sábado, 21 de maio de 2011
Sinto vergonha de mim.
Essa mensagem é uma advertência aos dirigentes públicos pelos tantos desmandos, especialmente, para a vergonhosa forma de pretender destruir um patrimôio público - O Machadão, quando tantas outras coisas fundamentais para o povo ficam para depois.
É mais um protesto de quem trabalhou a vida toda, honestamente, e se sente impotente para combater tantos desmandos os quais, lamentavelmente, têm o silêncio da massa do povo.
A velha moradora da Rua Meira e Sá
Precisamente no dia 19 passado, dia em que Lenilson Carvalho publicou em O Jornal de Hoje o seu segundo artigo sobre “Reminiscências do bairro Barro Vermelho”, a geografia sentimental da Rua Meira e Sá perdeu uma das suas mais antigas moradoras – Dona Sebastiana de Lira Freire, conhecida como “Dona Paroquinha”, mercê de sua descendência de Dona Paroca Rios Bacurau.
Ao contrário do que se pensava, seu nascimento não ocorreu nas cercanias de Igapó-Extremoz, mas ela é oriunda de Quixadá, no Estado do Ceará, mas ainda menina veio para nossa terra, onde integrou-se, em definitivo na sua paisagem.
Fui criança brincando em seus quintais, juntamente com seu filho Lito (Emmanoel de Lira Freire) e seu Lindo (Lindemberg) e outros, numa convivência rica e rodeada de carinho e amor.
Dona Paroquinha e Seu José Freire, duas pessoas sensíveis, nos abrigava como filho fossemos do casal.
Lembro bem que sua atividade principal era a fabricação de bolos de todos os tamanhos, para a venda nas padarias da região. Dois operários marcaram aquela pequena fábrica – Raimundo e Zé de Bob, que nos ofertavam protótipos daquelas guloseimas para aprovarmos o seu sabor.
Do casal vieram os filhos Emmanoel, Ana Maria, Margarida e Cristina, que lhes deram netos e bisnetos, com os quais convivemos muitos e muitos anos em permanente confraternização.
Dona Paroquinha era também uma enfermeira sem diploma, pois era quem aplicava injeções nas pessoas da vizinhança, sem custos.
Após o almoço era costumeira a reunião nos fundos da casa com Dona Suzana e Dona Bete, numa longa conversa dos acontecimentos mais recentes da cidade ou do bairro.
Nos últimos tempos, já viúva de Seu José, ela sempre se postava na varanda da sua casa, no andar superior, a contemplar os transeuntes e lhes retribuir cumprimentos com acenos de mão. Olhos azuis marcantes, gravou no coração dos moradores do Barro Vermelho uma impressão imorredoura que, até a possível derrubada da sua antiga casa, quem por ali passar não deixará de dirigir um olhar buscando a silhueta da sua velha moradora para um cumprimento respeitoso.
Pouco a pouco, a placidez de uma pequena rua vai se modificando, perdendo a horizontalidade que cumpliciam os elos da vizinha, por uma verticalidade inevitável da cidade que cresce mais rápido do que a sua infra-estrutura permite, quebrando irreversivelmente o calor humano de antes.
São coisas da vida e do tempo. Resta-me reafirmar com Tristão de Athayde aquela expressão que muito me tem marcado: “O passado não é aquilo que passa, mas o que fica do que passou”.
Estimado Lenilson, não esqueça de inserir em suas próximas crônicas, essas figuras notáveis do nosso Barro Vermelho.
Um abraço do seu velho companheiro de farda, Carlos Gomes.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
A CERTEZA DA PICADA
Foto: Rh Bezerra
A pressa
Francisco Sales Felipe - advogado
Ao Dr. Moacir – arquiteto do “Poema de Concreto”
Artigos
Tribuna do Norte
20 de Maio de 2011
É o açodamento da correnteza do rio que leva o canoeiro ao infortúnio. A jararaca-do-tabuleiro no sertão quando corre é certeza de picada. A pressa não só frustra a possibilidade da busca pelo perfeito, mas esconde nas suas entranhas a forma silenciosa dos vícios.
Há pressa! Espera-se por três partidas e isto justifica a pressa. O corpo doente estirado no corredor dos hospitais pode esperar por mais um drible no jogo de interesses. A vida não tem qualquer importância para os jogadores de marreta em punho.
Vai começar o jogo. Quanto pagarei por esse ingresso?
O valor da entrada para assistir a três partidas é a soma de um empréstimo contraído perante o BNDES. E qual a garantia? Imóveis do patrimônio do Estado e direito deste sobre royalities de petróleo. A fonte de todos os recursos – empréstimo e garantia – é sempre a mesma: o patrimônio público.
Não tenha dúvida. Depois dos três espetáculos, o BNDES irá buscar os meios jurídicos para receber os seus créditos. Nesta hora, será o patrimônio do Estado do RN que irá responder pela dívida, visto que foi o Estado que prestou a fiança e renunciou o benefício de ordem.
E a pressa, por quê? A pressa vai servir para atropelar as exigências previstas na lei das licitações.
E qual a participação do Privado neste empreendimento? A certeza do lucro sem qualquer risco, vez que é o fundo garantidor (formado por patrimônio tão somente público) que irá garantir o pagamento do empréstimo.
E qual o retorno
CARTA PARA A PRESIDENTE - copa do mundo
CARA PRESIDENTE,
Não foi a senhora que inventou essa história de sediar a
Copa do Mundo.
Foi o Outro. Ele é que era, e continua sendo, louco por futebol.
Ele é que criou na cabeça um Brasil tão grande e influente que
Terminaria com a crise nuclear do Irã.
Arbitraria a paz entre árabes e israelenses,
ganharia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU
e, para encerrar, como a última firula do artilheiro antes de fazer o gol,
sediaria o Mundial de 2014.
A senhora ao contrario, e mil desculpas se for engano,
aparenta se aborrecer mortalmente diante de um jogo de futebol.
Também não é crível, simplesmente não cabe no seu perfil,
que acredite no mesmo Brasil fantasioso do Outro.
Se deu a entender que sim, isso ocorreu apenas no
período eleitoral, em que, como no carnaval, tudo é permitido.
“Falo, falo, e não digo o essencial”, escrevia Nelson Rodrigues, o
essencial é o seguinte: por que não desistir?
Não seria a primeira vez.
A Colômbia escolhida para sediar a Copa de 1986, jogou a toalha três anos
antes, e o torneio mudou para o México. O Brasil não vive a mesma crise
econômica nem as ameaças de terrorismo esquerdistas e dos
cartéis da droga que atormentavam a Colômbia no período.
Em contrapartida, temos colossais
problemas de infraestrutura de transportes e, se não enfrentarmos crise
econômica, não nos sobra dinheiro para erguer estádios já nascidos com a
marca de elefantes brancos, como, com todo o respeito,
os de Natal, Manaus e Cuiabá.
Os aeroportos já são um caso perdido, segundo estudo do
IPEA, um órgão ai da sua cozinha.
Nove entre os treze que servirão ao evento,
de acordo com o estudo, não ficarão prontos a tempo.
Na semana passada, num gesto que soa a desespero,
pois contraria um dogma do seu partido, o governo
abriu a possibilidade de privatização dos novos terminais.
Mesmo que seja para valer, não serão dispensadas,
é claro, as concorrências, os contratos,
as licenças ambientais, sabe-se lá mais o quê.
Mas suponhamos que dê certo, e
o prognóstico do IPEA não se confirme.
Muito bem, o distinto público consegue
desembarcar nos aeroportos.
Suponhamos que num dos aeroportos paulista.
Novo desafio: como chegar à cidade?
Não há trens, e as estradas vivem congestionadas.
Como este é um exercício de boa vontade, suponhamos mais uma
vez que consigam.
Problema seguinte: como chegar ao estádio do Corinthians,
no bairro de Itaquera, o escolhido da FIFA?
A linha do metrô que o serve está saturada, e o tráfego nas avenidas
com o mesmo destino é de fazer chorar.
Mas suponhamos, mais uma vez, que dê certo.
Enfim, chegamos, mas... aonde? A um terreno baldio.
O estádio do Corinthians não é mais que uma hipótese.
Nem quem vai pagá-lo se sabe.
“Falo, falo, e não digo o essencial.” O essencial desta
missiva, senhora presidente, é sugerir-lhe uma estratégia.
Se lhe parece humilhante desistir assim, na lata,
a sugestão é a seguinte: Brigue com a FIFA.
Enfrente-a. Como o mundo inteiro sabe,
a FIFA não é flor que se cheire.
É uma entidade tão milionária, e tão abusada no uso de seus poderes,
quanto são milionários e abusados seus dirigentes.
Pega bem enfrentá-los.
Brigue para que reduzam suas incontáveis exigências.
Que aceitem reformas de estádios existentes em vez de pedirem tantos novos.
Que assumam parte das despesas.
A FIFA está com a corda no pescoço tanto quanto a senhora.
Na melhor das hipóteses, eles romperão com o Brasil
e partirão para uma alternativa de emergência.
A culpa não será da senhora, mas da arrogante inflexibilidade que demonstraram.
Na pior, que já não é favorável, reduzirão as exigências e
arcarão com parte dos custos.
A senhora já tem assunto demais com que se preocupar.
Precisa livrar-se desta, com perdão pela expressão,
"herança maldita".
Em paralelo, e com cuidado, a senhora trataria de reduzir o
absurdo número de doze cidades-sede para os jogos.
A questão exige mais cuidado mexe com interesses
locais e porque aqui não foi a FIFA, foi ele, o Outro, que assim quis.
Com a mente intoxicada de Brasil Grande e o olho nos
dividendos eleitorais, ele quis agradar ao maior número de gente possível.
Agiu na manipulação do futebol, como faziam os governos militares.
Na África do Sul, as sedes foram nove;
nos EUA, outro país continental, também nove.
Abater o número de sedes diminui despesas
e poupa o público do excesso de deslocamento.
Senhora presidente, ainda lhe sobra espaço político para agir.
Tal qual estão postas as coisas,
as alternativas são colapso absoluto,
fisco total
ou fiasco parcial.
Roberto Pompeu de Toledo
Ultima pagina da revista Veja, editora Abril edição
2215-ano 44-nº 18 de 4 de maio de 2011
João Marques
"Nunca se justifique.
Os amigos não precisam
e os inimigos nãoacreditam."
quinta-feira, 19 de maio de 2011
O meu BLOG publica a sensata opinião de uma grande educadora
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Boçalidade, covardia, acomodação!
Eleika Bezerra – Professora
Pensei em escrever sobre o discutido livro “Por uma vida melhor”, adotado pelo MEC e pleno de erros de português. “Combater o preconceito lin-güístico” - dizem os seus defensores. Sobre o assunto, a jornalista Sheyla Azevedo, sempre competente, aborda em seu artigo semanal no Novo Jornal - “Querem alunos ingnorantes”. Senti-me con-templada. A língua pátria agra-dece.
Decidi concentrar os meus escritos sobre os estádios Juvenal Lamartine, Machadão e o arquiteto Moacyr Gomes.
Fui vizinha do “Juvenal” durante parte da minha existência. Ele, há alguns anos, escapou de dar lugar a espigões. Discutiu-se a idéia de permutar a área e deslocar o estádio para a zona Norte da Capital. Lembram-se? Alguns defenderam que se o estádio não mais atendia aos seus objetivos-ali se assegurasse uma área verde para Natal! Ainda é tempo!
O velho estádio, agora, aparece como uma alternativa em decorrência da absurda destruição do “Machadão”! Trata-se de um dos atos mais insanos que a minha geração assiste! Acrescento: irresponsabilidade, descaso, ignorância, estupidez, ato rude e grosseiro! Uma grande boçalidade! Meu vocabulário é insuficiente para caracterizar o que significa destruir “o poema de concreto”- expressão do governador Cortez Pereira
É importante se esclarecer que nada contra o futebol; a favor do bom senso-sim!
Poucas vozes se ouviram contra a destruição! Dentre elas, a de Moacyr Gomes – pioneiro em avanços na ar-quitetura da nossa cidade. O Machadão é a sua principal obra! Imaginemos - se para os que “têm algum juízo”, a destruição do “Machadão” tem um significado; o que se dizer em relação àquele que o concebeu e acompanhou a sua execução?
Fiquei contrariada por não ter enfrentado a chuva e comparecido naquela tarde de sábado para dar o “abraço ao Machadão”. Havia combinado com uma amiga irmos até lá. Mas, aquela mania de nordestino de não enfrentar os dias de chuva – me fez não comparecer ao ato.
Quero deixar o registro da admiração pela luta de Moacyr Gomes no sentido de preservar “o poema de concreto”. Tenho convicção de que a sua brava postura será reconhecida.
Afinal, a atitude boa ou má fica sempre da parte de quem a toma!
Moacyr não está só! Muitos pensam como ele. Poucos se manifestam! É possível que certas ambições, a covardia, a boçalidade (ignorância presunçosa) e a acomodação-expliquem “o fim do Machadão”!
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Os 18 do Machadão
Leonardo Sodré
Jornalista e escritor
No sábado, 14 de maio, o estádio Machadão recebeu 18 combatentes que defendem a sua manutenção e lutam contra sua derrubada. Assim como a famosa revolta dos 18 do Forte, em 06 de julho de 1922, quando apenas 18 militares se insurgiram contra o presidente eleito do Brasil, Artur Bernardes, no meio da rua, essas poucas pessoas mostraram a cara e suas armas: cartazes e discursos.
Da mesma forma como os 18 do Forte de Copacabana, os 18 do Machadão tinham por trás de si um batalhão de pessoas, muito mais do que os 301 que haviam no Forte de Copacabana. Naqueles dias duros da República Velha, 272 militares debandaram e o restante saiu pelas ruas, depois do forte ter sido intensamente bombardeado, sendo que quando entraram na Avenida Atlântica, somente 18 saíram de peito aberto para uma batalha desigual contra mais de três mil homens do governo. Dos 18, apenas Eduardo Gomes e Siqueira Campos sobreviveram.
Os 18 do Machadão estão vivos. Foram atingidos apenas pela debandada dos muitos que são contra a derrubada do estádio, incluindo aí dirigentes de clubes e ex-cartolas que se manifestaram anteriormente contra isso. Foram atingidos também pelo desconhecimento das autoridades responsáveis pela derrubada do Machadão, que insistem em não enxergar os pedidos de manutenção da praça esportiva.
São, para os governos estadual e municipal, que não estão preocupados com a preservação e a memória de Natal, uns pobres fantasmas que rondam um patrimônio prestes a ser destruído em nome do desenvolvimento econômico.
Os 18 do Machadão caminharam com altivez.
Fazendo uma comparação da foto de Moacir Gomes – arquiteto que projetou o Machadão - dando à volta olímpica a frente do grupo, sua altivez e a seriedade de como os abnegados enfrentaram a chuva e o desprezo de muitos, com a foto dos 18 do Forte de Copacabana, dá para entender o espírito de luta daqueles que enfrentam uma batalha incomum e desigual.
Como já escrevi antes, os 18 do Machadão, a exemplo dos 18 do Forte de Copacabana, poderiam não alcançar nenhuma vitória. Não poderiam mesmo ir contra os poderosos que decidiram destruir um bem público em nome da p0ssibilidade de uma “arena” que irá abrigar grandes jogos após a Copa do Mundo de 2014.
Os 18 do Machadão caminharam em direção a História, assim como os 18 do Forte de Copacabana também o fizeram. Hoje os 18 do Forte de Copacabana são reconhecidos como heróis. Os 18 do Machadão entrarão na História do Rio Grande do Norte como revoltosos. Hoje ridicularizados por muitos. No futuro servirão de exemplo.
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Foto do Blog ALDEIA POTI
PACOTE DE BONDADES
Natal vive o apogeu do ridículo. Dos quatro cavaleiros ou cavaleiras do apocalipse, me perdoem a Guerreira e a Borboleta, quem realmente domina a paisagem é a Rosa e seus escudeiros, geniais engenheiros especializados em demolições e grandes sacadas econômicas de fazer inveja a Delfim Netto.
As duas anteriores só conseguiram demolir uma creche, mas a última, com uma só marretada, (já que a implosão pifou em Brasilia) vai demolir, o Machadinho, o Machadão o Juvenal Lamartine e vai construir a Arena das Dunas – “Novo Machadão “, o JL “Novo Juvenal” (deixaram Nesi de fora), ainda de quebra vai dar uma melhorada no Nazarenão de Goianinha para os torcedores do Alecrim, América, viajarem de ida e volta mais de 130 quilômetros para ver seus times (se não contratarem um Leonel Messi não vai dar).
Juntando toda essa generosidade que não ficará, por menos de dois bilhões de reais o “pacote de bondades”, (bota ridículo nisso)a grande benfeitora dos esportes potiguares, ainda oferece um patrocínio (esmola) de um milhão de cruzeiros para ser dividido desigualmente, dependendo do prestígio de cada mendigo. Uma vez distribuído o pacotinho de pirulitos, saíram todos satisfeitos, com o gostinho doce na boca, e todos viverão felizes para sempre. Eu imagino a camisa dos clubes com uma rosa no lugar do escudo tradicional. Quanta subserviência, meu Deus. Eu, heim ?
Não há duvida de que Natal oscila entre a “Disney da Borboleta” (Vide Florentino Vereda) e o surrealismo de Bünuel, pois, um simples ataque de juízo mostraria que tudo que vão gastar só no novo Juvenal , no Nazarenão mais a “mobilidade urbana” naquele trecho da Av. Hermes da Fonseca, daria para fazer do Machadão um dos melhores estádios do Brasil para o torcedor brasileiro e potiguar, desde que construíssem o Elefante Branco dos torcedores europeus (se não for visagem) EM OUTRO LUGAR, só pra bacanas. A solução está na cara, mas ninguém quer ver (Será que há um tesouro escondido em baixo do Machadão? ou em cima?).
Garanto que os nossos patrões Blatter e Ricardo Teixeira ficariam tão satisfeitos que seriam capazes de mandar o final da Copa para Natal, pois, se der Brazil (é BRAZIL mesmo) na final, e Uruguai do outro lado, no Maracanã, corremos o risco de outro “Maracanazo”.
Que saudade do futebol do RN no tempo dos homens sérios. Hoje está difícil botar a cara na rua e dizer que é brasileiro e potiguar.
Moacyr Gomes da Costa
Arquiteto
terça-feira, 17 de maio de 2011
A DISNEY DA BORBOLETA
DE Florentino Vereda
17 de março de 2011 às 11:30
A Natal dos sonhos Depois da Copa na pena de Woden Madruga
...Publicado em Artigos (da Abelhinha Eliana Lima)
O jornalista Woden Madruga é daqueles inigualáveis quando coloca sua inspiração letrada no papel, reunida em crônicas. Primorosas. Primazes. E tantos outros adjetivos que cabem no alto da sua sapiência.
Na sua coluna desta quinta-feira (17), nesta Tribuna do Norte, ele traz mais um texto digno de anais. Leitura daquelas imperdíveis. Neste momento em que o Estado está falido, com saúde, saneamento, educação, segurança…beirando o caos e não se vê solução nem a longo prazo por falta de dinheiro, vem a notícia de que o governo investirá R$ 1,288 bilhão para a construção do estádio que será palco de dois jogos na Copa do Mundo de 2014. Justifica-se no tempo: ah, mas é num prazo de 30 anos. E daqui a 30 anos não existem perspectivas para a saúde, nem para a educação, nem para a segurança…Pois.
Secretário da Copa, Demétrio Torres chegou à pachorra de dizer que daqui a 10 anos os R$ 9 milhões que o governo depositará mensalmente para a construtora será uma, digamos assim, mixaria. Nesse tempo, minha gente, daria para construir tantos e tantos leitos de UTI. A carência hoje no Estado supera os mil leitos. Para se ter idéia, a construção do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho demandou cerca de R$ 5 milhões, mais coisa de R$ 5 mi para equipar…Isso só para início de explicação.
Mas não precisa dizer mais nada. O texto de WM já diz mais que tudo. Como uma boa filosofia fernandiana, vai de heterônimo. Deleitem-se:
A Disney da borboleta
Mestre Florentino Vereda, que passou o carnaval ao redor da Chapada do Araripe, entre o cariri cearense e as ribeiras de Exu de Luiz Gonzaga, do lado pernambucano (me parece que se ensaia aí um futuro projeto de pesquisa sobre a caatinga), antes de retornar ao Jalapão deu uma esticada por Natal e arredores. Pelo que me falou, em rápido telefonema, foi apenas uma passagem sentimental pela Mata da Estrela, um guiné na cabidela no restaurante de Lula e rever a cidade antes que ela acabe. Na conversa pediu notícias de Alex Nascimento e de Nei Leandro e avisou que estava mandando qualquer coisa para a minha bacia das almas. Ontem, me chegou o seu imeio. Vai por inteiro:
- Ainda não me havia dado conta da importância da Copa de 2014 para os des(a)tinos do Brasil, particularmente desta cidade presépio. Eis que a alcaidessa Micarla de Souza declara solenemente que a história de Natal passará a ser contada depois da Copa. AC/DC. Se antes era o caos – para o qual ela, humildemente, deu sua parcela de contribuição – dali por diante viveremos no Jardim do Éden. Nada será como antes, repetindo Milton Nascimento.
- O Hospital Walfredo Gurgel, por falta de pacientes, será demolido. As policias civil e militar, como no Japão (antes do terremoto) – dedicar-se-ão a ensinar etiqueta e jardinagem aos felizes moradores desta urbe natalina. Crack, só nos gramados. Buracos, nem pensar. Nem mesmo o metrô, que trafegará em trilhos elevados acima das vias públicas, onde de descortinam as mais belas paisagens, desde a Fortaleza dos Reis Magos até o pórtico da Cidade (projeto de Moacir Gomes), ali pertinho da cratera que, a cada dois anos, se abre ao lado da antiga Ponte Velha. Nas escolas públicas os professores serão saudados, a cada manhã, com cânticos de louvor e maçãs reluzentes, trazidas pelos amáveis e felizes alunos, como nos bons filmes de Pat Boone e Dóris Day, nas sessões vespertinas de domingo no Rio Grande.
- E a história recomeçará em Junho de 2014, quando soar o apito do árbitro tailandês iniciando a sensacional partida entre Botswana e Burkina Faso, na Arena das Dunas, recém concluída e inaugurada. Bom, faltam ainda os banheiros, mas isto é o de menos. A bola vai rolar. Aliás, já está rolando: redonda, gorda. Muita grana; quer dizer, muita grama. Quem se mete neste jogo, cara, tem que ser bom de bola. Como diz o hino do ABC:
“(…) é bola praqui
É bola pra lá…”
- Não é preciso ser mineiro para saber que os verbos mudam de tempo. O que não se faria em oito anos, tem que ser feito em três. E Jesus, quem diria, perdeu o cartaz justo na cidade que, pelo nome, homenageia o seu nascimento, há dois milênios. Os apóstolos, que já não são doze, passam de vinte e reúnem-se em volta da nossa nova líder espiritual que, sabiamente, não conclamou os justos a atirarem a primeira pedra. Do jeito que estão as nossas ruas é só abaixar e apanhar o paralelepípedo, dos muitos (milhares) que estão soltos. Não creio que haja algum Judas, mas se houver, não será por trinta moedas que trairá a condutora de rebanhos. Com a inflação que se avizinha, será necessário um bom depósito de euros em algum paraíso fiscal.
- De quebra, apagada a história pré-copa 2014, muitas polêmicas inócuas deixarão de existir. Não se falará mais da castanhola de Cascudo, do baobá de Exupéry, dos planos de Polidrelli e Palumbo. É só futebol, carnatal, vaquejada, forró e cachaça.
- Sei não, mas se a história se repete, fico pensando em como o Brasil mudou com a Copa de 50. Depois do gol de Ghiggia que adiou o sonho brasileiro, o país mergulhou numa crise político-institucional cujos lances mais dramáticos foram o suicídio de Getúlio, a renúncia de Jânio, a deposição de Jango e os governos militares que nos deixaram nas mãos de Sarney, Collor et caterva. Portanto, é fundamental que não percamos esta segunda copa dentro de casa, pois não poderemos suportar tantas desgraças novamente.
- E, como disse a alcaidessa: Bola pra frente!!!
Em tempo: Já estou em Mateiros, aceiros do Jalapão. Chove muito no Tocantins. Dê um beijo em Clotilde Tavares que anda estudando as craibeiras dos cariris paraibanos. FV.
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PALAVRAS INICIAIS DO V FESTIVAL INTERNACIONAL PALABRA EN EL MUNDO DE 19 A 24 DE 2011 - SPVA/RN E SBDE SÃO PARCEIRAS, PARTICIPEM ! A PAZ QUER MORADA
Palabras iniciales a un Festival en marcha
A las y los poetas que son también organizadores y promotores,
a las profesoras, a los profesores, maestros en el arte de pasar el conocimiento y sembrar valores de humanidad,
a todas y todos, que con un simple gesto le dan al mundo una oportunidad de paz.
Ya estamos en pleno desarrollo de un Festival que acontece en muchos lugares, no todos los que pudieran, pero si una cantidad apreciable como para sorprendernos. El objetivo que nos ha unido este año ha sido darle una oportunidad a la Paz. El objetivo sigue vigente como meta a cumplir; como aporte nuestro quedará una huella de lo hecho en cada lugar donde hemos encontrado eco. Eco que no logra apagar todavía el estruendo de los bombardeos y la metralla. Persisten en sus guerras de rapiña, despojo y atropellos los dueños de las verdades acomodadas a sus intereses. Son los que aparecen como los dueños del mundo, sólo que la vida va por otro lado.
Estamos en el arte de poner palabras con sentido profundo para que digan mucho más, para que muevan, fortalezcan la humanidad, para que sea posible sobre la tierra un día, una semana, un mes, un año, un siglo y todo el tiempo por delante, aquello que nos une y moviliza: la Paz.
Si vemos cuanto hemos avanzado como género humano en el uso de la ciencia y la técnica podemos decir que bastante, el detalle es que no sabemos lo que pudiéramos haber avanzado sin guerras y con justicia social. Solamente nos queda imaginar lo que pudiéramos lograr sin las artimañanas del poder: la mentira, la corrupción, el narcotráfico, el hambre, las guerras y ahora las impuestas crisis que no son otra cosa que reacomodamientos para el usufructo aun más abusivo de la riqueza por parte de los grupos selectos del poder hegemónico. Nos asombran los desastres naturales... más debiera asombrarnos el que, teniendo ciencia y técnica a nuestro alcance, no emprendamos la tarea de trabajar con la naturaleza en pro de la vida. Se produce una paradoja: los seres inteligentes actúan sin ninguna inteligencia contra la naturaleza, contra la vida. La solución está tan cerca nuestro que no la vemos.Es en este mundo que vivimos. Vivamos entonces como un desafío: nos cruz amos de brazos o escribimos, organizamos, aprendemos, comunicamos y entablamos la comunión de la diversidad como un canto de vida que va más allá de las palabras. Más que poesía de palabras, procuremos y escribamos poesía de gestos concretos. Esta es la luz que se necesita para alumbrar el más grande sueño humano: vivir en paz.
Este sueño está más cerca. Y más cerca aún si logramos desacostumbrarnos a aceptar como natural lo inhumano del mercado y la guerra. Poesía no estás hecha sólo de palabras, ahora comienzas a estar hecha de respuestas tangibles en la acción, de soluciones compartidas, de gestos puros, de imaginación.
A fuerza de canto y poesía, hagamos que el sol alumbre para todos.
Desde cinco lugares converge hacia ustedes el mismo pensamiento: desde ahora y siempre una oportunidad para la paz.
Equipo Festival Palabra en el mundo
15 de mayo 2011
ENVIADO POR TITO ALVARADO
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Maiores detalhes no Blog "JANIA SOUZA, www.janiasouzaspvarncultural.blogspot.com"
segunda-feira, 16 de maio de 2011
OAB nacional edita súmula sobre prescrição
O Conselho Federal da OAB editou a Súmula 01/2011/COP, que trata da prescrição de processos administrativos disciplinares. De acordo com o verbete, "o termo inicial para contagem do prazo, quando o processo decorre de representação a que se refere o caput do art. 43 do Estatuto da Advocacia, é a data da constatação oficial do fato pela OAB, considerada a data do protocolo da representação ou a data das declarações do interessado tomadas por termo perante órgão da entidade". O prazo é de cinco anos. As informações são do site Espaço Vital.
A prescrição é interrompida nas hipóteses previstas nos incisos I e II do § 2º do art. 43 do Estatuto, voltando a correr por inteiro a partir do fato interruptivo. Na hipótese de processo aberto ex officio, o termo inicial é a data em que o órgão competente da OAB toma conhecimento do fato, o que pode ocorrer tanto por documento dos autos como pela sua notoriedade.
A prescrição intercorrente de que trata o § 1º do art. 43 do Estatuto — que ocorre pela paralisação do processo por mais de três anos sem despacho ou julgamento — é interrompida e recomeça a fluir pelo mesmo prazo a cada despacho de movimentação do feito.
domingo, 15 de maio de 2011
OS PÁSSAROS VOLTARAM
ORMUZ SIMONETTI
“Canta, canta passarinho, canta, canta miudinho,
na palma da minha mão.
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando,
quero paz no coração
Quero ver você voando, quero ouvir você cantando,
na palma da minha mão. . . “
Geraldo Azevedo
Na minha infância, na cidade de Natal, recordo que gostava de admirar, nas manhãs ensolaradas, uma grande diversidade de pássaros que cantavam nos pés de ficus benjamim que adornavam e arborizavam a Av. Deodoro da Fonseca, onde residia com minha família na casa de número 622. Cantavam e nidificavam naquelas árvores, entretanto, eram bem mais “ariscos” dos que os de hoje. Naquela época, os garotos se divertiam puxando “carrinhos” feitos com latas de leite vazias que eram cheias com areia, ou com carros feitos de madeira que eram confeccionados por nós mesmos. A madeira era obtida no antigo Armazém Natal que ficava na esquina da Av. Rio Branco com a Rua Ulisses Caldas. Esse tipo de trabalho de fazer os próprios brinquedos ajudava a desenvolver a criatividade e a habilidade com as primeiras ferramentas, além do apego e amor aquele brinquedo. Os carros ou caminhões mais sofisticados tinham as rodas cobertas com tiras de borracha e os feixes de molas eram feitos com aspas de ferro, muito utilizadas na época, nas embalagens que chegavam ao comércio. Também brincávamos de bolinhas de gude (bolinha à vera!); com rodas de ferro, que eram empurradas e equilibradas com um arame de ponta envergada etc., porém, os brinquedos mais utilizados eram as temidas baladeiras.
Estilingue ou baladeira compunha-se de um gancho de madeira em forma de Y que eram retirados de árvores como o fícus Benjamin e das goiabeiras, considerados os melhores. Nas extremidades superiores amarravam-se duas tiras de borracha com média de 20 cm de comprimento por 1,5 cm de largura, retiradas de velhas câmaras de ar ou compradas no antigo mercado municipal na Av. Rio Branco, onde hoje funciona o Banco do Brasil. Na outra extremidade as tiras eram presas a um pedaço de couro ou sola, que conseguíamos com um antigo sapateiro que tinha sua oficina na Rua Princesa Isabel. A baladeira era um brinquedo possuído e desejado pela maioria dos garotos daquela época. Tinha lugar de destaque nas perigosas guerras que fazíamos contra meninos de outras ruas. Por exemplo: Av. Deodoro versus Rua Felipe Camarão. Av. Deodoro contra a Travessa Camboim, do temido “Canteiro”, famoso personagem que metia medo nos garotos da época, por ser muito brigão, e diziam que sempre andava armado com um canivete.
Nesses combates utilizávamos seixos (pedra rolada) que considerávamos “munição real”. Quando a disputa era apenas diversão entre meninos da Av. Deodoro, utilizávamos apenas munição de “festim” que eram os frutos ainda verdes da mamona – carrapateira -, muito abundantes nos terrenos baldios e que nunca machucavam, pois só podiam ser atiradas a distâncias consideradas seguras. Mas, aqui confesso envergonhado “mea culpa”, pois, também a utilizei em diversas ocasiões, contra as indefesas aves, pois, o único pecado que elas cometiam era cantar. E ao fazê-lo, eram facilmente localizadas entre as folhagens das árvores e abatidas com as certeiras pedras que atirávamos pelo simples fato de testar a pontaria, nas inconseqüentes brincadeiras de criança.
Naquela época as residências costumavam ter em seus quintais, além dos galinheiros onde as “penosas” eram cevadas para os dias de festa ou daquela visita inesperada, muitas árvores frutíferas. Pitombeiras, abacateiros, sapotizeiros, mangueiras, mamoeiros, goiabeiras, só para citar as mais comuns. Devido à grande quantidade dessas árvores, esses quintais eram freqüentados por pássaros que, na amanhecência do dia, nos despertava com seus gorjeios melodiosos.
Na década de 70, por volta dos anos de 1973/74, nossa fauna local sofreria uma grande mudança. Nessas mesmas árvores já podiam ser vistos os famigerados pardais. Inicialmente em casais, e pouco tempo depois em enormes bandos. Fui apresentado a esses pequenos predadores, quando ainda morava no Rio de Janeiro, onde iniciei minha vida profissional, no Banco do Brasil.
A chegada desses pássaros em nossa cidade, a exemplo do que aconteceu em outras cidades do nosso país, constituiu-se num verdadeiro desastre para nossa fauna alada de pequeno porte. Infelizmente, na época, ainda não havia esse apelo ecológico em defesa da natureza, sua fauna e flora. Porém, tenho minhas dúvidas que se o fato tivesse ocorrido em nossos dias, algo fosse feito para evitar o desastre diante de todas as agressões sofridas pela natureza, que diariamente presenciamos por esse Brasil afora.
Predadores destemidos, obstinados, oportunistas e territorialistas, os pardais não demoraram a expulsar de nossas árvores, a grande maioria dos pássaros de seu porte, e até mesmo os de porte mais avantajado, como os anuns.
Esse predador da espécime (Passer domesticus) que tem origem européia foi trazido para o Brasil no início do século XX, e teve como porta de entrada a cidade do Rio de Janeiro. A sua introdução tinha como objetivo de reduzir a proliferação de moscas e mosquitos que infestavam a cidade. Apesar de também serem predadores de insetos, a base de sua alimentação se constitui de grãos, o que resultou na pouca eficiência no controle da população desses invertebrados. Essa decisão precipitada e irresponsável que introduziu em nosso território, uma espécie endêmica do continente europeu, sem as devidas avaliações do impacto que causaria, constituiu-se num verdadeiro desastre para nossa fauna.
Na luta por territórios, os pardais utilizam várias técnicas para expulsar seus concorrentes. Uma delas se constitui no ataque em bandos, deixando suas vítimas em desvantagem numérica e obrigando-os, conseqüentemente, à fuga. Praticam, também, a invasão de ninhos e destruição dos ovos não eclodidos ou simplesmente a matança dos filhotes recém-nascidos. Como os pardais são aves com hábitos urbanos, e convivem bem com a presença do homem, é bem possível que nossos pássaros, que não pereceram diante dos invasores, tenham encontrado refúgio seguro nas matas que cobrem as dunas que circundam parte de nossa cidade.
Entretanto, como a natureza é sábia e quase sempre resolve os problemas causados pela bestialidade dos homens, ao longo dos anos nossos pássaros foram se adaptando à presença do invasor e aprendendo a se defender com maior eficiência, e assim conseguiram conviver com os invasores.
Há algum tempo, todas as manhãs, caminho com um grupo de amigos pela Av. Rodrigues Alves. Sinto-me feliz em observar que há alguns anos os pássaros estão voltando para nossas árvores. Ao contrário da década de 70, é bem inferior o número de pardais encontrados. Durante as caminhadas vemos muitas rolinhas andarem em nossa frente à cata de pedrinhas e migalhas, sem temer os transeuntes. Ficaram tão mansinhas que às vezes precisamos desviar o caminho para não pisá-las. Em frente à capela de São Judas Tadeu, no final da Av. Rodrigues Alves, as inúmeras rolinhas empoleiradas nos fios da rede elétrica, lembram as linhas de uma partitura musical com todas as notas de um brasileiríssimo chorinho, quem sabe, o Tico-Tico no Fubá.
Os Bem-ti-vis, sanhaços, anuns, sibites, rouxinóis, colibris e até os bico-de-lacre, que são pássaros endêmicos do continente africano, mas que não têm causado nenhum dano à nossa delicada fauna alada, desfilam por entre as árvores de nossa cidade cantando animadamente, para o deleite dos que cedo madrugam.
A mansidão e a excelente proliferação dessas aves devem-se, principalmente, a consciência ecológica despertada “ainda que tardia”, e atualmente muito valorizada. Infelizmente em nome dessa bandeira, alguns fanáticos têm cometido excessos o que terminam por prejudicar toda a comunidade. Mas essa mesma tranqüilidade, também se deve ao desaparecimento dos tais meninos munidos com suas terríveis baladeiras.
Um dia resolvi trazer um pedacinho dessa natureza livre, pra dentro da minha morada. Comprei um alimentador de beija-flor, enchi-o com uma mistura de água com açúcar, coloquei na sacada do meu apartamento, e pacientemente esperei. Ao fim do quinto dia tive a alegria de receber o primeiro visitante. Era um beija-flor de cor negra, chamado popularmente de tesourão, pois, tem suas penas da cauda em forma de tesoura. A partir desse dia, a todo instante, recebo a visita de várias espécimes, de tamanho e plumagens variadas. É uma delícia para os olhos e a mente. Depois de algum tempo de observação, já posso identificar cada um dos visitantes e até mesmo nominá-los.
Hoje, sempre que entro em casa logo me sento na varanda para observa esses pequenos seres alados que, além de desempenharem importante papel na polinização das plantas, se constituem numa das mais belas criações da natureza.
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