terça-feira, 15 de maio de 2018



































































“A ALEGRIA, FILHA DE DEUS” 
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO

A alegria desperta em nós um sabor do Divino e, mesmo efêmera, deixa marcas e oferece novas possibilidades ao cotidiano. Atualmente, passa-se por dias difíceis, tristes e vexatórios. Hoje, é comum encontrar gente com o rosto acabrunhado nos shoppings, escritórios, consultórios e mesmo dentro de suas casas. No convívio social, enfrentam-se problemas, que desafiam e exigem maior agilidade, perspicácia e sabedoria para solucioná-los. Há sinais de morte ao redor de todos. Cresce o número daqueles que são abandonados e desprotegidos, perambulando pelas ruas das cidades. Também aumenta a estatística dos desempregados, vítimas de malversadoras políticas de governos e que enfrentam provavelmente o terrível drama da fome. Muitos são os discriminados e violentados por causa de sua raça, origem e condição social. E como se não bastasse, certas pessoas são alijadas, em razão de sua opção religiosa, política, ideológica e mesmo familiar. O radicalismo, a intransigência e o sectarismo estão se tornando regras gerais na sociedade brasileira. Seres humanos tombam frequentemente mortos até diante de sua família, vítimas de uma guerra que não poupa inocentes e indefesos. Um olhar mais atento para a realidade atual tende a mostrar quão corrompidos se tornaram tantos e imersos estão num processo deletério de desumanização. Infelizmente, tornam-se cada vez mais raros os gestos concretos de bondade, acolhimento, humanismo e fraternidade. Não repercutem no mesmo ritmo como os de violência, que rondam e ameaçam os cidadãos. Diante da realidade atual cabe perguntar: há lugar ainda para os alegres e de mente sã? 

Vinícius de Moraes cantou em “Samba da Bênção” a primazia da alegria sobre a tristeza: “É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe. É assim como a luz no coração...” E um coração entristecido, entregue à dor e às forças do mal, não pulsa com tanto vigor. Por isso, já vale a pena cultivar a alegria, que em si mesma não representa necessariamente ausência de sofrimentos. Ela revigora a alma, tem a capacidade de neutralizar o negativismo e colocar o espírito em contato com o que há além dos acontecimentos. 

Lembremo-nos das palavras de Santo Agostinho, quando se dirigia aos fiéis de Hipona: “A alegria é filha predileta de Deus e pode salvar da morte”. Para a teologia cristã, é dom do Pai ao mundo, prognóstico da salvação que Ele sempre oferece à humanidade. E a salvação se dá num movimento pascal, na passagem da morte para a vida que o Senhor oferece. Compreende-se, assim, porque o Papa Francisco insiste na “Alegria do Evangelho” (“Evangelii Guadium”). Os cristãos sabem que o júbilo experimentado nos pequenos acontecimentos do dia a dia antecipa aquilo que Deus oferece: um Reino no qual “ninguém mais vai sofrer, ninguém mais vai chorar, ninguém mais vai ficar triste”, reza-se na Prece Eucarística XI (própria para a missa com crianças), inspirada no Apocalipse: “E Deus enxugará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais pranto, nem clamor, nem dor” (Ap 21, 4). A promessa é a de que o sofrimento e a tristeza terão seu fim, quanto mais cedo se consolide o Reino de Deus, que Cristo pregou. É precisamente isso que deve motivar os momentos alegres, ao longo da existência terrena. 

E como a alegria dá brilho à vida, torna-se possível distingui-la da exaltação eufórica, na qual muita gente manifesta uma falsa felicidade e uma ilusória sensação de bem-estar. Nos dias de carnaval, muitos põem o bloco na rua com o coração contristado, aguardando a quarta-feira para retornar a uma vida acinzentada. Deste modo, torna-se difícil ser verdadeiramente feliz. Por isso, é preciso fazer brotar no fundo de nosso ser o ânimo e a coragem, mesmo no agora sofrido viver diário. Nas pessoas risonhas Deus também se revela. Quando os dias duros sobrevierem com suas tiranias lembrem-se de sorrir. “Sorria, embora o seu coração esteja doendo... Ilumine seu rosto com a alegria...”, evoca Charles Chaplin em sua magistral canção “Smile”. Oxalá as fantasias e os sonhos de agora não sejam enterrados. É importante lutar pela alegria, réstia do Eterno e aceno do Infinito!












































domingo, 13 de maio de 2018

UMA MÃE MUITO ESPECIAL

O dia de hoje é dedicado às mães do mundo. Por isso é uma data das mais importantes do universo porque representa a NATIVIDADE, isto é, quem teve a missão divina de gerar o Salvador Jesus - Nossa Senhora, Maria Mãe. 
Nestas poucas linhas quero condenar a intolerância de quem não recebe Maria como NOSSA MÃE MAIOR - não há justificativa aceitável!
Em outro aspecto quero lembrar as mães que já foram viver na Morada Eterna, mas que deixaram aqui seus exemplos, seus sacrifícios, suas bondades e ensinamentos.
Minha inesquecível LÍGIA morreu de saudade do seu companheiro - minha eterna reverência.


Mas não fiquei órfão, pois dona Therezinha, minha amante, minha esposa, minha irmã, minha amiga e agora minha mãe continua a velar e zelar POR TODOS, absorvendo as dores da família e desgastando o seu já frágil corpo físico, mas que conserva uma força espiritual inigualável, incrível, que resolve os problemas e acalma todos o que estão à sua volta.


E não achando pouco carregar o fardo do marido (eu), das filhas Rosa Lígia e Thereza Raquel e dos filhos Carlos Rosso e Rocco José, agora se alonga para velar pelos netos, não esquecendo os animais que nos rodeiam (ainda 12 gatos), com a recente partida de Xana (ou Chana), que viveu 19 anos, o último padecendo de doença terminal, degenerativa, que foi preparada para a viagem final graças à dedicação e perseverança de Thereza, que todos os dias lhe fazia carinhos especiais, cantava para ela e rezava com ela a tal ponto, que a sua transcendência aconteceu em profunda paz.
Ademais disso, tolerar um marido exigente numa convivência de mais de 60 anos, sendo 55 de casamento não é fácil.
Por tudo isso lhe ofereço neste dias duas coisas: o primeiro o poema do meu amigo Horácio Paiva, que sabe poetar melhor do que eu, e o segundo, um almoço que eu mesmo e seus filhos estamos pessoalmente preparando. PARABÉNS, PAZ E AMOR:

MÃE

Mãe
devo-te este poema
que sempre
seguirei querendo
escrever

esperei fazê-lo
em toda a minha vida

esperei o sol
e a lua

e ambos passaram
e voltaram
com palavras mudas
douradas e
pálidas

versos
trouxeram-me as estrelas
o mar
e os rios

versos que devolvi
aos livros
e ao tempo
que os prendia

mas o teu poema
estava sempre
aquém e além do tempo

e a voz para dizê-lo
não me pertencia

mas vi-o
em teu ventre

onde vi nascerem
as dimensões da vida

e as dimensões
de Deus

e se o amor triunfa
em caminhos infinitos

não pode haver começo
ou fim
para o teu poema



do amigo Horácio Paiva.