido, que só veio acontecer mais à frente. A quebra brusca na seqüência dessa narrativa, não deixou de ser percebida pelo tradutor da Bíblia do Peregrino, conforme nos explica:
“O episódio da morte de Judas interrompe estranhamente o curso do relato, como se a entrega de Jesus ao governador ultrapassasse suas previsões. Sabemos que a figura de Judas alimentou desde cedo fantasias legendárias. Lucas dá versão diferente (At 1,18-20). A morte violenta do perseguidor ou culpado é tema literário conhecido (p. ex. Absalão, 2Sm 18: Antíoco Epífanes, 2Mc9; em versão poética vários oráculos proféticos, p.ex. Is 14; Ez 28). Antes de morrer, Judas acrescenta seu testemunho sobre a inocência de Jesus. Confessa o pecado, mas desespera do perdão...” (pp. 2385-2386).
Isso vem confirmar todas as nossas suspeitas de que tudo foi um calculado arranjo visando ajustar os textos às conveniências dos interessados para que eles tivessem referências às suas idiossincrasias. E em relação ao assunto tratado, temos fortes suspeitas que vários outros trechos foram intercalados às narrativas bíblicas, para se amoldá-los ao propósito determinado. Podemos citar, como exemplo, Mt 26,14-16, 21-25, Mc 10,10-11; 14, 18-21, Lc 22,3-6, 21-23, para que você, caro leitor, faça uma análise mais aprofundada.
Ficamos a pensar como se sentiu e como ainda pode estar se sentido Judas sobre tudo quanto lhe imputaram como procedimento. O pobre coitado ainda é julgado e condenado, anos após anos, pelos ditos “cristãos”, que, com certeza, não cumprem: “Não julgueis os outros para não serdes julgados, porque com o julgamento com que julgardes, sereis julgados e com a medida que medirdes sereis medidos” (Mt 7,1-2). Não bastasse isso ainda é humilhado, malhado e, ao final, é espetacularmente “detonado”. Infelizmente esse nos parece ser o seu destino cruel, que se perpetua anualmente nas comemorações da Semana Santa realizadas por determinadas religiões cristãs tradicionais.

Bibliografia

  • Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
  • Bíblia do Peregrino. São Paulo: Paulus, 2002.
  • Bíblia Sagrada - Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 2001.
  • Bíblia Sagrada. Aparecida, SP: Santuário,1984.
  • Bíblia Sagrada. Brasília, DF: SBB, 1969.
  • Bíblia Sagrada. São Paulo: Ave Maria, 1989.

_____
Fonte: Portal do Espírito

segunda-feira, 25 de março de 2013


SÓ O AMOR SALVARÁ A HUMANIDADE 
VISÃO DE ADULTO.. VISÃO DE CRIANÇA....
Éramos a única família no restaurante com uma criança.  

Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e notei que todos estavam tranqüilos,  comendo e conversando.  

De repente, Daniel gritou animado, dizendo: 'Olá, amigo!', batendo na mesa com suas mãozinhas gordas.  

Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e sua boca  mostrava a falta de dentes.  

Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.  

Eu olhei em Volta e vi a razão de seu contentamento.  

Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros,  
Sujo, engordurado e rasgado.  

Suas calças eram trapos com as costuras abertas até a metade, e seus dedos apareciam através do que foram, um dia, OS sapatos.  

Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo.  

Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa.  

Estávamos um pouco longe dele para sentir seu cheiro, mas asseguro que cheirava mal.  

Suas mãos começaram a se mexer para saudar.  

'Olá, neném. Como está você?', disse o homem a Daniel.  

Minha esposa e eu nos olhamos:  

'Que faremos?'.  

Daniel continuou rindo e respondeu, 'Olá, olá,amigo'.  

Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.  

O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.  

Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê.  

Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático.  

Obviamente, ele estava bêbado.  

Minha esposa e eu estávamos envergonhados.  

Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices.  

Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.  

Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos encontraríamos  no  
Estacionamento.  

O velho se encontrava muito perto daporta de saída.  

'Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel', disse orando, enquanto caminhava perto do homem.  

Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do AR que ele pudesse estar exalando.  

Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de 'carrega-me'.  

Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem.  

Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram sua relação de amor. 

Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou sua cabeça no ombro do desconhecido.  

O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por sua face.  

Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro, suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.  

Nunca dois seres havia se amado tão profundamente em tão pouco tempo.  

Eu me detive aterrado O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura:  

'Cuide deste menino'.  

De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: 'Assim o farei'.  

Ele afastou Daniel de seu peito, lentamente, como se sentisse uma dor.  

Peguei meu filho e o velho homem me disse:  

'Deus o abençoe, senhor. Você me deu um presente maravilhoso'. 

Não pude dizer mais que um entrecortado 'obrigado'.  

Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro.  
Minha esposa perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo:  

'Deus meu, Deus meu, me perdoe'.  

Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através DA inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de Roupa suja.  

Eu fui um cristão cego  carregando  um menino que não o era.  

Eu senti que Deus estava me perguntando:  

'Estás disposto a dividir seu filho por um momento?', quando Ele  
Compartilhou Seu Filho por toda a eternidade.  

O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou:  

Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um Menino, não entrará nele..' (Lucas 18:17). 

Apenas repita esta frase e verá como Deus se move:  

'Senhor Jesus Cristo, te amo e te necessito, entre em meu coração, por favor'.  
ACEITE ESTA MENSAGEM E A DIVULGUE A ALGUMAS OUTRAS PESSOAS 


Não porque você receberá um milagre amanhã.  

Mas porque você recebe o milagre todos OS dias...  

O milagre de estar vivo...

FIQUE COM O AMOR DE DEUS
__________________
COLABORAÇÃO DA MINHA LEITORA MARIA BANDEIRA