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sábado, 18 de abril de 2015
Curtinhas Ótimas
Ele e Ela
Ela diz:
- “Morreu o padre que nos casou!”
Ele responde: -“Aqui se faz, aqui se paga...”
Do chefe ao empregado
- “Este é o quarto dia que você chega tarde esta semana. Que conclusão tira disto?”
- “Que hoje é quinta-feira?...”
De empresário a empresário
- “Como você consegue que seus empregados cheguem sempre pontualmente ao trabalho?”
- “É simples: tenho 30 empregados, mas só 20 vagas no estacionamento...”
Do chefe à secretária
- “Quem disse que você pode ficar passeando o dia todo sem trabalhar, só porque tivemos um caso???”
- “Meu advogado...”
Conversa entre amigos, num certo hospital
- “José, o que aconteceu que você está todo contundido?”
- “Bateram em mim!”
- “Mas, por quê?”
- “Porque eu tossi!”
- “Só porque você tossiu?!?!”
- “Sim! Tossi dentro de um armário!”
A academia e seus milagres...
Um homem de uns 65 anos pergunta ao treinador, na academia:
- “Que máquina devo usar para impressionar uma mulher de 30?”
E o treinador o olha bem, e diz:
- “Eu recomendaria o caixa automático...”
Querida sogra!
A sogra está à beira da morte, e, em sua agonia, olha em direção à janela, e diz:
- “Que lindo entardecer!!!”
E o genro lhe responde:
- “Não se distraia, sogrinha, concentre-se! Olhe para o túnel... sempre para o túnel!!!”
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Vamos celebrar a missa de pesar pela alma do querido acadêmico Silvio Caldas, cujo falecimento ocorreu na cidade de Recife no dia 06/03/15. A missa será HOJE às 19 horas na Igreja de São João, Lagoa Seca.
Fone: (84) 3232-2890 / 9954-8479
e-mail: alejurn2007@gmail.com
H O M E N A G E M
"BISPO DE TAIPU"
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INÁCIO MAGALHÃES DE SENA, conhecido por todos, no meio intelectual, como “O Papa”, é cearamirinense nato, intelectual de primeira grandeza, autor de dois livros: “Memórias de um Vendedor de Cavaco Chinês” e “Agora Lábios meus, dizei e anunciai”, foi um dos amigos homenageados por Pedro Simões Neto, no seu livro A INTRIGA DO BEM (Natal/Rn, 2010, pags 19 a 27).
Apresentamos para vocês trechos do art...igo (que também foi publicado no Blog da UBERN - http://www.ubern.org.br/
INÁCIO MAGALHÃES DE SENA
Agora, lábios meus, / dizei e anunciai
os grandes louvores / da Virgem, Mãe de Deus.
Sede em meu favor, / Virgem soberana;
livrai-me do inimigo / com o vosso valor.
(Ofício da Imaculada Conceição)
[...]
É nesse ponto que particularizo um vendedor de confeitos, condutor de um tabuleiro pesado de madeira, sustentado aos ombros por uma tira de couro, que encantou a minha infância. Nós o chamávamos de “Melo” e não o conhecíamos por outro nome. Mais que um “baleiro” era uma criatura mágica, um ilusionista, um performático, para usar a linguagem moderna. Um ator consumado que encarnava com perfeição os personagens que caracterizava.
Eu o via sempre diante do cinema de Jorge Moura, nos dias de sessão, ou nas tardes preguiçosas do estio, sentado nos batentes da igreja de Nossa Senhora da Conceição. Mas tinha notícia de que era “deus”, isto é, estava em toda parte, ofertando as suas guloseimas.
Era apaixonado por cinema, sobretudo pelos filmes de aventura – os seriados, principalmente. Assistia às projeções com muita atenção e às vezes ficava tão concentrado que nem percebia a rapinagem dos seus confeitos pelos acanalhados frequentadores da “geral”.
Participava também das trocas de “Gibis” em frente ao cinema.
E assimilava os personagens, para no dia seguinte oferecer a sua interpretação. Fascinava-me a sua performance dos árabes, engrolando a voz em sons guturais que lembravam a algaravia dos muezins muçulmanos.
Lembro-me que não poupava o velho Kalil, a quem chamava de “turco”, imitando-lhe o sotaque e relatando passagens cômicas do imigrante, como o célebre episódio da viagem no “misto” para Natal, quando pedira aflito ao motorista: “Pára, pára camiona gue Kalila gué cag…”
Alto e magro, andava com calças e camisas folgadas e alpercatas – uma espécie de sandália de couro com tiras que a prendiam ao tornozelo e cobriam o peito do pé. Geralmente tinham o solado feito da borracha do pneu de carro, Era uma figura singular: cabelos alourados e ralos, boca funda, nariz proeminente, a pele com marcas de bexiga e precocemente enrugada e uma maneira de falar que parecia “soprar” as palavras. Era rápido nas respostas e nas contraofensivas. Como era rico o seu imaginário, atingia o agressor no ponto mais vulnerável e do modo mais ferino e irrespondível. Era também um implacável “botador” de apelidos e um pilheriador, desses que tiram os inoportunos do sério.
Constava-me que era um excelente filho e ótimo irmão. Um “arrimo de família” que se esforçava para ajudar no sustento da casa. Descendia de uma ilustre linhagem que se arruinara financeiramente. (Nos anos oitenta, fui visitá-lo em sua casa, na Cidade da Esperança, e me deparei com o seu minúsculo quarto repleto de livros apanhados no “sebo”. Disse-me que não mais os guardaria. Á medida em que fossem lidos, seriam doados. Mas, surpreendeu-me o fato de que dispusesse apenas de um único cômodo. Todo o resto da casa era serventia de seu irmão “Beto”, portador de uma patologia crônica).
Era devoto de Nossa Senhora da Conceição, não um simples devoto, mas um prosélito, um fiel, alguém que converte o dogma em uma prática, um hábito, que humaniza o divino para tê-lo mais perto de si. Nossa Senhora era como uma madrinha protetora que o protegia, pacificava e lhe dava esperança.
Meus pais, sobretudo o meu pai, o tinha como modelo de dedicação familiar e de inteligência. Se não mantive com ele uma relação de amizade mais estreita nessa época, é porque nos separava a diferença de idade. Ele deveria ter pelo menos seis anos a mais que eu. Quando o conheci era um menino de calças curtas e ele um adolescente maturado pelas responsabilidades.
Encontramo-nos muitos e muitos anos depois em Natal. Era funcionário dos Correios e conhecido pelo verdadeiro nome: Inácio Magalhães de Sena.
Então, tornara-se um ícone da cultura autodidata. Leitor compulsivo, adquirira fama de erudição e de crítico mordaz dos maus costumes e das más leituras.
Quando assumi a Pró-Reitoria de Extensão da UFRN, um grupo de amigos comuns me procurou para que pleiteasse do Reitor Diógenes da Cunha Lima o encaminhamento e as gestões junto aos Conselhos Superiores da Universidade, para que fosse reconhecido e declarado o “notório saber” de Inácio, e assim ele pudesse ser contratado como professor da instituição.
Lembro-me de Vicente Serejo, João Batista e Doutor Chiquinho, como líderes do movimento. Na oportunidade do encontro, a ilustre comitiva me presenteou com um excelente livro de Aldous Huxley, “A eminência parda”. Na dedicatória, havia uma insinuação de que haveria traços comuns entre o personagem-título e eu. Não entendi a semelhança até hoje, embora tenha a obra como texto recorrente e preito de gratidão desses amigos.
Engajei-me, pela justeza do pedido e por razões afetivas. Mas o pleito foi vencido pelo formalismo acadêmico vigente.
Depois, publiquei de sua lavra um delicioso livro: “Agora lábios meus dizei e anunciai”, com ilustrações de Iaperí Araújo. Quem mais poderia ilustrar o livro de Inácio senão o barroco-armorial-sertanejo
Perdemo-nos no turbilhão da vida, cada qual voltado para a sua Meca. Voltei a ter notícia dele através da minha irmã, Joventina que me transmitiu um seu recado: que eu mudasse o título do meu livro de memórias, provisoriamente intitulado “Memórias de um menino sem eira nem beira” sob argumento de que o título não condizia com o real – que eu, de fato, teria eira e beira. Mudei o título para “De quando tudo era azul”.
Inácio alforriou-se do sobe-e-desce da sua terra. Andou pela Oropa, França e Bahia, publicou mais um livro, o excelente “Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco-chinês”, continua pontificando no seu círculo intelectual e permanece com o brilho que sempre teve. Malgrado as minhas necessidades existenciais, ainda estou subindo e descendo as ladeiras da vida, com o mesmo andar “com medo de peido”.
Mas alenta-me poder declarar a minha amizade, intocada pelo distanciamento, e o meu orgulho em tê-lo como referência.
Vejo um quase Quasímodo projetado no meu amigo. Um que tenha sido adaptado por Zé Limeira para um auto de devoção a Nossa Senhora inspirado nele. A ternura e a devoção por trás do invólucro tosco, mas não disforme. A bondade natural, espontânea, que não simplória. A cigana Esmeralda, reinventada, transfigurada em Nossa Senhora. O fascínio pelas catedrais. O recurso ao pátio dos milagres que o converteu numa transcendência inimaginável.
Um anjo-torto numa imagem barroca de pedra-sabão, porque, acima e além de qualquer classificação, ele é barroco. Um fora-de-época, não à frente do seu tempo, mas de mui remota e prisca era. Deslocado.
Se tivesse vivido ao tempo de Aleijadinho, sem sombra de dúvida o notável escultor o teria convidado para posar para a série de profetas. Ás vezes, quando olho para o meu amigo, vejo-o vestido com a túnica dos profetas hebreus, o chapéu ritual, as barbas enormes, como as imagens do artista mineiro e concluo que é esta a sua origem e este poderia ser o seu destino, se Deus o quisesse feliz, se ele não tivesse que continuar o seu aprendizado no sofrimento para destituir-se das impurezas humanas e ingressar pela porta da frente, puro e redimido, no Reino de Deus.
É tão verdadeiro o seu “carma”, que lhe foi cumulativamente roubado e negado os seus mais preciosos projetos de realizações pessoais: o prolongamento da vida da sua mãe e o ofício religioso. Mas, longe de se tornar um renegado ou um ímpio, voltou-se para a sua fé e se resignou com as decisões divinas, embora irresignado com a ordem das coisas temporais.
Poderia ser um beato sertanejo, mariano, aguerrido e ousado; um cavaleiro da Ordem de Cristo, templário, ou um escriba de monastério, mas sempre seria Inácio, uma individualidade indivisível, íntegra, que perdura há encarnações sucessivas. Transcendente.
BILHETE DE BARTOLOMEU CORREIA DE MELO
Pedro:
Esse texto confirma, ao meu sentir, seus maiores dons literários – os mesmos de Proust, Pedro Nava e Madalena Antunes: o sensível memorialista, o rico traçador de perfis e, ainda mais, seu quase enrustido lado poético, faceta generosa, meio inusitada, instigando bons pensares, semeando bons sonhares. Havendo partilhado do mesmo tempo e lugar desses contares, gozo a gratíssima sintonia de tais qualidades evoladas dos seus escritos. Por vezes, não nego, tanto me ferem as saudades que a vontade de chorar vence a de voltar.
Ninguém faria ao nosso Inácio maior preito nem melhor canção.
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quinta-feira, 16 de abril de 2015
O JH DEIXA DE SER IMPRESSO
Natal, 15 de abril de 2015
Estimado
Amigo MARCOS AURÉLIO DE SÁ,
O
Brasil vive momentos difíceis e com esperança tênue de alguma recuperação a
médio prazo. Particularmente o nosso RN também acompanha esse quadro,
decorrente dos percalços da Economia mundial.
Lamentavelmente,
entre tantas notícias negativas, hoje tive a tristeza de ler o anúncio do fim
da edição expressa de O JORNAL DE HOJE, que aprendi a receber ansiosamente
todas as tardes, com a alegria de apreciar um jornalismo moderno, independente
e ao mesmo tempo combativo dos bons combates.
Acompanho
a sua trajetória desde a velha Faculdade da Ribeira, passando pelo RN
Econômico, Dois Pontos e O JH matutino e vespertino. Neste ampliei
conhecimentos nos artigos de grandes figuras da nossa comunidade intelectual e
dos articulistas mais vetustos como Walter Gomes, Alex Medeiros e Vicente
Serejo, mas com igual brilho da moçada mais nova.
Tenho
certeza da motivação relevante de sua atitude e somente me resta, de forma
saudosista, lamentar e muito, o corte da gostosa leitura de todas as tardes, pois
a continuidade pela via virtual não mantém o mesmo encantamento do noticiário
impresso.
Ainda
gosto do cheiro do papel e da comodidade de apreciá-lo do recôndito de uma rede
nordestina.
PARABENIZO
TODOS OS COLABORADORES DA EMPRESA E OS VOLUNTÁRIOS, antigos e mais novos e rogo
a Deus que a situação econômica modifique para um retorno glorioso desse jornal
que já se integrou na vida dos seus leitores.
Tudo
de bom para você e a esperança de ver cristalizada a velha frase “Ninguém se
perde no caminho da volta”.
Um
afetuoso abraço do seu admirador Carlos Roberto de Miranda Gomes
quarta-feira, 15 de abril de 2015
A MENSAGEM DA CRUZ
Públio José – jornalista
Todos sabem que Jesus Cristo morreu crucificado. Muitos conhecem particularidades e minúcias da vida que viveu entre nós. Alguns até defendem teses tecendo mil comentários a respeito do fenômeno que foi Cristo. Em todos os momentos, principalmente no período da Semana Santa, a humanidade, quase por inteiro, celebra a sua morte. Encenações teatrais, filmes, reuniões, retiros, conferências – enfim, os eventos mais diversos marcam a paixão, a vida, o ministério e a morte do homem que dividiu o tempo do mundo em dois tempos: antes e depois Dele. Mas, nesse momento de tanto emocionalismo, de tanta comoção, algumas perguntas necessitam ser feitas: o que o sacrifício de Jesus na cruz representa para nós? O conhecimento do gesto de Jesus na cruz traz alguma diferença no nosso dia-a-dia? A morte de Jesus nos fez pessoas diferentes ou continuamos os mesmos?
A questão vital é se tomar conhecimento de que nada do que Jesus fez foi gratuito. O menor dos seus gestos teve uma significação especial. E o evento no Monte do Calvário, com sua crucificação, morte e ressurreição, foi o fato mais extraordinário já acontecido até hoje na história do homem. Aliás, Jesus só rivaliza com ele próprio. Pois outro acontecimento que pode se ombrear em magnitude à sua morte e ressurreição é o seu nascimento, único até hoje ocorrido nas condições especiais em que ocorreu. Mas hoje o assunto é a sua morte; do nascimento de Jesus cuidaremos outro dia. O relato sobre como tudo se passou recai na leitura do livro de Lucas, capítulo 23, a partir do versículo 33. Ali, após ser crucificado, Jesus profere uma das sentenças de maior significado prático para as nossas vidas, ao dizer “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Nunca, jamais – e em nenhum outro momento da história humana – alguém manteve tamanha lucidez diante de uma realidade de tanto desconforto físico e tanta dor espiritual. Rejeitado, traído, cuspido, execrado, Jesus exalou amor até os minutos finais de sua vida. A humanidade O matava, porém Ele intercedia junto ao Pai em favor dos homens. Este gesto de Cristo deve ser seguido, praticado em todos os momentos de nossa vida. Afinal, se não perdoarmos a quem nos magoa, terminamos por transformar em acontecimento inútil o sacrifício de Jesus na cruz. Esta é, portanto, a primeira mensagem que Jesus nos envia da cruz – daqueles dias até os dias de hoje: o perdoar em qualquer circunstância. Pelo seu gesto, o perdão é uma condicionante fundamental para um viver cristão, para todos aqueles que se dizem seguidores de suas ideias e detentores de seu legado espiritual.
Passemos agora ao versículo 46, do mesmo capítulo 33 de Lucas. Ainda na cruz, já exalando seus últimos minutos de vida, Jesus faz uma confissão surpreendente – naquelas circunstâncias – de fidelidade incondicional ao Pai, dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. O que é o espírito? A vida, a nossa essência, o nosso eu. Com a sua exclamação, Jesus queria dizer que o seu espírito, a sua essência Ele só entregaria ao Pai – e a mais ninguém. O que isso significa? Comunhão total, absoluta com Deus, apesar do extremo sofrimento que estava enfrentando. Com seu gesto, Jesus nos remete à segunda mensagem da cruz: mantermos a comunhão com Deus em qualquer situação, mesmo nos momentos mais dolorosos. Será que é fácil? Não, não é. Daí a necessidade de não apagarmos da mente o cenário da cruz, local onde Jesus praticou comunhão e fidelidade a Deus em condições extremamente adversas.
Ao lado de Jesus dois homens também foram crucificados, conforme o mesmo Lucas capítulo 33, versículo 43. Numa delas, um homem ruma para a morte. De repente, de forma surpreendente, se volta para Jesus: “Mestre, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. Momento terrível para ele descobrir que Jesus era mestre, um título nobilíssimo naquele tempo, e proprietário de um reino. Noutra cruz, o Filho de Deus, também nas piores condições físicas, se volta para ele: “Filho, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Estranho momento para chamar um marginal de filho e lhe garantir a salvação, não é verdade? Aí está, então, a terceira mensagem da cruz: ao nos voltarmos para Jesus – seja qual for a circunstância – Ele nos garante a salvação, a morada com Ele no paraíso! Portanto, sem a aceitação e vivência dessas três mensagens, de que serve, para nós, o sacrifício de Jesus? Perdão, comunhão e salvação – a verdadeira essência da cruz. Vamos vivê-la?
terça-feira, 14 de abril de 2015
O CRIATIVO FIDALGO
Tomei emprestado o título desta crônica ao espanhol Miguel de Cervantes, em seu precioso livro Don Quixote de La Mancha, primeira edição de 1605: El ingenioso hidalgo Dom Quijote de La Mancha. Creio poder estabelecer algumas similaridades nesse processo metafísico de romancear a história humana, entre Pedro Simões Neto e Cervantes em sua maneira de escrever sempre girando em torno da crítica, da emoção, da natureza, do passado, do presente, do ideal e o real na sociedade contemporânea. A existência do entrelaçamento de ficção e realidade contidos em seus livros, tinge de tons, sons, gorjeios, cantos e muita criatividade nos diálogos existentes entre humanos e bichos, no que muito fortalece a intrínseca simbiose entre esses seres vivos criados por um Ser unigênito. Pensantes, esses personagens travestem-se de minuciosas habilidades que dão ao leitor a magia, a graça e a conceptualização de um curioso mundo paralelo, sincrético, espiritual, todavia conflituoso, polêmico, competitivo, atemporal. Embora tenha lido outros livros de Pedro Simões Neto, faço destaque especial “A Quinta dos Pirilampos”; a leitura traduz de maneira lúdica, a convivência harmoniosa em um mundo de seres imaginários que estabelecem um triálogo entre vários atores: pessoas, bichos, espíritos, vermes, insetos, pássaros, advinhas. Nesse aspecto, há em seus escritos uma mescla genuína da teologia que explica Deus em sua divina supremacia quando cita a criatura e o criador, no que recorre também à razão como a reflexão do conhecimento. Hoje dia 14 de abril de 2015, nosso criativo fidalgo e conterrâneo Pedrinho de Dr. Percílio como ele gostava de ser chamado, completaria 71 anos. As lembranças que temos e guardamos dele são as mais idealistas e pertinentes quando referidas a Ceará-Mirim sua terra amada onde passou a maior parte de sua vida com sua família e amigos. Mesmo não sendo natural da terra dos verdes canaviais, sempre pensou em dar a essa doce terra um status diferenciado à cidade cuja filigrana de seus escritores, escritoras, poetas, poetisas e artistas se perderam no tempo. Há mais de 20 anos, tinha em seus sonhos e propósitos revitalizar a cultura de Ceará-Mirim de modo a enaltecê-la, despertando a cidade, sua gente, seus artistas a se incluírem e fazer de suas ideias um fato. Pertinente se faz salientar sua abnegada luta em idas e vindas à Ceará-Mirim para reunir amigos e amigas no intuito da criação de uma academia cultural que reunisse em seu eixo principal tudo que uma cidade precisa ter e mostrar como usos e costumes (dotes culturais enraizados, não visualizados, outros latentes ou aflorando-se). Pedrinho sabia da grandeza desse relicário guardado, protegido, pouco identificado, mas existente. Nesse solo fértil banhado pelo rio Ceará-Mirim ou Rio dos Homens, jogou a semente que germinou, cresceu, floresceu dando o fruto que se abriu doce como o mel dos engenhos, manso como as águas da praia de Muriú, cristalino como a água do velho Diamante bebida a sorvos, e sob a contemplação dos verdes canaviais. Assim nasceu a Academia Cearamirinense de Letras e Artes, obra prima de um homem que sempre acreditou em possibilidades, em sonhos, em trabalho dividido, em compromissos firmados. Ao amigo Pedro Simões Neto, advogado, escritor, pintor, poeta, devoto de Nossa Senhora da Conceição, apaixonado por Ceará-Mirim e criador da ACLA, licença para usar o seu slogan: CEARÁ-MIRIM TEM JEITO! Maria das Graças Barbalho Bezerra Teixeira |
CERIMÔNIA INAUGURAL | ||
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domingo, 12 de abril de 2015
Aeroporto, porto e ferrovia
Tomislav R.
Femenick – Economista, com extensão em história e sociologia
Há varias hipóteses que procuram
explicar o processo civilizatório da humanidade. A primeira é aquela que aponta
a grande transformação das primeiras comunidades humanas, quando essas deixaram
de ser caçadoras e formaram os primeiros núcleos de agricultores. A etapa seguinte
teria sido a produção de excedentes, isso é, quando essas comunidades passaram
a produzir alimentos em quantidade maior do que sua capacidade de consumo. A
saída natural foi a troca das sobras com grupos que tinham alimentos
diferentes.
Esse passo foi um grande salto,
pois gerou a percepção da necessidade de troca de informações entre as
comunidades e com ela, os rudimentos da economia, da sociologia (povos
diferentes têm hábitos e práticas diferentes),
da linguagem e de todos os elementos cognitivo das relações exógenas. Todavia,
para que essas trocas de mercadorias e conhecimento fossem possível era
indispensável a existência de via que facilitassem a comunicação entre os
diferentes núcleos de produção. Se dermos um salto na escala do tempo, veremos
as grandes vias marítimas abertas pelos fenícios e gregos (e mais tarde pelos portugueses),
as “estradas de rios” adotadas pelos chineses, as grandes estradas do império
romano que cortavam o território europeu e do oriente próximo e as vias dos incas,
que singravam pela cordilheira andina.
E nós, aqui no Rio Grande do
Norte; o que tínhamos antes e o temos hoje? No inicio do século passado, o
porto de Areia Branca era o sétimo maior porto do Brasil, em movimentação
de tonelagem. Por ele era exportado sal, algodão, cera de carnaúba, minérios de
gesso e outros produtos. Dele partia uma estrada de ferro que nos ligava a
cidade de Souza, na Paraíba e o projeto era que atingisse o Rio São Francisco.
Algodão, cera de carnaúba e gesso desapareceram de nosso mapa de exportação e o
governo militar cometeu um crime imperdoável: arrancou os trilhos da ferrovia,
como o fez com a que ligava Natal a Recife. Mas não podemos nos esquecer da
grande obra, um verdadeiro desafio de engenharia, que foi a construção do porto
ilha de Areia Branca, um dos maiores terminais exportador de sal do mundo.
O nosso Estado, até por sua
localização geográfica, sempre foi “um elefante afoito” no campo aeronáutico,
como ponto de apoio às rotas aéreas que cruzam a Atlântico Sul. Nada mais
expressivo que os aviões franceses e alemães que aqui tiveram bases de apoio e da
maior base aérea norte-americana construída foram do seu território, edificada
em Parnamirim. Baseado nesse histórico se pensou no grande aeroporto de São
Gonçalo do Amarante. Todo
indicava que fosse mais do que uma superfície
terrestre dotada de pista, prédios e equipamentos necessários ao embarque e
desembarque de passageiros e cargas; fosse mais que um simples aeródromo. Uma
série de fatores apontava esse “algo mais”.
Temos a localização privilegiada e a tendência mundial das empresas
aérea de adotarem para suas rotas a logística conhecida como “hub-and-spoke”,
usando um aeroporto como ponto de conexões de suas rotas.
Entretanto os aeropostos desse tipo
exigem uma concepção multimodal, que inclui oficinas de reparos de aeronaves,
ampla aérea de estacionamento para os aviões, aéreas de lazer e hotel para os passageiros em
transito, um complexo de alimentação (inclusive empresas de catering) e muito mais. Nada disse foi feito ou mesmo pensado. No entanto há outros
gargalos: não temos ferrovia e porto que liguem o novo aeroposto ao resto do
nordeste e do Brasil e as zonas de processamento
e exportação do Estado não saíram do papel (não somente por falta de aeroporto).
Por outro lado, o porto de Natal foi dragado e foi construído
um moderno e caro Terminal de Passageiros. Só que não há navios trazendo
turistas para cá, isso porque a Ponte Newton Navarro impede a passagem dos grandes
transatlânticos ou porque eles não poderiam fazer o movimento de retorno na
embocadura do Rio Potengi.
Das duas uma: ou não se sabe
fazer planejamento estratégico ou estamos ricos de mais, a ponte de jogar
dinheiro fora. Alguém acredita na segunda hipótese?
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