sábado, 1 de novembro de 2014

OS PRÍNCIPES QUE VIRAM SAÚVA
 
 
                                                                Públio José – jornalista
 
 
                       
                                   As lendas, os contos infantis e as histórias de carochinha nos dão conta de Príncipes que viram sapo, passarinho, cachorro e outros tipos de animais. Mas no Brasil – ah, que país fantástico! – os Príncipes há muito tempo estão virando saúva. É, saúva, aquela formiga grande, que na década de 50 gerou um verdadeiro clamor nacional a favor da sua extinção (lembram-se do slogan “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil?”). Naquele tempo a frente de batalha fora aberta contra o pequeno animal em função da sua incontrolável capacidade de destruir tudo que encontrasse pela frente. Dotada de presas de uma eficiência extraordinária, a saúva assustou o meio rural brasileiro, ainda carente de modernas tecnologias necessárias ao combate das pragas no campo, pelos enormes prejuízos que causava com a sua fome desmesurada. Milho, café, e outras preciosas culturas, sucumbiam diante da poderosa formiga.
                                   Com o passar do tempo, os problemas criados pela saúva foram tomando uma dimensão administrável, novas tecnologias foram surgindo, seu combate foi ficando a cada dia mais eficaz – e ela deixou de ser o bicho-papão que se prenunciava. Mas ao se retirar do palco das emoções nacionais, a saúva deixou um herdeiro muito mais poderoso: o mau político, o tal do homem público corrompido. São os Príncipes de que nos fala Maquiavel. Para efeito externo parecem perfeitos. Bem vestidos, bem arrumados, falantes, envolventes. Interiormente, entretanto, deixam muito a desejar. Têm funções de comando, influenciam, administram muito dinheiro e, em todo momento, mexem com a vida de milhares e milhares de pessoas. Segundo a Bíblia são instituídos por Deus para exercer autoridade. Deveriam, como se vê, encarnar o papel de Príncipes tanto do ponto de vista político como no tocante ao espiritual. Mas nem sempre é assim...
                                   A diferença visual entre o Príncipe e a saúva é gritante. Moralmente a diferença deveria permanecer. Mas tem muito Príncipe trocando o caráter e as vestes de Príncipe, talares, solenes, majestáticas, espiritualmente abençoadas, pela vestimenta obscura, fétida, e moralmente desprezível da saúva. O Príncipe foi entronizado para edificar, construir, solidificar, consolidar, fortalecer. A saúva só existe para prejudicar, danificar, impedir, trabalhando tão somente em função de si mesma. À saúva pouco importa o que acontece quando, através de suas presas afiadas, põe abaixo a folha que dá sustentação ao fruto. A ela pouco importa se seu gesto vai gerar a fome ou a escassez de provisão para alguém. Ela quer cortar, se locupletar, cuidar do que é seu, levar suas vantagens. Quando um Príncipe vira saúva o estrago que causa à sociedade é enorme. De construtor passa a predador – e muitos sofrem em função dessa mudança.
                                   Ah! Ia esquecendo de ressaltar a questão do cheiro. O Príncipe usa os melhores perfumes, as essências mais refinadas. Sua aparência exterior tem de estar em dia com os manuais da moda, da etiqueta, do social. O perfume que exala é muito importante para causar boa impressão. Já a saúva... Tem o cheiro do subterrâneo, do porão, de lugares escondidos, mal cheirosos, putrefatos. As obras do Príncipe são idealizadas à luz do sol e concretizadas para o bem comum. As obras da saúva se escondem da luz. Tudo que corta e carrega é levado para as sombras – para uso exclusivamente seu. Mas o destino é cruel com a saúva. Ela nunca deixará de ser saúva. Inclusive de ter as suas péssimas qualidades. Já o Príncipe tem retorno. Pode largar o cheiro, o odor, as vestes e o caráter da saúva e voltar a brilhar, a resplandecer na postura física, moral e espiritual de Príncipe. É só querer. Será que quer?   
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

HOMENAGEM RECEBIDA
DO
INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS DO DIREITO - IBED


Uma grata surpresa para a minha trajetória de vida - após afastado da atividade docente e das lides judiciais, fui agraciado com a Comenda Jurista Tobias Barreto, outorgada pelo IBED.
Quando fui contatado pelo Professor Rodrigo Cavalcanti, da Faculdade Maurício de Nassau, questionei se não estava havendo algum engano, mas a confirmação era que o fato era verdadeiro.
Logicamente que, entre surpreso e profundamente feliz, senti-me gratificado com esse reconhecimento em razão de toda uma vida dedicada ao Direito.
Registro aqui o meu maior agradecimento e dando a certeza de que esse prêmio ficará marcado na minha história de vida.
 COMENDA JURISTA TOBIAS BARRETO
                                                             Eu e minha Therezinha
Pousando para a posteridade com o meu filho Carlos Rosso
 Foto com o Professor Rodrigo Cavalcanti



TERMINA HOJE



VI ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES –
VI EPE 

Sexta-feira, 31.10.2014 
MANHÃ 9h –
Porque sou Poeta Carlos Morais dos Santos,
 Roberto Lima de Souza e Diulinda
Garcia Moderador: Alexandre Abrantes
10h - Recital Poético Roberto Lima,
voz e violão; Alexandre Abrantes
e Eduardo Gosson, declamações 
10h30 -
O Máximo com o Mínimo: Poetrix, Haicai e
Aldravia Gilvânia Machado, Aluizio Matias
dos Santos e José de Castro Moderadora:
Valdenides Dias 12h -
 INTERVALO 
TARDE 15h -– Ariano Suassuna
 no Contexto Cultural brasileiro Carlos
Newton Júnior – Recife/PE 16h30 - Sarau
Lítero-Musical de encerramento Grupo
Poesia Potiguar e Cia (Currais Novos-RN)
 Sociedade dos Poetas Vivos e Afins -
SPVARN 18h - Sessão de autógrafos
do livro JORNAL DA SAUDADE: NATAL
NO MEU TEMPO DE MENINA,
comemorativo do Centenário da Escritora
Nati Cortez (in memoriam).
..............................................................

quinta-feira, 30 de outubro de 2014


2º DIA DO ENCONTRO


VI ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES – 

VI EPE , 29, 30 e 31-10/ 2014




Quinta-feira,  30.10.2014 -

 MANHà09h – 

A singularidade Poética 

de Ferreira Itajubá;  

Nelson Patriota e Lívio Oliveira 
Moderadora: Rizolete Fernandes

10h30 – O papel das Academias na 

difusão da Literatura Potiguar 
Diógenes da Cunha Lima, 
Cícero Macedo, Emmanuel Cavalcanti 
e Zelma Furtado
 Moderadora: Conceição Maciel
 12h - INTERVALO
TARDE 

 15h – 2º Fórum Potiguar do livro, 

da leitura e das bibliotecas: Planos estadual 
e municipais Betânia Ramalho Leite – 

SEEC, Justina Iva - SME, Cláudia 

Santa Rosa - 

IDE e Vandilma Oliveira - SEMEC 
Moderadora : Geralda Efigênia 16h30 – 
Bartolomeu Correia de Melo no Contexto 
Literário regional e nacional 
Arnaldo Afonso, Manoel Onofre Jr.
 e Tarcísio Gurgel Moderador: Nelson Patriota 

 18h– Sessão de autógrafos do livro 

ROSA VERDE AMARELOU de
 Bartolomeu Correia de Melo (in memoriam), 
pela esposa Verônica Melo, 
contendo a obra completa do autor. Edições Bagaço, Recife.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

COMEÇA HOJE



VI ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES –
VI EPE 
 29, 30 e 31 de Outubro de 2014
 Coordenadores Gerais: Roberto Lima de Souza -
UBE Diógenes da Cunha Lima - ANL 
 Valério Alfredo Mesquita – IHGRN 
 José Willington Germano – Cooperativa
Cultural
da UFRN Secretário Executivo Eduardo
Antonio Gosson 
 Coordenadores Adjuntos: Anna Maria
Cascudo Barreto – ICC  
Angélica Vitalino - SEMEC-Parnamirim 
 Antonio Clauder Arcanjo UBE-RN
 Aluizio Matias dos Santos – UBE-RN 
 Carlos Roberto de Miranda Gomes UBE-RN 
 Geralda Efigênia – SEEC 
 Manoel Marques da Silva Filho - UBE-RN
 José Lucas de Barros - ATRN
 Maria Rizolete Fernandes - UBE-RN 
José Martins SPVA-RN 
 Jurandyr Navarro – Academia de Letras
Jurídicas - ALEJURN 
 Ormuz Barbalho Simonetti INRG
 Odúlio Botelho - IHGRN
 Rosa Ramos Régis da Silva - ANLIC 
Zelma Furtado - AFL-RN
 Comissão de Divulgação Alex Gurgel -
blog Grande Ponto 
 Cid Augusto - O Mossoroense 
 Cefas Carvalho- Potiguar Notícias 
Cinthia Lopes - TN-Caderno Viver 
 Jania Maria de Souza - Blog da SPVA
 J. Pinto Júnior - TV Bandeirantes
 Lucia Helena Pereira - Diretora de
Divulgação
 Maria Vilmaci Viana - blog Vivi Cultura
 Moura Neto - Novo Jornal Paulo 
Jorge Dumaresq - Assessor Especial de
Imprensa
 Sergio Vilar - Portalnoar.com 
Yuno Silva - Tribuna do Norte -  
Blog do MIRANDA GOMES
Blog Genealogia e História 
 Blog do IHGRN

 PROGRAMAÇÃO OFICIAL NOITE
 Quarta-feira, 29.10.2014 19h –
Credenciamento dos participantes
 20h – Abertura Solene (Roberto Lima
de Souza Presidente da UBE/RN, 
Diógenes da Cunha Lima Presidente
da ANL ; 
Valério Mesquita Presidente
do IHGRN 
 José Willington Germano Presidente
da Cooperativa Cultural- UFRN 20h30 –
Concerto de violão clássico com

Alexandre Atmarama 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Macaíba (Coité)




MACAÍBA: 137 ANOS

Valério Mesquita*

O ponto alto das comemorações dos 137 anos da emancipação política e administrativa de Macaíba continua sendo o bicentenário de nascimento do seu fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram trasladadas do Rio de Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição. O vinte e sete de outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que antes se chamava Coité – desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período de esplendor comercial do porto de Guarapes que irradiou energia econômica a todos os quadrantes. Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria açucareira do vale do Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras das fazendas de algodão, cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes” e do alto da colina comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era rumor, vida, agitação, atividade.
É nesse vácuo de duzentos anos que reside a minha perplexidade. Um silêncio dominado pelo abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a coragem de contemplar restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar o nome de Macaíba dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século dezenove. Não bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como tivesse sido um mundo de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é ouvir o eco de suas paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas que não se pulverizaram mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse universo semidesaparecido, clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor imagem de um homem, após a morte, não são as cinzas, mas a obra que legou à posteridade, revivida e restaurada como reconfortante e fiel fotografia de sua história e vida.
Como guerreiro solitário, luto há quinze anos pela restauração dos escombros do empório dos Guarapes. Como membro, àquela época, do Conselho Estadual de Cultura do Estado, consegui o tombamento. De imediato, no desempenho do mandato parlamentar obtive do governo a desapropriação da área adjacente. Batalhei, em alto e bom som, junto aos gestores públicos a elaboração do projeto arquitetônico, que, até hoje, dormita em armário sonolento da burocracia. Foi uma agitação, apenas, que não se moveu nem comoveu. Saí dos movimentos da superfície oficial, para as janelas da imprensa e outras vozes, em coro uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais reluzente história da economia do Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse conjunto de verdades fixas foi ilusão imaginar que a lucidez jamais se disfarçaria em surdez. Como enfrentei e venci no passado, partindo de perspectivas débeis e precárias, óbices quase intransponíveis para a restauração das ruínas do Solar do Ferreiro Torto e da Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços entre a fragmentação do sonho e a fé incondicional no meu pragmatismo, de que tudo, até aqui, nada foi em vão.
Reproduzir a realidade, tal que se imagina que fosse, o burburinho comercial e empresarial daquele tempo de Fabrício, faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens de hoje através de exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele iniciaram uma figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba que começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra, Augusto Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando labareda, lampejo, no centésimo trigésimo sétimo aniversário, derrubem, pois, os obstáculos que impedem as luzes da memória dos Guarapes refletirem sobre a posteridade. Se assim não agirmos tudo será cinzas.
(*) Escritor.
O  FÊBÊAPÁ  QUE ASSOLA O P A Í S

Por: Gileno Guanabara, escritor

            A história literária do Brasil tem sido pródiga em produzir satíricos e humoristas, cuja picardia amenizam os descalabros autoritários no campo da política, enquanto sacia o apetite popular necessário à expiação da labuta do dia a dia. Registros não nos faltam. Enquanto isso, a política e a História seguem as suas veredas.
Contam-se os inúmeros micos atribuídos ao Presidente Eurico Gaspar Dutra. Num deles, o general, que não dominava o idioma inglês, apesar de ter participado no teatro europeu da Segunda Grande Guerra, tinha certa obsessão pelo uso da palavra between. Sem que apercebesse o sentido literal da palavra, costumava dirigir-se aos visitantes americanos a quem recebia, convidando-os a adentrar no seu gabinete. Usava a expressão between, between tornando confuso o ambiente da visita. A expressão prepositiva se traduz por (estar) entre, confundida pelo presidente com o verbo go.
Tivemos entre nós a passagem de Aparício Tonelli, o Barão de Itararé, o qual nos reservou mordazes tiradas algumas dirigidas ao presidente Getúlio Vargas. Conta-se que, destacado para uma cobertura jornalística no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, dada a visita que Getúlio fazia à Câmara Federal, que naquela época funcionava no Palácio Monroe, o presidente se deparou com Aparício. Ao se aproximar da escadaria onde se encontrava Aparício, Getúlio a ele se dirigiu, referindo-se com menoscabo: És tú, Barão ?... Ao que imediatamente Aparício deu como resposta: Tubarão, és tu...
            A conduta prosaica e amigável de Juscelino no trato com seus adversários fê-lo o presidente da distensão. Não foi por acaso que a paródia dos menestréis da época lhe conferia o epíteto de Presidente Bossa Nova. Ao tomar posse, Juscelino teve convivência respeitosa com os deputados da incansável Banda de Música, formada por Aliomar Baleeiros, Carlos de Lacerda, José Sarney, aguerridos quadros da União Democrática Nacional-UDN. Antes do suicídio de Getúlio (1954) ultimaram-se os ardis, de início, em cooptar Café Filho, enquanto Vice-Presidente. Depois, com a posse de Café na Presidência da República, os entreveros que visavam impedir a candidatura de Juscelino, de derrotá-lo nas urnas ou, por último, tornar inviável a sua posse e o seu governo. Nos primeiros anos de governo, ocorreram as revoltas de Jacareacanga e a de Aragarças, por grupos de militares integrantes da Aeronáutica, as quais foram abafadas. Decorridos menos de seis meses, Juscelino anistiou os militares.
            Enquanto se deleitava, deixando-se fotografar sem os sapatos, desvencilhados nas solenidades oficiais, com furos das meias expostos, Juscelino entoava a paródia do folclore – como pode um peixe vivo, viver fora d’água fria. Foi o tempo em que concluía a construção da nova capital. Se, de um lado, o governo de Juscelino fora complacente com a inflação, em escalada crescente nos anos da década de 1950, de outro modo, politicamente foi respeitoso com a oposição que não se desarmara, apesar do desgaste político provocado pela morte súbita de Getúlio. Sucediam-se os manifestos sediciosos dos comandos militares, os pronunciamentos parlamentares vigorosos da UDN e o combate persistente da Tribuna da Imprensa, diário pertencente ao jornalista Hélio Fernandes. Apesar da crise inflacionária na economia, Juscelino impulsionou o polo metalúrgico de São Paulo e deu início ao promissor ciclo econômico auto viário, no país.
            O golpe de 1964 teve o apoio de Juscelino, dentre outros civis que imaginaram preservar um espaço, ao fim do qual retornariam a seus projetos político-pessoais. Mas o ato que visa uma banana, alcança o total do balaio. O golpe ceifou um a um os líderes civis, fossem da oposição ou da situação. O golpe perdurou por quase vinte anos.
            Um cronista carioca, radialista, jornalista e apresentador de TV, nascido no ano de 1923, tornou-se célebre por suas pitadas humorísticas, quando da histeria golpista que assolou o país. O seu nome, Sergio Porto, foi substituído por Stanislau Ponte Preta. A truculência dos militares, em público ou em solenidades, servia de alvo para a crítica rigorosa dos jornais ou das revistas. Ao rigor de seu humor implacável, Stanislau Ponte Preta cunhou o despautério psicótico com que a ditadura combateu os setores discordantes da esquerda. Chamava o novo regime de o fêbêapá, iniciais de O Festival de Besteira que Assola o Brasil. A expressão fêbêapá ganhou foro geral na linguagem falada, em referência a tudo o que contrariasse a lógica e o bom senso, inclusive na política.
            Numa de suas crônicas, Sérgio Porto contou a saga de um recifense bisbilhoteiro que costumava atribuir boatos nas ruas do Recife, tendo em vista os militares, a partir do Bar Savoy, ponto de encontro boêmio e literário da Avenida Guararapes, exatamente nos dias imediatos ao golpe de 1964. Articulada a repressão policial em busca do boateiro que circulava incólume, eis que afinal o elemento viu-se preso e foi conduzido à autoridade militar competente. Devidamente interrogado, o comando militar, simulando-se contrariado, sentenciou a ordem para que o preso fosse sumariamente fuzilado. Posto diante do muro, com os olhos cobertos por uma tarja preta, foi dada ordem ao pelotão de atirar. Só que os fuzis não portavam balas de verdade. Ouviu-se o estampido e o elemento desmaiou e caiu, tão só pelo medo que sofreu. Ainda desacordado foi conduzido ao hospital da Guarnição Militar.
            Ao acordar, o boateiro estava sob uma maca, em estado lastimável. Havia defecado na roupa e chorava compulsivamente, agradecido por ainda se achar vivo. O comandante da Guarnição deu-lhe o rapa final. Daquela vez, iria lhe conceder liberdade, mas se retornasse à boataria e a uma nova prisão, os tiros seriam com balas de verdade. O boateiro concordou com as condições. Saiu, caminhou pelas ruas agraciado com a liberdade alcançada. Ao se aproximar do centro do Cais do Porto do Recife, encontrou-se com antigos companheiros, os quais lhe indagaram pelas últimas novidades. O boateiro baixou a voz e em sussurro disparou: O Exército está em crise. Não tem balas de verdade, só dispõe de balas de festim.
             


              

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

AGENDE-SE

VI ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES –

VI EPE , 29, 30 e 31-10/ 2014


VI ENCONTRO POTIGUAR DE ESCRITORES –
VI EPE 
 29, 30 e 31 de Outubro de 2014
 Coordenadores Gerais: Roberto Lima de Souza -
UBE Diógenes da Cunha Lima - ANL 
 Valério Alfredo Mesquita – IHGRN 
 José Willington Germano – Cooperativa
Cultural
da UFRN Secretário Executivo Eduardo
Antonio Gosson 
 Coordenadores Adjuntos: Anna Maria
Cascudo Barreto – ICC  
Angélica Vitalino - SEMEC-Parnamirim 
 Antonio Clauder Arcanjo UBE-RN
 Aluizio Matias dos Santos – UBE-RN 
 Carlos Roberto de Miranda Gomes UBE-RN 
 Geralda Efigênia – SEEC 
 Manoel Marques da Silva Filho - UBE-RN
 José Lucas de Barros - ATRN
 Maria Rizolete Fernandes - UBE-RN 
José Martins SPVA-RN 
 Jurandyr Navarro – Academia de Letras
Jurídicas - ALEJURN 
 Ormuz Barbalho Simonetti INRG
 Odúlio Botelho - IHGRN
 Rosa Ramos Régis da Silva - ANLIC 
Zelma Furtado - AFL-RN
 Comissão de Divulgação Alex Gurgel -
blog Grande Ponto 
 Cid Augusto - O Mossoroense 
 Cefas Carvalho- Potiguar Notícias 
Cinthia Lopes - TN-Caderno Viver 
 Jania Maria de Souza - Blog da SPVA
 J. Pinto Júnior - TV Bandeirantes
 Lucia Helena Pereira - Diretora de
Divulgação
 Maria Vilmaci Viana - blog Vivi Cultura
 Moura Neto - Novo Jornal Paulo 
Jorge Dumaresq - Assessor Especial de
Imprensa
 Sergio Vilar - Portalnoar.com 
Yuno Silva - Tribuna do Norte -  
Blog do MIRANDA GOMES
Blog Genealogia e História 
 Blog do IHGRN

 PROGRAMAÇÃO OFICIAL NOITE
 Quarta-feira, 29.10.2014 19h –
Credenciamento dos participantes
 20h – Abertura Solene (Roberto Lima de
Souza Presidente da UBE/RN, 
Diógenes da Cunha Lima Presidente
da ANL ; 
Valério Mesquita Presidente
do IHGRN 
 José Willington Germano Presidente
da Cooperativa Cultural- UFRN 20h30 –
Concerto de violão clássico com
Alexandre Atmarama 

Quinta-feira,  30.10.2014 - MANHÃ 09h –
A singularidade Poética de Ferreira Itajubá;  
Nelson Patriota e Lívio Oliveira
Moderadora: Rizolete Fernandes
10h30 – O papel das Academias na
difusão da Literatura Potiguar
Diógenes da Cunha Lima,
Cícero Macedo, Emmanuel Cavalcanti
e Zelma Furtado
 Moderadora: Conceição Maciel 12h - 
INTERVALO
TARDE 
 15h – 2º Fórum Potiguar do livro,
da leitura e das bibliotecas: Planos estadual
e municipais Betânia Ramalho Leite – SEEC,
Justina Iva - SME, Cláudia Santa Rosa -
IDE e Vandilma Oliveira - SEMEC
Moderadora : Geralda Efigênia 16h30 –
Bartolomeu Correia de Melo no Contexto
Literário regional e nacional
Arnaldo Afonso, Manoel Onofre Jr.
 e Tarcísio Gurgel Moderador: Nelson Patriota 
 18h– Sessão de autógrafos do livro
ROSA VERDE AMARELOU de
 Bartolomeu Correia de Melo (in memoriam),
pela esposa Verônica Melo, contendo a
obra completa do autor. Edições Bagaço,
 Recife. Sexta-feira, 31.10.2014 MANHÃ 9h –
Porque sou Poeta Carlos Morais dos Santos,
 Roberto Lima de Souza e Diulinda
Garcia Moderador: Alexandre Abrantes
10h - Recital Poético Roberto Lima,
voz e violão; Alexandre Abrantes
e Eduardo Gosson ,declamações 10h30 -
O Máximo com o Mínimo: Poetrix, Haicai e
Aldravia Gilvânia Machado, Aluizio Matias
dos Santos e José de Castro Moderadora:
Valdenides Dias 12h -
 INTERVALO TARDE 15h -– Ariano Suassuna
 no Contexto Cultural brasileiro Carlos
Newton Júnior – Recife/PE 16h30 - Sarau
Lítero-Musical de encerramento Grupo
Poesia Potiguar e Cia (Currais Novos-RN)
 Sociedade dos Poetas Vivos e Afins -
SPVARN 18h - Sessão de autógrafos
do livro JORNAL DA SAUDADE: NATAL
NO MEU TEMPO DE MENINA,
comemorativo do Centenário da Escritora
Nati Cortez (in memoriam).
..............................................................
 
 INFORMAÇÕES 
 Vagas: 100 vagas para a SEEC/RN
100 vagas para a SME/Natal
100 vagas para a SEMEC/Parnamirim
100 vagas para escritores e público.
Inscrições: . Professores da rede
municipal, estadual e de Parnamirim
devem procurar a Ficha de Inscrição
em sua respectiva Secretaria de Educação
no período de 01 a 20 Outubro de 2014 .
Escritores e o público devem se inscrever
no Instituto Histórico e Geográfico
do RN, à Rua da Conceição, 622 –
Cidade Alta, no período de 01 a 20
de Outubro de 2014, entre 8h e 12h .
Local do VI Encontro Potiguar de
Escritores - VI EPE: Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras – ANL -
Rua Mibipu, 443 –Petrópolis - Natal/RN
Data: 29, 39 e31 de Outubro de 2014
Outras informações:
eduardogosson115@gmail.com
robertolsouza@globo.com Organização:
União Brasileira de Escritores –
UBE/RN Academia Norte-Rio-Grandense
de Letras – ANL Instituto Histórico e
Geográfico do RN – IHGRN Cooperativa
 Cultural da UFRN . Certificado:
Os participantes receberão
Certificado no encerramento
do Encontro. Livraria:
A Cooperativa Cultural da UFRN
montará um stand de vendas
de livros de autores potiguares

domingo, 26 de outubro de 2014

Tropeços iniciais de uma longa jornada

Luciano Ramos
Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do RN

As eleições, com sua força magnética, atraem nossos olhos, corações e mentes, concentrando a energia social no principal ato democrático. É natural e importante que assim seja, pois balizarão os destinos de milhões de pessoas pelos próximos quatro anos.

Mas, em meio às notícias do processo eleitoral, um fato quase despercebido clama por mais atenção do Rio Grande do Norte, sobretudo pela duração dos seus reflexos, igualmente extensíveis por vários anos. Neste caso, o tempo é contado em dezenas, mais precisamente as duas durante as quais pagaremos pelo contrato de Parceria Público-Privada firmado com a Arena das Dunas.

De fato, vimos nesta semana notícia veiculada pela Tribuna do Norte quanto às provisões do governo do Estado para honrar as próximas parcelas mensais devidas à Arena, que se limitavam apenas a um dos próximos pagamentos devidos até o final deste ano. Com esta perspectiva, cerca de R$ 30 milhões estão passíveis de ficarem em aberto.

Ou seja, nos passos iniciais de uma longa jornada prevista para durar 20 anos, poucos meses após os primeiros pagamentos que o Estado se comprometeu a fazer, a carga já dá sinais de ser pesada, além de cobrar um preço amargo.

Neste ponto, muitos poderiam pensar: qual a relevância de se pagar as dívidas deste contrato específico? Já não são tantos os fornecedores em atraso, inclusive afetando áreas muito mais sensíveis como saúde e segurança pública?

O problema é que a especificidade desta potencial dívida não está na essência do serviço que é entregue aos nossos cidadãos, mas nas garantias que a cercam e o efeito multiplicador que seu uso possa ter nas finanças públicas estaduais. Em uma parceria público-privada (PPP), o descompasso com as obrigações de pagamento do Estado tem efeitos imediatos, ao contrário dos outros credores menos amparados.

Ao optarmos pela PPP, construiu-se um colchão de segurança para este crédito, de modo que o contratado não passará muito mais do que trinta dias sem o seu devido pagamento, pois este atraso é seguido pelo direito de acionar diretamente o fundo garantidor – R$ 70 milhões já separados dos royalties do petróleo, sob a responsabilidade da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte (AGN), mais algo em torno de R$ 300 milhões em bens públicos atualmente em uso.

Ocorre que o RN não pode simplesmente deixar estes R$ 70 milhões serem utilizados até o seu esgotamento. Ao revés, a cada utilização total ou parcial desta garantia, o Estado tem que recompor o que foi retirado e ainda acrescer mais R$ 10 milhões – como uma espécie de sanção pelo seu inadimplemento -, chegando ao limite máximo de R$ 123,6 milhões em valores atuais.

E a sucessão de percalços do caminho não para neste grave risco potencial, podendo entrar numa espiral negativa até bater no Fundo de Participação do Estado (FPE).

Infelizmente, não nos cabe agora discutir se o contrato deveria ter sido feito nos termos que foi – aspectos financeiros de contratos administrativos só são passíveis de modificação contra a vontade do contratado em face de ilegalidade, não pela Administração Pública ter errado no cálculo do ônus que ele representaria.

Até o presente momento, não se pode falar em irregularidade da despesa nem do contrato que lhe deu causa, ainda sob análise do Tribunal de Contas do Estado, sem maiores indícios de sua ocorrência. Mas, na origem da caminhada e dos tropeços que já espreitam nas primeiras curvas do percurso, já se antevê o quanto deixou a desejar o planejamento de médio e longo prazo.

Assim, embora o momento de escolha das regras tenha ficado no passado, ainda há energia a ser concentrada neste processo, pois seus efeitos ainda não estão consumados. Portanto, é necessário que saibamos as consequências das opções em curso, de maneira que os próximos passos decorrentes do contrato principal potencializem a viabilidade econômica da Arena das Dunas, sob pena de sermos chamados a pagar uma conta ainda mais salgada.




B R A S I L


 
BERÇO DA DEMOCRACIA

VOTE

26 de  outubro  de 2014