quinta-feira, 6 de julho de 2017

VALÉRIO HOMENAGEIA TICIANO


RELEMBRANDO TICIANO DUARTE



Valério Mesquita*




Certos homens adquirem uma visibilidade tão marcante em seu campo de atuação que se tornam imprescindíveis aos seus contemporâneos, na medida em que suas opiniões e convicções passam a determinar modos de ver e de interpretar os acontecimentos da vida social, política e cultural. É que aos olhos deles nada daquilo que importa passa ao largo.

Assim vejo e identifico o meu primo-irmão Ticiano Duarte. Desde a antiga Rua 13 de Maio, depois Princesa Isabel, quando o conheci efetivamente e melhor, lá pelos idos de 1950. De 1954 em diante fui revê-lo na rua Voluntários da Pátria, nº 722, Cidade Alta, telefone 2901. Ele era já expressão do “batepapo” no Grande Ponto, seu fiel ancoradouro, onde se tornara notário público e destemido navegante das ruas e avenidas da política potiguar. Bacharel em Direito da Faculdade de Maceió, tornou-se decano do jornalismo da imprensa potiguar, atividade da qual desfrutou de ilibada notoriedade por sua isenção e imparcialidade nos juízos dos acontecimentos da política. Seu memorialismo ganhava ritmo de crônica e embasamento de historiador. Em seus escritos é possível intuir aquele saber de experiências, traço que distingue o verdadeiro homem de visão de um mero prestidigitador de quimeras.

Foi presença fecunda na imprensa norte-rio-grandense. A colaboração de Ticiano Duarte para a Tribuna do Norte rendeu, numa primeira seleção, o livro “Anotações do meu caderno” (Z Comunicação/Sebo Vermelho, 2000), reunindo os principais fatos políticos dos últimos 70 anos do século passado no Rio Grande do Norte. A precisão das análises, a escolha dos protagonistas,

a evolução dos acontecimentos e o retrospecto dos episódios que marcaram profundamente as vicissitudes da política potiguar encontraram ali o seu cronista mais atento e informado, criterioso e verdadeiro. Nesse livro, objetivamente intitulado “No chão dos perrés e pelabuchos”, avultam as mesmas qualidades que consagraram “Anotações do meu caderno”, com a única diferença de que agora ele se deteve com mais vagar na descrição de perfis e na análise comparativa dos fatos, mesmo separados por décadas. Vultos inesquecíveis da vida pública estadual, como Djalma Maranhão, Georgino Avelino, Café Filho, Aluízio Alves, Odilon Ribeiro Coutinho (“mistura de tabajara e potiguar”), Tales Ramalho (“paraibano por acidente, norte-rio-grandense pelas grandes ligações familiares, e pernambucano por adoção”) são algumas das estrelas de primeira grandeza dessa constelação de escol. Cronista, para quem a política não pode se dissociar da ética, sob pena de naufragar nos desmandos de governantes e correligionários, Ticiano fez o elogio dos políticos exemplares perfilando a figura de Café Filho em toda a sua trajetória. Ao fazer o elogio da lealdade e da coerência, ele retirou do limbo o nome de Walfredo Gurgel, ressaltando que “o seu governo foi um exemplo de seriedade no trato e na gestão da coisa pública. Todo o Rio Grande do Norte sabe desta irrefutável verdade e nem mesmo seus adversários podem omiti-la, por mais que o tenham combatido no campo das diferenças partidárias”.

Em “No chão dos perrés e pelabuchos” Ticiano encontrou silhuetas de políticos esquecidos pela história, mas preservados, por exemplo, numa Acta Diurna de Luís da Câmara Cascudo, como Hermógenes José Barbosa Tinoco, deputado do Partido Liberal que a voragem do tempo soterrou; os entreveros entre pelabuchos e perrés que incendiaram o paiol das agremiações políticas dos anos trinta, que não escaparam à argúcia focada pelo memorialista.

Ele propõe e reforça as teses daqueles que defendem a necessidade de uma urgente reforma política a fim de repor o país nos trilhos da ética e inaugurar uma nova era política de honestidade e honradez. O seu viver espelha na obra que escreveu a lucidez dos seus testemunhos de luta.

(*) Escritor

quarta-feira, 5 de julho de 2017

A ENTREVISTA


Estimados Amigos,

Na entrevista que concedi a Augusto Maranhão, reproduzida neste Blog, cometi alguns enganos e omissões, como soe acontecer nas coisas de improviso, do que agora me penitencio:

1. Ao falar da ida de papai para o interior e feita a distribuição dos filhos nas casas dos parentes, esqueci de Fernando, que ficou na casa de Paié;
2. Quando relatei que D. Rosa, mãe de Thereza ficou hospedada com Dona Georgina, fiz a localização errada ao dizer que era vizinha da Santa Cruz da Bica. Na verdade era vizinha do Cruzeiro defronte à Igreja do Rosário dos Pretos;
3. Na indicação da idade de mamãe ao casar, retifico para 15 anos em não 14;
4. Na referência do rio que banha Macaíba me engasguei com a palavra "assoreamento".
5. O livro "Amor de Verão" tem as gravuras feitas pelo meu neto Carlos Victor.

Obrigado pela atenção de todos.

terça-feira, 4 de julho de 2017

CONVERSANDO COM AUGUSTO MARANHÃO


Teje preso, teje solto

Berilo de Castro, médico e escritor

Nós estamos servindo de bestas e  babacas diante de tantas e outras tantas manobras circenses neste país de grandes manobras escusas.
Por um lado as benditas Operações deflagradas pela Polícia Federal, trazendo à tona os legítimos responsáveis pela corrupção instalada em nossas barbas, nesses últimos quinze anos, pelos partidos políticos, tendo à frente, o que tem o nome de Partido dos Trabalhadores. Vejam só!

Convivemos e muito bem, com as legítimas investigações, conhecendo nominalmente os verdadeiros corruptores - as nossas grandes empresas privadas - JBS, Odrebech, OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e outras  de menores portes.
O Ministério Público e a Polícia Federal têm cumprido muito bem os seus papéis, apontando, dando os nomes e mandando prender os delinquentes envolvidos.
Por outro, o poder maior do judiciário - o Superior Tribunal Federal ( STF) com seus ministros não tem bem entendido a conduta do MP e da PF.
Um lado prende o outro solta. Não é uma brincadeira?
Exemplo melhor e bem palpável, foi um deputado federal flagrado carregando uma mala cheia, com quinhentos mil reais, pura e  legítima propina, tudo filmado e documentado. O delinquente é preso pela PF com respaldo do MP. Não demora muito, o ministro do STF manda soltar; não é uma brincadeira?
Estamos vivenciando além de toda essa desgraça da corrupção corroendo nossa nação, estamos também presenciando uma grande briga de ego, de disputa pessoal e de muita arrogância.
Acham pouco?
Teje preso, teje solto!




domingo, 2 de julho de 2017

ANRL






O LEGADO DA MOLHADURA 

Berilo de Castro


   
Sempre que passo pelas cercanias da Arena das Dunas, fico a admirar e me sentir como todo bom natalense: feliz, envaidecido e orgulhoso pelas necessárias e úteis obras estruturantes ali construídas – um belo legado. No entanto, vêm as reflexões e procuro entender como tudo aquilo foi realizado.
Diante do triste e lamentável momento político-administrativo e moral que o país passa, diante dos escândalos nas operações deflagradas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, ficamos cada dia mais decepcionados com  o descaramento e com a frieza de como agem os nossos representantes políticos, aqueles sim, que receberam nossos votos com a esperança nossa de um retorno digno e moral que os justifiquem.
No momento mais recente( 06/06/17), não mais como surpresa, saiu às ruas a Operação “Manus  Manum Fricat , Et Manus Manus Lavat”- uma mão lava outra -revelando um mega, hiper e  superfaturamento de 77 milhões na construção do complexo urbanístico e da Arena das Dunas para a Copa do Mundo de Futebol no ano de 2014. Fortuna propinada, destinada aos políticos que se envolveram no grande projeto. É triste e revoltante o que presenciamos. A riqueza chegando fácil e vergonhosamente às mãos dos nossos representantes políticos, enchendo-lhes seus cofres, suas malas, suas cuecas e suas ricas e gordas contas no exterior.
 Momento doloroso e condenável. Onde chegaremos? Será que os benefícios valeram a pena? Mesmo sabendo que 77 milhões foram embolsados, surrupiados por uma corja maléfica e calculista na execução das obras; sabendo que todo essa fortuna  poderia ser muito bem e honestamente utilizada no enfrentamento dos problemas atormentadores com a saúde, a educação e a segurança, hoje aos pandarecos?
O nosso consolo, o nosso desejo, é que continuem as operações; que continuem a aparecer novas e descaradas maracutaias e que todos os seus beneficiados sejam punidos dentro do rigor da lei. Que o país tome o rumo certo da moralidade e da  dignidade. O Brasil merece!
Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN  – berilodecastro@hotmail.com.br