ZÉ FÉLIX, O MEU IRMÃOZINHO MAIS VELHO
Óleo sobre tela de Alice Brandão
Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e enxada às costas
cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos. (Manoel de Barros)
Escrever não é fácil. Quando a folha em branco alveja a imaginação, então a coisa fica preta. Derna tresontonte tento escrever sobre um amigo, rico em estórias de sofrimentos e de risos, e, mesmo com tudo guardadinho na memória, a emoção fechou com correntes e cadeados o pensadouro. Que fazer? Lutar contra a correnteza, afoito, fiado no acaso que por certo vai botar letras no papel e as acontecências acabam de fato acontecendo?
Então, vamos lá, nadando de costas com medo de piranhas, que nem um pressentido náufrago, pela própria vida.
Era uma noite negra, negra, sem luar, como os cabelos da amada de Castro Alves. Chovia lâminas d´água e as poças, nas ruas e nas calçadas, engoliam os bagaços, as carcaças e a vida minúscula da feira da véspera.
Um vulto vestido com roupas de mulher vagueava pelo breu como quisesse se proteger da chuva no manto negro da noite. Parou numa esquina, debaixo de um toldo. A luz embaçada de um lampião revelou cintura volumosa, talvez uma barriga de prenhez.
A mulher pôs-se de cócoras e durante alguns minutos grunhiu como os animais feridos e depois usando a sua voz de gente, variou dos praguejados aos pedidos de compaixão e, finalmente, aos gemidos.
Um gato passou ao largo, atravessando a rua e deu um fanhoso miado. Seria preto, o felino? Certamente, a julgar pela mancha quase que apenas sugerida da sua silhueta. Azar na certa!
Um vagido incerto, mas vigoroso, misturou-se ao ruído dos pingos d´água.
A mulher não mais chorava, não praguejava, nem pedia misericórdia. Jazia imóvel na calçada, dobrada sobre si.
A alguns metros dali, havia uma igreja, cujo perfil se impunha mesmo com a imagem embaciada pelo temporal.
Era madrugada. Pela queda da friagem, se o tempo estivesse desarmado, a barra do dia já estaria boatando as traquinagens e as tragédias da noite.
De repente, uns passos apressados chapinharam os veios d´água. Um vulto foi crescendo na direção da mulher caída. Os passos emudeceram. Um homem debruçou-se sobre o corpo imóvel e ouviu-se um grito de espanto, certamente do madrugador. Ele pôs no braço um pequeno volume, olhou ao seu redor e se pôs a correr, ignorando a lama e as poças d´água. Abriu a pesada porta da igreja e foi engolido por ela.
Naquela noite veio à luz, nas trevas, o menino que seria conhecido por Zé Félix, adotado e batizado pelo sacristão Félix José dos Santos, também chamado “Félix Folote”, que lhe deu o nome de Severino José dos Santos. A mãe, que morrera ao trazê-lo à vida era uma prostituta veterana, apelidada Maria-olho-de-gato, por conta dos olhos azuis. O pai, nem a defunta soubera, tantos eram os inquilinos da sua rotativa cama do cabaré “Riso da Noite”.
A cidade era Goiana, estado de Pernambuco, famosa pela produção de açúcar e de rapadura, e pela fartura de caranguejos e goiamuns. O ano? Entre 1920 e 1930. O dia em que foi expulso do feto materno foi o festejado 7 de setembro. Viveu a desdita de lembrar essa data como o dia de finado da mãe. E, mesmo quisesse celebrar, se filho insensível fosse tanto que não respeitasse a perda do ventre que o pariu, a grandeza do dia da pátria, apequenaria o seu aniversário.
Desgraça é assim, quando vem, chega completa: faz barba, cabelo, bigode e ainda bota água de cheiro, que queima a pele, mas, de consolação, deixa um perfuminho.
O sobrevivente foi um menino “mofino”, cercado pela neura dos pais, que o acolheram já velhos e o tratavam como se fora um neto fatalizado pela orfandade. Vivia perseguido pelo apelido do pai adotivo, já que o garoto era conhecido como Zé de Félix, e o “Félix” era um apelo mais do que forte, irresistível, para juntar o “Folote” do pai. Uma questão de azougue, absolutamente compreensível e justificável. Ficou então sendo chamado de “Félix Folote”, como o pai. E o “folote” na língua o povo, indica frouxura, coisa elástica ou algo muito largo. Nas cidades interioranas alinha-se automaticamente com a propriedade elástica ou o alargamento do fió-fó.
O sofrimento, que nem uma sombra persistente de um mau agouro, o acompanhou toda a sua infância pobre. Passou a meninice em brancas nuvens. Literalmente. O único momento em que desfrutava de paz era quando ficava no campanário da igreja descobrindo as formas sugeridas pelas nuvens: os carneirinhos, principalmente.
Os coleguinhas o rejeitavam pela triste figura, pelas roupas desajustadas e fora de moda e como que o agrediam com o apelido que sugeria um desvio sexual que nunca tivera, e que justiça se faça, nunca abusaram dele nesse sentido.
Quando não olhava as nuvens, brincava sozinho na casa reservada ao sacristão, geminada à igreja. Seus brinquedos eram improvisados: carrinhos de carretéis de madeira que sobravam das linhas de costura da mãe; bolas feitas de meias irrecuperáveis, com enchimento de retalhos e trapos (Aliás nunca foi de jogar bola. Os pés chatos, colados no chão, dificultavam o movimento e o cansavam). Bonecos de sabugos de milho: a cabeça feita de tampa de remédio, as pernas e os braços de velhas agulhas de tricô. Uns aros de ferro enferrujados das barricas de bacalhau que fazia girar ladeira abaixo...
Sua maior alegria era ouvir o velho rádio a galena do pai. Fascinava-o a música, qualquer uma, melhor ainda se fosse cantada: Vicente Celestino, Chico Alves, Augusto Calheiros, Orlando Silva, Sílvio Caldas, as irmãs Batista, Dalva de Oliveira, Nora Ney...
Assim era, e tanto não fez que a infância se acabou também em brancas nuvens.
Morta a mãe, o pai, esclerosado, foi recolhido a um abrigo. Já rapazinho feito, aceitou a proposta de um torneiro mecânico especialista em caldeiras e moendas de engenhos para auxiliá-lo no ofício em Ceará-Mirim, no estado do Rio Grande do Norte, onde o futuro patrão se estabeleceria para atender à demanda dos usineiros e senhores de engenho.
Quando o torneiro se estabeleceu, foi o rapaz, de fato, deslocado para auxiliar a mulher de Zebedeu – vamos chamá-lo assim – nos serviços domésticos. Aprendeu a lavar louças, varrer e encerar o piso, fazer a limpeza da cozinha e banheiros, e, principalmente, a cozinhar.
Durante algum tempo a sua vida encontrou alguns porquês e muitos senões. A casa de Zebedeu ficava na rua Grande, próxima à estação ferroviária. Distraía-se com as chegadas e partidas dos trens (denominados de “Motriz” e “Horário”) enquanto vendia pastéis e bolos aos passageiros, feitos por dona Zizinha (o nome também é falso, para preservar a identidade da senhora), mulher do patrão e sua atribuída patroa.
À noite ficava rodeando a sala que nem cachorro sestroso, se chegando devagarzinho para perto do rádio, onde a família inteira se acomodava. Geralmente a manobra dava certo. Salvo quando chegava um estranho “de cerimônia” para visitar o casal. Então era enxotado sem cerimônia – só faltava o “xô” pra ficar igual a bicho incômodo no meio da casa.
Vez por outra variava de audiência. Deixava o rádio e ia ouvir a amplificadora local, principalmente nas noites das tais “visitas de cerimônia”. Era uma festa. O locutor era seu amigo e lhe proporcionava um tratamento especial, do tipo “Acabou de chegar à Amplificadora Flor do Vale, o meu amigo Zé Félix, para abrilhantar o nosso programa”. E retocava a homenagem, quando não havia nenhuma dedicatória musical nem “reclame” comercial, tocando um disco de sua preferência. Alcides Gerardi dava na medida, mesmo com os chiados das 78 rotações de tanta rodagem.
O tempo foi passando, entre o trabalho e as distrações – o trem, o rádio e a amplificadora, a feira aos sábados (ou domingos, dependendo da vontade dos usineiros), o “sereno” nas festas da burguesia, e, valha-o Deus, a descoberta do cinema, que passou a ser sua maior distração.
Roía as unhas nos seriados de Nyoka, Tarzan, Flash Gordon e Zorro. Vibrava com a valentia de Roy Rogers, Gene Autry, Bill Elliott e John Wayne. Quase se mijava de tanto rir com as comédias de Carlitos. Chorou na “Dama das Camélias” e outras interpretações de Greta Garbo. Dançou com Fred Astaire e Ginger Rogers. E saía dos filmes de caubói caracterizado como um deles, com os braços bem afastados do corpo, prontos para o saque, e aquele olhar sombrio, de baixo pra cima, o cigarro displicente, no canto da boca...só faltava o chapéu arriado na testa com a aba meio quebrada.
(Minha irmã e eu temos gratíssima recordação do cuidado com que ele nos dedicava quando íamos ao cinema de Jorge Moura, que ficava em frente à nossa casa. Punha-nos no extremo da fila de cadeiras para que ninguém se sentasse próximo de nós, e quando chovia, atravessava a rua levando-nos nos braços. Divertia-nos também, contando-nos “causos” fantásticos e relatos de filmes que já assistira e o impressionaram).
Um dia, criou coragem e apresentou-se no programa “Domingo Alegre”, no cinema de Jorge Moura, fantasiado de Carmen Miranda, cantando “Tabuleiro da Baiana”. Foi um sucesso. A cidade o adotou como artista. Tinha uma bela voz, grave e rica em modulações, embora tivesse usado o falsete na gloriosa apresentação com balangandãs e chapéu ornamentado com frutas de cera, típico da “garota notável”.
A glória não lhe trouxe benefícios no trabalho doméstico. Zebedeu enfadou-se da vida de torneiro e decidiu montar um restaurante, valendo-se de dois argumentos animadores: o conhecimento culinário de sua mulher Zizinha, que contava com o providencial auxílio de Zé Félix, e um mercado consumidor florescente e desassistido, composto pelos passageiros dos trens que procediam de Natal e retornavam de Lajes, com parada obrigatória em Ceará-Mirim.
Mãos à obra e o restaurante revelou-se um ótimo negócio, confirmando a opinião do torneiro-mecânico.
Só não foi bom negócio para o auxiliar de copa, cozinha e mesa, também encarregado da limpeza e um agilíssimo garçom. Precisava ser uns dois ou três para atender à freguesia e ainda ajudar à patroa na cozinha. As reclamações terminaram por enfezar quem já era azedo por natureza, o velho Zebedeu, que, quando em crise de irritação, cada vez mais freqüente, quebrava pratos e mais pratos na cabeça do rapaz, quando não jogava pesados copos de vidro para atingi-lo.
Demitiu-se do emprego e foi ser “biscateiro” de mil e uma utilidades. Desde “faxineiro” a garçom, cozinheiro, animador de festas, jardineiro, babá. Justiça seja feita, em alguns desses ofícios ele era inigualável. Entre outras qualidades, tinha “mão verde” - o que plantasse ou cultivasse, nascia e crescia viçoso e de beleza incomparável.
Ninguém encerava um piso como ele. O “mosaico” como se chamava antigamente o piso cerâmico, se convertia em espelho, expondo, às vezes, a própria roupa íntima das donas de casa. Manobrava a enceradeira manual de modo cadenciado e metódico, geralmente ao ritmo das melodias com que encantava os seus ouvintes domésticos. Dava gosto.
Como animador de festas era como um encantador de serpentes. A platéia ficava fascinada, tanto com os números de canto, quando imitava Dick Farney, como quando contava passagens anedóticas de sua própria vida. Sua figura era cômica. Precocemente calvo, a testa era muito larga, os fios de cabelo reunidos nas têmporas, eram meio sarará e enroladinhos feitos molas. O nariz era despropositadamente grande em relação ao rosto, e adunco. A boca era funda e os dentes falhados pelas perdas também precoces. O queixo pequeno e equivocadamente pontudo.
(A propósito da boca funda e dos dentes falhados, muito tempo depois, quando conseguiu com o seu amigo “Doutor Ivan Péplos” (Ivan Pípolo, estudante de odontologia, á época), um “casal de chapas”, ria por brincadeira para melhor exibir os novos recursos fisiológicos e estéticos. E ainda se vantajava de outra vantagem prazerosa – quando doessem os dentes, bastava retirar a dentadura e pô-la num copo com água.)
Era de baixa estatura, talvez metro e meio. E andava com as pernas muito abertas, (eram um tanto tortas, como os caubóis dos filmes de faroeste) e os pés na posição de “quinze para as três”. Queixava-se muito de um incômodo nos pés, exageradamente chatos, tanto que se colavam ao chão, como ventosas. Tinha até calos no lugar onde devia ter a cava. No Ceará-Mirim, tal anatomia era conhecida como “pés de mata-formigas”.
Salvavam-se, e com louvor, os olhos, azuis como os de sua mãe, a finada Maria-olho-de-gato. A voz grave, cálida, de bom locutor de rádio. A alma alforriada, alegre, apesar de tudo. Uma imaginação que desconhecia limite. E uma inteligência incomum.
Esforçava-se para enriquecer o seu vocabulário, preferindo as palavras incomuns, às quais dava conotação bem pessoal. Lembro-me de “nostrogiado”, que indicava dor de barriga; “xixiado”, quando ficava sem fôlego; “otróras”, quando se referia a antigamente; “repitivamente”, no sentido de seguidamente mesmo.
Quando esteve com a garganta inflamada insistiu com meu pai para lhe dizer o nome científico do orgão afetado (amídalas). Meu pai nem pestanejou: “testículos” e assim ficou sendo até receber uma duríssima reprimenda de minha mãe.
No “diz-me com quem andas”, enturmou-se com uns boêmios que freqüentavam o Bar de Silvio Brandão, onde prestava serviços, e deu para beber. Quando exagerava nas doses de cachaça, freqüentemente entrava em coma alcoólico. Numa dessas crises, resolveu dar mais realismo à caracterização favorita de caubói, armou-se com o revólver do patrão e ficou praticando saques rápidos. Numa das vezes em que empunhava a arma retirando-a do coldre imaginário, o cão foi ativado e a arma disparou atingindo-o num quadril,
Noutra ocasião, em Muriù, meu pai foi chamado para atendê-lo. Fora um ato de quase-suicídio. Morria de amores por “Santa”, uma empregada de Manoel Pereira, que namorada de um motorista que atendia pelo sugestivo apelido de “Amor”.
Apesar de ter tudo para não dar certo, o namoro da “santa” (de pau oco) com o “amor” (pecaminoso) do motorista, versado no complicado trânsito dos cabarés, perdurava, e parecia cada vez mais consolidado, para desespero de Zé Félix que amava a moça em segredo. Os porres ficavam por conta da rejeição, coisa de mal amado mesmo, de amor sem esperança, bem ao gosto dos folhetins, dos dramas circenses e das músicas de “roedeira” de antigamente. Era para esquecer a desdita.
Meu pai tratou dele, aumentando o seu nível de glicose, e o levou para a nossa casa. Quando ele se recuperou, o médico o advertiu que numa dessas crises ele poderia até morrer. Intuindo a natureza impressionável do rapaz, assustou-o tanto com explicações científicas e pseudo-científicas sobre os males do alcoolismo, que Zé abandonou a bebida enquanto viveu. Exceto num único episódio em que fui o responsável pelo desvio de sua conduta (*).
Daí em diante foi adotado por nós, que nunca o tivemos como empregado, mas como alguém que colaborasse com os serviços da casa e partilhasse das mesmas regalias e mimos da família.
Tinha um passarinho na alma que não suportava a gaiola, precisava de espaço para voar, por sua conta e risco, navegando esse mundão de Deus. Vez por outra sumia, sem qualquer aviso e quando, tempos depois retornava, relatava estórias do Paraguai, do Paraná, e de outras lonjuras. Ás vezes daqui-perto, de Lajes, Macau, Baixa Verde, natal, sob o teto de Zezo Roque ou do doutor Dutra.
Contou-me que tinha sido “garaxué” numa pensão de mulheres na fronteira do Paraguai. E que viu muita gente cair morta por causa de bebida e de paixão. E das vezes em que foi encarcerado por pequenos furtos – o que ocorria de vez em quando porque sempre o exploravam, nunca lhe pagavam, para os seus empregadores ele só valia o prato de comida e o quartinho para dormir.
Revelou-me que nunca se sentiu tão orgulhoso de ser nordestino quanto certa vez assistia a um filme num cinema de Campo Mourão, no Paraná. O filme era “O Cangaceiro”. Depois de muita matança e de muita macheza, um paranaense muito alto e forte de voz grossa e chapelão na cabeça levantou-se e disse pra quem quisesse ouvir: “Isso que é terra de macho!” Saíu do cinema forçando o já arrastado e cantado sotaque pau de arara e ainda complementava para que não houvesse dúvidas: “Sou nordestino da gema”
Ele não escondia o machismo, nem mesmo nas preferências políticas. Quando se instalou o conflito dos mísseis cubanos, na década de sessenta, anunciou a mim e ao meu pai que Keni (o presidente John Kenneddy) era frouxo; macho era Cruxév (Kruschev, o premier soviético), explicando o porquê da preferência: o homi só faltou jogar os sapatos na cara de Keni. (referia-se à cena, transmitida pela televisão, em que o russo tirara o sapato e batia com ele na mesa de reuniões da ONU, em protesto pela invasão americana à Baía dos Porcos).
(Quando eu era Secretário de Segurança, levava-o comigo para não fazer nada, apenas dar-lhe o prazer de ser o amigo do rei, situação que o deliciava. Quando eu chegava à Secretaria, os policiais que guarneciam a entrada do prédio perfilavam-se e faziam continência. Depois eu soube que invariavelmente, Zé Félix devolvia as continências, às minhas costas).
Disse-me também de quando viajou pela primeira vez de avião, com o doutor Dutra, a caminho do Paraná. A estranheza começou no avião, quando a aeromoça pediu que pusesse o cinto. Não soube o que fazer, nem encontrou o tal cinto. Estava sentado sobre ele. Depois, como apertá-lo, no que foi salvo pelo padrinho Dutra (Chamava todo benfeitor de “padrinho”, inclusive o meu pai). E quando o avião saiu do chão? Parecia que o “estombo” subia pra cabeça, diferente de quando pousava, aí a cabeça se enfiava no “estombo”.
Pernoitou no Rio de Janeiro, num hotel. Quando acordou, buscou o banheiro, servindo-se do sanitário e lavou o rosto pra tirar a ressaca do sono. Quando encontrou o padrinho comentou que no Rio a bacia de lavar o rosto era diferente, tinha um chuveirinho pregado num vaso branco que jogava água de baixo pra cima. Foi ruim porque se molhou todo. Concluía a estória dizendo que o doutor Dutra o havia esclarecido que aquilo era um tal de “bideco”, e explicou a sua serventia. Arrematava a estória com uma cara de nojo.
Não dava sorte com mulher. A primeira vez que acasalou, descobriu que quando saía de casa para exercer as suas funções de operador de filmes, um amigo(?) o substituía nos deveres de macho. Avisado por outro amigo(?) deu uma incerta. Deixou o projetor ligado e correu para a casinha, que ficava próxima ao cinema. Não deu outra. Debaixo do lençol os dois pareciam gatos pernoitados no telhado. E a mulher miava de um jeito como nunca fizera com ele.
Tentou o suicídio sem muito entusiasmo e os amigos o contiveram.
De outra feita, já com outra mulher, Cristina, aquela que deu como o amor de sua vida, decidiu dar uma de “homem”. Viajaria conosco a Boquim, em Sergipe, como fazíamos sempre nas férias do meio do ano, mesmo contra a vontade da mulher. Dito e feito. Quando chegou, a mulher havia vendido os poucos pertences e sumira no mundo. Sofreu ,mas incorporara ao ego e à opinião pública a fama de macho.
A melhor fase de sua vida aconteceu quando José Maria Palhano, dono do Cine Glória, deu-lhe também a função de locutor. Dava gosto ouvir as propagandas dos filmes pela amplificadora do cinema.
“Hoje à noite, às oito horas da noite, no Cine “Gróra”, com o finado Tirano Pôver (Tyrone Power) e Rita Reorte (Rita Hayworth), “Sangue e areia” - em tenicolo (technicolor), sensacional, não percam! – no título, engrossava a voz e quase soletrava as letras. E botava um entusiasmo persuasivo na parte final da convocação.
Como operador de projeção, superava-se cada dia mais na sincronização entre o término de um carretel e o início da outra parte. Só era perceptível a troca, por causa dos números que apareciam no início da fita. Depois, aprimorou-se ao ponto em que já colocava o carretel no início na cena.
Deu-me uma “bronca” danada quando me encontrou sentado na platéia para assistir ao filme Paris à Meia-Noite, espetáculo impiedosamente açoitado pelos sermões do Padre Rui. Uma sessão exclusivamente masculina fora marcada para dez horas da noite, após a sessão normal. Argumentei com ele que já era rapaz feito. Cansado de discutir, disse-me que no dia seguinte iria dizer ao padrinho.
O filme era de sexo explícito, não tinha nada a ver com erotismo. Era sacanagem mesmo, nem enredo tinha. Eram cenas sucessivas de garanhões e prostitutas nas posições mais originais, alternadas com a recorrente prática do sexo oral. Cumpriu a promessa e me denunciou ao meu pai. Depois, já serenado pela compreensão do seu padrinho, sempre tolerante, deu-me alguns pedaços de celulóide, recortados do filme, guardados até há pouco tempo atrás, bem na direção contrária do lírico Cinema Paradiso, de Tornatore.
Nas viagens a Sergipe, nas nossas férias escolares, ele era a atração de Boquim, pequena cidade onde nasceram minha mãe e minha irmã e onde meu pai passara a adolescência. Lá, era amigo do delegado, do juiz, do padre, e sobretudo dos integrantes do clã Simões, um bando de gente alegre, arteira e bem humorada. Armavam cada presepada de arrepiar, do tipo preparar um boneco de pano recheado com gelo deitado em sua cama, o quarto iluminado apenas por uma lamparina, lá conhecida como “fifó”. Então, aguardávamos o momento do contato com o gelo e quando isso acontecia ouvíamos o grito e a saída apressada do nosso amigo. Como se dizia antigamente, era uma pândega!
Ou quando prendiam um fio elétrico na fechadura, para um choque inofensivo, mas suficiente para arrepiar os cabelos e dar uma descarga no corpo, no momento em que punha a chave.
Eram, de fato, malvadezas, mas era o modo como os meus tios se divertiam. Um deles, tio Newton, o mestre das artes dos maus tratos e travessuras, subia no telhado, segurava um gato pelo rabo e jogava-o para cima, confirmando ou não a lenda de que o felino sempre caía de pés. Coisas assim...
Um dia, o animador cultural local, Tota, resolveu encenar a peça “A louca da aldeia”. Zé Félix tinha veleidades teatrais e cinematográficas. Ofereceu-se para uma “ponta” e foi aceito. O seu personagem dirigia-se a alguém que, escondido atrás de uma moita, emitia gemidos e pedia caridade. Então o personagem de Zé Félix lhe perguntava: o que você quer, alma perdida? Quer uma reza? A alma respondia, não! Quer uma vela? De novo, não! Então ele perguntava o que queria alma tão sofredora e a suposta alma respondia: “Quero papé pra mode limpar o meu Zé Félix”.
Retirou-se indignado e nunca mais falou com Tota.
Não reclamava nem se queixava dos bem intencionados mau tratos – se isso é possível. Fingia-se indignado, mas, no fundo sentia-se satisfeito por saber-se aceito na família. Para ele, o abuso era uma prova de intimidade e de confiança. Sabia que era amado e que poderia contar com cada um dos que o “judiavam”, como se dizia è época, uma expressão preconceituosamente anti-semita.
Quando meu pai se invalidou após a quarta (ou quinta?) trombose, ia vê-lo diariamente só para diverti-lo. E o velho “padrinho” alternava-se em risos freqüentes e também em lágrimas, neste último caso, certamente, recordando os momentos em que extraía o humor do velho amigo com sadia e lúcida compleição.
Nos idos de 1996, morávamos na Alexandrino de Alencar e Zé Félix estava conosco há cerca de um ano, vindo de outra das suas andanças. Havia conseguido aposentar-se pelo Funrural e apenas cuidava do nosso jardim para justificar a pensão – ele era assim orgulhoso. Então, queixava-se de um “ardor” intolerável no estômago. Insistimos diversas vezes para acompanhá-lo a um médico e ele se negava. Quando o ameaçávamos ele dizia que iria embora mas não pisava no consultório do médico.
Tinha dores tão intensas e insuportáveis que ficava dobrado sobre si mesmo, gemendo e com uma cor amarelo-esverdeada. Dávamos um paliativo para a digestão e um analgésico, que, segundo ele, aliviava.
Uma noite acordamos com o miado aterrorizador de um gato no nosso quintal, onde havia um quartinho que servia de alojamento para o nosso amigo. Levantei-me e cheguei a tempo de ver um gato preto pulando o muro. Fui ver Zé e ele estava deitado na posição do feto, contorcendo-se de dor. Os remédios não produziam mais o efeito sedativo e, de manhãzinha cedo, vencido pela dor intermitente, deixou-se levar ao Hospital Santa Helena, o mais próximo da nossa casa.
Foi atendido por Dr. Pedro Athiê, que lhe deu a melhor assistência possível, dado às suas condições. Estava com câncer agressivo, tanto, que o médico disse que não adiantaria a cirurgia. Era questão de dias.
Desse dia em diante, até a sua morte, minha mulher, Jailza, dedicou-se o quanto possível a fazer-lhe companhia, visto que a minha ocupação em dois expedientes me impossibilitava de lhe dar assistência efetiva. Minha companheira passou a ser, então, a sua enfermeira em tempo integral.
Posso afirmar, em sã consciência, que não lhe faltou carinho, conforto ou atenção.
Certa manhã, quando nos preparávamos para visitá-lo, fomos abordados por alguém que se dizia agente de uma funerária, dando conta da morte do nosso amigo durante a madrugada, sem qualquer aviso do hospital. Morreu sem a nossa companhia, mas não só. Tenho certeza que Félix Folote e sua mulher, Maria-olho-de-gato e o meu pai, estavam ao seu lado para conduzi-lo em sua última arribada.
Até imagino a troça que fizeram os seus amigos na recepção, ignorando a má catadura de São Pedro.
Com a sua ida, perdi as minhas melhores referências da infância.
(*) Certa noite, Célio Soares, Afrânio Cavalcanti (já falecido) e eu, fomos ao “Céu Azul” uma boate “chique” da ZBM cearamirinense dos anos sessenta, próxima à rua do Cipó, e levamos conosco Zé Félix, prometendo financiar a sua noite de amor com Da Paz, uma pequenina de pernas roliças e de seios e ancas protuberantes, por quem Zé Fèlix se babava de paixão. Mas o nosso financiamento dependia de uma caracterização que ele faria, da entrada do caubói no “saloon”.
Ele não se fez de rogado. Imitou o artista descendo do cavalo, arrumando os coldres, abrindo a porta que ele chamava de “vai-e-vem”, e, dirigindo-se a um imaginário mas previsível garçom, ao mesmo tempo em que jogava uma moeda (de um “dolare”), pedia um” tringer” (drink) e simulava entornar a bebida.
Animou-se com a própria encenação, merecedora de aplausos entusiásticos da platéia e, cada vez que alguém pedia para repetir a cena, ele ia criando mais gosto tanto que, para dar mais realismo à sua caracterização, passou a beber, de fato, um dos copos de cachaça que encontrava sobre as mesas. Depois da quinta ou sexta “lapada”, desmaiou.
Fizemos uma “cadeirinha” com os nossos braços e o levamos para a maternidade, único centro de saúde da cidade. Lá, foi devidamente hidratado e glicosado. Quando “tornou”, chorava feito menino surrado e gritava por Cristina – o amor de sua vida, aquela que o abandonou quando viajou a Sergipe.
O mesmo Afrânio, amigo querido, chamado por nós de “Levi”, tornou-se médico e especializou-se em pediatria. Belo dia, encontro um Zé Félix acabrunhado que me revela, quase choroso, que o doutor Afrânio, gente boa, quase que o vira nascer, tinha virado pederasta. Confundira a pediatria com pederastia.
PEDRO SIMÕES, o “Pedrinho de doutor Percílio”, aqui qualificado apenas como amigo de Zé Félix
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Ao Mestre AMÉRICO, com carinho
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES,
Membro Honorário Vitalício da OAB/RN,
Da Academia de Letras Jurídicas do RN,
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do RN,
Sócio da União Brasileira de Escritores do RN, e
Sócio do Instituto Norte-Riograndense de Genealogia.
O convite para prestar um depoimento sobre o Professor AMÉRICO DE OLIVEIRA COSTA chegou para mim como um desafio difícil, dado o fato da minha pequenez cultural para avaliar esse homem notável e sua obra.
Preferi, então, voltar aos bancos acadêmicos da velha Faculdade de Direito da Ribeira, para dali evocar os dias de convivência do circunspeto homenageado, de feições completamente amenas e andar absolutamente simétrico, impactando seus alunos com aulas diferentes, doces e profundas, de quem percorreu o mundo e, sobretudo, de quem cresceu no meio de livros em sua rica biblioteca, convivendo com seus incontáveis habitantes, amigos invisíveis em cada compêndio, que davam ao ambiente aquele cheiro característico, em que o pó tomava o corpo e se depositava nas mãos.
Pela sapiência transmitida aos seus pupilos, era fácil deduzir que a sua leitura não era apenas mecânica, explorando os olhos já bastante cansados e massacrados pelas madrugadas de leituras e que lhe impôs pesadas lentes por todo o seu tempo vivente. Penetrava na intimidade dos autores e, em cada livro, compartilhava com a alma de quem o escrevera.
Deste modo, perpetuou algumas obras e se fortaleceu com a essência que delas encontrava.
Foram algumas avenidas de volumes percorridas e incontáveis emoções, acumuladas em cada livro que o adotara. Disso tudo nos dava notícias, reproduzindo alguns trechos que o empolgavam mais recentemente, deixando-nos ansiosos para obter a oportunidade de também abraçar aqueles nobres ensinamentos – era assim um apontador de obras, facilitando a natural preguiça dos jovens leitores iniciantes, em procurá-los nas livrarias ou bibliotecas disponíveis.
Vale lembrar as palavras de MAQUIAVEL, em transcrição do homenageado no alvorecer do seu livro “O Comércio das Palavras” – vol. IV, que merecem registro:
‘Finda a tarde, retorno aos meus aposentos. Vou para minha biblioteca. Deixo, na ante-sala, as roupas poeirentas de todos os dias e visto-me como se fosse aparecer nas Cortes e diante dos reis. Preparado, assim, convenientemente, penetro nos salões antigos dos homens do passado, Eles me recebem amavelmente; em sua companhia, eu me nutro do alimento que é especificamente o meu e para o qual nasci. Ouso, sem timidez, conversar com eles, interrogá-los sobre a razão de seus atos; tão grande é sua delicadeza que eles me respondem’.
O tempo passara mais rápido do que pretendíamos e reencontramos o Mestre nas lides da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Por incrível que pareça, éramos colegas e já diferente o relacionamento. Eu já amadurecera um pouco, com mais coragem de aproximação com aquela vetusta pessoa.
Em um dos nossos encontros recebo o presente do seu livro ‘A Biblioteca e seus Habitantes’, numa primeira edição pela Imprensa Universitária, com capa de Navarro e o carinhoso oferecimento ‘Ao prezado amigo e colega Carlos Gomes, com apreço e admiração, Américo de Oliveira Costa. Natal, 3/2/77’. Foi uma glória.
Grifei várias expressões do seu pensamento, a destacar, de forma muito breve:
‘A República dos autores tem uma população variada e colorida, a viver e a movimentar-se entre sentimentos e posições extremas: ambições, entusiasmos, vaidades, idiossincrasias, louvores incompreensões, suscetibilidades, ódios...’ E mais adiante: ‘Que seria o homem sem o pensamento e a alocução? Ou melhor: sem o livro?’
Ainda em 1977, pela mesma EU recebo ‘Visões da Pátria’, como comemoração da Semana da Independência daquele ano. Nesta ‘plaqueta’, compartilhada com o aluno João Frederico Abbott Galvão Júnior pontifica o seu ardor nacionalista, em determinado momento, após aludir que todas as grandes religiões possuem os seus textos sagrados, que são recitados e comentados nos templos, nas sinagogas, nas mesquitas, nos pagodes asiáticos, conforme o ritual específico, concluindo que:
‘A religião da Pátria, porque a Pátria também é uma religião, uma crença e uma fé, porque a Pátria é espírito e moral, possui, igualmente, memória, símbolo, testemunhos, fastos, legendas ou canções de gesta, que se impõem com a mesma incoercível ardência, com a mesma projeção, constituindo-se em ideário, em exemplo, em sustentáculo de confiança e “esperança”.
E daí por diante passei a buscar seus demais trabalhos, os quais tenho em minha biblioteca, como o livro de estréia, em 2ª edição, pela Achiamé/FJA, 1982, seguindo-se da série ‘O Comércio das Palavras’, volumes I, pela ed. Presença, 1989, volume II, pela FJA, em 1991, volume III, pela mesma Fundação, em 1992 e o volume IV, pela editora CLIMA, em 1994. Nestes trabalhos seqüenciados não tenta refazer a obra anterior ‘A biblioteca e seus Habitantes’, mas são escritos paralelos, dentro dos diversos caminhos e expressões do território literário, e com o mesmo amor aos livros (advertência que faz no início do primeiro volume), que denominou de ‘Textos e montagens’, comentando consagrados autores, seus atos e suas obras, assim continuando nas publicações que se seguiram. Aqui, porém uma digressão em razão do volume II, quando, num rasgo de sentimento e justiça proclama:
‘Conta-se que, de volta do cemitério, onde acabavam de enterrar o corpo do educador Anísio Teixeira, o professor Péricles Madureira Pinho confidenciou ao escritor Hermes Lima: “Agora, temos de aprender a viver sem Anísio”. Circunstância ingrata, esta, sem dúvida, e que se pode repetir aqui e ali, na vida comum dos homens. Quando os amigos de Walter Pereira, por exemplo, retornávamos do cemitério do Alecrim, onde dele nos despedimos pela última vez, a sensação que nos polarizava era a mesma: “Agora, temos que aprender a viver sem Walter”.
É bom lembrar que Walter abrigava em sua Livraria Universitária, no segundo espaço físico que ficava a partir do Beco da Lama, a reunião regular do “Senado dos Intelectuais”, com as presenças certas, dentre outros e além de Américo, de Alvamar Furtado de Mendonça, Mário Moacyr Porto, Gorgônio Regalado de Medeiros, Coronel Leão, Humberto Nesi e, de quando em vez, de João Medeiros Filho, Luiz Romano e Edgar Dantas, enquanto, em outro local, se reuniam os integrantes do ‘Senadinho’, por onde eu transitava com tantos outros companheiros: Inácio (o bispo de Taipu), Doutores Chiquinho, Gilvan Carvalho, Roberto Furtado (Bob), Djacir Macedo, Stênio da Silveira, João Batista Costa de Medeiros, Vicente Serejo e outros que a memória perdeu neste momento.
Com a morte de Walter, a casa do Dr. Américo passou a abrigar as tertúlias culturais e o baixo clero dispersou-se.
Foi jornalista, escritor, ensaísta, e crítico literário, tendo merecido um prêmio pelo ensaio biobibliogrático denominado ‘Viagem ao Universo de Câmara Cascudo”, FJA, 1969 e republicado agora em 2008. Nesta publicação destaca sobre Câmara Cascudo:
‘Esboçar-lhe um retrato, completo e definido em todas as suas linhas e dimensões, ainda é cedo...’ E complementa: ‘Estas imagens são, assim, visões, ângulos, posições, projeções sem dúvida insuficientes e inconclusas, de quem andou percorrendo, paciente e sistematicamente, áreas julgadas mais significativas e ricas do mundo por ele construído.’
De sua produção literária só não conheço ‘Seleta de Luís da Câmara Cascudo’, da editora José Olimpio, 1972 e 1976.
Participou de várias antologias e tem dois trabalhos biobibliográficos em sua homenagem, de autoria de Vitória dos Santos Costa, Sebo Vermelho, 2003 e Memória Viva organizado por Carlos Lyra, EDUFERN, 1998.
Este cidadão do nordeste entrelaçou a cidadania de vários irmãos vizinhos, era macauense de 22 de agosto de 1910; filho do baiano Pedro Vicente da Costa e da potiguar Victória Petronilla Alves, casado com a pernambucana Josefa dos Santos Costa e seus filhos Pedro Américo, José Américo, Vitória, Paulo Américo e Carlos Américo, todos natalenses. Faleceu em Natal em 1º de julho de 1996. Bacharel da tradicional Faculdade do Recife, turma de 1935, fundador da Faculdade de Direito de Natal, um dos fundadores da Aliança Francesa de Natal, foi também político, magistrado na condição de jurista e diplomata honorário. Recebeu inúmeras condecorações nacionais e estrangeiras. Enfim, um homem notável cujos demais atributos certamente serão destacados pelos demais participantes desta homenagem.
Resta-me dizer da minha gratidão pelo convite em colaborar nesse preito de saudade e justiça proporcionado pelo seu neto, o jovem escritor João Eduardo de Carvalho Costa.
domingo, 5 de setembro de 2010
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