sábado, 11 de fevereiro de 2012

A semelhança entre socialismo e liberalismo

NEY LOPES

Vi recentemente na TV uma entrevista com Zygmunt Bauman, polonês, radicado na Inglaterra desde 1971, sociólogo de renome internacional, voltado para “traduzir o mundo em textos”. Ele é considerado pela crítica um dos poucos intelectuais contemporâneos “nos quaisainda se encontram idéias”. Bauman lidera a chamada “sociologia humanística”, ao lado de Peter Berger, Thomas Luckmann e John O’Neill.
Considerado o “profeta da pós-modernidade”, Bauman foge de abstrações e analisa o mundo como ele é. Impressionou-me – por coincidir com o que sempre defendi – a aproximação doutrinária entre o socialismo e o liberalismo, que ele expôs na entrevista concedida a MariaLúcia Garcia Pallares.
Vale à pena conferir as suas idéias. Sobre o socialismo afirmou que “não é o nome de um tipo particular de sociedade. É exatamente como o postulado de Marx de justiça social, uma dor aguda e constante de consciência que nos impulsiona a corrigir ou a remover variedades sucessivas de injustiça. Não acredito mais na possibilidade (e até no desejo) de uma “sociedade perfeita”, mas acredito numa “boa sociedade”, definida como aquela que se recrimina sem cessar por não ser suficientemente boa e não estar fazendo o suficiente para se tornar melhor...”
Justifica o seu ponto de vista, citando Camus (“Homme revolté”), ao considerar rebelde o ser humano que diz “não”, mas também diz “sim”, recusa-se a aceitar o que existe e aceita a condição humana, com todas as suas desumanidades.
Referindo-se ao liberalismo, Bauman lembrou um dos fundadores dessa doutrina moderna, John Stuart Mill e observou que ele “também chegou ao socialismo, por acreditar que para implementar o programa liberal, o programa da liberdade humana, é necessário uma distribuição justa de oportunidades, diminuindo-se a distância entre os membros mais ricos e os mais pobres da sociedade. E, se nos lembrarmos de Lord Beveridge, o criador do Estado de bem--estar social britânico, o caso é o mesmo.
“Durante a guerra, o governo da Grã-Bretanha criou uma comissão para organizar um programa de bem-estar social (do qual Beveridge era diretor), prevendo que com o fim do conflito haveria milhões de desempregados que não mais aceitariam a sina dos oprimidos. Beveridge preparou então todo um programa que foi pouco a pouco aceito pelo governo após a guerra. Ora, ele não era um socialista e não se definiu jamais como tal. Dizia que era um liberal e que o que estava propondo era, na verdade, a implantação definitiva do programa liberal, porque, se o liberalismo quer que todos sejam seres autônomos e autoconfiantes, então para ser livre é necessário que se tenha recursos, que haja um chão firme no qual se apoiar.
“A idéia de Lord Beveridge, que infelizmente não se impôs, era que toda essa assistência social, esse bem-estar social, toda essa provisão eram necessários como medidas temporárias. E isso porque ele partia do pressuposto de que, para ter a coragem, a ousadia de ser aventurosas e se arriscar, as pessoas precisam se sentir seguras — e segurança elas não podem obter por si próprias, mas deve ser oferecida e garantida pela grande sociedade. Se as pessoas se arriscam sozinhas, correm o perigo de ser abatidas por um grande fracasso, uma tragédia, uma crueldade ou coisa semelhante. Deve haver, portanto, essa garantia do Estado, o que eu chamo de seguro coletivo contra o infortúnio individual. Se isso existe, as pessoas se enchem de coragem e, sem receio de tentar, logo podem tornar-se prósperas”.
Bauman considera o melhor na história do liberalismo e do socialismo. “Eles sempre convergem.
Há sempre essa conexão entre os dois.
Tudo se reduz à questão muito simples, de que existem dois valores igualmente indispensáveis para uma vida humana decente e digna: liberdade e segurança. Não se pode ter um sem que se tenha o outro. Qualquer que seja a perspectiva da qual se parta, chega-se sempre à mesma questão, de que, ou liberdade e segurança são obtidas juntas, ou não serão obtidas de modo algum.
Esse é o ponto de encontro entre o socialismo e liberalismo”.
Em 25.03.03 publiquei artigo no Diário de Pernambuco e citei o filósofo inglês John Stuart Mill (1806-1873), o grande precursor do liberalismo social, que defendeu a repartição justa da produção na sociedade; eliminação dos privilégios de nascimento e a defesa do espírito comunitário, ao contrário do individualismo. Justifica-se, portanto, a minha admiração pelas reflexões lúcidas do sociólogo Zygmunt Bauman.
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Revista Semanal BRASÍLIA EM DIA, Ano 15 – nº 780

Oração da Manhã



"Pela manhã ouvirás a minha voz ó Senhor,


pela manhã me apresentarei a Ti e vigiarei."


salmo 5:3




Pai Celestival


venho a Ti agradecer por este novo dia.


Obrigado pela noite que passou,


pelo sono tranquilo e reparador.


Nesta manhã,


quero louvar Teu nome


e pedir que cada minuto


lembre-me que minha vida é muito preciosa


e que o dia de hoje Tu me deste


para que eu me realize e seja feliz.


Preenche-me com Teu amor


e Tua sabedoria


Abençoa meu lar e meu trabalho.


Que nesta manhã


eu tenha bons pensamentos,


fale boas palavras,


seja bem-sucedido em minhas ações


e aprenda a fazer a Tua vontade.



Entrego esta manhã em Tuas mãos.


Sei que estarei bem.


Obrigado Senhor


Assim seja!


AO AMIGO E MESTRE BEM AVENTURADO
(*) Gutenberg Costa

Conheci Deífilo Gurgel, quando este trabalhava na Fundação José Augusto, final dos anos oitenta do século passado. Fomos apresentado pelo também amigo folclorista Severino Vicente que já conhecia o meu gosto pela cultura popular. Logo eu era por este convidado para ingressar na Comissão de Folclore do RN e de membro passei a tesoureiro desta Instituição. Entidade ‘sofrida’ sem recursos e apoio que eu vi ao logo deste tempo presidida pelo saudoso amigo e mestre Veríssimo de Melo, depois porDeífilo Gurgel,IaperyAraújo e atualmente por Severino Vicente e eu na sua vice-presidência. Órgão não governamental independente e respeitado Brasil a fora, cujo primeiro abrigo e criação fora no abençoado lar de Câmara Cascudo.
Ao lado de Deífilo e Severino tive a felicidade de viajar por diversas cidades e vi sua maneira, antes de tudo, humana de pesquisar, contrariando o princípio da frieza de alguns pesquisadores que nos ensinam a não se misturar muito com os pesquisados e seus problemas pessoais. Aprendi com Deífilo a olhar a panela do portador de folclore antes de entregar-lhes os diplomas e honrarias que ficam emoldurados nas paredes dos casebres, enquanto estes passam fome e desprestigio cultural... Um dia Deífilo telefonou lá pra casa para dar a notícia da morte de Faísca, do velho Pastoril e quando lhe perguntei a causa mortis, este com sua voz rouca e inconfundível disparou revoltado com a situação do falecido: “Gutenberg, Faísca morreu mesmo foi de ‘ostracismo cultural’”. Eu que costumava assinar o ponto todos os dias mesmo sem ser funcionário da Fundação José Augusto, vi um dia o mamulengueiro Zé Relampo levantar as mãos para o alto e agradecer a presença de Deífilo Gurgel, mesmo ultrapassando o horário do expediente: “ Graças a Deus doutor Déifilo está aqui, pois sei que agora este me dará um dinheirinho para meu almoço, pois nem café puro tomei hoje!”. Aprendemos, eu e Severino com Deífilo, a logo meter a mão no bolso e socorrer o artista popular, antes de procurar os meios para dar entrada em um infernal processo burocrático.
Certa feita estando na casa de mestre Severino Guedes, do Bambêlo Asa Branca, o entrevistando, este disse-me sem reservas: “Moço eu hoje não passo fome, por que doutor Deífilo lutou por mim e conseguiu uma aposentaria especial junto ao governador!”. Mestre Guedes, na própria pele corajosamente reafirmava a máxima euclidiana e só livrava os couros de três amigos mecenas da cultura popular: Câmara Cascudo, Djalma Maranhão e Deífilo Gurgel. Quem um dia ousar contar a história dos nossos mestres e brincantes do folclore, haverá de tirar muita gente do pedestal que pousou ou teima em pousar de meros entregadores de honrarias e diplomas... Não adentraram como os burocratas, os terreiros de taipas dos mestres e brincantes, talvez para não verem as panelas vazias...
Quanto ao lado humorístico de Deífilo, teria muita coisa para contar aqui neste pouco espaço... certa vez mandou o motorista parar o carro bruscamente, desceu e ficou um tempo contemplando um curral de gado e ao voltar para o automóvel justificou-se solenemente: “Fui sentir o cheiro bom de bosta nova de vaca e boi”. Diziá-nos ser um exemplo único no mundo entre os folcloristas: “Nunca gostei de cachaça!”. Também contavá-nos sorrindo que ao voltar depois de um certo tempo a casa de uma sua romanceira pesquisada, esta muito admirada teria lhe dito na cara: “ E o senhor ainda tá vivo, pois eu pensava que o senhor tinha morrido há muito tempo! “. E por falar em morte lembro-me da praga profética tão boa dita por um intelectual papa jerimum:- “Esta raça de folclorista só morre de velhice”. A dama da foice não nos deixa ganhar dinheiro, nem fama, mas deixa-nos viver muito. E é pensando nisto, que a cada dia matamos um leão em defesa do folclore ...vamos enfrentando os fantasmas quixotescos pela frente, ora sorrindo com as alegrias dos artistas populares, ora sofrendo feito sovaco de aleijado antigamente, com suas agruras... aqui e acolá, entra governo e sai governo, entra prefeito e sai prefeito e os mestres e brincantes nos trazendo felicidade e objetivo de vida... a máxima dos folcloristas é regida pelo dito popular destes mestres de grupos folclóricos: “Doutor, não pense que dinheiro compra tudo na vida!”
Não posso esquecer jamais, era o dia 8 de agosto de 1993, dia de meu aniversário, mês do folclore, anoite recebo a maior homenagem em vida, através de um parabéns de meu amigo e mestre na ciência folclorística’, quando me diz ao telefone: Amigo, ousa agora o meu presente e a minha homenagem ao seu aniversário. É um poema que fiz inspirado em sua pesquisa sobre os tipos populares do Bairro da Ribeira. Acabei de escrever e lhe dediquei entre os poucos que fiz aos amigos. E começou me levando ás lágrimas: “Ribeira Velha de Guerra...”. Neste poema o bem aventurado amigo mistura poeticamente com sua autoridade: Ferreira Itajubá, Cascudo, Exupéry, Perrepistas, Liberais, Fumaça, Raimundo Cego, Luís Romão, Cancão, Roberto Freire, Luís de Barros, Luís Tavares, Zé Areia, Zé Alexandre Garcia, Newton Navarro e Albimar Marinho”. Em um trecho do citado poema, o autor, o poeta de Areia Branca e Natal, o amigo de conselhos e confidências culturais deixa uma verdade:
“...Morre o povo, corre o povo, que todos somos mortais...”.
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(*) folclorista e vice presidente da Comissão Norte Rio Grandense de Folclore.
http://www.saraspace.com.br/
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NOTA: Aproveitando este espaço, informamos que o baile "Antigos Carnavais" acontecerá, novamente, atendendo a muitos pedidos, no da 14-04-2012, no Cube de Engenharia, a partir das 17 horas.
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Gutenberg Costa - 3232 4562 / 9427 3363
(Créditos da foto superior - Gibson Barbosa)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

MEU FILHO QUERIDO

Você já foi criança um dia, mas os anos se dobraram e fizeram de você, um jovem, quase adulto, e agora você me olha com certo desprezo, só porque muitos anos se dobraram para mim e, hoje eu sou um velho.
Você observa minhas mãos trêmulas e encarquilhadas e se esquece que foram
as primeira a acariciar as suas, inseguras na infância.
Critica os meus passos lentos vacilantes, esquecendo-se de que foram eles que orientaram seus primeiros passos.
Reclama quando lhe peço para ler uma palavra que meus olhos já não conseguem vislumbrar com precisão, esquecido das várias palavras que eu repeti inúmeras vezes para que você aprendesse falar.
Fala da lentidão das minhas decisões, esquecendo-se de que suas primeiras decisões foram por elas balizadas.
Diz que eu sou um velho desatualizado, mas eu confesso que pensei muito pouco em mim, para fazer de você, um homem de bem.
Reclama da minha saúde debilitada, mas creia, muito trabalho foi preciso para garantir a sua.
Ri quando não pronuncio corretamente uma palavra, mas eu lhe afirmo que esqueci de mim mesmo, para que você pudesse cursar uma universidade.
Diz que não possuo argumentos convincentes em nossos raros diálogos,
todavia, muitas foram às vezes que advoguei em seu favor, nas situações difíceis em que se envolvia.
Hoje você cresceu é um moço robusto e a juventude lhe empolga as horas,
esqueceu-se a sua infância, seus primeiros passos, suas primeiras palavras,
seus primeiros sorrisos, mas acredite, tudo isso está bem vivo na memória
deste velho cansado, em cujo peito pulsa o mesmo coração amoroso de outrora.
É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta, só notei naquele dia,
naquele dia, em que você me chamou de velho pela primeira vez e, eu olhei no espelho, lá estava um velho de cabelos brancos, vincos profundos na face e um certo ar de sabedoria, que na imagem de ontem não existia.
Por isso eu lhe digo meu jovem, que o tempo é implacável, e um dia você
também contemplará o espelho e perceberá que a imagem nele refletida não é
mais a que hoje você admira, mas você sentirá que em seu peito, o coração
ainda pulsa no mesmo compasso; que o afeto que você cultivou, não se
desvaneceu; que as emoções vividas, ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos; que as palavras amargas, ainda lhe ferem com a mesma intensidade; e que, apesar dos longos invernos suportados, você ficou frio diante da indiferença dos seres que embalou na infância.
Por isso que lhe aconselho meu filho, não ria nem blasfeme do estado em que estou, eu já fui o que você é, e você será o que eu sou.
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Autor desconhecido
Colaboração de Alfredo Fagundes/Ormuz Barbalho

A UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES do Rio Grande do Norte realizou, ontem, sua primeira reunião do ano, na sede da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras.
Na hora regulamentar teve início a reunião, sob a presidência de Eduardo Gosson e contando com a presença dos sócios e membros da Diretoria - Lúcia Helena Pereira, que atuou como secretária da sessão e mais, Jurandyr Navarro, Carlos Roberto de Miranda Gomes, Carlos Morais, George Veras, Gutenberg Costa e Severino Vicente.
No início da reunião o confrade carlos Gomes fez uso da palavra solicitando o registro de homenagens aos dois nobres sócios fundadores recentemente falecidos - Enélio Lima Petrovich e Deífilo Gurgel.
Em seguida foi apresentada e aprovada, com pequenas alterações, o calendário de eventos para 2012, após detalhada exposição do Presidente Gosson, aqui reproduzida,em resumo:
a) autógrafos de livros, projetos para o ano, convite do Presidente da UBE/PB - Ricardo Bezerra - para o 2° Encontro Paraibano de Escritores, de 19 a 21 de abril de 2012;
b) anunciado o V Encontro Potiguar de Escritores (V EPE), para 29, 30 e 31 de outubro do corrente, com nova denominação sugerida pelo confrade Carlos Morais;
c) informado que todas as reuniões da UBE terão lugar na Academia Norte-rio-Grandense de Letras, sempre na primeira quinta-feira de cada mês, às 16 horas, salvo em junho/2012 que transcorrerá no dia 06 (na mesma hora e local);
d) discussão e aprovação da minuta da Resolução 01/2012, redigida pelo Diretor Jurídico - Carlos Gomes com uma única emenda relativa à periodicidade que passa a ser anual para as publicações ali referidas, e que vai transcrita no final;
e) aprovada a indicação do nome escritor Francisco Martins como novo Sócio da UBE/RN, o qual foi aprovado por unanimidade;
f) comunicação dos autógrafos para 2012: de Águida Zerôncio (Ressaca), Manoel Onofre Júnior (Alguma Prata da Casa) , Ormuz Simonetti (A Praia de Pipa dos Meus Avós), Eduardo Gosson (Entre o Azul e o Infinito), Carlos Roberto de Miranda Gomes (O Velho Imigrante), Paulo Macedo Caldas Neto (No Ventre do Mundo), Horácio Paiva (A Torre Azul), Manoel Marques Filho (Nos Contornos do Rio Potengy), Nelson Patriota (Uns Potiguares), Enélio Lima Petrovich (in memoriam) "História do Poder Judiciário do RN, Maria Rizolete Fernandes (Balata), Eulício Faria de Lacerda (Obra Completa).
Carlos Morais, Lúcia Helena, Eduardo Gosson, Gutenberg Costa, Severino Vicente e Carlos Gomes. Os confrades George Veras e Jurandyr Navarro já haviam saído.
George Veras com a excelente notícia da obra elaborada por Francisco França Jácome Barreto, através da intensa pesquisa de Manoel Jácome de Lima (falecido na década de noventa), à qual ele está organizando. Trata-se de um livro contando a história dos patronos escolares do RN, onde cerca de 41 nomes já foram devidamente biografados.
Encerrados os trabalhos às 18: 30.
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UNIÃO BRASILEIRAS DE ESCRITORES DO RIO GRANDE DO NORTE – UBE/RN


RESOLUÇÃO N° 01/2012

Institui Coleções para o Plano Editorial Anual da UBE/RN, e dá outras providências.

A Diretoria Executiva da UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RIO GRANDE DO NORTE – UBE/RN, no uso das atribuições que lhe confere o parágrafo único do art. 36 do Estatuto, em conseqüência da necessidade de normatizar os trabalhos para o Plano Editorial Anual da UBE/RN,

R E S O L V E:

Art. 1°. Ficam instituídas dentro do Plano Editorial da UBE/RN, como atividade cultural permanente, de âmbito estadual e periodicidade anual sucessiva, 04 (quatro) Coleções de estilos literários, com denominações em homenagens a escritores que se notabilizaram nos respectivos ramos:

I – Coleção Antônio Pinto de Medeiros (Poesia);

II – Coleção Bartolomeu Correia de Melo (Prosa);

III – Coleção Enélio Lima Petrovich, (História); e

IV – Coleção Deífilo Gurgel (Ensaio/Folclore).

Art. 2°. O Regulamento das Coleções ora criadas discriminará as condições de participação e seleção dos trabalhos, adotando, em princípio, os seguintes pressupostos:

a) os concorrentes devem ser brasileiros, potiguares ou residentes no Estado do Rio Grande do Norte, que tenham se destacado, comprovadamente, pela intervenção em eventos culturais ou publicação de trabalhos em livros ou equivalentes ou na imprensa local;

b) para a edição de cada Coleção será indicado o tipo de compensação autoral, constituído por um Certificado e um contrato de sua publicação no jornal “O Galo”, através do selo Nave da Palavra, sem estipulação de prêmios ou remuneração, mas com a liberação de um número de exemplares para cada autor;

c) os trabalhos selecionados pela UBE/RN, em cada Coleção, serão publicados na edição seguinte do jornal, salvo se já esgotado o número de textos, ficando, assim, selecionados para a edição subsequente, a critério da Comissão Permanente de Seleção Editorial, constituída de 5 (cinco) escritores dos quadros da UBE/RN ou convidados;

d) o Regulamento das Coleções temáticas terá divulgação ampla, inclusive publicação oficial na forma estatutária.

Parágrafo único. Fica outorgada à Comissão Permanente de Seleção a competência para elaboração do Regulamento de que cuida o art. 2º desta Resolução.

Art. 3°. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Natal/RN, 09 de fevereiro de 2012

Presidente: Eduardo Antonio Gosson
1º Vice-Presidente: Jurandyr Navarro da Costa
2ª Vice-Presidente: Anna Maria Cascudo Barreto
Secretário-Geral: Manoel Marques da Silva Filho,
1º Secretário: Paulo Jorge Dumaresq Madureira
2º Secretário: Francisco Alves da Costa Sobrinho
1º Tesoureiro: Jania Maria Souza da Silva
2º Tesoureiro: Aluizio Matias dos Santos
Diretor de Divulgação: Lucia Helena Pereira
Diretor de Representações Regionais: Joaquim Crispiniano Neto
Diretor Jurídico: Carlos Roberto de Miranda Gomes
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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CHÃO DOS SIMPLES - A PEÇA



Manoel Onofre Jr. é um dos intelectuais mais prolíferos da terra potiguar. As suas obras são apreciadas pela simplicidade com que escreve e pela temática que desenvolve, sendo pois merecedor das nossas mais efusivas congratulações.
Foi merecedor de uma biobibliografia publicada por outro notável intelectual, campeão de modéstia, que é Francisco Fernandes Marinho.
Possuidor de um caráter retilíneo, tornou-se uma figura admirada pelos seus colegas e amigos, com especial destaque para a convivência na Confraria da Livraria Câmara Cascudo, onde é ressaltada a sua sobriedade.
Não bastasse todo o sucesso dos seus escritos, Manoel Onofre teve o seu livro "Chão dos Simples" transformado em peça, numa adaptação de outro expoente da cultura nordestina, que já nos deixou - Lenício Queiroga, obra que fez publicar em homenagem ao ator-dramaturgo.
Nascido em Natal em 1951, Lenício Queiroga era artista por vocação, estreando nas artes cênicas em 1971. Formado em História pela UFRN e em Artes Cênicas pela Escola Superior de Teatro da Universidade do Rio de Janeiro, onde morou por muitos anos,trabalhou em diversos órgãos e setores ligados a educação, entre os quais a TV Universitária. Era também formado Lá deu um salto importante para a carreira nacional.
Teve a oportunidade de participar e coordenar diversos festivais e premiações nacionais, tais como “Troféu Mambembe”, “Concurso Nacional de Dramaturgia” e “Prêmio Estímulo de Teatro”. Recebeu 12 prêmios nacionais por sua atuação na peça “Apareceu a Margarida”.
Participou de um programa Memória Viva, da T V Universitária, gravada em setembro de 2006. O ator, diretor, professor e crítico de teatro norte-rio-grandense, morreu no mês de fevereiro (21), no período do carnaval de 2009, com a idade de 58 anos.
Estimado pelos amigos, era considerado bom ator, bom diretor, bom companheiro, como em entrevista disse Racine Santos: “Educado, gentil, sem pose de astro, que é o que mais sobra nos meios artísticos desta shakesperiana cidade de Natal. Seu último trabalho, muito elogiado, foi dirigir o Auto do Natal, promovido pela Prefeitura em 2006, baseado num texto do poeta Nei Leandro de Castro, "O Menino e os Reis".
Teve participação destacada no filme “Boi de Prata”, filme nordestino por excelência, com a idéia e o argumento nascidos no Rio Grande do Norte, bem como os recursos financeiros, obtidos por meio de um convênio entre a Embrafilme e o Governo estadual. Metade da equipe e do elenco é de pessoas da Região. Mas o que o realizador, Augusto Ribeiro Jr. ressalta como fundamental são o tema e sua abordagem, que procuram integrar a vivência e a ótica regional dos participantes da produção. .


O direito de greve - uma opinião

Autor: Sílvio Caldas (jsc-2@uol.com.br)

Opinião é como conselho, não obriga a ninguém.
Considero o direito de greve praticamente como um direito natural, isto é, inerente à própria dignidade do ser humano, quando este se sente explorado ou injuriado por uma força que lhe é superior. Assemelha-se à legítima defesa, que permite até que se tire a vida de um semelhante, dependendo da circunstância.
Contudo o direito de greve não deve ser acolhido de forma ampla e irrestrita, mas deve ser sempre exercido com a máxima cautela, como um bom tempero. Diria mesmo que seria uma espécie de ultima ratio regum , e assim, só deve ser utilizado em último caso. Embora exercido desde temos imemoriais e defendido até pelas legislações mais modernas do mundo civilizado, entretanto é defeso a certas instituições e até mesmo sofre limitações naturais.
O ideal é que ele seja utilizado somente quando fracassarem todos os meios válidos de negociação, o que vale dizer que devem ser realizadas gestões entre as partes diretamente envolvidas e antagônicas para que se evite a todo o custo esse remédio que normalmente se sabe amargo muitas vezes, não apenas para os diretamente envolvidos, mas para o povo em geral. Assim, ele exige, antes de tudo, criatividade e principalmente o convencimento dos indiretamente envolvidos (povo em geral) com a causa.
As próprias legislações em geral procuram limitar o exercício desse direito, visando justamente salvaguardar o interesse coletivo, isto é, de pessoas que embora não façam parte da relação direta, mas terminam saindo prejudicadas por via indireta.
Os japoneses, mestres da criatividade procuram fazer uma greve muito criativa: continuam no trabalho, fazendo o serviço, e colocam uma faixa na testa onde está escrito: estamos em greve. Eis aí um bom exemplo de uma forma de protesto que não prejudica ninguém, nem o próprio antagonista, mas que é um autêntico apelo à negociação.
É muito desconfortante assistirmos, por exemplo, a uma greve de transportes coletivos. Movimento paredista que prejudica não apenas os patrões, mas os usuários em geral. Prejuízo grande e que nem sempre atinge os objetivos, mesmo porque chega a um ponto que não conta com o apoio da sociedade em geral.
Outros exemplos podem ser apreciados: greve dos médicos; greve dos bombeiros; greve dos ascensoristas.
Por todos esses motivos não entendo o que venha a ser, por exemplo, uma greve no Poder Judiciário (greve de juízes), até por que eles mesmos constituem o Poder.
Mas... e o que falar de greve de uma corporação policial, envolvendo um Estado da importância da Bahia, em plena véspera dos festejos carnavalescos que esperam contar com a presença de três milhões de turistas? E mais, polícia em greve e portando as armas de fogo que pertencem legalmente ao serviço que se acha paralisado.
Por mais que os policiais tenham suas razões, razão, porém não lhes assiste num contexto dessa natureza.
Contudo uma coisa é certa: esses movimentos esdrúxulos não nasceram da noite para o dia. É preciso que localize o ninho onde estão sendo chocados, de há muito, os ovos da serpente.

H O J E
UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RN – UBE/RN


Comunicado de reunião nº 01/2012

Através do presente Comunicado ficam todos os membros da Diretoria, do Conselho Fiscal e do Conselho Consultivo da UBE/RN (biênio 2012/2013) convocados para Reunião Ordinária com a seguinte

Ordem do Dia:
1. Informes
2. Minuta de Resolução 01/2012
3. Planejamento das atividades da UBE - 2012

Data: 09.02.2012 Quinta-feira)
Local: Academia Norte-rio-grandense de Letras
Hora: 16 h

Natal/RN, 30 de Janeiro de 2012

Eduardo Gosson
Presidente

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DEÍFILO IMORTAL

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

UBIRAJARA GALLI (DIÁRIO DA MANHÃ/GO), RECONHECE O VALOR DO NOTÁVEL ESCRITOR DA TERRA DOS CANAVIAIS!
UM ANHANGUERA CULTURAL
Por Ubirajara Galli (*)

FRANKLIN JORGE


Goiás, ao longo de sua história, desde a colonial, tem sido visitado por ilustres personalidades como Burchell, Saint-Hilaire e Carlos Pereira de Magalhães, entre tantos outros que registraram as belezas naturais, potencialidades econômicas, valores humanos e culturais goianos.

No final da década de 1970, o jornalista-escritor, Franklin Jorge, portando a sua bateia cultural, desembarcou em Goiânia e começou a lavrar as áureas águas da cultura goiana. Da sua colheita, nada se perdeu. Todas as suas impressões, experiências vividas, bem-materializadas deram vida a essa publicação, de nome sugestivo O Ouro de Goiás que tem tudo a ver com a gênese existencial do nosso Estado.

Esse Ouro tem cor, peso, valor inestimável, amalgamado por construtores da cultura brasileira em Goiás, muitos dos quais, em 2012, bateados por Deus. Da sua viagem goiana alongada no tempo, entre esses seres de luz visitados por Franklin Jorge e que Deus nos presenteia preservando a sua presença entre nós, está o escritor e gestor cultural, José Mendonça Teles, um dos nomes mais expressivos da cultura da nossa terra.

Há mais de trinta anos, José Mendonça Teles fora apresentado ao Franklin Jorge por uma amiga em comum, a escritora e crítica de arte, goianiense, Alcyone Abrahão, cuja amizade tivera início com Franklin, quando ela residiu em Natal. Alcyone e sua mãe, Jandyra Hermano de Paula, juntamente com sua tia, Amália Hermano Teixeira, foram as gentis cicerones de Franklin, em todos seus encontros culturais e humanos em Goiás.

José Mendonça Teles, ao publicar seu livro Crônicas de Pirenópolis presenteou Franklin Jorge com um exemplar da obra. Franklin agradeceu o autor através de um poético texto, revelador de quem fez a leitura do livro, página por página, por puro prazer.

Feliz com a acolhida de Franklin à sua obra, José Mendonça Teles, sabendo de outros guardados goianos reluzentes de Franklin Jorge ofertou-lhe a possibilidade de publicar O Ouro de Goiás. Para nossa alegria, motivada pelo enriquecimento da historiografia cultural goiana, que a obra publicada proporcionará, Franklin aceitou a oferta editorial.

Alguns goianos, como Zecchi Abrahão, pai de Alcyone Abrahão, primeiro editor da Revista Oeste, concebida para as comemorações do Batismo Cultural de Goiânia, ocorrido em 1942, e José Décio Filho, Franklin só conheceu através das suas pegadas culturais.

Porém, outra plêiade de talentosas personalidades, do mundo artístico e intelectual, como José Godoy Garcia, Bariani Ortencio, Frei Confaloni, Maximiliano da Mata Teixeira, Cora Coralina, Brasigóis Felício, Antônio Poteiro, Carmo Bernardes, Amália Hermano Teixeira, Luís Estevam, Antônio José de Moura, Goiandira do Couto, Jandyra Hermano de Paula e Regina Lacerda, com estes, sim, Franklin teve a oportunidade pessoal de vivê-los habitados entre nós.

José Mendonça Teles, cumpridor emérito de promessas, preservacionista do patrimônio artístico e histórico de Goiás, agora, por meio do Instituto Cultural que leva seu nome, publica e faz o tombamento de O Ouro de Goiás, lavras de um sensível talento. Méritos de Franklin Jorge, esse Anhanguera cultural.
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(*) Ubirajara Galli é membro da Academia Goiana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ESTA NOITE MEUS OLHOS
Deolindo Tavares

Poesia de um grande poeta
Para homenagear Deífilo Gurgel

Esta noite meus olhos são como um reduzido lago

ou planície de espelho onde tudo se reflete

num repouso mortal;

Esta noite adoremos a morte,

brevíssimo repouso para uma ressurreição

que nos tornará conhecidos de nosso espírito;

Esta noite adoremos a insônia

que é mais uma ave nos transportando às antigas memórias;

Esta noite é a noite da condenação

se nenhum anjo não vier nos iluminar:

Esta noite meus olhos são como profundos poços

onde mergulho sem voltar à tona.

Estão enxutos e as lágrimas

transmutaram-se em chuva refrescante

ou orvalho da manhã que ainda não nasceu.

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Colaboração do escritor CIRO TAVARES, Brasília.
MORRE DEÍFILO, NASCE UMA NOVA ESTRELA NO CÉU

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor e advogado

            Veio ao mundo no espaço de Areia Branca, mas a cidade do Natal acolheu o seu corpo físico em vida e no instante final da sua existência nesta dimensão da vida.
            Na verdade DEÍFILO GURGEL foi um cidadão do mundo, das noites e dos dias, dos folguedos, da terra-mãe, dos costumes e da alegria dos seus concidadãos.
           Poucos tiveram tanto merecimento à imortalidade quanto ele, mesmo sem ter alcançado uma cadeira na Academia de Letras do Rio Grande do Norte.      
           A humanidade ficou mais pobre hoje, mas o Céu se rejubila com a sua chegada e sua recepção será exuberante, pois ali encontrará Enélio, que partiu 30 dias antes e já deverá estar agregando os amigos intelectuais e os humildes que ele sempre prestigiou, como  D. Militana, o rabequeiro André, e pelos três Chicos, o coquista Chico Antônio, o mamulengueiro Chico Daniel, o entalhador Chico Santeiro, pelo cantador Fabião das Queimadas, pelo conterrâneo Tico da Costa, e tantos outros que ele soube respeitar e engrandecer na sua simplicidade imortal.

            Todos nós sentimos a sua partida, como se perdesse um ente querido da família. O seu valor ficará registrado na história, pois vai-se o corpo, mas fica o espírito de um dos mais belos filhos desta terra de Poti. Certamente que será louvado por todas as entidades culturais do Rio Grande do Norte, principalmente aquelas das quais foi fundador - União Brasileira de Escritores do RN e o Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.
            ____________________________________________
            "A família do poeta e folclorista Deífilo Gurgel - Zoraide de Oliveira Gurgel, esposa, e os filhos Káthia, Carlos, Mário Sérgio, Gardênia, Fernando, Cláudia, Alexandre, Marcelo e Ana Márcia - comunica oficialmente, o falecimento do grande mestre da cultura popular do Rio Grande do Norte, ocorrido hoje em Natal.
Diante das inúmeras manifestações de solidariedade, a família agradece encarecidamente aos familiares e amigos, e comunica que tão logo sejam definidos os locais para o velório e sepultamento, todos serão informados.
Deífilo faleceu aos 85 anos, após 17 dias de internação na UTI do hospital PAPI, em consequência de falência de múltiplos órgãos.

Natal, 06 de fevereiro de 2012.

Zoraide de Oliveira Gurgel - esposa
Káthia, Carlos, Mário Sérgio, Gardênia, Fernando,
Cláudia, Alexandre, Marcelo e Ana Márcia - filhos".







ENÉLIO LIMA PETROVICH

MISSA DE 30° DIA


Maria do Perpétuo Socorro Galvão Petrovich (Miriam Petrovich), Lirian e Júlio Cesar, Célio e Maria do Livramento, Enélio Antonio e Ana Carla, e respectivos netos, convidam para a Missa de 30° dia, em sufrágio da alma de Enélio Lima Petrovich, a realizar-se no próximo dia 06-02-2012, às 17:00, no Convento Santo Antonio (Igreja do Galo), em Cidade Alta.
Desde já agradecem a este ato de Fé e Caridade Cristã.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

DEÍFILO GRUGEL

ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia-INRG, membro do IHGRN e da UBE-RN)

www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br
(PUBLICADO NO PERIÓDICO “O JORNAL DE HOJE” EDIÇÃO DE 03 DE MARÇO DE 2011)



DEÍFILO GURGEL, O POETA DE AREIA BRANCA

. . . por isso fazia seu grão de poesia, e achava bonita a palavra escrita, por isso sofria, de melancolia, sonhando o poeta que quem sabe um dia . . . poderia ser.
(O Poeta Aprendiz - Vinícius de Morais)

De todos os e-mail e telefonemas que recebi parabenizando-me pela matéria publicada nesse periódico, intitulada VIAGEM INSÓLITA, um deles me deixou particularmente envaidecido. Por ocasião da publicação da segunda crônica - dividida em quatro partes e publicadas todas as sextas-feiras durante o mês de fevereiro - me encontrava na praia da Pipa, quando o telefone tocou: era o meu amigo escritor, poeta e folclorista Deífilo Gurgel. Tivemos uma longa e agradável conversa.

Ele com sua peculiar gentileza elogiou a iniciativa e disse, entre outras coisas, que vinha acompanhando com muito interesse, todas as etapas da viagem, e ansioso perguntou: “Quando você chega à Areia Branca?” Informei que seria na terceira parte da crônica a ser publicada no dia 18. Disse ainda que quando retornasse a Natal iria lhe fazer uma visita em agradecimento ao seu simpático telefonema e aproveitaria o ensejo, para lhe entregar o diploma de sócio fundador do INRG- Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.

Na minha modéstia experiência de vida, poucas pessoas conheci tão apaixonado por sua terra e suas tradições, como o poeta Deífilo Gurgel. Sentado em seu terraço, conversamos por mais de duas horas sem sentir o tempo passar. Foi comovente ver aquele homem falar com tanto amor e entusiasmo do seu torrão. As lembranças fluíam naturalmente. Ele às vezes de olhos fechado, lembrava de coisas do seu tempo de menino. Parecia viver aqueles momentos mágicos, de anos que já vão longe. Ali estava um homem-menino sentado em seu terraço, mas os pensamentos repousavam na distante Areia Branca de sua infância.

Entendi que naquele instante era somente a presença física do homem Deífilo, pois seus pensamentos estavam viajando para muitos anos atrás. Era sua infância de menino irrequieto, que andava pelas ruas de areia da velha cidade, que passarinhava nas redondezas e gostava de ver a “revoada dos maçaricos por entre as várzeas de pirrixiu”. Era o menino que corria por entre as matas de matapasto em brincadeira com outras crianças do lugar. Era o observador atento das “moças debruçadas na janela” e do vai e vem dos barcos que atracavam no cais de sua infância, da sua querida Areia Branca. Fiquei em silêncio observando aquele homem em seus devaneios.

Foi emocionante ver que ali estava uma pessoa realizada em todos os sentidos. Bom filho, bom pai, avô extremoso e amigo fraterno, onde do alto dos seus 85 anos de idade, bem vividos, enquanto muitos se sentem incapacitados e se entregam a uma cadeira de balanço na sala de televisão, o poeta-pesquisador está em plena atividade. Continua pesquisando o nosso folclore e escrevendo poemas maravilhosos. Tudo registrado em livros publicados e os ainda a publicar. Gosta de receber em sua morada os amigos para um papo descontraído e ao final da conversa, o interlocutor sabe que sai daquele encontro, muito mais rico de conhecimento.

O seu ritmo de trabalho é invejável. É de sua natureza produzir o máximo que for possível, pois anseia em deixar uma obra literária, que certamente será bem aproveitada e agradecida pelas futuras gerações. São tantas suas atribuições, que o dia se torna insuficiente para dar conta de todos seus compromissos.

Como havia prometido, passei as suas mãos o diploma de Sócio Fundador do INRG- Instituto Norte Rio-Grandense de Genealogia, fato que muito nos honra e engrandece nossa Instituição. Na ocasião fui por ele presenteado com um de seus livros de poemas, OS BENS AVENTURADOS. No tópico “As cidades submersas”, me encantei com uma declaração de amor a sua terra natal no poema “AREIA BRANCA, MEU AMOR”. Tive o prazer e o privilégio de tê-lo escutado, quando dessa visita, recitado pelo próprio autor. Saí daquele encontro muito feliz, assim como todos os que tiveram o prazer de sentar a sombra de sua varanda, para escutar e aprender um pouco, do muito que o poeta tem a ensinar.

Transcrevo na íntegra a poesia Areia Branca, Meu Amor, para o deleite dos leitores:

A cidade adormecida,
no coração do poeta,
entre pregões matinais,
subitamente, desperta.

Para trás da Serra Vermelha,
nasce a manhã, nas levadas,
na solidão das salinas,
nas águas envenenadas.

Maçaricos alçam vôo,
nas várzeas de pirrixiu.
pescadores solitários,
pescam o silêncio do rio.

Num bosque de matapasto,
atrás de Amaro Besouro,
desabrocha o fumo bom,
em fino cálices de ouro

Calafates calafetam
velhos barcos irreais.
Moinhos movem o vento,
nas tardes do nunca mais.

O sol se pondo na Barra,.
entre mangues e canoas,
põe rebrilhos de vitrilhos,
nas marolas das gamboas.

A noite cai. Cães vadios
ladram na rua, à distância.
Deslizam sombras esquivas,
nas esquinas da lembrança.

Todos os que se mudaram
para o outro lado da vida
e dormem, no cemitério
da cidade adormecida,

vêm a mim, me cumprimentam,
me comovo ao recebê-los,
baila uma fina poeira,
em torno dos seus cabelos.

Converso com Pum-na-guerra,
Fumo-bom e Baranhaca.
Abraço Maria Mole,

Ciço Cabelo de Vaca.

Passo no Canal do Mangue,
vou à Fuzaca, à Favela.
Na rua da frente há moças
debruçadas na janela.

D. Adelina me argúi
na taboada e ABC.
Começa tudo de novo,

Pela estrada do aprender.

Ouço as valsas da Água Doce,
nas tardes de antigamente.
entre Bois e Pastoris,
sou menino novamente.

As ruas se embandeiraram,
Há lanternas pelas portas.
São João acorda, entre o riso
de pessoas que estão mortas.

Os pés do menino vão
nessas ruas do sem-fim.
O tempo não conta mais,
partiu-se, dentro de mim.

Nesse burgo de lembranças,
guardado pela memória,
minha vida se inicia,
recomeça minha história.
SOPRE AS CINZAS
(Silvia Schmidt)


Quem feriu você já feriu e já passou.
Lá na frente encontrará o inevitável retorno
e pelas mãos de outrem será ferido também.
A Vida se encarregará de dar-lhe o troco
e você, talvez, nem jamais fique sabendo.

O que importa de verdade é o que você sentiu
e, mais importante, é o que ainda você sente:

Mágoa? Rancor? Ressentimento? Ódio?

Você consegue perceber que esses sentimentos
foram escolhidos por você?
Somos nós que escolhemos o que sentir
diante de agressões e de ofensas.

Quem nos faz o " mal " é responsável pelo que faz,
mas NÓS somos responsáveis pelo que sentimos.
Essa responsabilidade tem a ver com o Amor que
devemos e temos que sentir por nós mesmos.

O ofensor fez o que fez e o momento passou,
mas o que ficou aí dentro de você?

Mágoa?
- Você sabia que de todas as drogas ela é a mais cancerígena?
Pela sua própria saúde, jogue-a fora.

Rancor?
- Ele é como um alimento preparado com veneno irreconhecível: dia mais, dia menos,
você poderá contrair doenças
de cujas origens nem suspeitará.

Ressentimento?
- Pois imagine-se vivendo dentro de um ambiente
constantemente poluído, enfumaçado, repleto de
bactérias e de incontáveis tipos de vírus:
é isso que seu coração e
seus pulmões estão tentando aguentar.
Até quando você acha que eles vão resistir?

Ódio?
- Seus efeitos são paralisantes.
Seu sistema imunológico entrará em conflito
com esse veneno que com o tempo poderá
colocar você face a face com a morte
e talvez muito tarde você venha a perceber
que melhor seria ter deixado que seu agressor
colhesse os frutos do próprio plantio.

Por seu próprio Bem e só pelo seu Bem, perdoe.

O perdão o libertará e o fará livre para ser feliz.
Esqueça o " mal " que lhe foi feito.
Deixe que seu ofensor lembre-se dele através das
consequências com que, certamente, virá a arcar.

Mude seu destino ... seja o comandante da sua nau!
Escolha o melhor caminho para sua " viagem ".

... e se outras vezes o ferirem, perdoe ...
Perdoe ... nem que seja só por sacanagem !
_______________
No livro " Sorte É Prá Quem Quer "
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