sábado, 19 de outubro de 2013
PITADAS DO POETINHA CENTENÁRIO
(Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)
O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado.
Vinicius de Moraes
A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
Vinicius de Moraes
Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
Vinicius de MoraesSaudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...
Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...
Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de MoraesDe tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ' Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !' Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque... Ser seu amigo já é um pedaço dele !
Vinicius de Moraes
LUIS GRECO E ALAOR LEITE
Fatos e mitos sobre a teoria do domínio do fato
A teoria não condena quem, sem ela, seria absolvido. Não dispensa a prova da culpa nem autoriza que se condene com base em presunção
Desde o julgamento do mensalão, não há quem não tenha ouvido falar na teoria do domínio do fato. Muito do que se diz, contudo, não é verdadeiro.
Nem os seus adeptos, como alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, nem os que a criticam, como mais recentemente o jurista Ives Gandra da Silva Martins, parecem dominar o domínio do fato.
Talvez porque falte o óbvio: ler a fonte, em especial os escritos do maior arquiteto da teoria, o professor alemão Claus Roxin. Mesmo os técnicos tropeçam em mal-entendidos, de modo que o público merece alguns esclarecimentos.
Primeiro, um fato. Simplificando (vide nosso estudo "O que é e o que não é a teoria do domínio do fato", RT 933, 2013, p. 61-92), a teoria do domínio do fato define quem é o autor de um crime, em contraposição ao mero partícipe. O autor responde por fato próprio, sua responsabilidade é originária. Já o partícipe responde por concorrer em fato alheio --sua responsabilidade é, nesse sentido, derivada ou acessória.
O Código Penal brasileiro (art. 29 caput), embora possa ser compatibilizado com a teoria do domínio do fato, inclina-se para uma teoria que nem sequer distingue autor de partícipe: todos que concorrem para o crime são, simplesmente, autores.
A teoria tradicional diz que fatos alheios também são próprios; emprestar a arma é matar.
Para o domínio do fato, porém, o autor, além de concorrer para o fato, tem de dominá-lo; quem concorre, sem dominar, nunca é autor. Matar é atirar; emprestar a arma é participar no ato alheio de matar.
Na prática: a teoria do domínio do fato não condena quem, sem ela, seria absolvido; ela não facilita, e sim dificulta condenações. Sempre que for possível condenar alguém com a teoria do domínio do fato, será possível condenar sem ela.
Passemos aos mitos. A teoria não serve para responsabilizar um sujeito apenas pela posição que ele ocupa. No direito penal, só se responde por ação ou por omissão, nunca por mera posição.
O dono da padaria, só pelo fato de sê-lo, não responde pelo estupro cometido pelo funcionário; ele não domina esse fato --noutras palavras, ele não estupra, só por ser dono da padaria.
Parece, contudo, que, em alguns dos votos de ministros do STF, o termo "domínio do fato" foi usado no sentido de uma responsabilidade pela posição. Isso é errôneo: o chefe deve ser punido, não pela posição de chefe, mas pela ação de comandar ou pela omissão de impedir; e essa punição pode ocorrer tanto por fato próprio, isto é, como autor, quanto por contribuição em fato alheio, como partícipe.
A teoria do domínio do fato não é teoria processual: ela nem dispensa a prova da culpa, nem autoriza que se condene com base em presunção --ao contrário do que se lê no voto da ministra Rosa Weber, que fala em uma "presunção relativa de autoria dos dirigentes", e na entrevista de Ives Gandra.
Sem provas, ou em dúvida, absolve-se o acusado, com ou sem teoria do domínio do fato.
A teoria tampouco tem como protótipos situações de exceção, como uma ordem de Hitler. Isso é apenas uma parte da teoria, talvez a mais famosa, certamente a mais controvertida, mas não a mais importante.
Um derradeiro fato. A teoria do domínio do fato não pode ter sido a responsável pela condenação deste ou daquele réu. Se foi aplicada corretamente, ela terá punido menos, e não mais do que com base na leitura tradicional de nosso Código Penal. Se foi aplicada incorretamente, as condenações não se fundaram nela, mas em teses que lhe usurparam o nome.
Não se deve temer a teoria, corretamente compreendida e aplicada, e sim aquilo que, na melhor das hipóteses, é diletantismo e, na pior, verdadeiro embuste.
LUIS GRECO, 35, e ALAOR LEITE, 26, doutor e doutorando, respectivamente, em direito pela Universidade de Munique (Alemanha), sob orientação de Claus Roxin, traduziram várias de suas obras para o rtuguêS.
___________________
Colaboração do Dr. Geniberto Campos, Brasília, DF
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
REMINISCÊNCIAS DA RUA PRINCESA ISABEL E A SAGA DE FLORIANO - "EL BODEGUEIRO" - POR ORMUZ BARBALHO SIMONETTI.
Parte I
A estória começa quando, no final do século
XIX, o emigrante italiano Paolo Luigi Curcio,
proveniente da região de Nápoli, desembarca
no Brasil, possivelmente, pelo porto do
Recife, porta de entrada de vários imigrantes,
inclusive os italianos, que no Brasil teve
como ápice o período compreendido
entre 1800 a 1930. Rumou
para o interior do Rio Grande do Norte
visando maiores e melhores
possibilidades em sua
nova vida e se estabelece na cidade de Vera
Cruz.
Artesão profissional especializado no
fabrico de tachos de cobre e assemelhados,
inicia um pequeno negócio naquela cidade
do agreste potiguar.
Tempos depois casa-se com uma
moça nativa da região da tradicional família
Ribeiro Dantas. Dessa união nasceram
diversos filhos e entre eles, Sofia Arlinda
Curcio (1883/1959). Como um bom
profissional, ganha algum dinheiro,
investe no ramo do
comércio e amplia seus horizontes adquirindo
terras na região, tornando-se, também,
proprietário rural e agropecuarista. Por
diversas vezes ouvira falar em Macaíba, uma
promissora cidade próxima ao litoral, a 14
uilômetros da capital, que sob a batuta do
paraibano da cidade de Pilar, Fabrício Gomes
Pedroza (1809-1872), tornara-se um grande
entreposto comercial. Com faro aguçado
para bons negócios, vende todo seu
patrimônio na cidade de Vera Cruz,
muda-se com a
família para Macaíba e inicia um novo
negócio voltado exclusivamente para o
amo de estivas, também denominado
popularmente de secos e molhados.
Dario Jordão de Andrade, nascido em
Pirpirituba, microrregião do Brejo
paraibano, chega à cidade de Macaíba
em companhia de seu primo Olinto Maciel
de Andrade, agradam-se
da cidade e resolvem se estabelecer.
Tempos depois, Dario casa-se com Dona
Sofia Arlinda Curcio que passa a se
chamar Sofia Curcio
de Andrade. Dessa união nasceram
seis filhos.
A exemplo do sogro envereda pelo
ramo do omércio e se estabelece com
um pequeno negócio ao lado de sua casa.
A vida transcorre
lenta e preguiçosamente naquele final de
século, o olhar atento de Dona Sofia.
O primogênito Clóvis fez carreira como
funcionário federal
no Recife e ocupou posto de destaque na
Alfândega daquela cidade. Escritor e poeta
de grande sensibilidade, deixou algumas
obras escritas; Nair, mãe de do atual
presidente do IHGRN Valério Mesquita;
Nilda, que faleceu solteira; Sofia, mãe
do nosso confrade Ticiano Duarte; Dario,
juiz de direito de destacada atuação em
nosso Estado, pai de Ivan Maciel de Andrade
e, finalmente, o caçula de todos, o saudoso
Floriano Jordão de Andrade.
Em janeiro de 1910,
falecia Dario Jordão de Andrade aos
33 anos de idade, quatro meses antes do
nascimento de Floriano, que veio ao mundo
em 05 de maio de 1910. Estava sentado em
uma cadeira de balanço na porta de seu
comércio, numa das tardes fagueiras do
mês de janeiro, quando foi fulminado por
um aneurisma, deixando a viúva com cinco
filhos menores e um ainda para nascer.
Dona Sofia ainda continuou por algum
empo tocando o comércio com as
dificuldades inerentes a uma viúva no
começo do século XX.
Entretanto, enxergando mais adiante
Com olhos e coragem de uma autentica
napolitana, vende o comércio e muda-se
para a Capital preocupada em oferecer
melhor educação para os filhos. Então, em
uma manhã ensolarada, por volta do
ano de 1918, desembarca em Natal com
cinco filhos pequenos um para nascer, com
o receio do desconhecido, e a esperança
de vencer na cidade grande. Compra uma
velha bodega que já existia naquele
mesmo endereço, anexa a uma casa que
dava frente para a Rua Apodi, n°160.
Inicia seu pequeno comércio, com vontade
férrea, própria das grandes mulheres, já
com comprovada experiência do tempo
em que exercera a mesma atividade ao
lado do marido, em sua cidade natal.
Com o tempo, os filhos cresceram,
casaram-se, com exceção de Nilda que
faleceu solteira, e tomaram seus rumos
pela vida. Somente Floriano, o mais
novo de todos, continua na casa materna.
Muito apegado à mãe, desde tenra idade,
dedicou-se a ajudá-la no atendimento na
bodega. Quando rapaz inicia um namoro
com uma moça que trabalhava na casa
de dona Belarmina Ferreira Gomes, mais
conhecida como Dona Bela, grande amiga
de Sofia, que vem a ser a mãe dos Padres
Monte e Nivaldo, que residia, na época,
na Avenida Rio Branco n° 777, próximo
à sua casa. A família não via com bons
olhos aquele relacionamento, em virtude
da grande diferença sócio-economica
e cultural entre os enamorados,
entretanto, nunca fizeram oposição ao
relacionamento, respeitada assim, a
vontade do jovem apaixonado. Com a
continuidade do namoro, Floriano
resolve bancar Minervina, era esse o
nome de sua namorada, e aluga pra
ela uma casa no bairro das Rocas.
Posteriormente, resolve transferi-la para
mais perto, aluga outra casa numa região
antigamente denominada Salgadeira, que
ficava próxima ao Baldo, no lado direito
de quem sobe a ladeira em direção ao bairro
do Alecrim. Nesse novo endereço, por
ser próximo à bodega, passou a dormir
com mais frequência nos braços
aconchegantes de Minervina.
Finalmente, com o falecimento de
Dona Sofia, ocorrido em 21 de março
de 1959, Minervina muda-se para a casa
da Rua Apodi, casaram-se no civil e assim
permaneceram até o fim de suas vidas.
Como todo jovem idealista da época,
admirava do PCB - Partido Comunista
Brasileiro. Homem de grande inteligência,
leitor compulsivo e autodidata,
apreciador das teorias do filósofo
alemão Karl Marx e também
admirador de Vladimir Ilitch Lenin.
Nos anos de
intensa repressão aos comunistas chegou
a dar guarida em sua residência a dois
líderes tupiniquins do partido: o médico
Vulpiano Cavalcanti(1911-1988) e
Luiz Inácio Maranhão Filho (1921- dado
como desaparecido a partir de 03 de
abril de 1974, em São Paulo-SP). Vez
por outra, confidenciava a amigos mais
próximos cheio de orgulho: “ontem
Vulpiano dormiu aqui em casa”.
Luiz Maranhão também gozava desse
mesmo privilégio. Não era ativista,
nem se envolveu diretamente com as
ações do partido. Entretanto, como
simpatizante, mesmo pondo em risco
sua integridade física e também de sua
família, mostrou-se solidário aos
“camaradas” dentro de suas grandes
limitações e parcos recursos (...) ...
XIX, o emigrante italiano Paolo Luigi Curcio,
proveniente da região de Nápoli, desembarca
no Brasil, possivelmente, pelo porto do
Recife, porta de entrada de vários imigrantes,
inclusive os italianos, que no Brasil teve
como ápice o período compreendido
entre 1800 a 1930. Rumou
para o interior do Rio Grande do Norte
visando maiores e melhores
possibilidades em sua
nova vida e se estabelece na cidade de Vera
Cruz.
Artesão profissional especializado no
fabrico de tachos de cobre e assemelhados,
inicia um pequeno negócio naquela cidade
do agreste potiguar.
Tempos depois casa-se com uma
moça nativa da região da tradicional família
Ribeiro Dantas. Dessa união nasceram
diversos filhos e entre eles, Sofia Arlinda
Curcio (1883/1959). Como um bom
profissional, ganha algum dinheiro,
investe no ramo do
comércio e amplia seus horizontes adquirindo
terras na região, tornando-se, também,
proprietário rural e agropecuarista. Por
diversas vezes ouvira falar em Macaíba, uma
promissora cidade próxima ao litoral, a 14
uilômetros da capital, que sob a batuta do
paraibano da cidade de Pilar, Fabrício Gomes
Pedroza (1809-1872), tornara-se um grande
entreposto comercial. Com faro aguçado
para bons negócios, vende todo seu
patrimônio na cidade de Vera Cruz,
muda-se com a
família para Macaíba e inicia um novo
negócio voltado exclusivamente para o
amo de estivas, também denominado
popularmente de secos e molhados.
Dario Jordão de Andrade, nascido em
Pirpirituba, microrregião do Brejo
paraibano, chega à cidade de Macaíba
em companhia de seu primo Olinto Maciel
de Andrade, agradam-se
da cidade e resolvem se estabelecer.
Tempos depois, Dario casa-se com Dona
Sofia Arlinda Curcio que passa a se
chamar Sofia Curcio
de Andrade. Dessa união nasceram
seis filhos.
A exemplo do sogro envereda pelo
ramo do omércio e se estabelece com
um pequeno negócio ao lado de sua casa.
A vida transcorre
lenta e preguiçosamente naquele final de
século, o olhar atento de Dona Sofia.
O primogênito Clóvis fez carreira como
funcionário federal
no Recife e ocupou posto de destaque na
Alfândega daquela cidade. Escritor e poeta
de grande sensibilidade, deixou algumas
obras escritas; Nair, mãe de do atual
presidente do IHGRN Valério Mesquita;
Nilda, que faleceu solteira; Sofia, mãe
do nosso confrade Ticiano Duarte; Dario,
juiz de direito de destacada atuação em
nosso Estado, pai de Ivan Maciel de Andrade
e, finalmente, o caçula de todos, o saudoso
Floriano Jordão de Andrade.
Em janeiro de 1910,
falecia Dario Jordão de Andrade aos
33 anos de idade, quatro meses antes do
nascimento de Floriano, que veio ao mundo
em 05 de maio de 1910. Estava sentado em
uma cadeira de balanço na porta de seu
comércio, numa das tardes fagueiras do
mês de janeiro, quando foi fulminado por
um aneurisma, deixando a viúva com cinco
filhos menores e um ainda para nascer.
Dona Sofia ainda continuou por algum
empo tocando o comércio com as
dificuldades inerentes a uma viúva no
começo do século XX.
Entretanto, enxergando mais adiante
Com olhos e coragem de uma autentica
napolitana, vende o comércio e muda-se
para a Capital preocupada em oferecer
melhor educação para os filhos. Então, em
uma manhã ensolarada, por volta do
ano de 1918, desembarca em Natal com
cinco filhos pequenos um para nascer, com
o receio do desconhecido, e a esperança
de vencer na cidade grande. Compra uma
velha bodega que já existia naquele
mesmo endereço, anexa a uma casa que
dava frente para a Rua Apodi, n°160.
Inicia seu pequeno comércio, com vontade
férrea, própria das grandes mulheres, já
com comprovada experiência do tempo
em que exercera a mesma atividade ao
lado do marido, em sua cidade natal.
Com o tempo, os filhos cresceram,
casaram-se, com exceção de Nilda que
faleceu solteira, e tomaram seus rumos
pela vida. Somente Floriano, o mais
novo de todos, continua na casa materna.
Muito apegado à mãe, desde tenra idade,
dedicou-se a ajudá-la no atendimento na
bodega. Quando rapaz inicia um namoro
com uma moça que trabalhava na casa
de dona Belarmina Ferreira Gomes, mais
conhecida como Dona Bela, grande amiga
de Sofia, que vem a ser a mãe dos Padres
Monte e Nivaldo, que residia, na época,
na Avenida Rio Branco n° 777, próximo
à sua casa. A família não via com bons
olhos aquele relacionamento, em virtude
da grande diferença sócio-economica
e cultural entre os enamorados,
entretanto, nunca fizeram oposição ao
relacionamento, respeitada assim, a
vontade do jovem apaixonado. Com a
continuidade do namoro, Floriano
resolve bancar Minervina, era esse o
nome de sua namorada, e aluga pra
ela uma casa no bairro das Rocas.
Posteriormente, resolve transferi-la para
mais perto, aluga outra casa numa região
antigamente denominada Salgadeira, que
ficava próxima ao Baldo, no lado direito
de quem sobe a ladeira em direção ao bairro
do Alecrim. Nesse novo endereço, por
ser próximo à bodega, passou a dormir
com mais frequência nos braços
aconchegantes de Minervina.
Finalmente, com o falecimento de
Dona Sofia, ocorrido em 21 de março
de 1959, Minervina muda-se para a casa
da Rua Apodi, casaram-se no civil e assim
permaneceram até o fim de suas vidas.
Como todo jovem idealista da época,
admirava do PCB - Partido Comunista
Brasileiro. Homem de grande inteligência,
leitor compulsivo e autodidata,
apreciador das teorias do filósofo
alemão Karl Marx e também
admirador de Vladimir Ilitch Lenin.
Nos anos de
intensa repressão aos comunistas chegou
a dar guarida em sua residência a dois
líderes tupiniquins do partido: o médico
Vulpiano Cavalcanti(1911-1988) e
Luiz Inácio Maranhão Filho (1921- dado
como desaparecido a partir de 03 de
abril de 1974, em São Paulo-SP). Vez
por outra, confidenciava a amigos mais
próximos cheio de orgulho: “ontem
Vulpiano dormiu aqui em casa”.
Luiz Maranhão também gozava desse
mesmo privilégio. Não era ativista,
nem se envolveu diretamente com as
ações do partido. Entretanto, como
simpatizante, mesmo pondo em risco
sua integridade física e também de sua
família, mostrou-se solidário aos
“camaradas” dentro de suas grandes
limitações e parcos recursos (...) ...
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, Seção do Rio Grande do Norte, perde um dos seus mais valorosos baluartes.
HÉLIO XAVIER DE VASCONCELOS, natural de Macaíba, o filho de Salomão Lima de Vasconcelos e Maria de Vasconcelos, nasceu no dia 26 de novembro de 1932. Cursou Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte na turma de 1961. Foi ele que representou o corpo discente na Cerimônia de instalação da Universidade.
Teve uma trajetória brilhante na Instituição, sendo o seu Presidente no período 1993-1995, com registro de vários importantes feitos.Durante sua gestão recebeu a medalha “Djalma Marinho” e fez questão de dividi-la com a própria OAB/RN.
Na gestão do
advogado José de Ribamar de Aguiar foi designado para compor comissão para processar
estudos preliminares no sentido da criação da Escola Superior de Advocacia (ESA), tendo como companheiros integrantes os colegas Francisco de Assis Câmara,
Hérbat Spencer, Giuseppi da Costa e Marcelo Navarro Ribeiro Dantas.
Na administração de Carlos Roberto de Miranda
Gomes, a ESA começa a ser estruturada sob a batuta do
seu diretor, advogado Hérbat Spencer, tendo recebido a denominação de Escola Superior de Advocacia Dr. João
Medeiros Filho, em homenagem a esse extraordinário causídico. No entanto, a sua formatação legal só aconteceu na gestão de Odúlio Botelho, com a sua
regulamentação, que foi aprovada em 14/11/1991 pela Resolução nº 003/91.
Daí em diante, todos os presidentes passaram a
investir na Escola, em particular Hélio Xavier de Vasconcelos que deu
especial atenção à Escola Superior de Advocacia, levando-a ao interior através
de Adilson Gurgel de Castro como Diretor da ESA. Na nova administração Adilson
Gujrgel, foi eleito diretor da ESA o advogado Noel Pinheiro Bastos, que a
dinamizou, apresentando um plano de atividades para a ESA com vistas à Semana
do Advogado. No final da gestão foi registrada a excelente atuação da Escola
Superior de Advocacia.
A administração Hélio Xavier priorizou, também, a defesa das prerrogativas, a luta contra a violência policial e deflagração da campanha para a melhoria da prestação jurisdicional, quando realizou um histórico movimento defronte ao Fórum Judiciário que funcionava no antigo Grande Hotel, na Ribeira, quando então tem início o movimento para a construção do Fórum Miguel Seabra Fagundes. Nesse ato público trouxe a Natal representante do Conselho Federal.
A cerca de 11 anos estava acamado, contando com os cuidados e carinho de Hilda e seus familiares, completando o seu ciclo de vida terrena, praticamente no dia do Professor deste ano de 2013, profissão que também exerceu com brilho e dignidade,
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
LUMEN FIDEI (LUZ DA FÉ)
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)
A primeira Carta Encíclica
de Francisco dá o tom de seu estilo pastoral, apesar do projeto
inicial ter sido concebido por Bento XVI, que ali traçou algumas
ideias. No entanto, o uso de certas expressões, a riqueza de imagens a que faz
referência, algumas citações de autores antigos e modernos fazem desse texto
uma introdução ao pensamento do atual Pontífice, permitindo melhor compreensão
de sua visão teológica.
No documento,
Francisco emprega três verbos: caminhar,
construir, confessar. São os mesmos de sua primeira homilia aos cardeais,
no dia seguinte de sua eleição. De certa forma, podemos dizer que a encíclica está estruturada sobre este eixo.
Dividida em quatro capítulos, mostra que se deve continuar a experiência que a
Igreja viveu durante O Ano da Fé, com tantos fatos significativos.
Há encíclicas que
se tornaram famosas pelo seu conteúdo, por exemplo, a Rerum Novarum,
de Leão XIII (1891). Outras passarão à história pelo caráter inédito de sua
gênese. É o caso da Lumen Fidei. O texto escrito “a quatro mãos”
tem de insólito o fato de que os dois protagonistas estão vivos: um papa
emérito e outro reinante. Não seria um caso sem precedentes, se Bento XVI
fosse falecido, pois a primeira Carta de Ratzinger (Deus caritas est) utilizou
material póstumo de João Paulo II. A novidade, portanto, está no fato da Lumen Fidei ter dois coautores. É o que
expressa Francisco no começo do documento: Bento XVI “já tinha
completado praticamente uma primeira redação desta carta encíclica sobre a fé.
A ele agradeço de coração e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso
trabalho, acrescentando ao texto algumas contribuições”.
No século XX, Pio
XI bateu recorde em matéria de encíclicas, escrevendo quarenta e uma. No
entanto, Francisco é o papa que publica a primeira em menos tempo, quase quatro
meses, após ser eleito. Mais rápido ainda que João Paulo II, ao escrever Redemptor
hominis, no sexto mês de seu pontificado.
Desde sua eleição
como Papa, Bergoglio vem insistindo sobre a centralidade da fé. Parece-nos que
seu programa está sintetizado na última parte da encíclica: “A luz da fé não nos leva a esquecer dos
sofrimentos do mundo. Quantos homens e mulheres de fé receberam a luz das
pessoas que sofrem! São Francisco de Assis, do leproso; a beata Madre Teresa de
Calcutá, dos seus pobres”.
Talvez pudéssemos resumir
a Lumen Fidei em
poucas palavras: um humanismo evangélico. “A
fé não é a luz que dissipa todas as nossas trevas, mas é uma lâmpada que guia
nossos passos na noite e isto basta para o caminho. Não é prestar assentimento
a um conjunto de verdades abstratas, mas fazer a vida entrar em comunhão plena
com o Deus vivo”. A fé não é obscurantista, tampouco intransigente. É a
primeira vez que um papa fala nisso, contradizendo a tese de alguns: “o catolicismo não pode se separar da
intransigência”. Na Lumen Fidei, o Papa diz claramente que o
católico não pode ser arrogante. Ao contrário, deve ser humilde, pois se refere
a uma verdade que não lhe pertence: o Deus do Amor e da Misericórdia. Sem dúvida,
é uma mensagem cheia de paz, sabedoria e bondade.
Francisco, pouco a pouco, está ocasionando mudanças
na Igreja e na relação desta com
a sociedade. Seus gestos têm mostrado uma nova face do catolicismo. Assim o
fez, quando afirmara que deseja “uma
Igreja pobre e para os pobres” ou
anunciou que “para minha própria saúde
mental, fico morando em Santa Marta,
porque não quero viver isolado”. Ou, ainda, quando, em audiência para seis
mil seminaristas, noviços, num discurso
improvisado, proferiu estas palavras: “dói
ver uma freira ou um padre com o último modelo de carro”. Em Roma, há quem
antecipe que, após a Lumen Fidei,
logo virá outra, tendo como eixo a bem-aventurança bíblica dos pobres.
F A G U L H A S P O É T I C A S
União Brasileira de Escritores UBE/RN convida
para o lançamento da coletânea POETRIX – II,
organizada pela confreira Gilvânia Machado
CONVITE
O Presidente da União Brasileira
de Escritores – UBE/RN
convida Vossa Senhoria e família
para participar do
lançamento da coletânea POETRIX –
II, organizada
pela confreira Gilvânia Machado.
Local: Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras –
ANLRua Mipibu, 443 – Petrópolis
Data: 17 de outubro de 2013
Hora: 18h
Eduardo Gosson
terça-feira, 15 de outubro de 2013
DIA DO PROFESSOR
Carlos Roberto de Miranda Gomes, professor aposentado
Estava sem estímulo para falar sobre o "Dia do Professor", desencantado com o descaso a que se relegou essa valorosa categoria. Contudo, recebi um e-mail do meu companheiro de Comissão da Verdade da UFRN, o jovem estudante de Direito Juan de Assis Almeida, que reproduzo abaixo:
O Fórum Distrital Zona Sul, localizado no bairro de Nova Parnamirim será inaugurado oficialmente nesta sexta-feira (11), às 16 horas, pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), desembargador Aderson Silvino. A unidade funciona na Avenida Ayrton Senna e recebe hoje o nome do Professor de Direito, Jales Costa, que participou na formação de diversas gerações de estudantes da área jurídica em Natal, sobretudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Reconhecido nacionalmente como profundo conhecedor do tema e jurista que muito contribuiu em várias universidades do país, em cursos de graduação e pós-graduação na área do Direito, sua memória dará nome a uma casa da Justiça.
A unidade recebe a demanda de uma população de mais de 160 mil habitantes, residentes em vários bairros da zona Sul, como Neopólis, Capim Macio, Ponta Negra, dentre outras localidades. Doze mil processos já foram julgados no local. Segundo a diretora do Fórum Distrital Jales Costa, a juíza Fátima Soares, “cada vez mais está se buscando a proximidade do Judiciário com a população”. O Fórum conta com duas varas de Família, três criminais, além de dois juizados especiais – cível e criminal, bem como abriga a sede da Comissão Permanente de Gestão Ambiental do Poder Judiciário potiguar (Copegam), promotorias, Defensoria Pública e salas de OAB.
Essa notícia causou em mim o estímulo que estava faltando para dizer alguma coisa sobre esse dia, que foi o meu dia por muitos anos.
Ser professor é acreditar no futuro, vivendo intensamente o presente. É fomentar a cultura e garantir fidelidade às coisas importantes da vida e dos espaços onde presta os seus serviços.
O professor conta a história fazendo história. Está presente em todas as fases da nossa existência, formando e informando os caminhos e o caráter.
Não posso entender a contradição entre o seu valor e a falta de atenção das gerações sucessivas dos administradores.
Passei por essas fases - na UFRN por 35 anos, na UnP ao implantar o Curso de Direito; na FARN em seu começo de formação; em muitas instituições culturais ou de ensino ministrando cursos, palestras e em encontros. De algumas tive o reconhecimento e de outras, nem tanto.
A propósito, o próprio Jales Costa foi 'desomenageado' pelos estudantes de determinada Faculdade ao ter retirado o seu nome do seu Diretório Estudantil. Não dá para entender!
Das diversas missões que enfrentei na vida, a de Professor foi a que marcou indelevelmente o meu existir e só deixei essa nobre missão em razão da fragilidade da saúde, senão ainda estaria no convívio sincero dos meus colegas e dos meus alunos.
Nada me gratifica mais do que ser saudado nas ruas pelos velhos companheiros ou por ex-alunos com a expressão "Professor". Sinto muita saudade das salas de aulas.
PARABÉNS aos que continuam nesse labor. O futuro lhes agradece!
Obrigado aos muitos amigos que me enviaram mensagens neste dia. Estou feliz.
domingo, 13 de outubro de 2013
POESIA INFANTIL / INFANTO-JUVENIL
Colaboração de Liliane Bernardes
Cecília Meireles
(1901- 1964)
Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901. Seus pais morreram quando ainda era criança e ela foi criada pela avó chamada Jacinta, que a vivia cantarolando cantigas e falando ditados populares. Na casa de Cecília havia um quintal e um mundo encantado: o mundo dos livros ! Cecília já gostava dos livros antes mesmo de aprender a ler e foi aos 9 anos que escreveu o seu primeiro poema. Foi professora, jornalista e aos 18 já havia lançado o seu primeiro livro. Fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil.
Vejam alguns poemas do livro Ou isto ou aquilo (Nova Fronteira):
A Língua de Nhem
Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
Uma Palmada Bem Dada
É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer A borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Porque não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!
É a menina manhosa
Que não gosta da rosa,
Que não quer A borboleta
Porque é amarela e preta,
Que não quer maçã nem pêra
Porque tem gosto de cera,
Porque não toma leite
Porque lhe parece azeite,
Que mingau não toma
Porque é mesmo goma,
Que não almoça nem janta
porque cansa a garganta,
Que tem medo do gato
E também do rato,
E também do cão
E também do ladrão,
Que não calça meia
Porque dentro tem areia
Que não toma banho frio
Porque sente arrepio,
Que não toma banho quente
Porque calor sente
Que a unha não corta
Porque fica sempre torta,
Que não escova os dentes
Porque ficam dormentes
Que não quer dormir cedo
Porque sente imenso medo,
Que também tarde não dorme
Porque sente um medo enorme,
Que não quer festa nem beijo,
Nem doce nem queijo.
Ó menina levada,
Quer uma palmada?
Uma palmada bem dada
Para quem não quer nada!
A AVÓ DO MENINO
.A avó
vive só.
Na casa da avó
o galo liró
faz "cocorocó!"
A avó bate pão-de-ló
E anda um vento-t-o-tó
Na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
Mas se o neto Ricardó
Mas se o neto travessó
Vai à casa da avó,
Os dois jogam dominó.
Leilão de Jardim
vive só.
Na casa da avó
o galo liró
faz "cocorocó!"
A avó bate pão-de-ló
E anda um vento-t-o-tó
Na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
Mas se o neto Ricardó
Mas se o neto travessó
Vai à casa da avó,
Os dois jogam dominó.
Leilão de Jardim
Quem me compra um jardim
com flores?
com flores?
borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis
nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é meu leilão!)
O mosquito escreve
O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
O mosquito pernilongo
trança as pernas, faz um M,
depois, treme, treme, treme,
faz um O bastante oblongo,
faz um S.
O mosquito sobe e desce.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
Com artes que ninguém vê,
faz um Q,
faz um U, e faz um I.
Este mosquito
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
esquisito
cruza as patas, faz um T.
E aí,
se arredonda e faz outro O,
mais bonito.
Oh!
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
Já não é analfabeto,
esse inseto,
pois sabe escrever seu nome.
Mas depois vai procurar
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
alguém que possa picar,
pois escrever cansa,
não é, criança?
E ele está com muita fome.
Sonhos da menina
A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?
Sonho
risonho:
O vento sozinho
no seu carrinho.
De que tamanho
seria o rebanho?
A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha . . .
Na lua há um ninho
de passarinho.
A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?
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FONTE: Blog ANTONIO MIRANDA
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