sábado, 12 de abril de 2014

1


1964 -  A DEMOCRACIA  ESPEROU 21 ANOS   (1)
Geniberto Paiva Campos -  Brasília  - Fevereiro / 2014 

I)   INTRODUÇÃO / JUSTIFICATIVA
Há um pressuposto, adotado por atores  políticos de diversas tendências, o  qual   enfatiza: os complexos problemas enfrentados pela nação brasileira somente serão resolvidos, pela sua gravidade, se adotadas soluções  duras, remédios amargos. As quais necessariamente implicam em trocá-las pela perda das liberdades democráticas, pela supressão dos direitos constitucionais, pela interrupção do processo civilizatório.  Enfim, pela instauração de um regime totalitário, mas, cheio de boas intenções, o qual levará  o  Brasil  pelos atalhos do desenvolvimento  e para o progresso dentro da ordem, conforme está explicitado em nossa bandeira. Esta ideologia, aparentemente simples, às vezes perigosamente simplória, permeia, há quase um século, os movimentos  salvacionistas que impedem o país de caminhar  com tranquilidade pelas trilhas da Legalidade e do respeito às normas inscritas na Constituição, preservando os valores bem definidos  nas regras da Democracia, há séculos adotada e preservada intransigentemente pelos povos civilizados. E desenvolvidos.
Nesta série de textos sobre o “Movimento de 1964”,  na oportunidade em que se celebra o seu cinquentenário, procuraremos demonstrar  a existência de uma lógica, um fio condutor, que liga os diversos movimentos “revolucionários” das últimas  décadas  do século passado, os quais semearam a ideologia do intervencionismo de salvação da pátria, através da força e da quebra da ordem vigente e, consequentemente, dos direitos de cidadania dos brasileiros.
Nunca perguntaram ao povo brasileiro, através de consultas, plebiscitos ou referendos, se concordava ou dava seu apoio aos esquemas intervencionistas. Geralmente uma categoria social, bem localizada  no topo da pirâmide sociocultural, assume a liderança do processo intervencionista, deixando de ouvir o principal interessado. E , às vezes, a vítima de tal processo: o Povo, soberano do regime democrático.
 É chegada a hora do “Movimento de 1964” ser submetido ao escrutínio da História.  De ser avaliado com serenidade e isenção, os eventuais avanços e retrocessos que promoveu na sociedade brasileira. O que o país aprendeu nesse período, no qual foi submetido a um regime autoritário, de exceção, fora dos cânones constitucionais. Nessa análise, deveria ser evitada, por contraproducente, qualquer posição revanchista, de  sentido meramente punitivo, passando-se a  perseguir  os perseguidores daquela época ou demonizando as Forças Armadas enquanto instituição essencial na  defesa do território, da  população e das riquezas do Brasil, como nação livre e soberana. Um país com as características territoriais e geopolíticas do Brasil, com 8 mil quilômetros de costa marítima e cerca de 10 mil de fronteiras secas, cuja economia  situa-se, inquestionavelmente entre as dez  maiores do mundo. Um  país de 200 milhões de habitantes, inserido naturalmente no processo de globalização, um grande mercado consumidor que não pode mais ser ignorado, pelo seu peso no contexto mundial.
É com serena coragem e humildade que submetemos este conteúdo ao crivo de alguns  poucos brasileiros, como o autor, preocupados com os destinos do seu país.
II) Origem e Formação do Pensamento “Revolucionário” no Brasil
1. Passados  50 anos do  “golpe militar” ou  da “revolução redentora” -  a definição depende dos critérios de quem avalia o Movimento de 1964 – talvez  esteja chegando  o momento  adequado de estudar, com a isenção possível, as suas causas e consequências: políticas, sociais, econômicas, institucionais. Enfim,  o que  de fato representou  a tomada do poder pelas Forças Armadas do Brasil e a consequente adoção de um modelo autoritário de gestão pública, durante 21 anos. Tal avaliação é por demais importante para a história política contemporânea do país. Dizem que se deve buscar o passado para orientar o presente e o futuro.  Não se trata, no caso, de punir os que cometeram crimes ou, como dissemos, perseguir os perseguidores. Mas colocar o Movimento de 64 em seu exato contexto histórico.  E dar sequência, enfim, ao processo de reconciliação nacional.
 Meio século de distância  dos acontecimentos, infelizmente, ainda não possibilita que estes venham a se tornar História ou,  pelo menos, matéria de Memória  para que possam, finalmente, ser analisados com a isenção que o tempo histórico permitiria. Parece que 1964 vai se tornando “o passado que  não passa”. Ou como dizem alguns, ”uma história sem ponto final”.       
É correto supor haver um acordo tácito entre os eventuais protagonistas  remanescentes que vivenciaram o episódio, tanto do lado que apoiou  o Movimento, como dos que lhe opuseram resistência, no sentido que permaneça, para sempre, obscuro, polêmico, incompreendido. Inserido, definitivamente, no rol dos temas  insolúveis. Uma espécie de assunto proibido, semelhante aos que existem no âmbito  de tantas famílias e nações espalhadas pelo mundo.
Há que se reconhecer os esforços de acadêmicos, historiadores, jornalistas e instituições como OAB, CNBB, ABI,  Comissões de Anistia, entre outras, que lutaram pelo volta ao  estado democrático de direito. Cujos documentos e testemunhos constituem importante acervo para a compreensão e interpretação deste período. O livre acesso aos Arquivos Oficiais, inclusive das Forças Armadas, constituiriam outra fontes de preciosas informações sobre o período em estudo.
Os eventos históricos relacionados a 1964 começam cerca de quatro décadas antes, quando o mundo enfrentava períodos de grave turbulência, com a ocorrência de conflitos armados generalizados,  iniciados no continente europeu, envolvendo povos e nações. Esses fatos bélicos que mudariam o mundo iriam, naturalmente, repercutir na América  Latina e no Brasil.

 

   



INDIGNAÇÃO

Na coluna “Conecte-se”, do NJ de hoje, há um comentário estranho e injusto feito por um leitor que se identifica como Thiago Vieira: “Câmara - CEI é igual a Comissão da Verdade. Como colocar traficantes pra julgar Fernandinho Beira Mar. Isso deveria ser feito pelo TCE ou TCU.” Será que entendi mal? Ou esse “cidadão” quis insinuar que os membros das Comissões da Verdade são pessoas venais. Olhe cara, as Comissões que você ofende são compostas por pessoas respeitáveis, que trabalham sem remuneração, somente no interesse da democracia e da verdade. Entendo que a “censura” a esse tipo de comentário deveria existir pelos jornais, pois publicar coisas sem censura não reforça a liberdade de expressão, mas a libertinagem. 
Por onde anda o respeito!
Carlos Gomes, Presidente da Comissão da Verdade da UFRN

sexta-feira, 11 de abril de 2014


A exposição de orquídeas 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br

Naquela tarde, eu me encontrava em um shopping da Zona Sul de Natal, onde coincidentemente se realizava uma exposição de orquídeas. Quando eu e minha neta Letícia chegamos, o local estava apinhado de flores parecidas com borboletas. Era um verdadeiro festival de cores e formas exóticas. Orquídeas vermelhas, amarelas, brancas e fininhas como tiras de papel; a noturna, que pende até o chão, com suas pétalas em forma de antenas (Drácula).

Letícia adorou, parecia uma abelhinha à procura de néctar, naquele mundo encantado de orquídeas.

Muitas pessoas no local comprando, admirando e conversando sobre orquídeas. Algumas pinturas sobre o tema davam mais beleza ao local.

Expliquei a Letícia que as orquídeas são tão antigas quanto os dinossauros e podem viver bem mais que os homens. Sua longevidade e beleza parecem mágicas.

A partir daí, como leigos no assunto, passamos a observar a intensa movimentação. Havia alguns estrangeiros e botânicos noruegueses, que levavam as orquídeas muito a sério. Parecia um safári, em que todos aqueles “orquidófilos” estavam atrás de espécies raras. Comentavam até sobre uma orquídea fantasma!

Conversando com um e com outro, descobri que muitas daquelas flores exóticas tinham vindo do Equador, de uma província em torno de Quito, que possui 800 espécies endêmicas de orquídeas. Segundo comentavam no minúsculo Equador existem mais de 4.000 espécies dessas plantas fascinantes.

Letícia estava encantada diante da bela exposição. Mesmo aparentando fragilidade, as orquídeas prosperam em todos os lugares, com exceção dos desertos e geleiras.

Na Bacia Amazônica, onde os rios se embrenham nas matas sombrias, existem milhares de espécies de orquídeas selvagens, abrigadas nos troncos das árvores. As plantas que ficam na parte superior, perto das copas, são mais claras, ao passo que as que crescem nos pontos mais baixos são mais escuras – algumas são chamadas de Nosferatu.

A beleza de algumas orquídeas e a sua semelhança com alguns insetos induzem os do sexo masculino a pensarem que são da mesma espécie e a se lançarem sobre elas, na busca do acasalamento.

As orquídeas, além de serem escandalosamente belas, são também escandalosamente sexuais com suas generosas pétalas coloridas.

Nos tempos vitorianos, as mulheres eram desencorajadas a cultivarem tais plantas, demasiadamente eróticas. Porém, isso não impediu que a Rainha Vitória batizasse uma orquídea azul com o seu próprio nome: Dendrobium Victoria-Reginae.

Dizem que as orquídeas, às vezes, conduzem os homens apaixonados por elas a um comportamento irracional. Contam a história de um botânico que atravessou a alfândega com orquídeas selvagens escondidas na parte interna de sua jaqueta. Dizem que um pintor americano, residente no Equador, aguardou sete anos pelo florescimento de suas orquídeas para, então, poder pintá-las. Muitos se arriscam nas selvas, montanhas e paredões de pedra, apenas para fotografá-las.

Atualmente, o Orquidário do Jardim Botânico reúne em suas estufas uma das maiores coleções de orquídeas do Brasil, País que ocupa o quarto lugar do mundo em variedade de espécies. Ali estão registrados 3.580 exemplares de 600 espécies, entre orquídeas ameaçadas de extinção, raras por seu tamanho e valor histórico – algumas coletadas no início do século passado. Sua longevidade é mágica!

À tardinha, percebi que o amor por uma orquídea ultrapassa as fronteiras da botânica, do esporte, e parece avançar na esfera espiritual. Saímos de lá (eu e Letícia) completamente apaixonados por orquídeas.

Adquirimos manuais de cultivo, adubos e alguns exemplares, que hoje embelezam o canteiro central de nosso jardim.

 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

CRÔNICA DE RINALDO BARROS(*)


Em favor da vida


Contrapondo-se a um certo pessimismo crescente, ora em curso no patropi, tento mostrar, nesta conversa, que existe uma enorme expectativa em relação ao fato de que profissionais da área de educação em ciências e tecnologia possam responder prontamente, de modo competente e eficaz, às inúmeras e diversificadas demandas por métodos, materiais e projetos pedagógicos inovadores. Uma baita esperança!
À importância política e econômica do assunto para o desenvolvimento da sociedade soma-se, ainda, um aumento considerável de interesse (cultural) pela ciência e tecnologia de ponta produzidas nos mais distantes laboratórios dos tigres asiáticos, dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão, todos reforçando, no imaginário coletivo, a idéia de que, por meio de suas "aplicações" a C&T, mudará para sempre nossas vidas, para melhor. Será?
Desafios para os cientistas, desafios para os educadores, nós não poderíamos mais ignorar o quanto estamos impregnados por essa imagem de uma ciência que triunfa sem cessar e que, por isso mesmo, já não pode parar mais de produzir sentidos para a vida humana.
Se hoje tratamos de transgênicos e nanotecnologia nas páginas de economia e política dos jornais, é porque estamos de tal forma imersos em uma cultura científica e tecnológica que não distinguimos mais os discursos pelo o quê, de fato, eles trazem de conteúdo concreto para transformar nossas vidas.
Aos que se interrogam assim sobre a importância de ensinar bem ciências e tecnologia, tanto quanto a leitura e a matemática, nós diríamos que aí está o grande desafio do século XXI.
Afinal, não nos parece muito descabido mencionar, no atual contexto econômico e político, o fato de que o papel da educação em ciências e tecnologia, nas sociedades contemporâneas, transcende, de forma muito clara, os objetivos tradicionais do ensino.
Ao introduzir o tema da educação em geral queríamos, na verdade, fazê-lo para que se compreenda a irreversibilidade de dois fenômenos atuais.
De um lado, não se pode mais, felizmente, por em questão os princípios democráticos que regem nossa sociedade: igualdade de condições, respeito à liberdade, pluralismo de idéias e concepções, universalização do ensino fundamental e médio, valorização da escola e do professor, gestão democrática, garantia de qualidade e vinculação da escola ao mundo do trabalho e da vida social.
De outro, a ciência e tecnologia como um binômio indissociável e, ao mesmo tempo, como práticas enraizadas culturalmente em nossa sociedade. Já não basta fazermos as antigas distinções entre ciência pura, básica e aplicada. A ciência integra naturalmente o dia a dia.
Trata-se, enfim, de assumirmos um papel diferente em relação ao conhecimento e à formação do educando. Formar pessoas, produzir bens e serviços, criar empregos são objetivos que estão muito além de um discurso economicista, sindical, pouco sensível aos apelos humanistas em relação à educação como formação de valores e comportamentos.
Por fim, queremos ressaltar que a educação em ciências e tecnologia do nosso povo não se fará sem a participação, lado a lado, de cientistas e educadores. Todas as reflexões e estratégias para alcançar tal objetivo devem ser encaradas como uma tarefa coletiva.
Que se formem núcleos da educação em ciências e tecnologia capazes de pensar saídas para os muitos impasses vividos, em nossos dias, pela educação. Que sejam instalados laboratórios didáticos em escolas, associações, clubes, museus.
Que se construam parques tecnológicos, centros de ciência e arte, na capital e no interior, no centro e na periferia!
Certamente os dilemas que dividem hoje nossos cientistas e educadores não desaparecerão, mas, acreditamos que o fim da ideologia utilitarista em educação está próximo.
Resumo da ópera: é fundamental ter claro que difundir a ciência é algo que somente se pode fazer com um sentido claro em favor da vida. E esse é um posicionamento político.

(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

terça-feira, 8 de abril de 2014


                                

Ator Mickey Rooney morre aos 93 anos

Causa da morte não foi informada.
Ator ficou famoso nos EUA por personagem Andy Hardy.

Do G1, em São Paulo


O ator Mickey Rooney morreu neste domingo(6)
(Foto: AP)
O ator Mickey Rooney, estrela lendária de Hollywood, faleceu neste domingo (6) aos 93 anos, informa a agência de notícias Associated Press. Segundo a polícia de Los Angeles, Rooney estava com sua família quando morreu, mas a causa da morte não foi informada.

Rooney nasceu no dia 23 de setembro de 1920, no Brooklyn, em Nova York. Ele começou sua carreira antes dos 10 anos de idade e exerceu a profissão por mais de 80 anos. Rooney ficou conhecido nos Estados Unidos por interpretar o personagem Andy Hardy em aproximadamente 20 filmes.

Entre outros trabalhos do ator, estão uma participação no filme "Bonequinha de Luxo", de 1961; em "O Corcel Negro", de 1979, que lhe rendeu nomeação do Oscar de melhor ator coadjuvante; em "Uma noite no museu" de 2006 e em "The Muppets" de 2011.

Rooney foi casado oito vezes, teve sete filhos e quatro filhas. Em 2011, enfrentou problemas familiares. Ele pediu proteção à Justiça norte-americana, alegando der maltratado por seu enteado.
_____________________________
Comentário deste blogueiro:
 
O ator Mickey Rooney (Foto: AP)
 
Mickey Rooney foi um ator que acompanhei em toda a minha vida. Com ele vibrei nos filmes infantis, quando eu também era uma criança. Na adolescência apreciei os seus filmes de suspense e os dramas, mas principalmente as suas comédias, aproveitando o tipo físico baixinho que ele explorava com maestria.
Michey fez história - boa história, por sinal. Ficará em nossa lembrança com um lugar de destaque.

domingo, 6 de abril de 2014

poema



            A ÚLTIMA TARDE

            Ciro José Tavares.



            Foi a última tarde...

Sob aquela cor de chumbo estendida no espaço,

estávamos no alto do penhasco, embaixo o mar revolto.

Relâmpagos riscavam claros no horizonte

 o ribombar distante parecia o galope de trovões ao nosso encontro.

Deixando-me enlaçar-te colaste a cabeça no meu peito

querendo descobrir o que diziam as batidas do coração

enquanto eu mergulhava o rosto no castanho dos cabelos

na vã esperança de permear  teus pensamentos.

A chuva veio forte nas carruagens dos ventos,

fustigando o vermelho das telhas e vidraças das janelas.

Num terno abraço afastei de ti o ar gelado,

 senti que arfavas quando teus seios, túmidos, encostaram  no meu corpo.

E sob aquele céu de chumbo e chuva aconteceu...

Circulados por misteriosa auréola de silêncio os sonhos foram,

fomos nós, nunca mais voltamos nunca mais nos vimos

desde aquela derradeira tarde...