Cartas
de Cotovelo – Verão de 2023 – 9
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes
AS
ÁGUAS DE MARÇO FECHANDO O VERÃO
Terminamos fevereiro com muita chuva pelo Brasil
afora, prenunciando um período bem molhado para amparo dos homens do campo,
apesar da proximidade, apenas, da Primavera.
Em alguns lugares, as quedas pluviométricas foram
exageradas. Castigo de DEUS? Não, advertência ao mau uso da natureza, das
dádivas que recebemos e recalcitrância na busca de exploração desordenada do
solo, ferindo as encostas das dunas e dos morros, despertando o Poder Público e
a própria consciência dos empreendedores para uma reposição dos bons costumes.
Nada é de graça nem sem motivo – existe o princípio
da reciprocidade que faz retornar tudo aquilo que empreendemos. Não temos sido
fiéis às melhores tradições dos colonizadores e insistimos em buscar vantagens
de qualquer forma.
Esses prolegômenos, (lembrei-me do meu querido
Professor Floriano), é para registrar que aqui em Cotovelo o dia amanheceu
radioso, luzento e com uma brisa confortadora.
O ambiente é convidativo para nos encantar com boas
leituras e assim o fiz desde os primeiros raios do Rei Sol, sempre no conforto
de uma rede sertaneja, equipamento essencial em uma casa de caboclo. Aqui na
praia não trago os meus autores mais eruditos para não quebrar a simplicidade
da natureza e cultuar um pouco mais o intimismo das leituras espiritualistas.
As minhas motivações para escrever as Cartas de
Cotovelo são sempre as mais simples, seja porque sou de ascendência campesina,
onde a natureza é mais preferida ou de um praiano de infância até a madureza.
Não dispenso uma varanda, especialmente quando acaba o ruge-ruge do veraneio e
retorna o gorjeio na minha janela, logo que chega a quarta hora de cada dia.
Confesso que vinha retraindo o meu hábito de
escrever diante de tanta erudição de alguns parceiros. Contudo, após meditar,
decidi que cada um dá o que tem e a minha trouxa intelectual é pequena, quase
aquela que canta Patativa do Assaré:
Meus versos são como semente
Que nasce arriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obras da criação