A ÚLTIMA TARDE
Ciro José
Tavares.
Foi a última tarde...
Sob aquela cor de chumbo
estendida no espaço,
estávamos no alto do
penhasco, embaixo o mar revolto.
Relâmpagos riscavam claros
no horizonte
o ribombar distante parecia o galope de
trovões ao nosso encontro.
Deixando-me enlaçar-te
colaste a cabeça no meu peito
querendo descobrir o que
diziam as batidas do coração
enquanto eu mergulhava o rosto
no castanho dos cabelos
na vã esperança de permear teus pensamentos.
A chuva veio forte nas
carruagens dos ventos,
fustigando o vermelho das
telhas e vidraças das janelas.
Num terno abraço afastei de ti
o ar gelado,
senti que arfavas quando teus seios, túmidos,
encostaram no meu corpo.
E sob aquele céu de chumbo e
chuva aconteceu...
Circulados por misteriosa
auréola de silêncio os sonhos foram,
desde aquela derradeira
tarde...
Nenhum comentário:
Postar um comentário