sábado, 21 de março de 2015

SANGRANDO A VACA

Públio José – jornalista
                                      
                   É bastante conhecida a expressão “sangrar a vaca” no sentido de se aproveitar, de se levar vantagem, de se dar bem. Ao longo do tempo, a expressão se adaptou ao formato “sangrar fulano”, como demonstração de que alguém encontrou em um desavisado a maneira de ganhar a vida com pouco esforço. Tudo isso em razão da importância histórica que o animal representou e representa na vida do homem -  e também pelo fato de que sangue é vida. Na África, por exemplo, até recentemente, tribos inteiras enfrentavam os piores períodos de seca mantendo um rebanho bovino que, regularmente, era sangrado (sem pôr os animais em risco de morte) para a obtenção dos elementos vitais à sobrevivência do grupo. Também se impõe a importância do animal como elemento econômico a ponto de se afirmar que “da vaca só se perde o berro”. Enfim, o que a vaca produz tem relevância para a humanidade.
                        Para se ter uma ideia, por mais sofisticado que seja o ambiente, sempre haverá, ali, a presença da vaca, na forma de queijos, iogurtes, manteigas, couro nos móveis, etc., etc. Aliás, leilões de animais bovinos são realizados atualmente nos ambientes mais refinados em função da importância econômica que a atividade atingiu. Assim, adequando-se a história da vaca, em relação à humanidade, à importância que a Petrobras alcançou para o Brasil, se conclui ter sido a petroleira uma vaca de compleição excelente, digna de ser comparada aos mais extraordinários PO da raça bovina (animais puros de origem, de desempenho produtivo muito acima da média, portanto, de excelência comprovada). Olhando-se para a Petrobras ao longo do tempo, analisando-se o papel que desempenhou para o desenvolvimento industrial brasileiro, pode-se afirmar: “que vaca magnífica, que animal excepcional!”  
                        Agora, diante do assombroso assalto que uma quadrilha cometeu à empresa, talvez a ponto de leva-la à morte, cabe uma observação até singela: tais bandidos não aprenderam com as tribos africanas a maneira de sangrar a vaca sem encaminhá-la à exaustão. Pois as cifras saqueadas da Petrobras revelam-se de monta tão assustadoramente altas que é como se o sangue do seu corpo fosse retirado até a última gota. O processo de aniquilamento ao qual a Petrobras foi destinada tem dimensão tão grande que não dá para imaginar. E dá. Fora os enormes prejuízos causados às inúmeras empresas que lhe são fornecedoras – e, por extensão, à economia brasileira como um todo – ainda resta o incalculável perigo da empresa ser condenada pela justiça americana, fato que poderá lhe acarretar multas que irão variar do estonteante patamar de três a trinta e três bilhões de dólares! Haja sangue...
                        E pior ainda pode ficar. Em caso de condenação nos Estados Unidos, a Petrobras corre o risco de ser declarada inidônea pelo Banco Mundial, tornando-se um pária no mercado internacional – principalmente no de crédito. E ainda pode ficar pior. Caso a petroleira não tenha condições de pagar a multa, seu sócio principal terá que bancar a conta para não vê-la soçobrar de vez. E quem é o maior sócio? O governo brasileiro. Que, caso a questão chegue a esse ponto, terá de retirar a estratosférica quantia dos cofres públicos, recursos destinados à educação, à segurança, à saúde... E ainda pode ficar pior. Terá o governo brasileiro destinado no Orçamento Anual dinheiro para tal fim? Diante de cenário tão tenebroso para a Petrobras, e para o país por extensão, teria sido muito mais vantajoso mandar os ladrões da Petrobras a África aprenderem a tirar sangue da vaca sem mandá-la para o beleléu. Moooooonnnnn...   

sexta-feira, 20 de março de 2015

GG



O   I M P É R I O   E   A   M A Ç O N A R I A
Gileno Guanabara, sócio efetivo do IHGRN

Ano de 1820. A Revolução do Porto propiciou a convocatória da Constituinte com participação de deputados de Portugal e do Brasil. Como pré-condição, as cortes exigiram o retorno de El Rei D. João VI. Antes de partir, o rei nomeou o seu filho, D. Pedro, príncipe regente, para governar o Brasil. Dada a insistência das cortes em restaurar a condição de colônia, os deputados brasileiros retornaram, trazendo consigo ideias separatistas, de formar uma república, ou quiçá um Império.
            Proliferavam nas ruas as ideias separatistas, com apoio decisivo da Maçonaria, cuja Loja “Comércio e Artes”, a primeira fundada no Rio de Janeiro, no ano de 1815, incitava os seus membros à conjuração e por isso foi alvo de intensa repressão, conforme o registro de Angliviel de Beauville (L’Empire du Brésil - Paris 1823). Com a intensificação da luta pela independência e do prestígio crescente dos carbonários, outras lojas maçônicas foram criadas, resultando daí o surgimento do Grande Oriente, a primeira corporação que teve a iniciativa de defender a independência e divulga-la nas demais províncias.
            Consta do Livro de Atas, relativas às sessões do Grande Oriente (Ano 1º, Ata de 20 do 6º mês maçônico – 1822), a convocação extraordinária dos maçons, integrantes de três lojas metropolitanas. Presidiu o ato o primeiro Gonçalves Ledo, Grande Vigilante, substituiu por impedimento o Grão-Mestre, José Bonifácio de Andrada e Silva. Na sessão, o Grande Vigilante proferiu veemente discurso, em favor da proclamação da independência. Solicitou a necessidade de ser discutida a sua moção para aqueles que pudessem ter receio de que fosse precipitada a medida de segurança e o engrandecimento da pátria ficassem convencidos, pelos debates, da salvação do Brasil. Manifestaram-se os maçons e foi aprovada a moção em favor da independência.
            Segundo notícias do Jornal do Comércio, em 1900, por registro do então diretor daquele noticioso, Dr. José Carlos Rodrigues, o Intendente da Polícia teria informado ao ministro do Reino (1821) que as tropas não eram fiéis ao governo e estavam filiadas aos conspiradores, estes contaminados pelos maçons, decididos a proclamar a independência a qualquer custo. Em carta ao pai, de 30 de dezembro de 1821, D. Pedro afirmava que a opinião da Independência não era geral: hoje é e está muito arraigada pelo trabalho da maçonaria (in V. Cairu – Principais Acontecimentos Políticos do Brasil).
            Instigado nas províncias, o movimento da independência deveria eclodir ao primeiro sinal do Rio de Janeiro. Convictos do êxito da pregação, os maçons revelaram-se a D. Pedro e, em ultimatum, perante ministros e militares, o convidaram a fazer parte do movimento que, com Ele, seria monárquico e, sem Ele, seria republicano, tal o discurso de Gonçalves Ledo, no dia 20 de maio de 1822: Senhor – A natureza, a razão e a humanidade, este feixe indissolúvel e sagrado, que nenhuma força humana pode quebrar, gravaram no coração do homem uma propensão irresistível para, por todos os meios e com todas as forças, em todas as épocas e em todos os lugares, buscarem ou melhorarem o seu bem-estar ...”. Ao final, a intimação irresistível: “Resolve, Senhor.”  (Gen. Abreu Lima, História do Brasil – 1822).
            Assediado pela dúvida, em carta ao pai (junho/1822), D. Pedro relembrou “(...)do que Vossa Majestade me disse, antes de partir dois dias, no seu quarto: Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, do que para algum desses aventureiros.”. Dividido entre os compromissos para com a nação e a Constituição Portuguesa, D. Pedro definiu-se pela oitiva dos maçons. Foi perjuro, em aceitar as imposições da Maçonaria, face os compromissos assumidos para com El Rei, seu pai; pela agitação popular, diante da pressão das Cortes; pelos conselhos de José Bonifácio; e, afinal, pela fatalidade histórica que veio a se consumar no dia 7 de setembro.
De Lisboa, Palácio da Bemposta, referência à Carta de Lei de 13 de novembro de 1825, através da qual D. João VI legitimou a Independência Política do Império do Brasil e a forma de sucessão à Coroa de Portugal em favor de S. Majestade, o Imperador, Senhor D. Pedro I. Na condição de  Rei do Reino Unido de Portugal e do Brasil e Algarves, d’aquem, e d’além mar, em África, Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegação, da ìndia e outros, fez saber aos quantos dela tivessem conhecimento - para por fim as dissensões ocorridas no Brasil e estabelecer a paz - foi servido ordenar o que relatou. Deu nome de Império ao que até então se chamou Reino. Reservou aos seus sucessores e a si o título e dignidade de Imperador do Brasil, e Rei de Portugal, e Algarves, mantidos com personalidades e administração distintas, das Coroas Imperial e a Real. E, por atribuir em sucessão a favor de Seu mui amado Filho, o Príncipe D. Pedro, através da Carta Patente, transferiu-lhe (embora reservasse poderes bastantes para si) a jurisdição e o pleno exercício da Soberania do Império, podendo governar como Imperador do Brasil e Príncipe Real de Portugal e Algarves.
Evidenciou que os naturais do Reino seriam considerados brasileiros, no Império, e portugueses os naturais do Império, no Reino de Portugal e seus domínios, conservando-se antigos foros, costumes e liberdades. Para o fiel cumprimento, ordenou El Rei a feitura de duas cópias daquela Carta que, seladas e assinadas pelo soberano, uma cópia foi enviada ao Imperador do Brasil e outra ficou guardada na Torre do Tombo. Foram consideradas ato próprio da Chancelaria, sem embargo de quaisquer legislações em contrário que estariam de pleno revogadas.

H O J E

quinta-feira, 19 de março de 2015

Carta ao Rei Salomão*

Majestade, quanta sabedoria!
Não sei por que, mas ontem à noite, resolvi ler, mais uma vez, as suas sábias lições no Eclesiastes. E a cada nova leitura, fico impressionado como ela é precisa, completa e, principalmente, atual...
Ah! Vossa majestade tem razão: vaidade de vaidades, tudo é vaidade!... E por pura vaidade, não conseguimos enxergar que o tempo é algo fantástico. Tão fantástico que há tempo de tudo debaixo do sol: há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de derrubar, tempo de edificar; tempo de guardar, e tempo de lançar fora...
Há tempo de ser criticado, caluniado, injustiçado; mas há também tempo de perceber, após 720 horas, que as nossas convicções - que foram defendidas de forma séria, correta, sem câmeras e luzes, sem alardes (afinal, “o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade”) -,  tinham razão:  era inútil correr atrás do vento!
Aprendi isso, Majestade, com um poeta de pequenas frases, mas de um profundo ensinamento chamado Mário Quintana-, que certa vez percebeu que era inútil correr atrás das borboletas; cuidar do jardim é que faz com que elas venham até nós...
Pois é Majestade! Há pessoas que fazem um esforço enorme, preferem ir à França para assistirem o pôr-do-sol, quando bastariam recuar um pouco a cadeira, aqui em Natal, para contemplarem o crepúsculo todas as vezes que assim o desejassem... Mas, eu sei: o difícil é ser simples!
Simplicidade, que muitas vezes tem que estar associada à coragem... Coragem de enfrentar os cartéis, os feudos, a desumanidade, a desonestidade, a falta de ética, a impunidade... Coragem de assumir o comando e determinar que fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos pela vida verdadeira...
Coragem, de tomar decisões impopulares, que desagradem a gregos e troianos, e que se for necessário: “Cortem o bebê ao meio e dê um pedaço a cada uma”. Pois só assim, seremos capazes de separarmos o joio do trigo; os farsantes dos verdadeiros; os mercenários dos verdadeiros sacerdotes...
Coragem de entender que o sábio é aquele que procura aprender, mas os tolos são aqueles que estão satisfeitos com a sua própria ignorância. Afinal, majestade, “se você deixar o machado perder o corte e não o afia, terá que trabalhar muito mais. É mais inteligente planejar antes de agir”...
                Coragem, para perceber que se alguém discorda de mim, não é meu inimigo. Essa pessoa, na verdade, me completa, pois me fez enxergar além do copo meio-cheio ou meio-vazio. Fez-me enxergar uma oportunidade de enchê-lo, de esvaziá-lo ou ainda melhor: de oferecer a quem tem sede...
Coragem, Majestade, para enxergar a nossa própria cegueira e ver que o amigo fiel é uma proteção poderosa: quem o encontra, encontra um tesouro de valor incalculável... Afinal, porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas aí do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante...
Coragem, Vossa majestade, de fazer e responder a seguinte pergunta: “ainda há possibilidade de reconciliação?” É claro que há. Embora, as cicatrizes da alma - que são piores do que as cicatrizes queloidianas do corpo-, demorem a desaparecerem, existe um grande antídoto - que não é a Betaterapia, nem muito menos a Corticoterapia, mas sim um simples e maduro pedido de desculpas! Desculpas pela imaturidade; desculpas por não ter-nos escutado... Desculpas! Desculpas!
Afinal, há tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras; há tempo de guerra, e tempo de paz! É preciso saber que o “Ontem já passou, o amanhã ainda não veio, vamos vivenciar o presente”!
Um forte abraço, Majestade, e até a próxima...
*Texto do livro SÍSIFO APAIXONADO, que será lançado pela Editora Sarau das Letras, no dia 26/03/2015, às 18:00h, na livraria Saraiva do Midway Mall, Natal-RN.
Francisco Edilson Leite Pinto Junior– Professor, médico e escritor. 

ADVERTÊNCIA IMPORTANTE




Canindé Soares

@canindesoares
 
FOTOGRAFIA é considerada obra de criação.É protegida p LEI.Se usar tem q mencionar o nome do autor. Se ñ sabe ñ use



quarta-feira, 18 de março de 2015

EXPLOSÃO CARCERÁRIA JÁ ERA ESPERADA
Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

            Os recentes episódios ocorrentes no Sistema Penitenciário do Estado não é algo que tenha tomado de surpresa os agentes do governo, pois o problema tem longo curso.
            Lembro-me bem da grande preocupação da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio Grande do Norte, mais acentuadamente a partir da gestão do Doutor Mário Moacyr Porto (1983 a 1985), onde uma Comissão, que presidi, fez uma visita à Colônia Penal Dr. João Chaves e concluiu num exaustivo Relatório, a realidade da situação encontrada, o qual foi entregue oficialmente ao Governo do Estado.
            Naquela ocasião já levantávamos os problemas mais graves e pedíamos providências oficiais urgentes para evitar a falência futura do sistema.
            Essa vigilância foi continuada nas gestões que se seguiram. Contudo, em minha gestão (1989 a 1991), tive a oportunidade de ser convidado pelo Governador Geraldo Melo para, junto ao Secretário de Segurança Luiz Antônio Vidal, visitar espaço reservado para a construção de uma Penitenciária de Segurança Máxima, em Alcaçus, cujos passos iniciais seriam dados, além da providência mais imediata que foi a construção de um presídio feminino para superar o grave problema da convivência promíscua de apenados, de forma tal que não evitava os encontros íntimos sem cautelas.
            A partir de então a Corporação dos Advogados passou a fazer cobraças veementes a cada governo que se instalava, sem que as medidas urgentes e necessárias fossem concretizadas na medida ditada pela necessidade, razão pela qual a explosão dos protestos dos apenados era aguardada para qualquer momento.
            Infelizmente eclodiu de forma contundente, agora, no começo do Governo Robinson Faria, sendo notícia em todo o País, exigindo o auxílio da força pública nacional e possivelmente até do Exército, como vem sendo anunciado, para minimizar o estado de calamidade decretado.
            São verdadeiras e lúcidas as ponderações que a mídia tem colhido de algumas autoridades no assunto, a teor do Dr. Henrique Baltazar e do Dr. Edilson França e outros analistas.
            Entendo que, em certa proporção, os presidiários têm o que reivindicar, embora nada justifique as ações, em cadeia, criando uma situação caótica em todo o Estado do Rio Grande do Norte, cuja população se encontra atemorizada, máxime com a divulgação irresponsável de notícias pela rede social eletrônica gerando um verdadeiro pânico.
            A hora não é de estrelismos, nem dos oportunistas, mas de união que permita, de uma forma definitiva, encontrar as soluções não tomadas no tempo oportuno, mesmo que com o sacrifício de muitos outros e importantes investimentos anunciados pelo novo mandatário.
            Chegou o momento de enfrentar o problema e para isso deve contar com todas as forças vivas do Estado, dos Poderes e Órgãos, da imprensa, convocando-se esses especialistas para participarem dos debates e deles receber a opinião experiente, sem se dobrar às exigências descabidas dos presos, mas levando ao atendimento mínimo da subsistência condigna e de medidas que permitam a ressocialização dessas pessoas que se desviaram do caminho normal da vida.
            Que sejam suspensas, neste momento crítico, as greves e as reivindicações mais agressivas de classes, para que se possa iniciar um mutirão visando retirar o nosso Estado de posição tão incômoda e recuperar a sua capacidade econômica.
            Tive a oportunidade de incontáveis vezes, protestar contra obras faraônicas em detrimento da infraestrutura essencial para uma boa qualidade de vida do povo. Não fui ouvido, mas os foguetões e inaugurações aconteceram aumentando o fosso financeiro do Estado.
O Brasil está indo às ruas protestar contra as omissões e descasos em nome da moralidade.

É a hora de retomar o rumo da verdadeira história deste povo honrado!

terça-feira, 17 de março de 2015


Nova publicação em WE LOVE THE BEATLES FOREVER




Os 50 Maiores Álbuns da Jovem Guarda – 
Uma pesquisa realizada por Rubens Stone



Listas foram feitas para serem contestadas, isso desde que Moisés cunhou as Tábuas da Lei.
Nenhuma lista, seja dos melhores ou dos piores, é completa, mas elas servem de parâmetro para se avaliar melhor o tema pelo qual se gerou tal amostragem.
O movimento Jovem Guarda foi o que melhor traduziu o pop internacional da época e que inseriu a instrumentação básica do rock na música jovem brasileira, expandindo o universo da juventude com canções românticas, mas também repletas de gírias e de toques juvenis. Muitas dessas canções ainda hoje soam modernas e atualíssimas.
As listas representam um guia daquilo que se propõe analisar e conhecer melhor. Por isso, não foi tarefa fácil elaborar esta dos melhores álbuns da Jovem Guarda, pois muitos outros grandes discos acabaram ficando de fora, mas acredito que estes 50 álbuns, uns mais outros menos, representam bem o que foi o movimento Jovem Guarda, cuja expressão ultrapassou os limites de um programa de TV, generalizando o termo "Jovem Guarda" já naquele momento em que ocorriam os fatos.
Foi baseado no movimento como um todo, e não apenas no programa Jovem Guarda, que elaborei esta lista como uma forma de homenagear estes 50 anos de música e curtição.
Alguns álbuns fundamentais que não entraram na lista, como o primeiro da Martinha, o primeiro da Elizabeth, o álbum do grupo The Sunshines e também o LP do grande Rossini Pinto, gravado com os Blue Caps em 1964, estes discos pretendo resenhá-los e apresentá-los como "álbuns-bônus" à lista, em breve.
A Jovem Guarda foi também responsável pela inserção do humor na música pop brasileira e avançou os sinais da sexualidade e da liberdade juvenil.
Viva os 50 anos da Jovem Guarda!


Montagem por Rubens Stone
Montagem por Rubens Stone
Álbum Nº 50
LP
"Verdadeiro Amor"
Ed Wilson
(CBS – 1966)


O garoto Edson Vieira de Barros começou sua carreira no final dos anos 50, juntamente com os irmãos Renato e Paulo Cesar Barros, no conjunto Renato e Seus Blue Caps. A banda em seu início, gravou dois 78 rotação no minúsculo selo Ciclone, acompanhando respectivamente o grupo vocal Os Adolescentes e o cantor Tony Billy, como eles, artistas lutando por um lugar ao sol.
Na TV, o grupo fez algumas apresentações no “Hoje é dia de rock”, programa de Jair de Taumaturgo, na Rádio Mayrink Veiga, até que chegaram à TV Continental, onde se apresentaram no programa do Carlos Imperial, que achou o conjunto interessante e os convidou para voltar mais vezes. Além disso, conseguiu que participassem de“Twist”, LP que Cleide Alves e Reinaldo Rayol dividiam, sob a produção de Imperial. O ano era 1962. Foi neste mesmo ano, depois de um tempo convivendo com o grupo, que Imperial sugeriu que Edson se lançasse em carreia solo, enquanto os Blue Caps continuariam suas atividades.
O garoto, que na época tinha apenas 16 anos, aceitou a proposta. Mas, segundo Imperial, para seguir carreira solo, o jovem Edson precisava ganhar um nome artístico. E o nome escolhido pelo gordo apresentado e agitador cultural, foi Ed Wilson. Na época, Imperial estava ouvindo bastante o cantor americano Jack Wilson, e ele acabou sendo a fonte inspiradora para o nome artístico do novo pupilo de Imperial.
Em seguida, Imperial conseguiu um contrato para Ed Wilson na Odeon, por onde lançou seu primeiro compacto, em 1963. Em 1964, mudou-se para a RCA e lançou “O Carro do Papai”, um rock-twist composto pelo irmão Renato Barros. A música fez relativo sucesso nas rádios, e em seguida, Ed Wilson emplacou outro sucesso, a balada “Como Te Adoro Menina”, versão de Renato Barros para o sucesso “Quiereme Mucho”, da cantora argentina Violeta Rivas.
Em 1966, foi contratado pela CBS, onde gravou em março daquele ano, seu primeiro LP, “Verdadeiro Amor”, disco que teve o acompanhamento da banda dos irmãos e do tecladista Lafayette. O disco emplacou os sucessos “Sandra” (versão de Leno para “Sorrow”, do grupo inglês The Merseys), “Pode Ir Para O seu Novo Amor” (composição de Leno) e a belíssima faixa-título, uma versão do “negro gato” Getulio Cortes para “It’s Only Make Believe”, sucesso de 1958 do cantor Conway Twitty.
Este foi o único LP de Ed Wilson na CBS, nos anos seguintes, o artista seguiria lançando compactos de sucesso, além da efetiva participação na série As 14 Mais. Mesmo sem ter uma grande discografia no período, Ed Wilson foi um dos principais nomes da Jovem Guarda. Sua importância para a música jovem da época foi devidamente registrada por Erasmo Carlos na música “Festa de Arromba”, nos versos em que o Tremendão dispara: “Lá fora um corre-corre/Dos brotos do lugar/Era o Ed Wilson que acabava de chegar/Hey, hey, que onda/Que festa de arromba”. (rstone)
 
Álbum 50 Ed Wilson
Álbum Nº 49
LP
"Leno"
Leno
(CBS – 1968)


·           Os dois primeiros álbuns solos do cantor Leno merecem constar de qualquer galeria dos grandes discos do movimento jovem guarda, porém, como tínhamos que escolher apenas um deles para essa pesquisa, dei preferência ao primeiro, por um simples motivo: “Leno” foi lançado em estéreo genuíno, enquanto o segundo, “A Festa dos Seus 15 Anos” é totalmente em mono, o que, na minha opinião, prejudicou em muito a sonoridade do álbum.
·           Canções como “Quando você me deixou”, “Na saída da escola”, “Chorando no parque” e a própria “A festa dos seus 15 anos” jamais deveriam ter sido lançadas somente em mono.
·           Após o encerramento da dupla Leno e Lilian – uma das mais importantes da Jovem Guarda – , o cantor e compositor Leno seguiu em carreira solo, e no início de 1968, lançou o compacto-simples CBS-33543 que trazia no lado A, a balada “A Pobreza”, composição de Renato Barros, dos Blue Caps, e no lado B, o rock “Me Deixa em Paz”.
·           “A Pobreza” tornou-se um grande hit nas rádios, e em outubro daquele ano, chegou às lojas “Leno”, seu primeiro LP solo, um disco repleto de baladas e rocks flamejantes. Ainda embalado pela sonoridade da jovem guarda, Leno concebeu um dos mais belos álbuns dos anos 60, cujo repertório, apontava inclusive, para os novos caminhos que sua música iria seguir dali para a frente, ao gravar temas diversos como a versão de “Fever”, sucesso de Elvis no início dos anos 60, assim como a gravação de “Um minuto a mais”, versão assinada pelo amigo Raul Seixas, com o qual iria desenvolver uma excelente e obscura parceria nos anos seguintes.
·           “Leno” Abre com “Papel picado”, composição de Renato Barros e um dos sucessos do disco, segue com “Eu tenho febre” (“fever”) e “sozinho sou feliz”, versão de Leno para “Wait for me baby”, de G. Stevens. O grande hit “A pobreza” é a quarta faixa, e logo em seguida vem a balada “Um minuto a mais”, uma das primeiras versões assinadas por Raul Seixas, que buscou esta incrível canção, “I Will”, no repertório do roqueiro inglês Billy Fury.
·           Outras canções de destaque neste primeiro álbum de Leno: “Garotinha”, de Getulio Cortes; “Tudo que pedi a Deus”, do próprio, e a estupenda regravação de “Eu não existo sem você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.
·           “Leno” traz no acompanhamento os grupos Renato e Seus Blue Caps e Golden Boys, além do tecladista Lafayette e o cantor Pedro Paulo, e conta também com a participação de alguns membros do grupo Os Panteras (de Raulzito Seixas). (rstone)
 

Álbum 49 Leno
Álbum Nº 48
LP
"Antonio Marcos"
Antonio Marcos
(RCA-Victor – 1969)

Antonio Marcos Pensamento da Silva nasceu em São Paulo, em 8/11/1945. Antes de se tornar artista, trabalhou como office-boy, vendedor de lojas de calçados e passou por diversos programas de calouros. No início dos anos 60, atuou como rádio-ator, destacando-se também como cantor, violinista e humorista. Em 1966, fundou, ao lado do irmão, Mário Marcos, o conjunto Os Iguais, banda cuja sonoridade típica da jovem guarda, lançou alguns compactos e o LP “Juventude”, em fevereiro de 1967, pela RCA.
Em meados de 1967, Antonio Marcos deixou Os Iguais para se tornar artista solo da RCA. Seu primeiro compacto, lançado em julho de 67, trazia as canções “Perdi você” e “A história de alguém que amou uma flor”, ambas de sua autoria em parceria com o irmão, Mário Marcos. Mas foi somente em março de 1968, quando lançou o compacto “Tenho um amor melhor que o seu”, uma composição de Roberto Carlos (o lado B trazia a balada “Pra que fingir”), que Antonio Marcos tornou-se conhecido em todo o Brasil, devido ao enorme sucesso da canção, que tocou em todas as rádios do país.
Em 1969, já um dos maiores ídolos da música brasileira, lançou seu primeiro álbum, “Antonio Marcos”. O disco vendeu cerca de 300 mil cópias somente naquele ano, consagrando definitivamente o artista, que passou também a atuar no cinema, nos filmes “Pais Quadrados, Filhos Avançados (1969) e “Som, Amor e Curtição” (1970).
Neste primeiro LP, Antonio Marcos mostra sua forte influência do rock, da Jovem Guarda e da música romântica, com canções que se tornaram clássicos do pop pós-jovem guardista, como “Você pediu e eu já vou daqui”, “Sou eu”, “Quando lembro você”, “Não fico mais sem o teu carinho” e “Por Que?”, todas estas canções foram sucesso radiofônico, consagrando definitivamente o artista, que a partir de então, desenvolveria uma das mais brilhantes carreiras da música brasileira.
Falecido em 5 de abril de 1992, aos 47 anos, Antonio Marcos é hoje um mito da música romântica do Brasil, seus discos são cultuados e sua obra tem sido aos poucos resgatada por fãs, artistas e pesquisadores. (rstone)
 
Álbum 48 Antonio Marcos
Álbum Nº 47
LP
"Edição Extra Vol. 1"
The Jordans
(Copacabana – 1967)

Na virada para os anos 60, surgiu nos Estados Unidos e na Inglaterra uma nova vertente do rock, a dos grupos instrumentais, dos quais, os maiores representantes foram The Ventures (EUA) e The Shadows (Inglaterra), estilo que depois ficou conhecido como surf rock, a partir do surgimento de novos expoentes, como Dick Dale & His Del-Tones, The Tornados e Duane Eddy.
No Brasil, um dos conjuntos mais expressivos da cena instrumental foi o The Jordans, que apareceu na TV pela primeira vez em 1958, no programa de Tony e Celly Campello (“Crush em Hi-Fi”, da TV Record). Estrearam em LP em 1962, com “A Vida Sorri Assim!...”, disco considerado um dos principais marcos do rock instrumental brasileiro, este álbum ajudou a introduzir o gênero das “guitarras que cantam” no país.
O segundo álbum, “Suspense”, de 1963, trazia versões convincentes de clássicos como “Peter Gunn”, “Apache” e “Walk Don’t Run”, além da regravação extasiante do sucesso “Blue Star”, do grupo inglês The Shadows. Com esta canção, os Jordans, liderados pelos guitarristas Aladdin e Sinval, conseguiram permanecer por diversas semanas nas paradas de todo o Brasil.
Depois, viria a Jovem Guarda e o grupo se tornou um dos mais requisitados no programa de Roberto Carlos. Inseridos no novo movimento, continuaram gravando excelentes discos instrumentais, como o álbum “Studio 17” (Copacabana, 1966), no qual lançaram uma versão do “Tema de Lara” com enorme sucesso, e este “Edição Extra Nº 1”, de 1967 (primeiro de uma série de cinco álbuns), cujo repertório era pura jovem guarda, com versões instrumentais de canções como “Last Train to Clarksville”, dos Monkees; “Namoradinha de Um Amigo Meu” (Roberto Carlos); “Born Free” (Matt Monro); “Vem Quente Que Estou fervendo” (Sucesso do momento com Erasmo Carlos); e mais um tema inspirado na música russa: “Midnight in Moscow”. (rstone)
 


Álbum 48 The Jordans 1
Álbum 48 The Jordans 2
Álbum Nº 46
LP
"A Onda É Boogaloo"
Eduardo Araújo
(Odeon – 1968)


Em 1968, a Jovem Guarda já era, e Eduardo Araújo, um dos ídolos do movimento, percebendo que a música jovem soprava para novos rumos, se despiu das vestes de cantor de iê-iê-iê para trilhar o caminho da black music, para isso, juntou-se a um cara que entendia do assunto: Tim Maia.
E como a coisa ainda estava muito imberbe, nem se usava ainda o termo soul music, Eduardo achou de intitular seu novo disco de “A Onda É Boogaloo”, talvez referindo-se a uma espécie de dança africana, algo do tipo, mas a verdade é que o disco veio repleto de versões de músicas da Motown e da Staxx, selos norte-americanos que estavam exportando para o mundo inteiro o melhor da música negra americana, e tome-lhe versões de James Brown “Cold Sweat”), Wilson Pickett (“Got To Have a Hundred”), Ray Charles (“Come Back Baby”) e Aretha Franklin (“Since You’ve Been Gone”), todas vertidas pelo síndico Tim Maia. É desse disco a primeira gravação da balada entorta coração “Você”, que se transformaria em sucesso estrondoso alguns anos depois, quando o próprio Tim Maia a lançou no seu segundo LP.
"A Onda É Boogaloo" foi mal recebido, tanto pelos fãs de Eduardo Araújo quanto pela crítica, na época do seu lançamento. A exemplo do álbum psicodélico de Ronnie Von, lançado no mesmo ano, este disco também estava à frente do seu tempo, hoje é um clássico do soul brasileiro, um dos primeiros a apontar um novo horizonte para o cenário da música pop brasileira, prenunciando o trabalho de artistas como o próprio Tim Maia, Cassiano e Hyldon, entre outros. (rstone)
 
Álbum 47 Eduardo Araujo 2
Álbum 46 Eduardo Araujo 1
Álbum Nº 45
LP
"George Freedman"
George Freedman
(RCA-Victor – 1967)


Nascido na Alemanha, George Freedman veio para o Brasil ainda muito criança. Fã de Elvis e do rock’n’roll dos anos 50, Freedman iniciou sua carreira por volta de 1959, quando lançou pela gravadora California seu primeiro disco, interpretando, de sua autoria, o rock balada "Leninha", e de Steve Rowlands, em versão de Fred Jorge, o rock-calipso "Hey, little baby". Nessa época, Freedman se apresentava com frequência na TV Tupi de São Paulo.
Em 1960, obteve seu primeiro sucesso com "Olhos cor do céu", versão de "Pretty blue eyes", belíssima balada que fizera sucesso com o cantor Steve Lawrence. Em 1961, gravou pela Continental, os rocks "Advinhão" e "Inveja", ambos da autoria de Baby Santiago. Em 1962, lançou um excelente compacto duplo com "O jato", "Canção do casamento", "Good luck charm" e "Um beijinho só". Nesse mesmo ano chegaria às lojas seu primeiro LP, "Multiplication", cuja faixa-título, um original do cantor Bobby Darin, fez grande sucesso nas rádios do Rio e São Paulo.
Depois de um tempo afastado da música, George Freedman retornou em 1966 com tudo, quando gravou a música "Coisinha estúpida", versão do cantor Leno para o hit “Something Stupid”, que na época fazia sucesso mundial com Frank Sinatra e sua filha Nancy. O sucesso de “Coisinha estúpida” inseriu George Freedman no movimento Jovem Guarda, e em 1967, o artista gravou um belíssimo álbum, intitulado “George Freedman”, que incluía, além de “Coisinha Estúpida”, outras canções ao estilo jovem da época, como “Uma Dúzia de Rosas”, de Carlos Imperial, também gravada por Ronnie Von no seu terceiro LP; “Meu Tipo de Garota”, “Vá Embora” e “O Autógrafo”.
Um dos grandes destaques deste disco é a regravação que Freedman fez do clássico “Beijinho doce”, a faixa de abertura do álbum. Com sua voz poderosa, Freedman resgatou com sentimento e graça este “standard” do cancioneiro brasileiro, esta é uma das melhores regravações dentre as dezenas que já foram feitas de “Beijinho doce”. (rstone)
 
Álbum 45 George Freedman
Álbum Nº 44
LP
"Rosemary"
Rosemary
(RCA – 1967)

Montagem por Rubens Stone
Montagem por Rubens Stone
Álbum Nº 50
LP
"Verdadeiro Amor"
Ed Wilson
(CBS – 1966)
Álbum 50 Ed Wilson
Álbum Nº 49
LP
"Leno"
Leno
(CBS – 1968)
Álbum 49 Leno
Álbum Nº 48
LP
"Antonio Marcos"
Antonio Marcos
(RCA-Victor – 1969)
Álbum 48 Antonio Marcos
Álbum Nº 47
LP
"Edição Extra Vol. 1"
The Jordans
(Copacabana – 1967)
Álbum 48 The Jordans 1
Álbum 48 The Jordans 2
Álbum Nº 46
LP
"A Onda É Boogaloo"
Eduardo Araújo
(Odeon – 1968)
Álbum 47 Eduardo Araujo 2
Álbum 46 Eduardo Araujo 1
Álbum Nº 45
LP
"George Freedman"
George Freedman
(RCA-Victor – 1967)
Álbum 45 George Freedman
Álbum Nº 44
LP
"Rosemary"
Rosemary
(RCA – 1967)
Musa da jovem guarda, fada loira do iê-iê-iê. Muitos são os títulos que deram à cantora Rosemary, apesar de há muitos anos ela se recusar a falar do movimento que a propagou para todo o Brasil. Desde o final dos anos 70, nas poucas entrevistas que deu, evitou falar sobre sua participação na jovem guarda. Em uma destas, nos anos 80, a cantora afirmou que, se falasse toda a verdade sobre a Jovem Guarda, iria magoar muita gente. Que segredos guarda a “fada loira do iê-iê-iê”?
Rosemary Pereira Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de dezembro de 1947. Começou a cantar aos 14 anos, e em 1963 gravou seu primeiro compacto pela RCA-Victor. Neste mesmo ano lançou o primeiro LP, “Igual A Ti Não Há Ninguém”. Em 1967, lançou o álbum “Rosemary”, no qual, emplacou vários sucessos, com destaque para os iê-iê-iês “Feitiço de Broto” e “Não Te Quero Mais”. Muitos consideram este o melhor álbum de toda sua carreira.
Após o fim da Jovem Guarda, Rosemary enveredou por outros estilos musicais, gravando sambas e canções românticas. Seu próximo LP só seria lançado em 1974.