de Cristo,
Vitória sobre a morte
Bispo Alexander (Mileant).
Traduzido por Olga Dandolo
Ressurreição de Cristo - fundamento da nossa fé. É a primeira, a mais importante Verdade maior. Com a proclamação da Ressurreição de Jesus Cristo, os Apóstolos iniciavam seus sermões. Assim como com a morte de Cristo na Cruz foi realizada a purificação dos nossos pecados, também com a Sua Ressurreição nos foi dada a vida eterna. É por isso que para as pessoas de fé a Ressurreição de Cristo é a fonte da alegria constante, incessante júbilo, alcançando seu cume na festa da Santa Páscoa Cristã.
Nesta brochura relataremos como sucedeu a Ressurreição de Jesus Cristo, mostraremos a relação entre a Páscoa Cristã e páscoa dos hebreus do Antigo Testamento; citaremos as profecias do Antigo Testamento a respeito da Ressurreição do Salvador, contaremos o sentido (significado) da ressurreição de Cristo para nossa vida e a vida de toda humanidade. No final mostraremos os principais momentos do Ofício Divino e cânones de Páscoa.
Acontecimentos da Ressurreição
Provavelmente não existe uma única pessoa no mundo que não tenha ouvido falar a respeito da morte e Ressurreição do Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, naquele tempo, quando os fatos de sua morte e Ressurreição foram tão amplamente conhecidos, sua essência espiritual e seu sentido interior surgem como mistério da sabedoria de Deus, justiça e Seu amor infinito. Os maiores cérebros humanos, com impotência inclinavam-se perante esse mistério inconcebível da salvação. Não obstante, os frutos espirituais da morte e Ressurreição do Salvador são acessíveis à nossa fé e sensíveis ao coração. E graças à capacidade que nos foi dada de percebermos a luz espiritual da verdade Divina, somos convictos de que o Filho Encarnado de Deus em verdade morreu voluntariamente na Cruz para a purificação dos nossos pecados e ressuscitou para nos dar a vida eterna. Sobre esta convicção está baseada toda nossa concepção religiosa.
Agora, resumindo, vamos nos recordar dos principais acontecimentos ligados à Ressurreição do Salvador. Conforme narram os evangelistas, Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz na Sexta-feira, perto das 3 horas após o almoço, na véspera da páscoa hebraica. Naquela mesma noite, José de Arimatéia, um homem rico e honrado, juntamente com Nicodemus tiraram o corpo de Cristo da Cruz, ungiram-No com substâncias aromáticas, envolveram com linho (Sudário), conforme as tradições judaicas e sepultaram numa gruta de pedra. Essa gruta foi cortada por José para seu próprio sepultamento, mas por amor a Jesus cedeu-a. A referida gruta encontra-se no jardim de José, perto de Golgotá, onde Cristo foi crucificado. José e Nicodemus eram membros de Sanedrion (a corte suprema judaica) e ao mesmo tempo eram discípulos secretos de Cristo. A entrada da gruta, onde eles sepultaram o corpo de Jesus, foi fechada com uma enorme pedra. O sepultamento foi feito rapidamente e não conforme as leis, pois nessa noite iniciava-se a celebração da páscoa hebraica.
A despeito da celebração no Sábado de manhã, os sacerdotes e escrivães foram até Pilatos e pediram sua autorização para colocar soldados romanos para guardarem o túmulo. Foi colocado um lacre na pedra que fechava a entrada do sepulcro. Tudo isto foi feito como precaução, pois eles se lembraram das predições de Jesus Cristo, que Ele ressuscitaria no terceiro dia de sua morte.
Onde esteve o Senhor e Sua alma após Sua morte? Conforme a crença da Igreja, Ele desceu ao inferno junto com Seu sermão salvador e retirou de lá aqueles que acreditavam Nele (1 Ped. 3:19).
No terceiro dia após Sua morte, no Domingo, de manhã cedo, quando ainda estava escuro e os guardas se encontravam em seu posto na sepultura lacrada, o Senhor Jesus Cristo Ressuscitou dos mortos. O mistério da Ressurreição, assim como o mistério da encarnação, - são inconcebíveis. Com a frágil mente humana, nós entendemos esse acontecimento da seguinte maneira: que no momento da Ressurreição a alma do Filho de Deus voltou ao Seu corpo, e em conseqüência o corpo reviveu e ficou imortal, vivificado e espiritualizado. Depois disto, o Cristo ressuscitado deixou a caverna sem derrubar a pedra e sem violar o lacre. Os guardas não viram o que aconteceu na caverna, e após a Ressurreição de Cristo continuavam vigiando o túmulo vazio. Em seguida aconteceu um terremoto, e então um Anjo de Deus desceu do céu, afastou a pedra da entrada do túmulo e sentou-se sobre ela. Ele tinha a aparência de um raio e sua roupa era alva como a neve. Os guardas, assustados com o Anjo, fugiram.
Nem as esposas dos produtores de mirra, nem os discípulos de Cristo, sabiam de nada do acontecido. Como o sepultamento de Cristo foi feito rapidamente, as esposas dos produtores de mirra combinaram que iriam ao túmulo no dia seguinte ao dos festejos da páscoa hebraica, ou seja, no Domingo, e terminariam a unção do corpo do Salvador com aromas e bálsamos. Elas inclusive não tinham conhecimento dos guardas romanos nem do selo. Quando a aurora começava a surgir, Maria Madalena, "outra" Maria, Salomé e algumas outras mulheres honradas foram até o túmulo levando a mirra perfumada. Pelo caminho, elas refletiam perplexas: "Quem irá retirar a pedra do túmulo?" - pois, conforme explica o Evangelho, a pedra era imensa. A primeira que se aproximou do sepulcro foi Maria Madalena. Vendo a sepultura vazia, ela correu para trás até aos discípulos Pedro e João e contou-lhes a respeito do desaparecimento do corpo do Mestre. Um pouco mais tarde chegaram ao túmulo outras portadoras de mirra. Elas viram um jovem vestido de branco sentado do lado direito do túmulo, o qual lhes disse: "Não se assustem, posto que sei que vocês procuram pelo Cristo crucificado. Ele Ressuscitou. Andem e digam aos discípulos Dele que eles O verão na Galiléia." Emocionadas com a notícia inesperada, elas apressaram-se para ir ter com os discípulos.
Entretanto os Apóstolos Pedro e João, tendo ouvido de Maria sobre o acontecido, vieram correndo à caverna: Porém, tendo encontrado ali apenas a mortalha e o tecido o qual estava na cabeça dé Jesus, voltaram perplexos para casa. Depois disso Maria Madalena voltou ao local do sepultamento de Cristo e começou a chorar. Nesse momento ela viu na sepultura dois Anjos vestidos de branco, os quais estavam sentados - um à cabeceira, outro aos pés, de onde estivere deitado o corpo de Jesus. Os Anjos perguntaram-lhe: "Por que você está chorando?." Após ter respondido aos Anjos, Maria voltou-se e viu Jesus Cristo, mas não o reconheceu. Pensando que se tratava de um jardineiro, ela perguntou: "Meu senhor, se você O retirou (Jesus Cristo) então diga onde O colocou e eu O pegarei." Então, o Senhor disse para ela: "Maria!." Ao ouvir a voz conhecida e tendo se voltado para Ele, ela reconheceu a Cristo e gritou: "Mestre" e jogou-se a Seus pés. Mas o Senhor não permitiu que ela O tocasse, mas ordenou que fosse ter com os discípulos e lhes contasse sobre o milagre da Ressurreição.
Nessa mesma manhã os guardas chegaram até aos sumo-sacerdotes e lhes relataram a respeito da aparição do Anjo e da sepultura vazia. Essa notícia deixou as autoridades judaicas muito agitadas: Cumpriram-se seus pressentimentos inquietantes. Agora para eles antes de mais nada, era necessário preocupar-se para que o povo não acreditasse na Ressurreição de Cristo. Tendo reunido o conselho, eles deram muito dinheiro aos soldados ordenando que propagassem e espalhassem o rumor dizendo que os discípulos de Jesus à noite, na hora em que os guardas dormiam, roubaram Seu corpo. Assim fizeram todos os guardas, e o boato sobre o roubo do corpo do Salvador se manteve por longo tempo entre o povo, e até hoje é chamado o dicha mentira.
No primeiro dia de Sua Ressurreição, o Senhor apareceu algumas vezes aos seus discípulos, os quais se escondiam individualmente ou em pequenos grupos em diversos lugares de Jerusalém. De acordo com as tradições da Igreja, Cristo primeiramente apareceu à Sua Mãe e com isto consolou Sua aflição materna. Depois, o Senhor apareceu às outras esposas dos feitores de mirra, lhes dizendo: "Alegrem-se!" Elas, por sua vez, se apressaram em dividir esta alegria com outros Apóstolos. Nesse mesmo dia o Senhor apareceu ainda para o Apóstolo Pedro e a dois discípulos - Lucas e Cléofas que estavam a caminho de Emaús. À noite Ele apareceu para todos os Apóstolos, os quais estavam reunidos para condenar os boatos sobre Sua Ressurreição. Com medo dos judeus, eles se trancaram em uma das casas de Jerusalém (pela tradição na sala onde aconteceu a Santa Ceia e onde sete semanas após a Páscoa o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos).
Depois de uma semana, o Senhor novamente apareceu aos Apóstolos, incluindo Tomé, o qual estava ausente na primeira aparição do Salvador. Para dispersar as dúvidas de Tomé a respeito de Sua Ressurreição, o Senhor permitiu que ele tocasse Suas chagas, e Tomé, agora convencido, caiu aos Seus pés, exclamando: "Meu Senhor e meu Deus!" Conforme narram os evangelistas, durante o período de quarenta dias após Sua Ressurreição, o Senhor ainda apareceu algumas vezes aos Apóstolos, conversou com eles e dava-lhes as últimas instruções. Um pouco antes da Sua Ascensão o Senhor apareceu para mais de cinqüenta crentes.
No quadragésimo dia após Sua Ressurreição o Senhor Jesus Cristo, na presença dos Apóstolos subiu aos céus e desde então Ele está sentado à "direita" de Seu pai. Os Apóstolos, encorajados com a Ressurreição do Salvador e Sua gloriosa Ascensão, voltaram à Jerusalém para aguardar a descida do Espírito Santo sobre eles, conforme lhes prometeu o Senhor.
Conexão entre a páscoa do Antigo Testamento
e a Páscoa do Novo Testamento
Conforme sabemos, o tempo antigo era um período de preparação do povo hebreu para o advento do Messias. Por esta razão, alguns acontecimentos na vida do povo hebreu e especialmente as profecias dos profetas, referiam-se à vinda de Jesus Cristo e a chegada do Novo Testamento. O Antigo Testamento, através das palavras do Santo Apóstolo Paulo era o portador da criança para Cristo e "sombra de futuras bênçãos" (Gal. 3:24; Heb. 10:1).
A ocorrência mais significativa na história do povo Judeu foi a libertação da escravidão egípcia nos tempos do profeta Moisés, a 1.500 anos antes de Cristo. Esta libertação passou a ser comemorada como a festa nacional da páscoa dos judeus, juntamente com outros acontecimentos, em conexão com a libertação do Egito: a morte, pelo Anjo, dos primogênitos egípcios e a graça das crianças judias em cujas casas eram feitos sinais de sangue do cordeiro de páscoa (daí a palavra "Páscoa" - "passar perto;") o milagre da passagem pelo Mar Vermelho e aniquilaço das tropas egípcias que perseguiam os israelitas; e então o recebimento da Lei (os Dez Mandamentos) no monte Sinai, pelo povo judeu. Foi quando o povo hebreu passou a ser considerado como o povo de Deus. Desde aquele tempo, os judeus festejando a páscoa e seguindo os costumes dos seus antepassados, com orações e cerimônias simbólicas fazem oferendas, mas eles fazem com o cordeiro pascal.
Na a coincidência significativa da morte e Ressurreição do Nosso Senhor Jesus Cristo com os festejos da páscoa dos hebreus, é preciso notar a indicação de Deus na ligação interior profunda entre estes dois acontecimentos, a respeito dos quais o Santo Apóstolo Paulo escreve detalhadamente em sua epístola aos Hebreus. Confrontaremos a seguir os acontecimentos paralelos das duas Páscoas.
Páscoa do Antigo Testamento
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Páscoa do Novo Testamento
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O empenho do cordeiro sem defeito de Páscoa a salvação dos primogênitos israelitas com o sangue dele (Gen. 12).
A passagem milagrosa dos israelitas no Mar Vermelho e a salvação da escravidão egípcia (Exo.14:22).
A legislação no Monte Sinai no 50o dia após a saída do Egito e a conclusão da aliança com Deus (Exo. 19).
O saborear milagroso do maná enviado pôr Deus (Exo. 16:14).
A peregrinação de 40 anos pelo deserto e as diversas provações, as quais reforçaram nos israelitas a fé em Deus. A colocação da serpente de bronze. O hebreu que a olhasse era salvo de ser mordido pôr serpentes venenosas (Num. 21:9).
A entrada dos hebreus na terra prometida por nova Ter- seus pais.
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A crucificação do Cordeiro de Deus, por Cujo Sangue os primogênitos do Novo Testamento (cristãos) são salvos (1 Ped. 1:19).
O batismo na água e a salvação do domínio do demônio (1 Cor. 10:1-2; veja também em Romanos o 6o e 7o capítulos).
A vinda do Céu do Espírito Santo sobre os Apóstolos no 50o dia após a Páscoa e a instituição do Novo Testamento (Ato. 2).
O saborear do pão Celestial - Corpo e Sangue de Cristo na Liturgia (Joã. 6o capítulo).
Provações e dificuldades da vida que cada cristão tem de suportar. Livramento e salvação do remordimento da serpente espiritual, demônio, através da força da Cruz (Joa. 3:14).
A promessa de novos céus e uma nova Terra, onde habitará a verdade (2 Ped. 3:13).
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Nós podemos ver nestas comparações de acontecimentos pascais que os da páscoa do Antigo Testamento anteciparam as grandes mudanças espirituais as quais seriam concretizadas na vida dos homens após a Ressurreição do nosso Salvador. Eis porque os Apóstolos, comemorando a Páscoa do Novo Testamento afirmavam: "Nossa Páscoa - Cristo, foi sacrificado por nós!" (1 Cor.5:7).
Ressurreição de Cristo
Muitos profetas do Antigo Testamento se pronunciam a respeito da Ressurreição do Messias. Dentre eles, deve-se destacar aqueles que profetizavam que o Messias seria não somente um homem, mas também Deus e por conseguinte, será imortal por Sua divina natureza. Vejamos, por exemplo: Salmos: 2, 44 e 109; Gen. 9:6; Jer.23:5; Miq. 5:2; Mal. 3:1. Também profecias a respeito do Reino Eterno foram feitas, por exemplo: Gen. 49:10; 2 Sam 7:13; Salm 131:11; Ezeq 7; Dan 7:13; pois, o Eterno Reino espiritual se supõe ao Rei imortal.
Entre as profecias corretas sobre a Ressurreição de Cristo, a mais clara vem a ser a de Isaias, 700 anos antes de Cristo, que ocupa todo o capítulo 53 de seu livro. O profeta Isaias, o qual escrevendo o sofrimento de Cristo com tantos detalhes, como se estivesse presente aos pés da Cruz, termina sua narração com as seguintes palavras:
"A Ele foi destinado o túmulo com os malfeitores, mas Ele foi sepultado num túmulo de alguém rico, pois não cometeu pecado, e não havia mentira em seus olhos. Mas Deus achou apropriado entregá-lo ao sofrimento. Porém quando Sua alma trouxer o sacrifício da conciliação, Ele verá eterna a futura geração. E a vontade de Deus será cumprida pela mão Dele com êxito. Na proeza de Sua alma Ele vai olhar com benevolência. Através de Seu conhecimento, Ele, o Justo, Meu Servo, absolve a muitos e levará seus pecados sobre Sí. Por isso Eu Lhe darei parte entre os grandes e Ele irá dividir o prêmio com os fortes."
As palavras finais desta profecia falam diretamente que o Messias, após Seus sofrimentos de salvação e morte, Ressuscitará e será glorificado pelo Deus Pai.
A respeito da Ressurreição de Cristo, o rei Daví também fez profecias no salmo 15, em nome de Cristo, onde diz: "Ponho sempre o Senhor diante dos olhos; pois que Ele está à minha direita, não vacilarei. Por isso Meu coração se alegra e Minha alma exulta. Até Meu corpo descansará seguro. Porque Tu não abandonarás Minha alma na habitação dos mortos, nem permitirás que Teu Santo conheça a corrupção. Tu Me ensinarás o caminho da vida; há abundância de alegria junto de Tí e delícias eternas à Tua direita" (Salm 15:8-11. Veja também Ato 2:25 e 13:35).
Desta maneira, os profetas estabeleceram ao seu povo o fundamento da fé concernente a chegada e Ressurreição do Messias. Eis porque os Apóstolos propagavam com tanto sucesso a fé na ressurreição de Cristo, entre o povo hebreu, a despeito dos obstáculos colocados pelos chefes religiosos da nação hebraica.
Da Ressurreição De Cristo
"Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão" (1 Cor. 15:22). Estas palavras apostólicas dizem não apenas sobre a ressurreição física das pessoas, mas em primeiro lugar, sobre o renascimento da alma. Assim como a morte se dá de duas maneiras - espiritual e física, assim também é a ressurreição - espiritual e física. A morte de Adão, como resultado de prejuízo moral, passou para todas as pessoas. A Ressurreição de Cristo apareceu como o início de nossa ressurreição espiritual, o despertar da tendência espiritual dentro de nós, e também o renascimento moral. Com referência a esta ressurreição espiritual dos crentes, Deus disse: "Vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão" (Joã 5:25).
Em vista disto, na iminência da ressurreição de todos os mortos, deve-se diferenciar a ressurreição temporária daqueles mortos os quais o Senhor Jesus Cristo e Seus discípulos ressuscitavam, conforme o Evangelho e os Livros dos Apóstolos. Por exemplo: a ressurreição da filha de Náira, do filho da viúva de Nain e de Lázaro, o qual já estava no caixão há quatro dias, e outros. Aquelas eram as ressuscitações temporárias tanto que, após um determinado tempo os ressuscitados novamente morreram, assim como todas as pessoas. Porém, a ressurreição universal dos mortos será eterna na qual as almas das pessoas se unirão para sempre com seus corpos. - Diante da ressurreição universal, as pessoas justas e corretas se erguerão transformadas, inspiradas e imortais. O primeiro ressuscitado com este corpo renovado e inspirado foi o Senhor Jesus Cristo, a quem o Apóstolo chama de "Primícia dos que morreram" (1 Cor. 15:20). Então, no Reino de Seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça (Mat. 13:43).
A festa da Páscoa cristã é celebrada pelos cristãos ortodoxos com imensa alegria porque eles, nos dias da Páscoa, mais do que em outras épocas, sentem a força do renascimento da Ressurreição de Cristo - cuja força destitui o domínio das trevas, libertou as almas do inferno, abriu as portas para o Paraíso, venceu os laços da morte, derramou vida e luz nas almas dos crentes. É admirável ainda, que a alegria da Páscoa se dissemina para uma quantidade tão grande de pessoas - não apenas nos que crêem profundamente mas também naqueles mais afastados de Deus. Na Páscoa o mundo todo, e parece que até a natureza sem alma, se alegram pela vitória da vida perante a morte.
Não existe missa mais iluminada e radiante do que a da Páscoa Ortodoxa. A missa da Páscoa inicia-se com a procissão ao redor da Igreja, com velas acesas nas mãos de todos os fiéis e com o cântico: "Tua Ressurreição, Ó Cristo Salvador; Os Anjos cantam nos Céus: e Concede a nós na terra Te glorificar com o coração puro." Essa procissão relembra o cortejo das mulheres que foram ao túmulo do Salvador, pela manhã bem cedinho para ungir com mirra Seu Corpo Sagrado. Tendo contornado a Igreja, a procissão detêm-se diante das portas principais fechadas e o sacerdote inicia as Matinais exclamando: "Salve Santíssima, consubstancial criadora da vida e indivisível Trindade...." Em seguida, todos os sacerdotes e diáconos (como o anjo que anunciou a Ressurreição de Cristo), cantam por três vezes: "Cristo ressuscitou dos mortos, repara a morte com a morte, e àqueles que estão no túmulo a vida é dada." O canto dos sacerdotes é seguido pelo côro. Então, o sacerdote mais velho proclama as palavras proféticas do salmo: "Que Deus ressuscite e disperse Seus inimigos." As palavras finais de cada verso são seguidas pelo canto alegre do côro "Cristo ressuscitou." Em seguida os sacerdotes e diáconos repetem o início do troparion: Cristo ressuscitou dos mortos, repara a morte com a morte, e o côro termina: "e àqueles que estão no túmulo a vida é dada. Nesse instante as portas da Igreja são abertas, todos entram e inicia-se a grandiosa ladainha (pequenos pedidos) com o cântico: "Senhor, tem piedade"; em seguida canta-se os cânones de Páscoa: é "dia da Ressurreição," composto por São João de Damascus.
Durante esses cânticos, os sacerdotes repetidamente incensam o templo inteiro e fazem saudação aos fiéis com as palavras: "Cristo ressuscitou!," à qual todos respondem com vigor: Em verdade ressuscitou." Ao final da Matinal é lido o sermão inspirador de São João Chrisóstomo, o qual inicia-se com as palavras: "Quem quer que seja devoto..."
As habituais "Horas" não são lidas; elas são substituídas por cânticos de hinos de Páscoa. A Liturgia inicia-se logo após a "Zaútrinia." Em lugar dos Salmos habituais, são cantados antífonas especiais (pequenas preces com versos); em lugar do cântico da Trindade, é cantado "Tantos quantos foram batizados em Cristo. O Evangelho lido é a respeito do nascimento imortal do Filho de Deus de Deus Pai e da Divindade de Jesus Cristo, Verbo de Deus (Joã. 1:1-17), o qual Ele provou através de Sua Gloriosa Ressurreição. Quando são vários sacerdotes que estão presente no ofício, o Evangelho é lido em vários idiomas; isto significa que os Apóstolos pregavam a várias nações a respeito da Ressurreição, em seu idioma nativo.
Em lugar do cântico usual glorificando a Virgem Maria, é cantado:
"O Anjo proclamava à Abençoada: Virgem, Pura, alegra-Te! E novamente eu digo: Alegra-Te! Teu Filho ergueu-se do túmulo no terceiro dia após a morte e ressuscitou os mortos: povo, alegre-se!"
Seja glorificada, seja glorificada, Nova Jerusalém (Igreja de Cristo), pois sobre você brilhou a Glória de Deus: celebra e festeja Sion (Igreja de Cristo)! E Tu, Pura, alegra-Te com a Ressurreição dAquele que nasceu de Tí!
Após, é feita a consagração do "Artos" (Pão bento). Este é um Pão especial, onde é representada a Ressurreição de Cristo. No seguimento do ofício o "Artos" é partido em pedaços e distribuído entre os crentes em memória à aparição do Cristo ressuscitado aos Apóstolos Lucas e Cleópas (os quais O reconheceram após Ele Ter partido o pão). No primeiro dia da Santa Páscoa são benzidos ovos, queijo e manteiga, e também panetones, com os quais os crentes terminam com o jejum. No dia da Santa Páscoa, os cristãos ortodoxos se cumprimentam entre sí com beijo fraterno com as palavras: "Cristo ressuscitou" e fazem troca de ovos vermelhos, os quais simboliza a Ressurreição. Durante todos os dias da Semana da Páscoa, as portas do Altar permanecem abertas como sinal de que a Ressurreição de Cristo abriu a todas pessoas a entrada para o Céu. Começando com o primeiro dia da Santa Páscoa até a Vesperal da Santíssima Trindade (durante 50 dias) não se deve fazer reverências ou saudações até o chão.
1o cântico
Eirmos: É o dia da Ressurreição! Fiquemos radiantes, homens! Páscoa! A Páscoa de Deus! Pois Cristo nosso Deus nos trouxe da morte para a vida e da terra para o Céu, enquanto cantamos hinos de triunfo!
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos (antes de cada troparion).
Purifiquemos nossos sentimentos e veremos Cristo, iluminado pela luz inacessível da Ressurreição, e ouviremos claramente Dele: "Alegrem-se!" enquanto cantamos hinos de triunfo.
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Os Céus dignamente se alegrarão, o universo estará feliz, e o mundo inteiro, visível e invisível, estará em festa, pois Cristo, nossa eterna felicidade, se ergueu - alegria eterna!
3o cântico
Eirmos: Venham, bebamos da nova bebida, que não brotou milagrosamente de uma pedra árida, mas da fonte incorruptível - o Túmulo de Cristo, em Quem nos sustentamos (Exo. 17:6).
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Agora tudo encheu-se de luz - o céu e a terra, e lugares mais ocultos; que toda criação celebre a Ressurreição de Cristo, na Qual nos afirmamos.
Ontem eu fui sepultado conTigo, Oh Cristo, e hoje eu me ergo conTigo ressuscitado; ontem eu fui crucificado conTigo. Glorifica-me. Oh Salvador, em Teu Reino (Rom. 6:3-4).
4o cântico
Eirmos: Possa o divino profeta Habacuc colocar-se conosco em guarda e nos mostrar o Anjo iluminado dizendo claramente: hoje a salvação veio ao mundo, pois Cristo ressuscitou como Onipotente (Hab. 2:1, Is. 9:6).
Refrão: Cristo Ressuscitou dos mortos.
Nossa Páscoa - Cristo se revelou como do sexo masculino, como filho do ventre da Virgem. Ele é chamado de Cordeiro - como oferenda para alimento - como Purificador do mal e como Deus verdadeiro - proclamado perfeito (Exo. 12:5).
Cristo, nossa Corôa abençoada - como um cordeiro novo, voluntariamente Se sacrificou por todos na Páscoa purificadora, e novamente resplandeceu, Sol magnífico da verdade.
Davi, o antepassado de nosso Divino Deus, dançava com todas as suas forças diante da Arca do Senhor; e nós, povo abençoado de Deus, vendo a execução dos protótipos, nos alegremos divinamente, pois Cristo ressuscitou, como Onipotente! (2 Sam. 6:14).
5o cântico
Eirmos: Vamos nos erguer no profundo amanhecer e em lugar da mirra, oferecer um hino ao Senhor, e veremos a Cristo - Sol da verdade, instrutor da vida para todos.
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Tendo visto a Sua infinita misericórdia, Oh Cristo, aqueles mantidos nas cadeias do inferno, alegremente apressaram-se para a luz, glorificando a Páscoa eterna!
Com lanternas nas mãos, vamos ao encontro de Cristo, saído do túmulo como um noivo, e com fileira de Anjos celebrando, celebremos a Páscoa do Deus da Salvação.
6o cântico
Eirmos: Tu desceste, Oh Cristo, às profundezas ocultas da terra e destruíste as eternas barreiras que mantinham os prisioneiros cativos, e no terceiro dia, tal qual Jonas saiu do ventre da baleia, saíste do túmulo (Jon. 2:11).
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Tendo mantido o lacre da Virgem intacto com Teu nascimento, Oh! Cristo, Tu Te ergueste do túmulo sem violar o lacre, e nos abriste as portas do Paraíso.
Oh, meu Salvador, como Deus, Sacrifício indestrutível! Voluntariamente Se oferecendo ao Pai, Tu, Te ergueste do túmulo, ressuscitaste junto a Adão.
Kondaquion
Não obstante que Tu desceste ao túmulo, Oh Imortal, entretanto Tu exterminaste o povo do inferno, e Te elevaste novamente como vencedor, Oh, Cristo, nosso Senhor, dizendo às mulheres que portavam a mirra: alegrem-se! E dando paz aos Seus Apóstolos, e oferecendo Ressurreição aos arruinados.
Ikos: As portadoras de mirra solteiras que anteciparam a aurora e buscaram, como aqueles que procuram o dia, seu Sol, Aquele que era antes do sol e que uma vez esteve no túmulo. E elas gritaram reciprocamente: Amigos, venham, vamos ungir com aromas Seu Corpo Vivificante e sepultado - a Carne Que ergueu Adão, e Que agora está no túmulo. Vamos, apressemo-nos, vamos venerar; e vamos levar a mirra como um presente a Ele, que está enrolado, mas ainda não enfaixado, e sim na mortalha (sudário). E vamos chorar e clamar: Levanta-Te, Oh! Senhor, Que ofereceu a Ressurreição aos caídos.
Tendo contemplado a Ressurreição de Cristo, vamos adorar o Sagrado Senhor Jesus, o único Impecável. Nós veneramos Tua Cruz, Oh! Cristo, e Sua Santíssima Ressurreição nós louvamos e glorificamos; por Tua habilidade, nosso Deus, só conhecemos a Tí; nós chamamos por Teu nome. Oh, venham, todos fiéis, vamos venerar.
Sagrada Ressurreição de Cristo. Através da Cruz, a alegria chegou para o mundo todo. Eterno louvor ao Senhor, vamos glorificar Sua Ressurreição. Pela Cruz, Ele destruiu a morte pela morte. (repetir 3 vezes).
Jesus, tendo se erguido do túmulo, conforme Ele profetizou, nos deu a vida eterna e grande misericórdia. (repetir 3 vezes).
7o cântico
Eirmos: Ele, Que salvou as crianças da fornalha, se fez homem, sofreu, como um mortal, e através do Seu sofrimento, vestiu a mortalidade com a graça da imortalidade. O único Deus dos homens, Abençoado e Glorioso.
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
As mulheres sábias e devotas Te seguiam com a mirra; mas Aquele que elas procuravam com lágrimas como morto, elas reverenciaram com alegria, como ao Deus vivo, e contaram aos Teus discípulos, Oh! Cristo, as boas notícias da Páscoa mística.
Nós celebramos a mortificação da morte, a destruição do inferno, o início de outra vida, a vida eterna e saltamos de alegria e glorificamos o Responsável por tudo, o único Deus dos homens, Abençoado e Glorioso (Ose. 13:14).
Pela verdade a santíssima e supremas festa é esta noite de salvação radiante de Luz, o prenúncio do dia brilhante da Ressurreição, na qual a Luz Eterna brilhou do Túmulo materialmente, para todos.
8o cântico
Eirmos: Este é o Dia escolhido, o único, o primeiro dos sábados - a festa das festas e o triunfo dos triunfos; neste dia bendizemos Cristo para sempre!
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Vinde ao dia glorificado da Ressurreição, compartilhemos do fruto do novo vinho, divina felicidade, Reino de Cristo, glorificando-O, como Deus, para sempre.
Lança o teu olhar, Oh! Sion, e olha ao teu redor: Eis que se estenderam as tuas crianças, como luzes divinas do norte, sul, leste, do mar e do levante, Abençoando em Tí Cristo, para sempre (Isa. 60:4).
Pai, Todo Poderoso, e Palavra e Espírito - Único Ser em três Unidades, Altíssimo e Divino! Em Tí nós fomos batizados e iremos Te glorificas para todo o sempre.
9o cântico
Eirmos: Brilha, brilha, nova Jerusalém; pois a Glória do Senhor brilhou sobre tí; festeja e alegra-te agora, Oh! Sion. E Tu, a Pura Mãe de Jesus, alegra-Te pela ascensão Dele, a Quem deste a Luz (Isa. 60:1).
Refrão: Cristo ressuscitou dos mortos.
Oh, como é divina, dócil e maravilhosa a Tua palavra, Oh Cristo! Tu prometeste estar conosco até o fim do mundo. Tendo esta esperança de apoio, nós, crentes, nos alegramos (Mat. 28:20).
Oh, Páscoa, Magnífica e Sagrada, Oh, Cristo! Força e palavra de Deus! Permita a nós nos unirmos completamente a Tí no dia infinito do Teu Reino (Cor. 5:7; 13:12).
Refrão1: Glorificai, Oh, minha alma, Cristo o doador da vida, Aquele que se ergueu do Túmulo no 3o dia. Brilha, brilha, nova Jerusalém; pois a Glória do Senhor brilhou sobre tí; festeja e alegra-te agora, Oh! Sion. E Tu, a Pura Mãe de Jesus, alegra-Te pela ascensão Dele, a Quem deste a Luz.
Refrão 2: Glorificai, Oh, minha alma, Cristo o doador da vida, Aquele que se ergueu do Túmulo no 3o dia.
Refrão 3: Cristo na Nova Páscoa, a Vítima viva sacrificada, o Cordeiro de Deus Que tirou os pecados do mundo.
Troparion: Oh Divina, Oh Querida, Oh doce Voz! Tú, oh Cristo, nos prometeste fielmente estar conosco até o fim do mundo. E nos apoiando firmemente nesta promessa como uma ancora de esperança, nós os devotados nos alegramos.
Refrão 4: O Anjo gritou para Aquela que é cheia de Graça: Alegra-Te, Virgem Pura! E de novo eu digo: Alegra-Te! Teu Filho ressuscitou do Túmulo no 3o dia e ressuscitou os mortos. Alegra-se, povo! (repetir novamente: "Oh Divina, Oh Querida").
Refrão 5: Rugindo majestosamente, como o Leão de Judá, Tu adormeceste, e Tu ergueste os mortos de todos os tempos passados. (repetir novamente: "Oh Divina, Oh Querida."..).
Refrão 6: Maria Madalena correu ao sepulcro e viu Cristo e falou com Ele como se fosse jardineiro.
Troparion: Oh, Páscoa Grande e Sagrada, Cristo! Oh, Sabedoria, Palavra e Povo de Deus! Permita que possamos com a máxima perfeição, partilhar de Tí no Dia infinito do Teu Reino.
Refrão 7: O Anjo resplandecente falou às mulheres: Parem com as lágrimas, pois Cristo ressuscitou.
Refrão 8: Povo, alegre-se, pois Cristo ressuscitou, pisou na morte e ressuscitou os mortos.
Refrão 9: Hoje toda humanidade está feliz e alegra-se, pois Cristo ressuscitou e o inferno foi vencido.
Refrão 10: Hoje o Mestre conquistou o inferno e ergueu os prisioneiros dos tempos, os quais estavam presos num amargo cativeiro.
Refrão 11: Alegra-Te, Oh Virgem! Alegra-Te, Oh Abençoada! Alegra-Te, Oh Gloriosa! Pois Teu Filho ressuscitou do Túmulo no 3o dia. "Katabasia": Brilha, brilha, nova Jerusalém; pois a Glória do Senhor brilhou sobre tí; festeja e alegra-te agora, Oh! Sion. E Tu, a Pura Mãe de Jesus, alegra-Te pela ascensão Dele, a Quem deste a Luz.