domingo, 6 de abril de 2014

poema



            A ÚLTIMA TARDE

            Ciro José Tavares.



            Foi a última tarde...

Sob aquela cor de chumbo estendida no espaço,

estávamos no alto do penhasco, embaixo o mar revolto.

Relâmpagos riscavam claros no horizonte

 o ribombar distante parecia o galope de trovões ao nosso encontro.

Deixando-me enlaçar-te colaste a cabeça no meu peito

querendo descobrir o que diziam as batidas do coração

enquanto eu mergulhava o rosto no castanho dos cabelos

na vã esperança de permear  teus pensamentos.

A chuva veio forte nas carruagens dos ventos,

fustigando o vermelho das telhas e vidraças das janelas.

Num terno abraço afastei de ti o ar gelado,

 senti que arfavas quando teus seios, túmidos, encostaram  no meu corpo.

E sob aquele céu de chumbo e chuva aconteceu...

Circulados por misteriosa auréola de silêncio os sonhos foram,

fomos nós, nunca mais voltamos nunca mais nos vimos

desde aquela derradeira tarde...


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