A GUERRA
DAS PESQUISAS
Valério
Mesquita
As
pesquisas eleitorais para o governo do Rio Grande do Norte estão enlouquecendo
o eleitor. A cada semana os institutos de opinião pública, utilizando o mesmo
universo pesquisado, apresentam índices divergentes um dos outros na eleição de
governador deixando dúvidas quanto à veracidade e a seriedade do trabalho. Tá
igual àquela letra da música popular: “E o motivo todo mundo já conhece, é que
o de cima sobe e o de baixo desce...”. Sabe-se que a pesquisa eleitoral
cientificamente revela uma tendência do eleitorado. Não pode ser encarada como
um resultado definitivo, muitas vezes faltando meses para a eleição. O antigo
Instituto Brasileiro de Opinião Pública – IBOPE, antes considerado um
referencial nesses procedimentos, já cometeu sérios deslizes por esse país
afora. Há exemplos clássicos no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Não desejo
emitir juízo de valor com relação aos números divulgados ultimamente por alguns
institutos ou que venham a ser produzidos por outros. A pergunta é: quem está
mentindo, adulterando índices? Um resultado maquiado em favor desse ou daquele
candidato vale mais que dez show-mícios, ou lhe custar, simplesmente, a
eleição, porque induz o votante, contagia a massa sôfrega e inculta, praticante
da lei da vantagem, a famosa “lei de Gerson” no futebol. A legislação
eleitoral, comprovada a fraude, pune exemplarmente. Essa é a letra da lei e só
não sei se funciona.
Sem me abstrair do assunto, parece que se ingressou na “lei do
vale tudo” onde o escapismo das sanções previstas, a esperteza e a sabedoria de
poucos são o maior galardão e prêmio em detrimento de muitos. A pesquisa
eleitoral seria, então, simulação ou humor? Humor do eleitor ou humor do
candidato. Tudo na momentaneidade da ocasião ou do tempo? Como os humores são
mutantes resta saber para quem vai sobrar o prejuízo. Por outro lado, você já
pensou no humor ou no emocional de um candidato majoritário ao receber um
resultado desfavorável? Ele que comanda e é responsável por uma enorme
estrutura de gastos de campanha, subsidiados pelo famélico Fundo Eleitoral,
muito dinheiro, veículos, folhas de pagamento, shows-mícios, sem falar em
empréstimos pessoais, compromissos com financiadores dos projetos eleitorais e
serem compelidos a aceitar um resultado negativo, conferido por um instituto de
pesquisa? E o ânimo para continuar a jornada? Repleto de dúvidas e dívidas,
qual a vontade ou sentimento que lhe move o instante? Indubitavelmente, no Estado as pesquisas
eleitorais estão ensandecidas porque os institutos colidem mais com os números
do que a velha camionete Ford do engenheiro Joaquim Victor de Holanda, de
saudosa memória, tido e havido como o motorista mais “barbeiro” da história
automobilística do Rio Grande do Norte. Quem está por trás do biombo?
(*)
Escritor.