América Futebol Clube
Um século de existência III
O América Futebol Clube do Rio Grande do Norte, carinhosamente chamado de "Mecão" completa neste dia14 de julho de 2015,
100 anos de glórias.
Anotações do torcedor americano e escritor Carlos Roberto de Miranda Gomes
Certamente essa diferença entre 15, 27, 34, 36 ou 38
fundadores se justifica pelo do fato de que nem todos estiveram numa única
reunião ou assinaram a lista de presença, mas que se agregaram nas seguintes
até o registro do estatuto, situação muito comum na fundação de entidades.
Assim, damos fé a todas as versões, haja vista que o ocorrido não
descaracteriza o grande número de desportistas interessados na criação do
América, ficando assim a relação, pela ordem alfabética:
São fundadores nas versões comparadas de Gil Soares,
Oscar Siqueira, José Rodrigues de Oliveira, Miguel Leandro, Carlos Barros,
Lauro Lustosa, Fernando Nesi e Luiz G.M.Bezerra:
1 – ABEL VIANA, estudante e foi proprietário de
uma das mais tradicionais padarias de Natal;
2 – AGUINALDO CÂMARA, conhecido por “Barba
Azul”, irmão da Profª Belém Câmara;
3– AGUINALDO FERNANDES DE OLIVEIRA, filho do Des.
Luiz Fernandes;
4 – AGUINALDO TINOCO, filho do Cel. João
Juvenal Pedrosa Tinoco, chefe da firma Pedrosa & Tinoco & Cia.;
5 – ANIBAL ATALIBA, filho do velho Ataliba, da
Estrada de Ferro Central /RN e grande amigo do trovador João Carlos de
Vasconcelos;
6 – ANTONIO BRAGA FILHO, empregado da “Casa
Lotérica”, de Cussy de Almeida;
7 – ANTONIO DA ROCHA SILVA (Bidó), cunhado do
falecido Aurélio Machado França, funcionário federal;
8 – ANTONIO TRIGUEIRO, empregado da Loja “O
Amigo do Povo”, de Felinto Manso, na Praça do Mercado, Cidade Alta;
9 - ARARY DA SILVA BRITO, funcionário do
Ministério da Fazenda, Oficial Administrativo da Alfândega/Natal e de Tributos
Federais da Alfândega/RJ;
10 - ARMANDO DA CUNHA PINHEIRO, filho do Prof°
João Tibúrcio e falecido como tenente do Exército;
11 – AUGUSTO SERVITA PEREIRA DE BRITO (Pigusto),
funcionário do Departamento de Segurança Pública do Estado;
12 - CAETANO SOARES FERREIRA, amazonense e
irmão do 2° Presidente Getúlio Soares Ferreira;
13 – CARLOS DE LAET, filho de João Antonio, da
Brigada do Exército;
14
– CARLOS FERNANDES BARROS, fiscal de Consumo,
aposentado;
15 – CARLOS HOMEM DE SIQUEIRA, funcionário da
Estrada de Ferro Central do Brasil/RN;
16 – CLINIO BENFICA, estudante, nascido em
Baixa Verde (hoje João Câmara);
17 – CLOVIS FERNANDES BARROS, comerciário,
passou a residir em Recife/PE;
18 – CLODOALDO BAKKER, estudante e funcionário
federal;
19 - EDGAR BRITO;
20 - EUCLIDES OLIVEIRA, nome acrescentado pelo
tabelião Miguel Leandro;
21 - FRANCISCO LOPES DE FREITAS, chefe do
expediente da Prefeitura de Natal e do Dep. De Finanças e campeão de bilhar em
Natal, amante do remo e apontado como 1º Presidente do América no período de 14/7
a 14/12/1915. Assinala-se o nome de FRANCISCO
LOPES TEIXEIRA também apontado como 1º Presidente, o que nos leva a acreditar,
pela similitude do nome, se trate da mesma pessoa;
22 – FRANCISCO PEREIRA DE PAULA (Canela de
Ferro), estudante e funcionário público;
23 – FRANCISCO REIS LISBÔA, estudante falecido
ainda jovem;
24 – GETÚLIO SOARES FERREIRA, 2° Presidente do
América por eleição direta por aclamação (15/12/15 a 14/12/16). Era campeão de
Natação pelo Centro Náutico Potengi, tendo treinado para uma das Olimpíadas.
Amazonense, ingressou no Banco do Brasil e serviu em Natal;
25 - JOAQUIM REVOREDO, nome apontado pelo
tabelião Miguel Leandro;
26 – JOÃO BATISTA FOSTER GOMES SILVA (Padaria),
funcionário de “A República” e responsável pela cobrança/América;
27 – JOSÉ ARAGÃO, estudante e funcionário
público;
28 – JOSÉ ARTUR DOS REIS LISBÔA, estudante,
irmão de Francisco, ambos filhos do Capitão do Porto, Reis Lisboa, intelectual,
foi Delegado de Policia em Recife;
29 – JOSÉ FERNANDES DE OLIVEIRA (Lélio), estudante.
A família residia no “chalet” da av. Rio Branco, onde morou o Dr. Solon Galvão,
esquina com a rua Apodi;
30 – JOSÉ LOPES TEIXEIRA, comerciário e irmão
de Francisco Lopes Teixeira (de Freitas), 1° Presidente eleito, por aclamação,
na reunião de fundação;
31 – LAURO DE ANDRADE LUSTOSA, empregado da
firma Olimpio Tavares & Cia.;
32 – LUCIANO GARCIA, estudante, posteriormente
funcionário público;
33 – MANOEL COELHO DE SOUZA FILHO, estudante,
que muito se esforçou para as atividades do clube. Faleceu no Rio de Janeiro;
34 – MARIO MONTEIRO, irmão do falecido
telegrafista Orlando Monteiro. Trabalhava no semáforo da torre da Catedral;
35 – NAPOLEÃO SOARES FERREIRA, irmão de Getúlio
e Caetano Soares Ferreira;
36 – OSCAR HOMEM DE SIQUEIRA, estudante, atleta
e Presidente do América, que alcançou o alto posto de Desembargador, como seu
pai Joaquim Homem de Siqueira;
37 – SIDRACK CALDAS, irmão de Abdenego Caldas,
figura ilustre da cidade;
38 – VITAL BARROCA, eleito Vice-Presidente para
a segunda gestão, iniciada em 15/12/1915.
GALERIA DE PRESIDENTES
14/7 a 14/12/1915 - Francisco Lopes
de Freitas
15/12/1915 a 1928 - Getúlio
Soares, com circunstanciais convocações dos auxiliares Vital Barroca, Aníbal Barata, Oscar Homem de Siqueira, Aníbal Ataliba,
Clidenor Lago, Carlos Fernandes Barros, Afonso Joffily, Zélio Perouse Pontes e
Clóvis Fernandes Barros;
1928 a 1930 José Gomes da Costa;
1931 a 1932 Edgar Homem Siqueira e
Álvaro Pires;
1933 a 1934 Osório Bezerra Dantas;
1934 a 1935 João Tinoco Filho, com eventuais convocações de Humberto de
Oliveira, João Bezerra de Melo, José Otoch e Oscar Homem de Siqueira;
1935 a 1936 Afonso Ligório Pinheiro;
1937 a 1938 Clóvis Fernandes Barros;
1938 a 1941 Rui Moreira Paiva;
1942 a 1943 Humberto de Oliveira
Fernandes;
1944 a 1945 Humberto Nesi;
1945 a 1947 Rui Barreto de Paiva;
1947 a 1950 José Rodrigues de Oliveira;
1951 a 1953 Miguel Carrilho de Oliveira;
1953 a 1956 Jeremias Pinheiro da C. Filho;
1956 – 1958 Murilo Tinoco Carvalho;
1958 a 1961 Heriberto Ferreira Bezerra;
1962 a
1964 Humberto Nesi;
1964 Ulisses
Cavalcanti. Menos de 24 horas depois, alegando ordem superior do Quarto
Exército, renunciou e em seu lugar foi escolhida uma Junta Governativa até o
final do ano (Carlos José da Silva, Desembargador Wilson Dantas Cavalcati e Omr
Romero de Medeiros);
1965 a 1970 Humberto Pignataro;
1970 a 1972 Hugo Manso;
1972 a 1974 Dilermando Machado;
1974 a
1976 José Vasconcelos da Rocha;
1976 a 1978 Carlos Jussier Trindade Santos
1979 a 1980 Dilermano Machado;
1980 a 1984 Henrique Arnaldo Gaspar;
1985 Amando
Homem de Siqueira, falecido no curso do mandato e sucedido por Adroaldo Fonseca até o final do
mandato;
1985 a 1992 Carlos Jussier Trindade Santos
1993 a 1994 Fernando José de Resende
Nesi, que renunciou em 23/02/94
(dia do seu aniversário), sucedido de fev. a dez. 1994 por
uma Junta Governativa formada por Cláudio Bezerra, Rogério Vilar, Walter
Nunes da Silva, Zacheu Santos e Marcos Antônio B. Cavalcanti;
1994 (01/12) a (01.04.1996) Marcos
Antônio B. Cavalcanti, sucedido,
por sua renúncia por José Maria
Barreto de Figueiredo;
1997 a 1998 Eduardo Serrano da Rocha;
1998 a 1999 Roberto Bezerra (dez. 98 a maio de 99), sucedido por Cláudio Negreiros Bezerra e Carlos Jussier
Santos (60 dias);
1999 e 2000 Pio Marinheiro, renunciou com 45 dias, assumindo Jerônimo
Câmara Ferreira de Melo;
2001 a 2003
José Vasconcelos da Rocha;
2003 a 2005 Francisco Soares de Melo,
Roberto Bezerra Fernandes, a partir
de janeiro de 2005 e por 45 dias, e depois José Vasconcelos da Rocha;
2006
a 2007 Gustavo Henrique Lima de Carvalho;
2008 a 2009 José Vasconcelos da Rocha;
2010 a 2011 José Maria Barreto de Figueiredo (12/01/2010 a 20/10/2010), com sua
renúncia assume Clóvis Antônio Tavares Emídio (21/10/2010 a 10/5/2011) e a partir de maio de 2011 assume Hermano
da Costa Moraes;
2012 a
08/01/2014 Alex Sandro Ferreira de Melo (Padang);
2014 a
2015 Gustavo Henrique Lima de Carvalho, licenciado em 19/5/2015 e Hermano
da Costa Moraes, em exercício.
Pela pouca arrecadação
de contribuições, muitos dos fundadores arcavam com os gastos extras para manter
o clube, ressaltando-se, em particular, Aguinaldo Tinôco, que também era
zagueiro e capitão do time, fato repetido em cada geração de torcedores e
associados do clube. Ainda hoje o fato se repete, embora com adoção de novos
critérios que agregam a galera americana, mas certamente com aqueles que
contribuem com recursos mais vultosos e até com sacrifícios pessoais movidos
pelo amor ao alvi-rubro natalense.
Uma coisa, porém, é indiscutível: sob o prisma legal,
o América é o clube mais antigo do Rio Grande do Norte, haja vista que a
publicação do seu primeiro estatuto ocorreu no dia 02 de julho de 1918 no
jornal A República de nº 144, 2ª página e o seu registro em Cartório aconteceu
no dia 03 de julho de 1918, enquanto nosso maior e respeitável rival só
providenciou o seu registro em 13 de dezembro de 1927.
O fato de ordem legal que gerou a oficialização do
clube, narrada pelo velho americano Lauro Lustosa, diz que foi em razão de um
acontecimento inusitado, quando num treino no campo da praça onde hoje é a
Catedral: “o então Coronel Júlio Canavarro de Negreiros Melo, Comandante do 40º
Batalhão de Caçadores, que ali passava no dia 3 de junho de 1918, foi atingido
por um chute, o que motivou a determinação dada ao seu ordenança, armado com um
sabre, para furar a única bola que o clube tinha para treinar e jogar, tendo
sido o América obrigado a buscar sua personalidade jurídica para poder entrar
com uma ação indenizatória, através do advogado Bruno Pereira em nome do então
Presidente Oswaldo da Costa Pereira. Para tanto, os estatutos foram registrados
pela primeira vez no dia 3 de julho de 1919, no Primeiro Ofício de Notas, em
documento assinado pelo então presidente Oswaldo da Costa Pereira.” Nessa
narrativa há o equívoco do ano do registro, que deve ser considerado como 1918,
isto é, no dia que se seguiu ao da publicação do estatuto. Essa ação intentada não
chegou a ser julgada porque o Governador Ferreira Chaves resolveu indenizar o
clube, evitando maiores consequências do incidente em razão do que foi
adquirida nova bola, marca “olimpic”, e uma sobra ficou para as comemorações.
Mas, de qualquer forma, o América ganhou existência legal.
Seu uniforme,
inicialmente ao tempo da fundação era azul (camisa) e branco (calção),
porquanto existia um antigo clube denominado Sport Club Natalense (Natal Sport
Club), onde alguns dos fundadores nele atuavam e já usava as cores branca e vermelha.
Com a extinção deste, o América trocou as suas cores, que eram as preferidas
desde a fundação, coincidindo com o que adotavam outros times com o mesmo nome
em outros estados, isto é, “encarnado e branco”, como já constou no registro do
estatuto. Obviamente que as bandeiras guardaram as cores de cada época. De
qualquer forma essas cores findaram coincidindo com as cores da bandeira da
França.
A propósito,
em nossa pesquisa no jornal A República, anotamos um ponto bem interessante. A
Diretoria era composta dos seguintes cargos: Presidente, Vice-Presidente,
Secretário-Geral, Orador, Tesoureiro e “capitain”. As atribuições deste último
cargo estão contidas no art. 10 e cuidava de: a) organizar os “teams”; b)
dirigir os “treinings” e alterá-los, visando sempre a organização dos
conjuntos; c) manter a ordem no campo; d) não consentir discussões no campo; e)
suspender o jogo em caso de insubordinação da maioria dos jogadores; f) marcar
os dias de “trainings”; g) comunicar à diretoria as providências tomadas em
campo; h) nomeal um “capitain” para cada “team”; i) nomear um diretor de campo
que será responsável pelo zelo de todo o material de campo, obedecendo
diretamente à sua autoridade, de quem recebe ordens.
Um aspecto relevante na lembrança dos grandes
desportistas o é do reconhecimento ao trabalho do setor jurídico, em todos os
tempos, mas que aqui deixo marcado na pessoa do grande americano, que prestou
sua inteligência jurídica ao América por muitos anos, até sua passagem para
outra dimensão: Walter Nunes da Silva, igualmente o setor médico a cargo do Dr.
Maeterlink, dentre muitos outros desportistas de maior valor, em tempos
diferentes até os dias atuais, sejam do primeiro escalão ou aqueles quase anônimos
como Macarrão, Moura e Souza, por exemplo.