sexta-feira, 4 de janeiro de 2019


CARTAS DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 02)
        Vencida a turbulência da virada de ano e a posse dos novos governantes da República e Estados brasileiros, retornamos à meditação dos augúrios de 2019 nos variados campos da administração pública, com suas heranças negativas e preocupações justas dos cidadãos.
No campo da União, concordo com os encaminhamentos do Presidente Bolsonaro no sentido da indispensável e urgente Reforma Previdenciária, aproveitando o projeto já encaminhado pelo governo Temer, com as necessárias propostas de alterações ditadas pela conjuntura econômica e financeira do Pais. Assim, colocar essa questão como prioridade primeira é um acerto.
Outro ponto fundamental é a perspectiva de alteração da questão tributária, com a criação de novas alíquotas para os que ganham mais e a possibilidade de uma unificação de determinados tributos em um só, o que deve ser visto com integral cautela.
Na esfera do nosso Rio Grande do Norte, recebido com uma dívida monumental, as medidas iniciais da Governadora Fátima Bezerra e do Vice Antenor Roberto caminham para os anseios da população, tendo o equilíbrio orçamentário e as correções fiscais os dois aspectos fundamentais da governabilidade.
Merece aplauso a escolha do Assessor Jurídico Nereu  Linhares para a Presidência do IPERN, por se tratar de pessoa dos quadros daquela Casa, competente e conhecedor das suas dificuldades. Certamente serão indicadas medidas saneadoras para regularizar o eterno problema da Previdência Social do RN.
Também merece elogio a primeira e urgente reunião do secretariado para a aquisição de equipamentos para a segurança pública e regularização do seu corpo funcional.
Outro ponto relevante está sendo estudado, que é a mais rápida regularização da remuneração atrasada dos servidores, embora haja uma precipitada ação dos órgãos representativos das diversas Classes funcionais ameaçando greve e fazendo exigências imperativas, quando o mais racional deva ser uma reunião para equacionar a questão, pois as determinações judiciais de pagamento sem a correspondente existência de recursos, só podem ser atendidas deixando em suspenso outros encargos em outras áreas.
Creio que o melhor para todos, governantes e governados, é uma trégua de uns 30 dias para ser possível um levantamento mais preciso da situação.
Por derradeiro, na esfera municipal, lamentamos a falta de sensibilidade dos governantes que decidiram, abruptamente, em contraste com a incontrolável situação financeira da população, com aumentos de transporte, das mensalidades escolares, do material didático, atualizarem a base de cálculo do IPTU, defasado em virtude dos conchavos políticos e conveniências eleitoreiras, que embora permitidas por lei, padecem da ilegitimidade por macular o princípio da capacidade contributiva, exatamente porque não tomaram as medidas de ajustes dos demais insumos, tendo como preocupação única o aumento da arrecadação. Inclusive, no caso de Natal, anteciparam o vencimento em relação a 2018.
Afinal, todos queremos que os governos acertem e o povo comece a melhorar a sua qualidade de vida.
(Cotovelo/Natal, 04 de janeiro).

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

VIVA 2019


CARTAS DE COTOVELO (VERÃO DE 2018/2019)
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes (nº 01)

        Amigos, cheguei. Com dificuldades de saúde e baita engarrafamento, mas cheguei. Minha preocupação inicial, como não podia deixar de ser, foi de repor as coisas da casa em ordem – algumas peças quebradas, lâmpadas queimadas, mas, todas em segundo plano. O que interessa é o sossego, a paz que os bons ventos de Cotovelo, particularmente da minha varanda, trazem para mim.
        O domingo, como sempre, enche a praia, sobretudo quando este dia é o último de 2018, antevéspera do Ano Novo que se avizinha diferente, inimaginável dentro da lógica do cotidiano de todos os outros, senão de uma expectativa esperançosa de que alguma coisa mude, e para melhor, é claro.
        A praia está convidativa, ainda não recebendo a maré forte de todo mês de janeiro, talvez seja pelo minguante da lua. Vamos aproveitá-la antes que ela se arrependa.
        Deixei passar a noite e raiar o novo dia, o último de 2018. Dei-me ao cotidiano do veraneio – leitura e leitura.
        Logo cedo fui brindado com mais uma mensagem de Albany Dutra que, à guisa de falar do mesmo assunto, o caminhar diário: E eu estava aqui na casa de meus pais na Praia, refletindo como as coisas simples do dia a dia podem nos ensinar a fazer a diferença em nossas vidas! Observei na rotina de um dia de serviços e atividades domésticas, o quanto podemos evoluir como seres humanos, transformando o nosso coração através de pequenos gestos!” .... Nela dá a sua pitada de espiritualidade: “Fechamos as "cortinas" para nos isolarmos quando estamos tristes, solitários, preferindo a ausência da luz! Observei que uma simples lâmpada queimada que trocamos, nos coloca na presença da luz novamente! Observei que ao consertar o braço de uma cadeira, ela vai servir de suporte e amparo para quem nela sentar! Ao entrar na cozinha observei como uma medida correta de sal pode fazer toda a diferença no sabor do alimento. Vi como o varrer a sujeira do chão, o retirar a poeira dos móveis, a maresia dos vidros...deixam o ambiente limpo para usufruto de todos. Observei na família reunida, no correr, na alegria e grito das crianças brincando com os avós, o quanto é bom o convívio de um lar; Finalizando, observei contemplando o mar e o céu, a existência de Deus; e i como somos pequenos e vulneráveis diante da sua criação! Que neste ano possamos abrir as cortinas e janelas que estão obscurecendo o nosso coração; que possamos trocar as lâmpadas queimadas de nosso ser, para que sejamos luz na vida das pessoas; que possamos ser a medida certa do amor, da bondade, solidariedade, perdão, caridade, misericórdia, na vida do nosso próximo; que possamos ser o braço que serve de amparo e suporte para quem precisa; que possamos retirar todo o lixo do egoísmo, orgulho, arrogância, prepotência, desamor, ódio, ressentimento, mágoa... que sujam e mancham o nosso ser e a nossa alma; que possamos ter sempre dentro de nós a pureza e a alegria de uma criança! Que possamos zelar e cuidar dos mais velhos; que possamos semear amor, paz e união em nosso lar, em nossa família! Que tenhamos sempre dentro de nós a chama do amor de Deus, da fé, da verdade, da justiça, da esperança e da caridade, pois são elas que nos mantêm firmes na presença do Senhor que nos ilumina e dá a vida! Feliz ano novo à todos! Por Albany Dutra. 31/12/2018”. Suas palavras me conduziram para continuar a leitura da obra “O Bom Papa”, de autoria de Greg Tobin, onde disserta sobre a criação de um Santo e a recriação da Igreja, tendo como personagem central Angelo Giuseppe Roncalli – o Papa João XXIII.
        Confirmando o muito que já li sobre ele, pincei, apenas, a ratificação do que sempre guardei de sua vida e de sua obra – o homem simples, corajoso e criativo, que rompeu dogmas, implantou o ecumenismo, salvou vidas durante a 2ª Guerra e renovou a Igreja, tirando-a do “mesmismo” que adotava há um século.
        Forjado o caráter com a vida campesina, galgou a experiência e encontrou o seu norte nos sacrificantes ministérios da Bulgária, Grécia, Turquia, França e cidade de Veneza, de onde saiu ungido Papa em 1958, como João XXIII, num pontificado que durou apenas1680 dias, tendo realizado uma obra marcante como o Concílio Vaticano II, que coroou o ecumenismo religioso, após um lapso temporal de 90 anos, editou as Encíclicas Mater et Magistra e Pacem in Terris e outras, evitou a deflagração do 3º Conflito Mundial 1961-1962 e, em 03 de junho de 1963, no Palácio Apostólico do Vaticano cerrou os olhos e voltou aos Braços do Pai, na paz suprema de uma vida profícua.
        Vai raiar um outro dia, um ano novo – Viva 2019.
(Cotovelo, noite de 31 de dezembro de 2018 para o amanhecer de 1º de janeiro de 2019).