sábado, 11 de junho de 2016

 PINTURA DO AUTOR

HOJE TEM GOIABADA? TEM SIM SENHOR!
HOJE TEM MARMELADA? TEM SIM SENHOR!
E O PALHAÇO O QUE É? É LADRÃO DE MULHER!
(Jargão tradicional do circo mambembe)

O CIRCO CHEGOU!
De: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Com esse título estou escrevendo alguma coisa para resgatar a lembrança da minha infância, porém com o escopo maior de apresentar gravuras produzidas por jovens desenhistas, sob o comando do meu neto Carlos Victor Rosso Gomes Caldas, que já fez a sua estréia com o meu livro "Amor de Verão", em janeiro deste ano.
Na vida de cada um de nós existe uma história especial envolvendo o Circo, notadamente quando a memória registra a convivência nas cidades do interior, onde as coisas eram postas de forma diferente.
Geralmente eram os Circos Mambembes, onde as lonas eram remendadas e havia permissão para se levar as cadeiras de casa para se ter mais conforto, mas também aprendemos a conviver com os circos catedrais.
Gostaria de contar com a colaboração dos meus leitores para acrescentarem nomes de circos de de palhaços que conheceram para melhor espelhar a verdade dessa história tão tocante à nossa existência:

CIRCOS: Circo Nerino, Circo Garcia, Circo Thiany, Circo Orlando Orfei, Cirque Du Soleil, Gran Circo Bartolo, Circo Grock, Circo D’ Itália, Circo Continental, Circo Copacabana, Circo Monaco, Circo União, Circo Beija-Flor, Circo Saturno, Circo Esperança, Circo da Cultura, Circo da Luz, Beto Carrero e muitos outros. Grupos de Teatro de Comédia Xaranga do Riso, Tropa Trupe, Los Feitoza, Trotamundos, Saltimbancos, Clowns de Shakespeare.

PALHAÇOS: Nomes de palhaços mais conhecidos: Arrelia, Algaroba, Atchim & Espirro, Batorezinho, Bicolim, Bozo, Bolinha, Buscapé, Carequinha e Fred, Cabeleira, Caveira, Catacumba, Cuscuz, Chaleco e Porpeta, Chimarrão, Cocorote, Dureza, Estilingue, Espaguete, Espirro, Facilita, Ferrugem, Gordurinha, Leiturino, Macarrão, Moleza, Maruim, Malazarte, Pipoquinha, Paulinho, Pangaré, Puro Sangue, Pirulito, Pepa Plana, Piolim, Pára-choque, Pimentinha, Pinguinho, Priziaca,  Patati Patatá, Piruá, Run Montila, Torresmo, Tiririca, Tirinêt, Tio Flay, Tamborete, Tapioca, Teleco e Teco, Tição, Xaréu, Xereta, Xixi e inúmeros outros.

AGUARDO A COLABORAÇÃO DOS LEITORES.


sexta-feira, 10 de junho de 2016

VÁ SE AGENDANDO


ATENÇÃO POETAS, SERESTEIROS, BOÊMIOS, FESTEIROS, ROMÂNTICOS ENAMORADOS!...

A produção do Projeto SERENATAS LUAR DE NATAL tem imenso prazer de comunicar que teremos SERENATA no próximo dia 24 DE JUNHO/2016, sexta-feira, a partir das 19 horas, realizando-se as apresentações nos percursos boêmios e seresteiros do Centro Histórico de Natal (Cidade Alta).
Nessa edição temática do projeto SERENATAS LUAR DE NATAL teremos a Serenata Junina Romântica Luar de Natal, diferenciando-se das anteriores por contar com uma programação voltada para ressaltar tanto o tradicional cancioneiro romântico e boêmio da cidade quanto às expressões poéticas e musicais clássicas do ciclo junino, revelando uma nova faceta das SERENATAS LUAR DE NATAL.
Com tudo isso, então, além do maravilhoso roteiro musical e boêmio costumeiro, o público contemplado com a Serenata Junina, coroando o percurso da noite, todos e todas terão a oportunidade de participar da I NAMORADILHA DE NATAL, oportunidade na qual haverá a apresentação da Namoradilha improvisada, a ser puxada e animada pelos artistas Ricardo Buhiú e Nena Gonzaga.
Além do mais, a SERENATA LUAR DE NATAL contará com as apresentações luxuosas dos cantores ISAQUE GALVÃO e NARA COSTA, acompanhados pelo Grupo Seresteiros Luar de Natal  e terá Sarau Poético com récita de poemas de época.
Cantores, poetas, boêmios e público seresteiro integram o projeto SERENATAS LUAR DE NATAL, contando, nessa edição,  com a participação direta dos seguintes músicos instrumentistas:  Ricardo Baya (Viola); Artur Canuto e Ricardo Menezes (Violões); Gilberto Cabral (Trombone); Carlos Zens (Flauta); Robinho (Cavaquinho); Chumbinho (Bandolim); Miguel (Sax); Jailton Torres e Samir Tárik (Percussão): Lipe (Sanfona). Recital poético: poesias juninas.
O Projeto SERENATAS LUAR DE NATAL é Coordenado por Mary Stella Bezerril, tendo Francisco Alves da Costa Sobrinho na Produção Cultural; Rick Ricardo: Assistência de Produção e Documentação; Coordenação musical de Ricardo Baya. Conta com apoio da Lei Djalma Maranhão de Incentivo à Cultura de Natal – Prefeitura do Natal – Funcarte - e tem patrocínio da PROMATER.

-Não há ingresso ou qualquer cobrança para participação: é só chegar e se inserir!

quinta-feira, 9 de junho de 2016



Em torno do tempo
(Lívio Oliveira)

O que traduziria as memórias dos meus primeiros passos na casa e na rua da infância? Como resgatar e reescrever os cheiros do quintal pleno de árvores, movimentos inquietos e sonhos? Quantos afetos estão retidos no tempo atual e que me impedem o olhar limpo para o mundo que deixei nas gavetas em que guardava os meus brinquedos infantis? Torço para que o tempo desfaça suas travas e abra logo a porta ao sereno do dia longínquo em que estabeleci metas de vida e de esperança.

Talvez a porta dê para o Barro Vermelho ou para as paisagens rústicas e místicas do Seridó ancestral. Nesses dois lugares larguei os bisacos em que levava apetrechos idílicos e páginas em branco da vida que queria ver escrita. As palavras que consegui manter nos bolsos da bermuda são as que me ajudaram a edificar a nova casa incompleta, inconclusa e pequena.

A casa não tem sótão e nem porão, mas a visitam fantasmas e estrangeiros, cada qual trazendo notícias dos jornais de ontem, às vezes em outras línguas, desconhecidas. Faz-se obrigatório o soerguimento de regras para o porvir, permitindo que a estrada se prolongue em busca do horizonte e de códigos de comunicação eficazes com a era que busco inaugurar no peito.

Tenho em mim ainda acesa alguma chama daquele sol que nos banhava nas ruas Segundo Wanderley (primeiro nome de poeta que ouvi), Meira e Sá e Coronel João Gomes. Entre as avenidas Jaguarari e Olinto Meira ficava o quadrilátero central das circunstâncias infantis. As brincadeiras, as brigas, a correria, as quedas das árvores e dos muros, tudo se projetando de forma diferente e incômoda nas lides da atualidade. E tudo obtendo refluxos no inconsciente que se tenta converter em arte.

No Barro Vermelho foi onde tive ciência da poesia da vida e da poesia dos livros, da arte literária. Lá foi onde vi e ouvi Gilberto Avelino cantando elegias. Foi ali onde recebi os poemas mágicos e os conselhos de Luís Carlos Guimarães. É do Barro Vermelho a história cotidiana que nos conta incessantemente Woden Madruga, sem esquecer que o hoje logo se transfere para a memória e toma outros nomes que ainda não aprendemos. Só a mudança do tempo nos ensina e nos dita, trazendo a inexorabilidade dos caminhos desconhecidos.

Também não consigo afastar as lembranças das caminhadas debaixo da luminosidade solar e pisando no chão de poeiras quentes e pedras de fogo do Seridó. Jamais deixarão de ter lugar em minha mente as imagens do povo forte e da rusticidade das cenas em tons pastéis. Os açudes, em períodos de secas ou cheias, sempre transbordando imaginações supersticiosas dos meus quereres afogados. As primeiras maravilhas sensuais das meninas nas canoas ou nas redes de tornos e entornos. Os passarinhos que ainda passeiam nas ventanias do meio-dia da minha existência.

Assunto: Curiosidades do Império brasileiro.
Curiosidades do Império brasileiro, conforme as fontes: Biblioteca Nacional, IMS, Coleção Teresa Cristina, Diário de Pedro II, Correspondências do acervo do Museu Imperial de Petrópolis, Biografias como As Barbas Do Imperador, Imperador Cidadão, Filho de uma Habsburgo, Chico Xavier e D. Pedro II, Cartas da Imperatriz, Teatro de Sombras, Construção da Ordem, D. Pedro II Ser ou Não Ser, Acervo Museu Histórico Nacional entre outros.
O Imperador pegava empréstimos no Banco do Brasil para pagar suas viagens. Sua tolerância com a imprensa era grande. Hoje qualquer deputado estadual tem mais regalias com recursos públicos do que a família imperial à época. Moralmente, regredimos.
(1880) O Brasil era a 4º Economia do Mundo e o 9º Maior Império da História.
(1860-1889) A Média do Crescimento Econômico era de 8,81% ao Ano.
(1880) Eram 14 Impostos, atualmente são 92.
(1850-1889) A Média da Inflação era de 1,08% ao Ano.
(1880) A Moeda Brasileira tinha o mesmo valor do Dólar e da Libra Esterlina.
(1880) O Brasil tinha a Segunda Maior e Melhor Marinha do Mundo. Perdendo apenas para Inglaterra.
(1860-1889) O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no Mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais.
(1880) O Brasil foi o maior construtor de estradas de Ferro do Mundo, com mais de 26 mil Km.
Outras :
1. A média nacional do salário dos professores estaduais de Ensino Fundamental em (1880) era de R$ 8.958,00 em valores atualizados.
2. Entre 1850 e 1890, o Rio de Janeiro era conhecido na Europa como "A Cidade Dos Pianos" devido ao enorme número de pianos em quase todos ambientes comerciais e domésticos.
3. O bairro mais caro do Rio de Janeiro, o Leblon, era um quilombo que cultivava camélias, flor símbolo da abolição, sendo sustentado pela Princesa Isabel.
4. O Maestro e Compositor Carlos Gomes, de "O Guarani" foi sustentado por Pedro II até atingir grande sucesso mundial.
5. Pedro II tinha o projeto da construção de um trem que ligasse diretamente a cidade do Rio de Janeiro a cidade de Niterói. O projeto em tramito até hoje nunca saiu do papel.
6. Em 1887, Pedro II recebeu os diplomas honorários de Botânica e Astronomia pela Universidade de Cambridge.
7. Ratificando boatos, D. Pedro II e o Barão/Visconde de Mauá eram amigos e planejaram juntos o futuro dos escravos pós-abolição. Infelizmente com o golpe militar de 1889 os planos foram interrompidos.
8. Oficialmente, a primeira grande favela na cidade do Rio de Janeiro, data de 1893, 4 anos e meio após a Proclamação da República e cancelamento de ajuda aos ex cativos.
9. Na época do golpe militar de 1889, D. Pedro II tinha 90% de aprovação da população em geral. Por isso o golpe não teve participação popular.
10. José do Patrocínio organizou uma guarda especialmente para a proteção da Princesa Isabel, chamada "A Guarda Negra". Devido a abolição e até mesmo antes na Lei do Ventre Livre , a princesa recebia diariamente ameaças contra sua vida e de seus filhos. As ameaças eram financiadas pelos grandes cafeicultores escravocratas.
Mais estas:
1. O Paço Leopoldina localizava-se onde atualmente é o Jardim Zoológico.
2. O Terreno onde fica o Estádio do Maracanã pertencia ao Duque de Saxe, esposo da Princesa Leopoldina.
3. Santos Dumont almoçava três vezes por semana na casa da Princesa Isabel em Paris.
4. A ideia do Cristo na montanha do corcovado partiu da Princesa Isabel.
5. A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, em todos imóveis da família.
6. D. Pedro II tentou ao parlamento a abolição da escravatura desde 1848. Uma luta contra os poderosos fazendeiros por 40 anos.
7. D. Pedro II falava 23 idiomas, sendo que em 17 era fluente.
8. A primeira tradução do clássico árabe "Mil e uma noites" foi feita por D. Pedro II, do árabe arcaico para o português do Brasil.
9. D. Pedro II doava 50% de sua dotação anual para instituições de caridade e incentivos para educação com ênfase nas ciências e artes.
10. D. Pedro Augusto Saxe-Coburgo era fã assumido de Chiquinha Gonzaga.
11. Princesa Isabel recebia com bastante frequência amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Um verdadeiro escândalo para época.
12. Na casa de veraneio em Petrópolis, Princesa Isabel ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava numerários para alforriá-los.
13. Os pequenos filhos da Princesa Isabel possuíam um jornalzinho que circulava em Petrópolis, um jornal totalmente abolicionista.
14. D. Pedro II recebeu 14 mil votos na Filadélfia para a eleição Presidencial, devido sua popularidade, na época os eleitores podiam votar em qualquer pessoa nas eleições.
15. Uma senhora milionária do sul, inconformada com a derrota na guerra civil americana, propôs a Pedro II anexar o sul dos Estados Unidos ao Brasil, ele respondeu literalmente com dois "Never!" bem enfáticos.
16. Pedro II fez um empréstimo pessoal há um banco europeu para comprar a fazenda que abrange hoje o Parque Nacional da Tijuca. Em uma época que ninguém pensava em ecologia ou desmatamento, Pedro II mandou reflorestar toda a grande fazenda de café com mata atlântica nativa.
17. A mídia ridicularizava a figura de Pedro II por usar roupas extremamente simples, e o descaso no cuidado e manutenção dos palácios da Quinta da Boa Vista e Petrópolis. Pedro II não admitia tirar dinheiro do governo para tais futilidades. Alvo de charges quase diárias nos jornais, mantinha a total liberdade de expressão e nenhuma censura.
18. Thomas Edison, Pasteur e Graham Bell fizeram teses em homenagem a Pedro II.
19. Pedro II acreditava em Allan Kardec e Dr. Freud, confiando o tratamento de seu neto Pedro Augusto. Os resultados foram excelentes deixando Pedro Augusto sem nenhum surto por anos.
20. D. Pedro II andava pelas ruas de Paris em seu exílio sempre com um saco de veludo ao bolso com um pouco de areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele.
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Colaboração de Bob Furtado 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

GRATIDÃO




VENHO AQUI AGRADECER A GRANDE REPERCUSSÃO DA HOMENAGEM QUE PRESTEI ONTEM AO MEU IRMÃO MOACYR GOMES DA COSTA.
OS TELEFONEMAS, AS MENSAGENS PELO FACEBOOK E OS CUMPRIMENTOS PESSOAIS QUE RECEBI ATESTAM, DEFINITIVAMENTE, QUE MOACYR NÃO FOI ESQUECIDO.
DEI CIÊNCIA A ELE DE TODOS OS CUMPRIMENTOS RECEBIDOS E ELE FICOU MUITO FELIZ.
É GRATIFICANTE MERECER A ATENÇÃO E O CARINHO DA SUA COMUNIDADE. ISSO É O COROAMENTO A QUEM, COM TODO O TALENTO E CONSAGRAÇÃO OBTIDOS NA ENTÃO CAPITAL FEDERAL, DEIXA TUDO E VEM MORAR NA SUA TERRA DE ORIGEM.
UM BELA HISTÓRIA DE UM GRANDE HOMEM.
UM CARINHOSO ABRAÇO DE CARLOS GOMES

terça-feira, 7 de junho de 2016

ÊTA LASQUEIRA, O HOMEM FAZ ANIVERSÁRIO HOJE




MOACYR GOMES DA COSTA, O GUERREIRO, COMPLETA HOJE 89 ANOS DE VIDA.
É SEM DÚVIDA O GRANDE ARQUITETO POTIGUAR, CAICOENSE DE NASCENÇA E QUE VENCEU NO RIO DE JANEIRO, MAS PREFERIU A VIDA AFETIVA DA FAMÍLIA E VIVER EM SUA TERRA, DEDICANDO-SE À ARTE DA ARQUITETURA ATÉ OS DIAS ATUAIS.
O ESTADO NÃO LHE FOI AGRADECIDO, POIS DESTRUIU A SUA OBRA MAIS QUERIDA, O "MACHADÃO", QUE SOBREVIVE NA MEMÓRIA DO POVO.
SOBRE ELE TIVE A ALEGRIA DE ESCREVER "O MENINO DO POEMA DE CONCRETO", ONDE NARRO A SAGA DE SUA VIDA, SUAS CONQUISTAS, SEUS RELACIONAMENTOS, O AMOR À SUA TERRA E AS INGRATIDÕES.
DEIXA TUDO PRA LÁ.
CHEGAR AOS 89 ANOS COMPLETAMENTE LÚCIDO E AINDA EM ATIVIDADE PROFISSIONAL É COISA DE DEUS.
PARABÉNS MOÁ!


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MERECIA TER SIDO CONVIDADO PARA CONDUZIR A TOCHA!design da tocha reúne movimento, inovação e brasilidade e reflete ...
FALAR SOBRE TUDO

Valério Mesquita*

As minhas sensações se revezam depressa. Por mais que me esforce, não consigo me fixar em coisa alguma. Se penso ou sinto algum tema, deduzo que tudo será esquecido e me calculo inútil. Esse prelúdio indefectível talvez chegue a algum lugar. Gostaria de denunciar, por exemplo, aquilo que muitos já fizeram: a deterioração institucional do país que teve quebrados todos os padrões éticos e estéticos. A fragilidade e a inoperância dos poderes se tornaram tão patentes que já se comentam medidas autoritárias. Continuo pensando que é preciso urgentemente humanizar o político brasileiro. Ele mesmo animalizou os seus traços.
Quando me apetece voltar a suplicar às autoridades públicas e privadas a restauração do empório dos Guarapes, onde o pioneiro e gigante desbravador Fabrício Gomes Pedroza ambientou um dos mais avassaladores domínios comerciais de que se tem notícia no estado, recebe-se em troca repetidamente a leniência e a indiferença. Ai eu indago: pra que escrever mais? Pergunto-me se não estou me transformando em esteta contemplativo com uma tendência zen. Mas, continuarei lutando porque não é apenas um impulso da mente nem do corpo. Os “Guarapes” representam para aqueles que o ignoram, o equilíbrio entre a beleza e o passado.
Falar, por exemplo, das poças profundas de sangue que fluidificam a área metropolitana da grande Natal. Nela a juventude continua sendo executada nas ruas pelo cartel das drogas. Sinto que falecem os dons que me ligam a Macaíba, hoje, tão irreconhecível a ponto de não me rever mais em suas paredes e praças. A fuga é dormir à distância, debaixo de qualquer céu, como diria o poeta. Minha terra padece de uma enfermidade física, orgânica, urbana, suburbana, sensível, visível, palpável chamada “comércio de droga” que tem escravizado e mutilado suas melhores tradições.
Poderia até discorrer sobre as opiniões e posturas dos políticos potiguares de hoje frente ao processo sucessório que se aproxima, repleto de humor e birra, de crise e melancolia, traição e maldição, que conduzem os personagens e eleitores a becos sem saída. Os efeitos especiais empregados não são improvisados. E parece que não há pressa em definir situações. Tudo deve ser queimado subrepticiamente a fogo lento. Tem gente gastando anos luz para compor o arquipélago da obra de chegar ao poder queimando incenso no velório da própria aliança. Na política, sabemos que acidentes e incidentes nunca surpreenderam ninguém. Todos têm rostos e máscaras. Trata-se de uma peça de teatro onde o fascínio é exibido em prosa e gestos fesceninos. Que importa tudo isso, se depois da tempestade todos se unirão novamente para começar tudo de novo? O palco será o mesmo. Só muda a idade.
E o pugilo da saúde pública nos hospitais da capital? Esse merece veemente repulsa. É um libelo à competência dos administradores. A situação deplorável me infunde a convicção de que ninguém mais se comove com a dor humana. O melhor homem é o homem morto. Vivo é desprezível. Doente e pobre, ele fede. Onde deveriam remunerar melhor, paga-se pior e se gasta menos. Hospital público é a antessala da morte iminente porque está desprovido das mínimas condições de higiene e serviços. Denunciar o estado de calamidade não constitui o meu propósito. Mas, apenas, lembrar ao leitor que o ser humano coisificou-se. Deixou de ser carne inteligente. Hospital - lugar de repouso e cura - virou empório do estado, verdadeiro guardador de rebanho, onde o pobre, sem nenhum plano de saúde, tem defeito de circulação do sangue no corpo à alma. Tenho dito.


(*) Escritor.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

QUEM DIRIA, "TERNURINHA" CHEGOU AOS 70 ANOS

Israel Carvalho 
WANDERLÉA 70 ANOS

Parece que foi ontem, mas foi em 1962 que Wanderléa, aos 16 anos, lançou o primeiro compacto e no ano seguinte o primeiro LP “Wanderléa” com Astor Silva e Orquestra e que tinha uma música que ela nem gostou muito quando ouviu a primeira vez, mas que estourou no Brasil inteiro. Era “Meu Anjo da Guarda”, de Rossini Pinto. Mas, se engana quem pensa que ela era uma estreante. Com os irmãos Bill e Wanderte já eram bem conhecidos como “artistas mirins” e era uma veterana dos programas infantis de Paulo Gracindo, ganhando muitas vez “A mais bela voz infantil”. Ousada, incluiu duas faixas em inglês, até pra dizer que ela, com aquela idade, já tinha sido cronner de uma grande orquestra, usava pesada maquiagem pra parecer mais velha, empostava a voz e cantava de tudo, desde “Violetas Imperiais”, até “Cuando calienta el sol”. 
Daí em diante tudo que gravava era sucesso e várias faixas de um mesmo disco, ao contrário de hoje, que tem a música de trabalho, faziam sucesso do norte a sul do Brasil. Os “brotos” e “gatinhas” todas queriam ser iguais a Wanderléa e tudo que ela usava no domingo no Teatro da Tv Record, na Rua da Consolação, em São Paulo, virava moda na segunda-feira. Eles inventaram a juventude, pelo menos naqueles moldes que não existia até então. O início do rock no Brasil, no final dos anos 50, com Celly e Tony Campelo era bem mais comportado. 
Em 1965 foi escolhida para comandar junto com Roberto e Erasmo Carlos, o maior movimento musical de massa da história do país, a Jovem Guarda, em pleno chumbo grosso da Ditadura Militar e que atingiu todas as classes sociais. Ninguém desligava a televisão nas tardes de domingo pra ver aqueles jovens cabeludos e a mini saía das cantoras da juventude. Chamados de alienados pela esquerda, a revolução desses jovens foi comportamental e dentro da própria casa. Mudaram o modo de vestir e pensar da juventude da época e abriram caminho pra tudo que vinha depois, inclusive o uso de guitarras elétricas na MPB. Tudo que veio depois era consequência daquela revolução musical.
Com o fim da “Jovem Guarda” ficaram meio perdidos, mas Wanderléa prova mais uma vez que o “Van” do começo do seu nome, também continuava sendo a “vanguarda da música” e se reinventa nas ondas dos anos 70, emplacando vários sucessos e gravando todos os compositores que vieram pós jovem-guarda, nos anos 70 e 80, como os malditos Raul Seixas, Walter Franco, Jorge Mautner, Luiz Melodia, Zé Ramalho e ganhou músicas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sueli Costa, Egberto Gismonti, Gonzaguinha, Rosinha de Valença... grava Carmen Miranda até antes da Tropicália e vira sucesso de todos os carnavais com “Chuva, Suor e Cerveja” também de Caetano Veloso, ganhando muitos afagos da crítica. Revisita as cantoras do rádio como Emilinha Borba, Elizeth, Ademilde Fonseca e Dolores Duran, sendo convidada para vários projetos como homenagens à Adoniran Barbosa, Luiz Gonzaga, Simonal e Dolores Duran, além de projetos com canções infantis. 
Fez shows antológicos como “Wanderléa Maravilhosa” e “Feito Gente”, ambos revisitados recentemente na Virada Cultural de São Paulo. Fez cinema e o seu filme “Juventude e Ternura”, com Anselmo Duarte bateu todos os recordes de bilheteria em 1968, além de “O Diamante Cor de Rosa”, com Roberto e Erasmo Carlos. Em 2009, grava o CD e DVD “Nova Estação” que mereceu o premio do melhor disco de música popular brasileira da Associação dos Críticos de São Paulo, sendo indicado para o Grammy Latino. 
Enfrentou muitas barras da vida pessoal, mas sobrevive e descobre que a música é sua energia e segue como uma das artistas mais prestigiadas do rock tupiniquim e da música brasileira. Há décadas ela não saí da moda, levando multidões, de todas as faixas de idade, aos seus shows e que cantam todos os seus sucessos. 
Hoje, Wanderléa completa 70 anos e oficialmente 53 anos de carreira. Mas, continua esbanjando beleza, carisma, sensualidade e talento. Ela diz que pensava que com essa idade estaria em casa “fazendo tricot”, mas nada disso. Prepara sua biografia e o lançamento de um disco com músicas de Sueli Costa, resultado de show realizado o ano passado, em Belo Horizonte. 
Mas, esse sucesso não roubou a sua simplicidade e carinho que tem com todos. E sua vida parece confirmar a letra da canção que Gonzaguinha fez pra ela:



Eu apenas queria que você soubesse
que aquela alegria ainda está comigo
e que a minha ternura não ficou na estrada
não ficou no tempo, presa na poeira
eu apenas queria que você soubesse
que esta menina hoje é uma mulher
e que esta mulher é uma menina
que colheu seu fruto, flor do seu caminho
eu apenas queria dizer
a todo mundo que me gosta
que, hoje, eu me gosto muito mais
porque me entendo muito mais também
e que a atitude de recomeçar
é todo dia, toda hora
é se respeitar na sua força e fé
é se olhar bem fundo até o dedão do pé
eu apenas queria que você soubesse
que essa criança brinca nesta roda
e não teme o corte das novas feridas
pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Foto de Israel Carvalho.Foto de Israel Carvalho.

Foto de Israel Carvalho.Foto de Israel Carvalho.Foto de Israel Carvalho.


  

domingo, 5 de junho de 2016

TENHAM UM DOMINGO FELIZ - UBUNTU


No cotidiano do manuseio virtual das mensagens recebidas dos amigos, via internet, de vez em guando nos chegam lições de vida que deveriam estar presentes permanentemente entre todos os viventes deste planeta, particularmente deste Brasil desprezado, desigual e discriminador.

Trata-se de um conceito oriundo da África e que gostaria de compartilhar com os meus leitores, rogando que passem a colocá-lo na escala prioritária da forma de vida de cada um.

O que é Ubuntu:

Ubuntu é uma filosofia africana cujo significado se refere à humanidade com os outros. Trata-se de um conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade.
Para os africanos, ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo.
Ubuntu significa generosidade, solidariedade, compaixão com os necessitados, e o desejo sincero de felicidade e harmonia entre os homens.