QUALIDADE DE VIDA EM BAIXA
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES,
escritor
O Brasil vive hoje momentos inusitados – enquanto os governantes se
preocupam com as eleições de outubro, a população amarga dias difíceis para a
simples sobrevivência.
No Rio Grande do Norte, em
particular, assistimos o declínio acentuado da qualidade de vida, mercê de
vários fatores que se associam para agravar o cotidiano da população.
Em
primeiro lugar a extrema dificuldade de locomoção em direção ao trabalho pela
falta de segurança, fazendo com que, mal termina a madrugada o trabalhador já é
abordado pela bandidagem quando se destina ao seu trabalho.
Num
outro momento é a impossibilidade de retirar os seus parcos recursos
depositados nos bancos da cidade, para o cumprimento das obrigações, pois uma
greve de vigilantes motiva o não funcionamento das agências bancárias,
proporcionando uma situação aflitiva e inusitada, sem qualquer providência
eficaz do poder público ou dos estabelecimentos prestadores de serviço.
Atente-se
que os pagamentos dos salários dos servidores, pelo Estado, por sua vez, já
estão atrasados, criando obstáculos à sobrevivência regular dos cidadãos.
Ademais
disso, agora vivemos um terceiro e grave problema – o sucateamento dos
Correios, outrora orgulho da população, para representar o carrasco dos
usuários, porquanto o atraso na entrega (quando ela é feita) provoca
inadimplência e prejuízos aos que buscam os seus serviços.
Ontem,
último dia do mês de fevereiro, recebi grande volume de correspondência, com
99% dos boletos vencidos – tinha até de janeiro, o que obriga o cidadão a fazer
uso da internet para obter a remessa virtual.
Como
diz o adágio popular, além de queda, coice. Até quando vamos suportar tanto
descaso na solução de problemas tão elementares?
Enquanto
nada se faz para amenizar tais problemas, podemos proclamar que
indiscutivelmente, estamos com a qualidade de vida em baixa.