sábado, 9 de agosto de 2014

Públio

CHAMEMOS OS DE MARTE?
 
 
                                                             Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)
 
 
 
                       O Brasil já viveu inúmeros modelos políticos. Sem irmos muito longe, para a análise não ficar cansativa, foquemos nosso olhar no período militar até os dias atuais. De 1964 até os últimos dias do governo de João Figueiredo os militares, no poder, criaram um sistema tripartite de gestão, onde imperava a convivência entre os políticos, os próprios militares e os tecnocratas. Era um sistema baloiçante – em português do tempo dos nossos avós. Em certas ocasiões dominavam a cena os políticos. Em outros momentos os espaços eram ocupados pelos tecnocratas. Em ambas as situações os militares estavam sempre por trás dando as regras, definindo, optando pela decisão final. O país aprendeu, a partir daí, a conviver com o noticiário badalando sempre a presença de um czar, de uma liderança vinda de um dos três mundos, trazendo a solução para os problemas nacionais.
                               É desse tempo, por exemplo, o grande fascínio que exerceu sobre os detentores do poder a figura poderosa de Delfim Neto – na qualidade de tecnocrata. Para entronizá-lo no poder, com ampla liberdade para pintar e bordar em torno das questões econômicas, os militares distribuíam pela imprensa longas considerações e argumentos sobre a vantagem de um técnico exercer o comando da economia ao invés de um político. Com essa poderosa couraça em torno de si – e dos “delfim boys” que normalmente o acompanhavam – Delfim Neto deu pitaco e opinião, durante um longo período, em todos os assuntos que demandavam a agenda política, econômica e social daquele tempo. Só não se responsabilizou pela escalação da seleção brasileira de futebol porque não quis. Nesse caso prevaleceu a vontade do mundo militar, com a solução insossa, inodora e incolor representada por Cláudio Coutinho.
                               Quem não se lembra do General Gollbery, com sua marcante onipresença ditando os rumos da política, do planejamento, do rumo que o país deveria seguir? Teve também a influência de políticos poderosos, como Magalhães Pinto, Dinarte Mariz, José Sarney, Célio Borja, Petrônio Portela, Antônio Carlos Magalhães, Paulo Maluf (até ele) e outros que agora não vêm à lembrança. Foi um período no qual a diretriz nacional se dividiu entre a visão dos políticos, dos militares e dos tecnocratas. Bom, depois veio a redemocratização, eleições diretas e a grande conclusão: militar no poder nunca mais! Tecnocratas mandando no país? Nem pensar! A visão política dos homens que sabiam disputar o voto do eleitor, que empolgavam as massas com seus discursos, que tinham na essência do seu conhecimento a solução dos problemas nacionais – pelo menos era assim que se dizia – passou a prevalecer.
                        Mais: somente aos políticos cabia a missão de levar o Brasil ao seu grandioso destino de futura potência mundial. A partir daí vieram, como se sabe, Tancredo, Sarney, Itamar, Collor, Fernando Henrique, Lula e agora Dilma. Com pequenas exceções, durante as quais o país viveu fugazes momentos de normalidade, nenhum dos tais conseguiu passar ao brasileiro a sensação de desenvolvimento tão esperada. E agora? Os militares não acertaram; os tecnocratas nos legaram uma enorme dívida pública; os políticos nos jogam, de tempos em tempos, em caldeirões de escândalo, corrupção e roubalheira. Chamemos, então, os marcianos? A saída está – mais uma vez – com o eleitor. Renovando. Fazendo prevalecer a sua vontade, através da qual poderão surgir novas lideranças. E um bom momento vem aí: as eleições de 5 de outubro. Os marcianos?  Ficam para outra ocasião. Vamos renovar?            

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

 COM GRANDE ALEGRIA REGISTRAMOS OS 100.000 (CEM MIL) ACESSOS AO 
"Blog DO MIRANDA GOMES".
Ao longo destes 4 anos temos procurado oferecer as notícias mais importantes do mundo e, particularmente do Brasil e do Rio Grande do Norte, conciliando o tempo com outras atividades.
Evitamos difundir assuntos da política partidária, senão as políticas públicas, dentro do máximo respeito.
As associações culturais e academias, como também a literatura têm seu lugar reservado, com o notícias e anúncio de lançamentos de livros e, aos domingos, a leveza da poesia, evidenciando os potiguares.
OBRIGADO A TODOS PELA ATENÇÃO.
Caminhamos na direção da cultura, sempre.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

09 DE AGOSTO


Lançamentos Azymuth:
 
Azymuth convida você para seus novos lançamentos, tratam-se dos livros: 
 
O Rio Grande do Norte e o Problema da Succesão Presidencialde José Augusto Bezerra de Medeiros (1884-1971) e Juvenal Lamartine de Faria (1874-1956). Publicado originalmente em 1929, relata os acontecimentos sobre a candidatura de Júlio Prestes a Presidência da República, que culminaram com a revolução de 1930.
 
O Meu Governode Juvenal Lamartine de Faria. Publicado originalmente em 1933, o ex-presidente do estado do Rio Grande do Norte decaído na Revolução de 1930, descreve os feitos de sua gestão progressiva.
 
Ambas as edições são fac-similares, contam com introdução de Wandyr Villar e são comemorativas aos 140 anos de nascimento de Juvenal Lamartine e aos 130 anos de nascimento de José Augusto Bezerra de Medeiros.
 
                                                 
Venda dos Livros:
 
Respectivamente: R$ 22,00 e R$ 37,00. Valores exclusivos para o dia do lançamento. Parte das vendas ajudará o Hospital Infantil Varela Santiago.
 
 
Data e Local dos Lançamentos:
 
Livraria NOBEL
 
Dia 09/08/2014 (sábado) a partir das 17hs.
 
AV: Salgado Filho – 1782 (em frente ao Hospital Walfredo Gurgel) Tel: 3613-2007. Estacionamento para 50 carros por trás da livraria, entrada lateral.
 




Senado Federal
Discurso do Senador Cristovam Buarque
Plenário do Senado Federal
09/Julho/2014


Desculpe, David Luiz
*Por Cristovam Buarque
O Brasil é um País privilegiado. Sabemos do privilégio na natureza e
nas características do povo, mas tem um privilégio na história: o fato de que
não termos traumas que
outros países têm nas
suas histórias. Nunca
perdemos uma guerra,
nem nos nos rendemos.
A Alemanha sofreu duas
derrotas e rendições em
um mesmo século. A
França que foi invadida e
ocupada durante quatro anos pelo exército alemão. Os Estados Unidos
tiveram uma traumática guerra civil e presidentes assassinados. Nossos
traumas se resumem ao suicídio de um presidente, e perda da Copa do Mundo
para o Uruguai, no último minuto, 64 anos atrás.
Agora, neste 8 de julho de 2014, ficamos com a sensação de um grande
trauma nacional por causa da desastrosa derrota por 7 a 1 que nossa seleção
sofreu diante da Alemanha.
Por sermos o país do futebol, por termos este esporte entrando na alma de nosso povo, e por sermos atualmente bons, os melhores historicamente, nós temos a razão de sentirmos o trauma com a derrota da seleção ontem. O que surpreende é como não temos outros traumas.
Por exemplo, estamos profundamente abatidos no Brasil inteiro porque perdemos de 7 a 1 para a Alemanha, mas jamais nos lembramos de que a Alemanha teve 103 Prêmios Nobel e nós nenhum.
Com toda a tristeza que sinto pelo fato de termos sido derrotados, e com um escore tão grande, do ponto de vista do interesse nacional, do ponto de vista das consequências para o futuro, é muito mais grave para o futuro do País o fato de estarmos perdendo para a Alemanha de 103 a zero, no campeonato de Prêmio Nobel.
Nós não nos traumatizamos, no dia 14 de março de 2013, quando foi divulgado o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, que nos deixou em 85º lugar, entre 106 países analisados. Entre estes países estão alguns dos mais pobres do mundo, os 106 ficamos em 85º – quase lanterninha –, e não nos traumatizamos. E nós nos traumatizamos por sermos o quarto ou até o terceiro em futebol, dependendo do resultado do jogo no próximo sábado. O mundo inteiro disputou para ter seus times na COPA. Foram selecionados 31 e nós fomos disputar com eles. Apenas 32 foram selecionados como os melhores. Aos poucos foram sendo eliminados. O nosso chegou ao último estágio, que são os quatro finalistas. Não chegamos à finalíssima, mas chegamos à anterior. Na pior das hipóteses, sairemos dessa Copa como a quarta melhor seleção de futebol do mundo. E o Brasil está de luto, num sofrimento que dói na gente, sobretudo quando vemos as crianças que choraram no estádio e nas ruas pela derrota que elas não esperavam. Nem entendem.
Mas não nos traumatizamos no dia 3 de dezembro de 2013, quando foi divulgada a classificação do Brasil na educação, entre 65 países, e ficamos em
58º. Uma avaliação que analisa 65 países, feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Europa, deixa-nos em 58º, entre 65 e não houve nenhum trauma naquele 4 de dezembro, dia seguinte à divulgação do resultado. Este campeonato que não gerou qualquer tristeza, mas suas consequências para o Brasil são muito mais trágicas, do que o resultado do jogo contra a Alemanha.
Nós não tivemos o menor constrangimento, o menor trauma, a menor tristeza, quando, no dia 1º de março de 2011, a Unesco divulgou a sua classificação da educação para 128 países, e nos colocou em 88º. Ou seja, um dos piores.
E, quando falamos em 128 países, estamos incluindo os mais pobres do mundo, não nos comportamos apenas com países da elite educacional, não foram apenas os BRICS, nem apenas os emergentes: Temos toda a razão emocional de estarmos tristes por termos sido excluídos da finalíssima decisão de quem será o campeão deste ano. Temos toda a razão de estarmos tristes, porque ainda não foi este ano que ganhamos o hexa, mas também precisamos ficar tristes com as outras nossas classificações: na educação, na saúde publica, na violência, no quadro social.
Todo o direito à tristeza, mas não esqueçamos as outras razões para sofrer também, até porque são essas outras razões de sofrimento que nos levariam a superar os nossos problemas e construir um futuro que nos vem sendo negado há séculos.
Precisamos ver, nessa derrota como jogador David Luiz no final do jogo, quando ainda dentro do campo, pela televisão, chorando, disse o seguinte: “Desculpa, por não ter feito vocês felizes nesta hora”. Veja a que grandeza: ele não disse que estava triste por não ser campeão do mundo. Estava triste por não ter feito a nós, os brasileiros, felizes nessa hora. E continuou “Mas aqui tem um cidadão disposto a ajudar a todos”, Ou seja, a derrota foi de um jogo, não foi a derrota de uma história. E continua: “Eu só
queria dar alegria para o meu povo que sofre tanto por tanta coisa”. Esse sentimento vindo dele confesso que me surpreendeu, quando ele lembra: “queria dar uma alegria para esse povo que sofre tanto por tanta coisa”. E ele diz: “Queria pedir desculpa”, “só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol”. Veja que sentimento esse rapaz teve. Sair daquela derrota chorando e lembrar-se do povo, lembrar-se do sofrimento do povo e lembrar-se, como ele diz, de o povo sorrir, pelo menos no futebol. “Porque já sofre tanto por tanta coisa”
O sofrimento não fica restrito ao futebol mas é o sofrimento do futebol que traumatiza. Os demais são tolerados, ignorados, por serem banalizados. Por isso não damos tanta importância aos demais sofrimentos e não fazemos o dever de casa para consertar o resto ganhar outras copas. Não estamos jogando para sermos campeões mundiais na educação, para sermos campeões mundiais no saneamento, para sermos campeões mundiais, por exemplo, na paz das cidades. Embora fracassada, fazemos o dever de casa, para sermos competitivos no futebol, mas não estamos fazendo o dever de casa para o Brasil ser melhor, mais eficiente, mais justo, e não percebemos este fracasso. Por isso não sofremos, diante dos males banalizados. Sofremos porque o Brasil não é campeão mundial de futebol este ano – já foi cinco vezes –, mas não sofremos porque não estamos fazendo um Brasil melhor.
Quando vi o David Luiz pedindo desculpas, pensei: quem devia estar ali pedindo desculpas éramos nós os Senadores, os Deputados, os Ministros, os Governadores, a Presidente da República, porque somos nós que estamos em campo para fazer um Brasil melhor. Nós somos a seleção brasileira da política para a definição dos rumos do País. E nem ao menos lembramos que o papel do político é eliminar os entulhos que dificultam o caminho das pessoas à busca de sua felicidade pessoal.
Eles estavam em campo para fazer o Brasil campeão. Nós estamos em campo para fazer um Brasil melhor e não estamos conseguindo chegar nem
ao quarto, nem ao décimo, nem ao vigésimo, nem ao quinquagésimo lugar. Estamos chegando ao octogésimo quinto no Índice de Desenvolvimento Humano, octogésimo oitavo na educação. Estamos perdendo de 103 a zero em Prêmio Nobel para a Alemanha.
O mais importante para o futuro do País não é o campeonato de futebol, embora esse toque mais na alma da gente, o maior campeonato que estamos perdendo são as condições sociais, as possibilidades de eficiência na economia, a educação, segurança, a saúde, a corrupção. Esses são os campeonatos que devem fazer com que nós brasileiros trabalhemos para superar.
O Davi Luís deu todo o seu esforço e nos colocou primeiro entre as seleções selecionadas para a Copa, porque muitas ficaram de fora; depois nos fez passar para oitava, para quarta e agora estamos nas finais, e apesar disso ele nos pede desculpas, “por não ter feito o povo sorrir, pelo menos no futebol” – como ele disse – pelo menos no futebol, mas não basta só o futebol. Pelo menos no futebol porque essa é a tarefa dele, mas aqui, nesta casa no congresso não basta o futebol.
Sofri ontem como qualquer brasileiro, mas eu quero agradecer aos jogadores que nos colocaram nessa posição.
Quero agradecer, ao David Luiz, quando ele nos deu esta lição: “Eu só queria fazer meu povo sorrir pelo menos no futebol.” Você não conseguiu, David Luiz, fazer o povo sorrir plenamente no futebol, mas você conseguiu nos despertar para o fato de que nós não estamos conseguindo fazer o povo sorrir pelas outras coisas das quais eu sou um dos responsáveis.
Por isso, desculpa, David Luiz.
Cristovam Buarque, Professor da UnB e Senador pelo PDT-DF.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Que coisa, hein???

Não sei quem é o autor desta “coisa”, mas é muito legal. A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual recorremos, sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia.

"Coisas" do português.

Gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E, no Nordeste, há "coisar": Ô, seu "coisinha", você já "coisou" aquela coisa que eu mandei você "coisar"?

Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo, em seu estandarte. Alceu Valença canta: Segura a "coisa" com muito cuidado / Que eu chego já."

Já em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem (menos o trem,
que lá é chamado de "coisa"). A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a "coisa"!

E no Rio de Janeiro? Olha que "coisa" mais linda, mais cheia de graça...
A garota de Ipanema era coisa de fechar o trânsito! Mas se ela voltar, se ela voltar, que "coisa" linda, que "coisa" louca. Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas.

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa
-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira um monte de coisas...

Mas a "coisa" tem história mesmo é na MPB: No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, a coisa estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré: Prepare seu coração pras "coisas" que eu vou contar..., e A Banda, de Chico Buarque: pra ver a banda passar, cantando "coisas" de amor... Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "coisa" linda, "coisa" que eu adoro!

Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade, afinal são tantas "coisinhas" miúdas. E esse papo já tá qualquer "coisa". Já qualquer "coisa" doida dentro mexe...
Essa coisa doida é um trecho da música "Qualquer Coisa", de Caetano, que também canta: alguma "coisa" está fora da ordem! e o famoso hino a São Paulo: "alguma coisa acontece no meu coração"!

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, afinal, uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal e coisa, e coisa e tal.

Um cara cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. Já uma cara cheia das coisas, vive dando risada. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Político, quando está na oposição, é uma coisa,
mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando elege seu candidato de confiança, o eleitor pensa: Agora a "coisa" vai... Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para serem usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, deixemos de "coisa", cuidemos da vida, senão chega a morte, ou "coisa" parecida... Por isso, faça a coisa certa e não se esqueça do grande mandamento: "AMARÁS A DEUS SOBRE TODAS AS "COISAS".

Entendeu o espírito da coisa?
--
Att.,

Almiro 
_____________________
Enviado pelo meu amigo e leitor SATORU

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O MERCADO LOCAL E O INVESTIMENTO
Públio José – jornalista
                                                              
                               A busca pelo lucro fácil tem desviado muita gente de boas oportunidades. Em qualquer cultura, em qualquer lugar, em qualquer sítio humano que se tenha conhecimento é comum a procura pelo encurtamento do caminho que leva ao lucro, à vantagem imediata. E isso acontece em todos os campos da atividade do “homo sapiens”.  Não ficam livres dessa praga os ambientes mais carentes aos mais refinados, nem mesmo os polos onde impera o conhecimento científico, cultural, tecnológico. A Ciência costuma jogar na vala comum da “natureza humana” esse pendor incontrolável para a transgressão, enquanto a cultura bíblica explica essa inclinação predadora do homem como consequência do pecado (de desobediência) de Adão no Jardim do Éden. De um modo ou de outro, a conclusão é uma só: o homem de todos os quadrantes se aproveita dos momentos mais fugazes para levar vantagem.
                               Esse arrazoado acima se justifica em razão da recente informação, divulgada pela grande imprensa, de que a Telexfree finalmente deu com “os burros n’água” em território americano. Segundo a notícia, foram indiciados, por fraude e conspiração, os dois fundadores da empresa – por sinal, um deles brasileiro – com bloqueio de bens, incluindo casas e barcos. O crime? Transferência de 10 milhões de dólares de fundos pertencentes à Telexfree para contas pessoais dos dois diretores. Já pensou? No Brasil, recentemente, a empresa levou ao prejuízo e ao desespero milhares e milhares de pequenos e médios investidores – todos, sem exceção, à cata da vantagem rápida. E o que se vê é que o tempo passa, a roda gira, e sempre aparece alguém vendendo a ideia do lucro fácil, se utilizando do marketing de rede como elemento de montagem de pirâmide financeira – para alcance de objetivos imediatos.
                               Não é preciso ser expert no assunto para entender que não existe almoço grátis. E que, no campo da ilegalidade, ganho e distribuição de lucro – sem trabalho, sem produção de bens e serviços – só traz tropeço. Todo lucro é suado. E obtido com enorme sacrifício, principalmente no Brasil onde a carga tributária arranca quase 50% do lucro em qualquer atividade empresarial. Assim, apesar dos inúmeros casos de enrolação de grandes contingentes de pequenos e médios investidores por sabichões do lucro fácil, muitos embarcam nessas aventuras em busca de melhoria da renda doméstica, no caso dos pequenos, e na engorda rápida de patrimônio, através de “negócios milagrosos”, caso dos investidores de maior porte. A essa altura, cabe a pergunta: e há saída para maximizar investimentos no Brasil diante da remuneração insignificante dos bancos e do retorno minúsculo da caderneta de poupança?
                               É claro que nenhum investimento legal pode competir com a rapidez e a voracidade das pirâmides, dos paraísos financeiros. Mas, analisando com lucidez e espírito profissional, e contando com a orientação de entidades sérias como o SEBRAE, o BNB, o Banco do Brasil, o investidor poderá auscultar a realidade do mercado para apostar suas fichas em empresas necessitadas de capital para expandir negócios, gerar mais empregos, mais impostos, distribuir lucros honestos, e contribuir ainda mais para o progresso da região e do país. Em outros países, quem produz é respeitado e admirado. No Brasil, a ideologia da moda enxerga o empreendedor apenas como interessado no lucro a qualquer preço – e, pior, à custa da exploração do trabalhador. Balela ideológica. A empresa precisa de capital; o trabalhador do emprego; e o investidor de retorno para seu dinheiro. Simples assim.
 
 
 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

GENIBERTO CAMPOS



IMPACTO  DA  ATENÇÃO  PRIMÁRIA  DE  SAÚDE NA MORTALIDADE POR DOENÇAS CARDÍACAS E CEREBROVASCULARES NO BRASIL   - Um Estudo Longitudinal ( 1 )

Análise e Comentários por Geniberto Paiva Campos  - Brasília/DF  - Julho/2014

1.    A PESQUISA

Artigo publicado recentemente no British Medical Journal/BMJ – julho/2014 -  traz evidências científicas sobre o impacto  dos cuidados da Estratégia Saúde da Família/ESF na redução da mortalidade por doenças cardíacas e cerebrovasculares no Brasil.

O estudo, de desenho longitudinal, cobriu  um período de 10 anos (2000 a 2009). Foram analisados os dados  de qualidade estatística confiável, obtidos em 1622 municípios brasileiros cobertos pela ESF. Utilizando modelo de regressão binomial negativa ( 2 ) a pesquisa avaliou possíveis impactos da ESF em desfechos “duros” como a mortalidade, ajustada por idade, decorrentes de doenças cardíacas isquêmicas e cerebrovasculares, além das taxas de hospitalização no mesmo período.

O desenho estatístico  utilizado mostrou-se bastante preciso no sentido de demonstrar a importância da Atenção Primária de Saúde/APS no controle de condições crônicas,  sensíveis  à atenção ambulatorial.  Evidenciando  reduções significativas nas taxas de óbitos dessas patologias nas populações  diretamente submetidas à influência da ESF – consultas médicas e de outros profissionais de saúde, visitas domiciliares, campanhas educativas, acesso à medicação. Outros fatores, potencialmente capazes de influenciar os desfechos, tais como aumento concomitante da renda familiar e da escolaridade, melhorias das condições de habitação e de saneamento  das populações em estudo  foram neutralizados na análise estatística dos dados.

A influência da APS nos resultados foi rigorosamente definida em  quatro níveis: nenhum (0%); incipiente(< 30%); intermediário (30-60%)  e consolidado (> ou = 70%)

A pesquisa logrou demonstrar que a APS, muitas vezes negligenciada em sua efetividade no  manuseio clínico das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis - atribuindo-se prioridade quase absoluta ao nível hospitalar -  pode se constituir em importante ferramenta estratégica  das políticas públicas de saúde,  na abordagem preventiva, diagnóstica/terapêutica e seguimento  (folow-up) dessas doenças. Propiciando  o seu controle,  obtendo evidências científicas robustas e com impacto mensurável  nas estatísticas de morbimortalidade, nos países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil.

NOTAS:

            1. “ Impact of primary health care on mortality from heart and cerebrovascular diseases in Brazil: a nationwide analysis of longitudinal data”

 Davide Rossela postdoctoral researcher, Michael O Harhay PhD student, Marina L. Pamponet researcher, Rosana Aquino associate professor, Mauricio L. Barreto professor

Instituto de Saúde Coletiva,Federal University of Bahia; Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, INCT-CITECS, Salvador, Bahia, Brazil, Center for Clinical Epidemiology and Biostatistics, University of  Pennsylvania School os Medicine, Philadelphia, USA

BMJ 2014; 348:g4014 doi: 10.1136/bmj.g4014 (published 3 july 2014)

2.    Regressão Binomial Negativa/RBN é usada, com vantagens reconhecidas,  quando  os resultados  a serem analisados são expressos em números - por exemplo, óbitos ocorridos  num determinado ano do calendário gregoriano – e o modelo de  Poisson não é aplicável, por apresentar grande dispersão dos dados. O uso da RBN é cada vez mais frequente na literatura, principalmente na avaliação de impactos.

2.    COMENTÁRIOS 

Esta pesquisa, com desenho científico preciso e elegante, poderá se constituir num marco de referência para a APS – PSF no Brasil e na América Latina. O rigor da metodologia  cientifica utilizada permitiu  demonstrar  evidências incontestáveis quanto à eficácia das ações no nível básico do atendimento. As quais, normalmente, abrangem a promoção, a prevenção, o tratamento, a reabilitação, e até a atenção domiciliar e o tratamento paliativo. Ou seja, a Integralidade das ações  assistências,  um dos mais significativos princípios do Sistema Único de Saúde /SUS.

Decorridos aproximadamente vinte anos da implantação do PSF, o nível de atenção hospitalar contínua, imbatível, como a prioridade absoluta do sistema assistencial brasileiro. Essa regra vale para  maioria dos gestores do sistema e para os incansáveis críticos do sistema hospitalar público, alojados na Imprensa. E que repetem o seu bordão, o qual determina que a “a saúde no Brasil é um caos”. Verdade assimilada de forma acrítica por segmentos populacionais sensíveis às pregações midiáticas , repetidas exaustivamente até que se tornem realidade.

Os resultados evidenciados na pesquisa apontam claramente para a urgente necessidade de (re) organização do Modelo Assistencial brasileiro. O qual, por imposição histórica e cultural  tornou-se um modelo essencialmente hospitalocêntrico, onerando excessivamente os custos operacionais e sobrecarregando as emergências hospitalares, em função, principalmente, das dificuldades de acesso comunitário aos níveis básicos e intermediários dos serviços de saúde.

Outra evidência trazida pela pesquisa, talvez a mais significativa, mostra a importância da APS no controle das condições crônicas não-transmissíveis. Sem qualquer caráter especulativo. Baseada em dados de origem confiável e com metodologia adequada, deixou claro a importância da atenção básica na redução de óbitos e internações hospitalares por doenças cardíacas isquêmicas e cerebrovasculares.

Os autores da pesquisa assumem que este é o primeiro estudo  a demonstrar os efeitos da APS, em âmbito sistêmico, na mortalidade cardiovascular. E atribuem à proximidade das unidades assistenciais das suas residências e a consequente  facilidade de acesso a um serviço público de saúde, livre de pagamentos diretos, a redução de barreiras  geográficas e econômicas para os usuários. Tornando a APS uma estratégia de elevado nível de custo/efetividade para lidar com as doenças cardiovasculares.

Os autores do estudo tiveram o cuidado de demonstrar que a APS/PSF não tiveram associações significativas com a mortalidade por  causas externas (acidentes, violência), as quais foram usadas como controle na pesquisa. E acentuam que as causas externas não foram objeto de ações preventivas por essas instâncias, no período estudado.

A Tabela a seguir (modificada pelo comentarista) mostra, comparativamente, as variações das taxas de mortalidade por doenças cerebrovasculares, cardíacas e por acidentes, entre os anos 2000 /2009, nos 1622 municípios brasileiros, nos quais havia a presença ativa da APS/PSF.




Evento

2000

2009

DIFERENÇA

% de MUDANÇA

Doenças cerebrovasculares

40.1 (27.7)

27.0 (19.8)

- 13.1

- 32

Doenças do Coração

23.3 (21.8)

12.9 (13.3)

- 10.4

- 44.6

Acidentes

41.8 (29.8)

47.0 (32)

+ 5.2

+ 12.4






domingo, 3 de agosto de 2014

ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE - ALEJURN

CONVOCAÇÃO DE ELEIÇÕES

A COMISSÃO ELEITORAL designada pela Portaria n° 01/2014-P, de 10 de julho de 2014, da Presidente, em exercício, da Instituição, CONVOCA todos os Acadêmicos da ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, para participarem do pleito eleitoral para a escolha dos membros da Diretoria e Conselho Fiscal da referida Academia, a ter lugar no dia 12 de setembro de 2014, em sua sede provisória sita à Avenida Afonso Pena, 1155, 2° andar – Tirol – Natal/RN (dependências da Procuradoria Geral do Estado do RN), no horário das 8 às 16 horas, para o preenchimento dos seguintes cargos: DIRETORIA: Presidente; Vice-Presidente; Secretário-Geral; Secretário-Geral Adjunto e Tesoureiro; CONSELHO FISCAL: Três (03) Membros.
 O edital com as normas editalícias completas está afixado na sede provisória da Instituição, no início indicada.

Natal/RN, 15 de julho de 2014

A Comissão Eleitoral

FRANCISCO DE ASSIS CÂMARA
Presidente

CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES
Membro

ODÚLIO BOTELHO MEDEIROS
Membro