sábado, 27 de abril de 2013

UMA SIMPLES SUGESTÃO

A Rede Globo está rodando a novela "Flor do Caribe", de Walter Negrão, na praia de Pipa.
Na trama, existe uma questão ideológica que enfatiza a situação ocorrida na 2ª Guerra Mundial, envolvendo um nazista (Dionízio) e um judeu (Samuel). 
 Há um terceiro personagem, que é um professor de história (Quirino) e que poderia percorrer esses sítios históricos ministrando uma aula para os seus alunos,ou mesmo com os dois antagônicos num passeio por Natal,  divulgando os nossos espaços históricos pertinentes, como a Coluna Capitolina, presente de Mussolini, uma passagem pela Rampa, onde o ocorreu o encontro entre Getúlio e Roosevelt, a velha casa na Ribeira, onde o piso foi fabricado com a cruz suástica e vários outros recantos, devidamente catalogado pela Fundação Rampa. Isso seria uma boa propaganda para Natal e, particularmente, para o nosso Instituto Histórico e Geográfico, que está a merecer atenção dos governantes, empresários e da população. Fica a sugestão.

fundacaorampa






quinta-feira, 25 de abril de 2013



"Madame Colette", romance de Caio Fernandes de Oliveira
(Orelha de Eduardo Gosson)

Médico por profissão (dermatologista), Professor Aposentado da UFRN, CAIO FERNANDES DE OLIVEIRA  é oriundo de uma linhagem nobre: sobrinho do poeta Jorge Fernandes, introdutor do Modernismo em terras potiguares.
 CAIO FERNANDES DE OLIVEIRA fez sua estréia literária com Amnésia Estratégica, em1983,  Edições   Clima, sendo bem recebido pelos leitores e pela crítica especializada.  Com mais de 7 livros publicados na área da ficção e um na pesquisa histórica o IHGRN- História e Acervo  (2005) em parceria com a confreira Arisnete Câmara, o que sobressai na sua escrita é a sua filiação aos clássicos da Literatura.  As suas estórias tem começo,   meio  e fim e são bem escritas.  Moderação no uso dos adjetivos. Essas breves considerações são para dizer que CAIO FERNANDES  DE OLIVEIRA é um Escritor de verdade que, agora, resolve nos brindar com um novo romance - Madame Colette -,   ambientado na  Ribeira, no período da Segunda Guerra Mundial . Sou testemunha de o  seu fazer literário: detalhista, é capaz de escrever e reescrever quantas vezes for necessário para melhor traduzir uma ideia, um sentimento . Um bom Autor nos prende logo quando solta o verbo: A seca que castigava o sertão era implacável e distribuía miséria por todo lado. Com o pasto tórrido e os açudes secos, o rebanho fora quase todo dizimado e as crianças estavam esqueléticas e apáticas.. Foi  nessa leva de deserdados, vítimas do rigor climático e do latifúndio, que veio Imaculada, que mais tarde se transformaria em Madame Colette, personagem central deste romance..
Veja como o  Autor descreve Natal dos anos 40:  A cidade era pequena e bem urbanizada, com largas avenidas cortando o seu traçado longitudinal e pequenas ruas no sentido transversal. As construções eram planas, com pouca verticalização e muita arborização nas ruas e nas residências. O clima era agradável e ameno, com uma brisa fresca e permanente vinda do Atlântico que ultrapassava as dunas e ocupava todo o seu espaço.”
É neste cenário bucólico, transformado pela Segunda Guerra, com a presença de tropas americanas, que se desenvolve a trama deste romance. Da jovem ingênua que veio fugindo da seca não restava mais nada; agora, Imaculada se transformara em Madame Colette: “ observou-os enquanto se dirigiam para o quarto. Pensou nela quando jovem e nas perspectivas que poderia ter tido na vida se alguém tivesse lhe orientado nos momentos difíceis e imaturos da adolescência.  A guerra e a presença de tropas americanas na pequena cidade modificaram completamente os hábitos e os costumes provincianos, inoculando a semente inicial da degradação do tecido social motivada pela identificação psíquico-patológica e não social e familiar, como tinha sido até então. A velha cafetina sentia as mudanças promovidas pela ocupação militar e lucrava com isso. Pretendia acumular dinheiro e bens para ter uma velhice tranqüila, longe da tensão e do desgaste da vida mundana.” Madame Colette sabe tudo sobre os habitantes e personagens desta cidade.Para ser cafetina é preciso ter os nervos de aço  e vender a alma ao Diabo. A sua prosa não cansa e nos prende até o fim.
De parabéns o Dr. Caio ao trazer mais uma  obra ficcional  para  os leitores, volume 5, da Coleção Bartolomeu Correia de Melo (prosa), selo editorial Nave da Palavra da União Brasileira de Escritores.Eis aqui um grande Escritor.
Eduardo Gosson é presidente da UBE-RN.
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Lançamemento: dia 26 de abril
18 horas no Iate Clube de Natal

CONVITE
O Presidente da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte –ALEJURN, tem a honra de convidá-lo (la) para assistir a Solenidade do Necrológio do seu pranteado sócio- fundador, Dr. Luciano Alves Nóbrega, a ser proferido pelo Acadêmico Arthúnio da Silva Maux, no próximo dia 26 de abril de 2013, às 10h no Auditório da Procuradoria Geral do Estado – Av. Afonso Pena, 1155, Tirol, Natal-RN
Adalberto Targino
Presidente
Roga-se especial atenção na confirmação de presença
Waleska Maux


GRANDES ANÁLISES, PEQUENOS RESULTADOS
Por Flávio Rezende*

Ao retornar para casa, no fim da tarde, gosto de sintonizar o rádio numa FM para saber as notícias do dia, uma vez que sempre absorto em atividades diversas, na maioria das vezes não fico sabendo o que está rolando no planeta que habito com renovado prazer.
Hoje temos uma grande variedade de programas, migrando a FM de espaço exclusivo de música, para um mosaico de muitas coisas, notadamente piadas, futebol, política, religião e comentários.
Vários programas apresentam comentaristas diversos e, alguns, pródigos em fácil verbalização de análises, conseguem fixar nossa atenção, devido a uma perfeita junção de frases de efeito com entonação de voz e, domínio do assunto eleito para aquele momento.
O danado é que as análises muitas vezes convergem para uma confiança absoluta de que o dito e o previsto, vão acontecer, nos levando a crer, devido ao enfeitiçamento em que somos mergulhados no caldeirão das capacidades apresentadas pelo analista, de que, de fato, o dito vai ser o futuro.
O tempo passa e, a realidade, teimosa que só ela, mostra um presente totalmente diferente e, tudo o que foi analisado e dito como caminho natural do pensado, não se traduz, frustrando o ouvinte e, encaminhando sua própria análise do analista e futurista, de que o mesmo tem mesmo é muita lábia, lero-lero, grande capacidade de expressar pensamentos, mas que suas colocações não passam de orgasmo mental.
Isso acontece com muitas pessoas. Elas começam a falar e essa capacidade que tem, além de causar admiração nos que estão próximos e naqueles que estão ouvindo através da mídia, também as embriaga, a pessoa passa a curtir a si mesma, se achar muito capaz, inteligente, ai começa a misturar zuada de lambreta com zero na caderneta, entrando num oito que deixa todo mundo extasiado, mas, que não passa disso, um vai e vem de frases fiadas sob o manto de um tema, que no fim, não produz um vestuário e, sim, um farrapo oratório.
Encontramos também esses analistas sem resultado concreto no futebol. O cara faz um comentário esculhambando o time e dizendo que da maneira que está o escrete não vai a lugar nenhum, ai no segundo seguinte, o mesmo time que não prestava para nada, começa a fazer gols, com o comentarista mudando da água para o vinho e, intitulando aquele mesmo time, de esquadra, seleção, timaço.
Essa é a vida, imprevisível, que parece não gostar de ser adiantada, preferindo acontecer como ela é, no momento, fugindo de regras, de paradigmas e, revelando a todo instante que não adianta falar bonito e citar grandes pensadores, afinal a única coisa que não muda, é que tudo muda e, a própria mutação como lei universal, não permite que no presente, possamos seguramente, querer saber o futuro.
· É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

                   LEGALIDADE E CONSTRANGIMENTO.


      Ontem, 22/04/2013, tive a desagradável experiência de sofrer grave constrangimento em um dos hipermercados (pertencentes a uma das redes internacionais que operam em Natal/RN). Ao entrar naquela casa, minha filha, Julyana, portadora de deficiência física – paralisia cerebral -  e cadeirante, necessitando de um carrinho elétrico para locomoção solicitou a utilização do scooter disponibilizado pela empresa a com necessidades especiais. A empresa exigiu a entrega de documento de identidade e o reteve, como garantia, até a devolução do dito veículo, contrariando o que dispõe a Lei 5.553/68, alterada pela Lei 9.5563/97.

         Será que por ser pertencente a um grupo multinacional tal empresa se considera acima das nossas leis??  Mas, não ficou por aí! Após as compras, por volta das 12:30 horas, ao entregar o carrinho, a minha filha solicitou a devolução da Carteira de ilegalmente retida pelo funcionário do hipermercado. Este, após algum tempo, simplesmente declarou a Julyana que a dita carteira havia sumido, desaparecido, extraviada... Julyana, por ser uma pessoa especial, não teve como se defender e me ligou, chamando (já estava no estacionamento à espera dela (julyana). Ao chegar na recepção do tal hipermercado, encontrei o funcionário tentando convencer minha filha a ir para casa e providenciar uma outra via do documento, que oportunamente a empresa indenizaria os custos de nova emissão... Muito cômoda tal posição... eu afirmei ao empregado que não se tratava de dinheiro, e sim, da devolução de um importante documento, indevidamente retido e extraviado pela empresa ou seus prepostos e que poderia ser utilizado indevidamente por outrem, causando inestimáveis prejuízos, e responsabilidades ao proprietário da carteira, como se vê usualmente nos noticiários.  Solicitei, como forma de comprovação do ocorrido,  uma declaração de que a empresa havia retido e extraviado a identidade de julyana, o que foi peremptóriamente negado pelos funcionários. Daí então formou-se o jogo de “empurra”, vieram novos funcionários, sempre tentando nos convencer a aceitar voltar para casa sem a carteira e com a promessa de restituir o valor de uma eventual reposição da identidade “extraviada”.

            Em torno disso fiquei das 12:30 até as 15:30 h, na entrada do hipermercado, rodeado por funcionários daquela casa, e chamando a atenção dos passantes, como se eu fosse um marginal e tivesse cometido algum delito, sofrendo grave constrangimento. Sem outra solução, solicitei a presença da Polícia que prontamente enviou uma patrulha e, após alguma conversa, fomos todos (julyana, eu, os policiais e representantes da empresa) a uma Delegacia de Polícia onde registraria um Boletim de Ocorrência.
                     

          Ao chegar na Delegacia, como por encanto, apareceu a Carteira de Identidade de julyana, com uma desculpa de que havia sido entregue a outra pessoa.

           Convenhamos que foi muita coincidência,  o aparecimento da desaparecida CI, somente na Delegacia de Polícia.

           Concluído o Boletim de Ocorrência  voltamos para casa, constrangidos e humilhados, sem qualquer atenção por parte de qualquer gerente ou funcionário do dito hipermercado. Ficamos, eu, maior de 60 anos, cardiopata e me restabelecendo de uma angioplastia recente (início de abril corrente) e minha filha, deficiente física, do meio dia até as 17:00 h envolvidos nesse embrólio, sendo alvo de olhares de censura de outros clientes da empresa, sem, almoçar, lanchar ou nos oferecerem um reles copo de água, ou um simples pedido de desculpas. 
             Pelo transtorno tive que solicitar assistência médica e Julyana, pela condição de portadora de paralisia cerebral, teve que solicitar assistência psicológica, pois ao se ver envolvida com policiais, passou a noite em claro, assustada, traumatizada.
                    Esse é o tratamento que recebemos como clientes desse estabelecimento que, sob o manto do poder econômico impõe suas regras, ao arrepio das nossas leis. 
            
            Fica o nosso protesto.


Francisco Jadir Farias Pereira

              Advogado

segunda-feira, 22 de abril de 2013


Descobrimento Do Brasil - História Do Brasil

História Do Brasil Colônia, A História Do Descobrimento Do Brasil, Os Primeiros Contatos Entre Portugueses E Índios, O Escambo, A Exploração Do Pau-Brasil

Primeiros contatos entre portugueses e índios
Primeiros contatos entre portugueses e índios
História do Descobrimento do Brasil

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. A primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil.

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta tratava-se de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, foi descoberto tratar-se realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 

A descoberta do Brasil ocorreu no período das grandes navegações, quando Portugal e Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do Brasil, em 1492, Cristóvão Colombo, navegando pela  Espanha, chegou a América, fato que ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas, em 1494. De acordo com este acordo, Portugal ficou com as terras recém descobertas que estavam a leste da linha imaginária ( 200 milhas a oeste das ilhas de Cabo Verde), enquanto a Espanha ficou com as terras a oeste desta linha. 

Mesmo com a descoberta das terras brasileiras, Portugal continuava empenhado no comércio com as Índias, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa. As especiarias comercializadas eram: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Enquanto realizava este lucrativo comércio, Portugal realizava no Brasil o extrativismo do pau-brasil, explorando da Mata Atlântica toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Neste caso foi utilizado o escambo, ou seja, os indígenas recebiam dos portugueses algumas bugigangas (apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de madeira até as caravelas. 

Foi somente a partir de 1530, com a expedição organizada por Martin Afonso de Souza, que a coroa portuguesa começou a interessar-se pela colonização da nova terra. Isso ocorreu, pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que haviam ficado de fora do tratado de Tordesilhas, como, por exemplo, franceses, holandeses e ingleses. Navegadores e piratas destes povos, estavam praticando a retirada ilegal de madeira de nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, os portugueses começaram a fazer experiências com o plantio da cana-de-açúcar, visando um promissor comércio desta mercadoria na Europa.
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FONTE:



HOMENAGEM AO ÍNDIO

                ÍNDIO MENTIRA E PRECONCEITO
            Ciro José Tavares

            Quando Colombo e Cabral  aportaram  no Novo mundo eles já estavam aqui, senhores dos espaços, livres e saudáveis.o colonizador, ambicioso e truculento, trouxe-lhes a escravidão, as doenças e o abandono.Ao longo dos séculos busca-se a resposta de como descobriram esse lado do planeta e, provavelmente, a hipótese da emigração do Oriente para o Ocidente, numa longa e dura jornada, cruzando o estreito de Bering, parece a mais viável A interrogação permanece e também as suspeitas dos fenícios e vikings, audaciosos navegadores.É certo que espanhóis e os portugueses da Escola de Sagres sabiam da existência continental, embora desconhecessem o tamanho do paraíso e suas riquezas. O desejo de Portugal era chegar à Índia, contornando o Cabo da Boa Esperança,antes chamado das   Tormentas. Isso foi conseguido por Bartolomeu Dias, mas coube a Vasco da Gama estabelecer o caminho marítimo e completar o objetivo. A odisseia portuguesa da Índia legou-nos OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões, o mais belo, o mais bem escrito e único poema épico da nossa língua.
O objetivo da expedição cabralina foi o de encontrar outras terras. Colombo, com o mesmo objetivo já o antecedera ao descobrir a América. Mas era necessário explorar o sul esse território que indicava ser ciclópico. Sabiam os navegadores as informações de Francisco Orellana e as de Vicente Yañez Pinzón, razão pelas quais os lusitanos agilizaram as providências para ganhar a corrida.
A esquadra de Cabral que iria com destino ao Oceano Índico é obrigada a mudar de curso por conta de uma calmaria. A história que fantasiara quanto ao rumo, mente pela segunda vez inventando a falta do vento. Cabral navegou na esperança de atingir terras próximas do Rio das Amazonas, descoberto e explorado por Orellana, contudo inflitiu seus navios mais para o sul, não distante da costa brasileira até atingir o litoral da Bahia, que chamou de Porto Seguro. O aborígene foi denominado índio sem a menor razão e outra vez os historiadores omitiram a verdade, informando que foram assim chamados porque teria o português descoberto nova rota marítima e, através dela, chegado à Índia. A expressão passou de geração em geração até hoje. E é preconceituosa pela falta de respeito com a pessoa humana, considerado componente de sub-raça. Todos os adjetivos humilhantes podem ser sinônimos do termo. O que os portugueses desconheciam era a existência das nações aborígenes que é como prefiro chamá-los (aborígene: aquele que é habitante autóctone de um país, nativo, segundo o dicionário de Houaiss).
A palavra índio, miserável e secular recebeu, entre nós, a colaboração dos conquistadores dos Estados Unidos. Eram, no princípio, conhecidos como peles- vermelhas, mas os emigrantes ingleses, puritanos e ávidos pela riqueza da terra cunharam o termo selvagem, correspondente a bárbaro, rude, grosseiro animal não domesticado, índio ao final. Como os portugueses, também não sabiam das nações nativas, fortes e muito bem organizadas. Na marcha para o Oeste perpetraram genocídio brutal, dizimando impiedosamente Siouxs, Navajos e outras. Essa história é extraordinariamente relatada por Dee Brown no livro Enterrem meu Coração na Curva do Rio.
Não foi menor a mortandade no México, comandada pelos espanhóis, primeiro com os Astecas, depois os Maias. Insatisfeitos com a brutalidade foram além do Golfo do México, atingiram o Oceano Pacífico, subiram a Cordilheira dos Andes destruíram a bela civilização dos incas, no Peru e, ao Sul do continente sul-americano, no Chile, a dos Araucanos. Ainda assim, não obstante toda a estupidez, o conquistador respeitou o sagrado nome de suas nações. Eram astecas, maias, araucanos e na parte superior continental, moicanos, siouxs, navajos, cheyennes apaches, etc. Índio era a expressão do ódio. O aprofundamento dessa questão pode ser lida na obra Memória do Fogo, em três volumes, de Eduardo Galeano.
Lamentavelmente no Brasil as nacionalidades aborígenes foram relegadas e esquecidas. Mal sabemos dos Tupis e dos Tapuias. Creio ter chegado o momento do Ministério da Educação acabar com o embuste e a humilhação levando às salas de aula a verdade de nossa formação como povo, a partir do aborígene.

domingo, 21 de abril de 2013

PORQUE HOJE É DOMINGO


ENCONTRO COM A POESIA: KONSTANTINOS KAVÁFIS

                                                                       (Por Horácio Paiva)

                Konstantinos Kaváfis tinha nacionalidade grega, mas nascido em Alexandria, Egito, oriundo da numerosa colônia grega ali estabelecida.

            É considerado, por muitos, o maior poeta grego dos tempos modernos (entretanto, lembremo-nos: temos, também  -  façamos justiça  -, Níkos Kazantzákis, outro poeta de grande notoriedade internacional e excelente romancista, autor de obras memoráveis como “Zorba, o Grego” e “O Cristo Recrucificado”).

            Em vida (e viveu 70 anos) era praticamente ignorado em sua terra e não publicou nenhum livro, embora tenha divulgado vários de seus poemas através de folhas mimeografadas, distribuídas entre os amigos, dois opúsculos que chegou a organizar e em jornais e revistas culturais.

            Seu único livro, com 154 poemas, foi postumamente publicado em 1935. Morrera em 1933, no dia de seu aniversário (29 de abril), na mesma Alexandria em que nascera, em 1863.

            Conheci alguns desses belos poemas em princípio da década de 1980. A propósito, aconteceu, comigo, um fato interessante. Encontrando-me, em 1987, em São Paulo, e entusiasmado pelos primeiros poemas que lera, procurava a sua obra poética (que havia sido traduzida por José Paulo Paes), quando, numa das livrarias da Avenida Paulista, indaguei sobre o livro. O livreiro não o conhecia. Alguém, certamente um intelectual paulista, que não recordo o nome, repreendeu o livreiro: “Como você não conhece o maior poeta grego da modernidade?!”. Noutra livraria, porém, adquiri a obra que me causava tanta expectativa.

            No poema que ora transcrevo (e que me parece um de seus pontos altos), traduzido por José Paulo Paes, Kaváfis ensina o caminho estóico. Afinal, ter a grandeza de saber perder também significa estar com a verdade, em oposição ao ilusório, por mais que este nos envolva e adquira o significado de algo maior.

KONSTANTINOS KAVÁFIS (n. 29/04/1863, Alexandria; m. 29/04/1933, Alexandria):


                        O DEUS ABANDONA ANTÔNIO

Quando, à meia-noite, de súbito escutares
um tiaso invisível a passar
com músicas esplêndidas, com vozes  -
a tua Fortuna que se rende, as tuas obras
que malograram, os planos de tua vida
que se mostraram mentirosos, não os chores em vão.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
diz adeus à Alexandria que de ti se afasta.
E sobretudo não te iludas, alegando
que tudo foi um sonho, que teu ouvido te enganou.
Como se pronto há muito tempo, corajoso,
como cumpre a quem mereceu uma cidade assim,
acerca-te com firmeza da janela
e ouve com emoção, mas ouve sem
as lamentações ou as súplicas dos fracos,
num derradeiro prazer, os sons que passam,
os raros instrumentos do místico tiaso,
e diz adeus à Alexandria que ora perdes.


                                   (Tradução de José Paulo Paes)


                        -x-x-x-  

ENCONTRO COM A POESIA

                                                           (Por Horácio Paiva)

            Esta, uma antologia sem pretensões. Aliás, a única pretensão é minha em catalogar poemas através dos quais mantenho, há muitos anos, diálogo permanente com o mistério existencial.
            Também não houve “rigor” na seleção, se considerarmos a palavra em sua ortodoxia crítica radical. Diria antes que o agrado, o amor, a cumplicidade com tais poemas, mantida através dos tempos, e, muitas vezes, o êxtase contemplativo, guiaram as minhas escolhas. “Melhor”, “pior”... estive longe dessas comparações. O momento os definiu. E certas circunstâncias vitais os tornaram inseparáveis amigos meus.
            Fernando Pessoa (Fernando Antônio Nogueira Pessoa), grande poeta português, que poderia situar-se no começo, no meio ou no fim deste trabalho (da mesma forma que aparece em meus ciclos vivenciais de leitura), encabeça a lista. Meu primeiro (e maravilhoso) contato com ele deu-se em fins da década de 1950, através de meu querido irmão Daltro de Paiva Oliveira, já falecido, seu ardoroso admirador.
            Li-o, depois, numa antologia publicada sob a direção de Alceu Amoroso Lima, Roberto Alvim Correa e Jorge de Sena, intitulada “Nossos Clássicos”, da antiga editora Agir. Fora também escolhido para o volume 1 da mencionada coletânea, com apresentação, seleção e notas de Adolfo Casais Monteiro. Um pouco mais tarde, adquiri as suas obras completas.

FERNANDO PESSOA (n. 13/06/1888, Lisboa; m. 30/11/1935, Lisboa):


Ó NAUS FELIZES, QUE DO MAR VAGO

Ó naus felizes, que do mar vago
Volveis enfim ao silêncio do porto
Depois de tanto noturno mal  -
Meu coração é um morto lago,
E à margem triste do lago morto
Sonha um castelo medieval...

E nesse, onde sonha, castelo triste,
Nem sabe saber a, de mãos formosas
Sem gesto ou cor, triste castelã
Que um porto além rumoroso existe,
Donde as naus negras e silenciosas
Se partem quando é no mar manhã...

Nem sequer sabe que há o, onde sonha,
Castelo triste... Seu espírito monge
Para nada externo é perto e real...
E enquanto ela assim se esquece, tristonha,
Regressam, velas no mar ao longe,
As naus ao porto medieval...
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ENCONTRO COM A POESIA: SAN JUAN DE LA CRUZ

                                                                       (Por Horácio Paiva)


            A Beleza é irmã da Verdade. Nada melhor para exemplificá-lo é esse belo e verdadeiro poema de San Juan de la Cruz, poeta e santo espanhol, doutor místico da Igreja Católica, nascido Juan de Yepes. Monge, da Ordem dos Carmelitas (dos Descalços, que procuravam cumprir maior expressão de pobreza e desprendimento), adotou o nome de Juan de la Cruz.

            A alma encontra em Deus a união perfeita: a Verdade (e nela, a salvação e a beleza), que se opõe às ilusões do mundo secular e material. Não há dúvidas que a beleza, na harmonia de seus aspectos intrínsecos e extrínsecos, é irmã da Verdade: a exatidão, a perfeição. E na noite escura da alma, no caminho que leva ao Amado, a Amada é guiada pela luz da certeza, mais clara que a luz do meio-dia...


SAN JUAN DE LA CRUZ (n. 1542, pueblo de Fontiveros, Ávila; m. 1591, Ubeda):


                        NOITE ESCURA


            Em uma noite escura,
com ânsias, em amores inflamada,
oh ditosa ventura!,
saí sem ser notada,
estando já minha casa sossegada;


            às escuras e segura
pela secreta escada, disfarçada,
oh ditosa ventura!,
às escuras e cuidada,
estando já minha casa sossegada;


            nessa noite ditosa,
em segredo, quando já ninguém me via
e de nada ver desejosa,
sem outra luz e guia
somente a que no coração ardia.


            Aquela me guiava
mais certo que a luz do meio-dia
aonde me esperava
quem eu bem o sabia
a parte onde ninguém aparecia.


            Oh noite que guiaste!,
oh noite amável, mais que a alvorada,
oh noite que juntaste
amado com amada,
amada no amado transformada!


            Em meu peito florido,
que inteiro para ele só se guardava,
ali quedou dormido,
e eu o admirava,
e o leque de cedros arejava.

            O vento da ameia,
quando eu seus cabelos espargia,
com a sua mão serena
o meu colo feria
e todos meus sentidos suspendia.

            Quedei-me e olvidei-me,
o rosto reclinei sobre o Amado,
cessou tudo e deixei-me,
deixando meus cuidados
entre as açucenas olvidado



(Tradução de Horácio Paiva,
dedicada à memória do amigo Carlos Freire, em 11/4/2013, data de seu falecimento)