Parabenizando Dom João e Dom Heitor
Padre João Medeiros Filho
No dia 3 de dezembro, celebra-se o aniversário natalício
de Dom João Santos Cardoso, arcebispo metropolitano de Natal (RN). No mesmo
dia, Dom Heitor de Araújo Sales completa 75 anos de sacerdócio. Nosso querido
arcebispo emérito é um ícone na vida religiosa de nosso estado, com um inestimável
legado místico-cristão à Igreja potiguar. Poucos sabem que Dom João em sua
linhagem espiritual está inserido na história eclesiástica norte-rio-grandense.
Na genealogia episcopal há um encadeamento. Nosso metropolita está ligado a Dom
Eugênio de Araújo Sales, que ordenou bispo Dom Nivaldo Monte, o qual conferiu o
episcopado a Dom Antônio Soares Costa. Por sua vez, este transmitiu o
ministério episcopal a Dom Luís Gonzaga Pepeu, ex-superior do Convento Capuchinho
de Natal, de quem nosso atual pastor recebeu a plenitude sacerdotal. “O caminho do Senhor é perfeito” (Sl 18/17, 30), proclama o
salmista.
Dom João é para muitos alento e paz. Cabem-lhe as
palavras de Isaías: “Deu-me o Senhor a
sua voz para que eu possa ajudar com uma palavra quem está sofrido” (Is
50, 4). Quem se aproxima de nosso arcebispo, lembrar-se-á da recomendação do
Mestre: “Vinde a mim vós todos que
estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11,
28). A muitos traz esperança e ânimo, para carregar a cruz do cotidiano. Irradiando
coragem e esperança, contém em sua alma a força divina. Encantam nele sua mansidão e simplicidade, seu jeito de ser paternal e
amigo. Isso cativa os fiéis, que dele se aproximam. Coloca-se diante dos irmãos,
com uma singeleza que lembra Santa Edith Stein diante do sacrário: “Tu me envolves e acalentas como um pai carinhoso, que eu
jamais conheci.”
O zelo pastoral e a espiritualidade de Dom João dão
continuidade à evangelização de seus antecessores neste arcebispado. Como Dom
Marcolino, propôs a divisão da arquidiocese em mais duas circunscrições
eclesiásticas, cujo projeto tramita no Vaticano. Segue a tradição de Dom José
Pereira Alves no interesse pela educação e cultura. Visita as comunidades, à
semelhança de Dom Joaquim Antônio de Almeida, nosso primeiro bispo, indo ao
encontro de toda grei do Senhor. Os fiéis procuram com alegria o Pastor,
mensageiro da beleza da graça e do perdão. É
preciso fazer com que a misericórdia divina seja
acessível a todos. Eis uma das constantes preocupações de nosso metropolita.
Dom João Santos Cardoso é um bispo terno, porém firme,
aberto ao diálogo sem transparecer condescendência, servo fiel de Deus, uma criatura
de sorriso e senso de humor espontâneo. A vida episcopal de Dom Heitor e Dom
João é fonte do Eterno, folha da imensa árvore da Vida, cujo verdor não cessa
jamais. Continuam nos ensinando que a existência humana, bem vivida, reveste-se
de uma significativa parcela de divindade. “Deus também habita no coração da matéria e na existência terrena”,
escreveu Heidegger. Homens de fé, centelhas do Divino, palavras do Sagrado e
abraços do Infinito são marcas dos aniversariantes. Cedo, aprenderam que Deus é
um tesouro
que se descobre no silêncio. Daí, a sabedoria de ouvir os outros, pois a
riqueza divina habita também neles. Animados pelo Espírito Santo, continuam sua
trajetória de graças e bênçãos. Prosseguem firmes, concretizando o que escreveu
Santo Agostinho: “Senhor, torna-me capaz de viver como enamorado da beleza divina,
tocado pela benignidade de Cristo.” O desejo que os move não é somente o
de pregar e celebrar, mas também o de compreender, perdoar, amar e fazer ecoar
novamente a melodia da graça esquecida.
Continuam
abrindo e trilhando novos caminhos com o sinal do Evangelho, colhendo frutos
para o Bem do Povo de Deus. Amanhã será dia de festa e agradecimento,
expressão da nobreza da alma. Cristo, protótipo da gratidão, incessantes vezes,
elevava os olhos aos céus e proclamava: “Eu
te bendigo e te agradeço, ó Pai” (Lc
10,21). Queremos hoje presentear Dom João e Dom Heitor com a
inocência das crianças, o entusiasmo dos jovens, a prudência dos adultos, a
sabedoria e experiência dos idosos, o silêncio dos claustros, toda a beleza e
maravilhas que Deus derrama sobre a face da terra. Supliquemos para que possam dizer
como o salmista: “Pertenço a Ti,
Senhor; sê meu apoio e viverei” (Sl 119/118, 93-94).