SENHOR, NÃO DEIXES QUE O MUNDO O SUPERE!
Valério Mesquita*
As Sagradas Escrituras, desde Gênesis,
registram a participação direta de Deus na condução do povo escolhido. Abrão,
Elias, Jacó, Moisés, Josué, Davi, Salomão e os relatos dos profetas Samuel,
Ezequiel, Daniel, Jeremias, Isaías, Zacarias, Malaquias, todos narram fatos:
vários ouviram a voz de Deus e foram inspirados nos ensinamentos e
procedimentos. Receberam mensagens divinas através dos anjos, foram guiados,
sofreram e quantos não morreram até a chegada do Messias? Quantas batalhas
vitoriosas não foram travadas pelo povo Judeu que depois foi escravizado por
inúmeras potências estrangeiras até a fase dominadora dos romanos quando Jesus
nasceu? Numa medida extrema para salvar o mundo apodrecido daquele tempo, Deus
enviou o seu filho Jesus com a missão da boa nova a fim de tirar os pecados dos
homens e remir a humanidade degenerada.
Mas estava escrito que, cumprida a
missão, o Cristo seria crucificado para depois ascender ao Pai. Ressuscitado,
Êle ainda permaneceu na terra ultimando junto aos apóstolos suas recomendações
finais, cujo ponto alto foi a unção do Espírito Santo para todos eles
enfrentarem o imenso mundo hostil e ímpio que estava deixando. Em verdade, não
fosse o milagre da transferência do Espírito Santo teria sido impossível aos
apóstolos realizarem a ingente tarefa de pregação e de cristianização. E Paulo
de Tarso se destacou entre todos como o mais sábio e operoso obreiro. Hoje, a
humanidade se repete no tempo. A imensa maioria do globo terrestre não é
cristã. A obra evangelizadora não atingiu seus objetivos na Ásia e no Oriente,
barrada pelo islamismo, o budismo, o bramanismo além dos regimes políticos de
exceção da era stalinista, hitlerista e maoísta, entre outros da mesma escória.
Que razões poderiam ser elencadas?
Teria sido a divisão das correntes do cristianismo no século XVII? A ligação, à
época, da Igreja Católica com os governos absolutistas e colonialistas da
Europa que se dispuseram a impor coercitivamente o domínio político e religioso
aos gentios da Ásia, África e Oriente? As igrejas cristãs teriam optado pelo
regime de “cada um por si e Deus por todos”, na presunção de que a
divisão do rito, da obediência, da interpretação discrepante, bíblica e
dogmática da descentralização - a doutrina e a evangelização não se espalhariam
mais pelo mundo?
O fato é que, do século XX para cá, o
poder econômico tem se concentrado nas mãos dos maus em todas as esferas. Por
maior que seja o esforço dos evangélicos e católicos de recriarem o universo,
persiste a impressão que a humanidade sucumbe ao poder do Demônio. Na sua
primeira vinda, Jesus redimiu o mundo dessa escravidão, comissionando aos
discípulos anunciar as duas opções: crer para se salvar ou descrer para
condenação. Tudo está em Mateus 7.13 e Marcos 16.16. Todavia, para essa segunda
e definitiva etapa, vejo como leigo, que se torna imperativo que o Senhor
amplie pelo Espírito Santo a tarefa dos seus discípulos no mundo de hoje.
Daquele tempo de Jesus para a ultramodernidade dos nossos dias, o número da
população global atingiu a casa dos bilhões; a máquina mortífera da comunicação
de massa e o dinheiro permanecem com os ímpios e pecadores que destroem o
trabalho ”formiguinha” dos discípulos hodiernos; nos tempos bíblicos a
intolerância cristã dos chefes de estados era o óbice; ao passo que, na
atualidade, as ações da intolerância estão nas leis e nos códigos que se
multiplicam, nos costumes, nos lares, nas ruas e que somente o esforço do
Espírito Santo com maior intensidade e vigor, haverá de derrotar o Diabo
novamente. Por isso, não cesso a oração: “Senhor, não deixes que o mundo o
supere!”.
O grande Mário Andrade (1893-1945), na
sublime reflexão do “Valioso Tempo dos Maduros”, disse: “Já não tenho tempo
para conversas intermináveis”. “Meu tempo tornou-se escasso para debater
rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa”. Quero caminhar perto de
coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim,
basta o essecial”. Quanto a mim, Jesus Cristo é essencial!
(*) Escritor.
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