sábado, 29 de junho de 2013


DE VOLTA AO PASSADO VII – ANTIGOS BLOCOS CARNAVALESCOS – Parte IV
Ormuz Barbalho Simonetti
 

A partir de 1966 entrei para o Lord’s, levado por meus irmãos mais velhos Arnaldo e Marcelo Simonetti, de saudosas memórias, porém sua fundação deu-se no ano de 1962. Na época existia nos blocos, a figura do “mascote” que se constituía no  componente bem mais novo que os demais, que foi o meu caso. O busto do Tio Patinhas com cartola e bengala simbolizava a agremiação. O emblema era afixado no bolso da frente e na parte de trás da blusa. O presidente era Haroldo Pacheco, filho de “Seu Pacheco”, figura conhecida em nossa cidade. Começou sua trajetória de comerciante bem sucedido com uma pequena fábrica de pipocas, na Avenida Deodoro defronte ao CIC – Colégio da Imaculada Conceição, local que também residia. Tempos depois construiu e administrou, por vários anos, o Posto da Tamarineira localizado na Rua Apodi, ao lado do colégio Marista. Posteriormente passou a administração para seus filhos Haroldo e Amaro. O velho “Pacheco”, de temperamento irrequieto, logo encontra outra atividade no ramo da hotelaria. Construiu o Motel Tirol, no cruzamento da Avenida Hermes da Fonseca com a Rua Alexandrino de Alencar. Após alguns anos de funcionamento, resolveu alterar o nome do estabelecimento para HOTEL TIROL. Os MOTEIS, muito utilizado nos EUA para pequenos pousos, passou a ter em nosso país, e principalmente no nordeste, outro significado, substituindo com modernidade e sofisticação, às antigas “casas de recursos”. Até os dias de hoje os MOTEIS ficaram estigmatizados como locais para encontros amorosos.

  Foto histórica do Lord's - 1968 - Acervo Baíto.

 O bloco se reunia na antiga Palhoça, - bar e restaurante localizado na Avenida Deodoro, muito famoso na década de 60, que pertencia ao velho Damasceno. Faziam parte do Lord’s na sua primeira fase, os seguintes foliões: Jorge Moura, atleta e treinador de voleibol de várias gerações em nosso Estado; João Marinho, fiscal de rendas; meus irmãos Arnaldo e Marcelo Simonetti; Bel, um dos grandes atletas de futsal do nosso Estado, que juntamente com seu imão Baito, Artuzinho, Dodoca, Eunélio Silva, Edval Germano – goleiro -, Toinho Barbosa e Joca (João Batista Barbosa), chegaram a disputar o campeonato interclubes (Taça Brasil), na nossa Capital, em 1970, representando o América F.C. Sagraram-se vice-campeões disputando o título com o Palmeiras de São Paulo, do lendário Serginho, considerado na época, o Pelé do futsal. No ano seguinte, essa mesma formação representou o Rio Grande do Norte no campeonato Brasileiro realizado na capital paulista.

Faziam parte ainda do Lord’s Eunélio Silva – acima citado- atualmente membro do CREA, filho do saudoso Eugênio Silva, juiz de futebol da década de 50/60. Lembramos inclusive das figuras João Cádimo e Geovane de Freitas, nessa época também ganharam destaque como juizes de futebol; Duílio Barbosa, que pertenceu à Justiça Eleitoral, genro do inesquecível fotógrafo José Seabra, que tinha seu estúdio fotográfico - Estúdio Seabra - na Av. Deodoro nr. 608, onde também residia; João Barbosa; Jairo Lins, mais conhecido como Jairo Bode, freqüentador assíduo do Bar Azulão. Jairo profissionalizou-se como jogador de futebol e teve posição de destaque como atletas do ABC F. C., junto com meu irmão Arnaldinho que jogava no juvenil do mesmo clube; Esdras Aquino, funcionário do BANDERN irmão de Eudes Aquino; Paulo Herôncio, primava por uma cabeleira sempre bem penteada adubada com generosas dedadas de brilhantina Glostora; Douglas, também funcionário do BANDERN; Franklin, funcionário do Colégio São Luiz do rigoroso Padre Eimar. A estudantada traquina gostava de cantarolar, na ausência do austero diretor, que também era Capelão do Exército, a famosa modinha: Padre Eimar foi à casinha. Prosseguimos com outros integrantes do Lord’s: Paulo Unca, que residia na Rua Potengi, próximo ao Atheneu, onde atualmente funciona a ADENE, antiga SUDENE; Washington Barbalho, funcionário do BANDERN; Maninho Barbosa, o popular Cambraia, funcionário da Caixa Econômica Federal, irmão de Toinho Barbosa atleta de futsal. Moravam nessa época na Praça Deodoro por trás do Estádio de Futebol Juvenal Lamartine local que outrora se situava uma vila de sargentos PM;  Lailton Bastos, morador da Av. Deodoro que tinha grande semelhança com “O Amigo da Onça”, de quem ganhou gratuitamente o apelido. Seu pai era proprietário de um local especializado na venda de carnes e queijos na Rua Ulisses Caldas, aonde depois veio a funcionar “O Galo Vermelho”. Sua família mudou-se para o Rio de Janeiro no ocaso dos anos 60 e dela nunca mais se teve notícias. David Simonetti, que se acidentou no primeiro dia de carnaval do ano de 1967, primeiro e único ano que participou. Escorregou quando dançava ao lodo do trator que puxava a alegoria e teve sua perna comprimida pela roda traseira. Como eu caminhava ao seu lado, consegui num golpe de sorte, arrastá-lo pela camisa, evitando assim que sua perna fosse esmagada pela roda do trator.

Não poderia esquecer, também, de Rui Galego – farmacêutico -; Nino, que trabalhou um tempo com Chico Miséria na Butique Hombre, localizada na Avenida Deodoro 622, endereço que morei até meus 18 anos de idade; Oberúdison, falecido prematuramente; Eduardo Caldas, filho do Procurador do Estado Pedro Rodrigues Caldas, por vários anos diretor do DETRAN, Ronaldo Borges, proprietário do Versális e outros.

sexta-feira, 28 de junho de 2013


sexta-feira, 28 de junho de 2013


"DO PICADEIRO AO CÉU: O RISO NO TEATRO DE ARIANO SUASSUNA" - AUTORIA DO ESCRITOR PAULO CALDAS NETO - AUTOGRAFADO ONTEM, 27-06, NA LIVRARIA NOBEL DA AV. SALGADO FILHO.


 
O AUTOR DA NOITE-PAULO CALDAS NETO
VALE A PENA UMA VISITA À 
LIVRARIA NOBEL
A AGRADÁVEL SALA DO CAFÉ E 
AUTÓGRAFOS
REPRESENTANTES DA UNIÃO 
BRASILEIRA DE ESCRITORES.
ESCRITOR ALUÍZIO AZEVEDO ANUNCIARÁ 
BREVE, A DATA DOS SEUS AUTÓGRAFOS.
LEITORES
ALUIZIO AZEVEDO, PROPRIETÁRIO DA 
NOBEL, COM LIVRO NO PRELO, 
ACOMPANHADO DE VÁRIOS LEITORES
O AUTOR DÁ UM BANHO DE SABEDORIA 
SOBRE O RISO E AUTORES BRASILEIROS E ESTRANGEIROS QUE SE REPORTARAM AO 
RISO EM DIVERSOS CONCEITOS- 
UM MOMENTO 
ETERNO!
ESCRITORES
POETISAS LÚCIA HELENA E AGSLENE
A LIVRARIA NOBEL DA AV. SALGADO 
FILHO RECEBEU MUITOS LEITORES 
DE PAULO
 
PAULO CALDAS AUTOGRFANDO 
SEU LIVRO ESPETACULAR
O AUTOR E SEUS LEITORES
O AUTOR, COM DOIS LIVROS, UM DE 
ONTEM E O OUTRO DE 2012.
A NOITE DO RISO
SUZANA, LÚCIA HELENA E PAULO 
QUE ESCREVEU NA CONTRA-CAPA 
DO LIVRO.
CONFRADES DA UBE/RN:
LÚCIA HELENA, SUZANA, O AUTOR, 
PAULO DUMARESQUE E 
ALEXANDRE ABRANTES, 
REPRESENTANDO, TAMBÉM, 
O PRESIDENTE EDUARDO GOSSON.
E MAIS AUTÓGRAFOS
MUITOS FÃS
OS FÃS NÃO PARAVAM
ESCRITORES E CORDELISTA
AUTÓGRAFOS
AUTÓGRAFOS
 
ALUÍZIO AZEVEDO DÁ AS BOAS VINDAS
AUTÓGRAFOS

AUTÓGRAFOS
PRESENÇAS ILUSTRES NOS 
AUTÓGRAFOS 
DE PAULO CALDAS
LEITORES E AMIGOS
 
PRESENÇA DE AMIGO
 
LEITORES QUERIDOS
PAULO, ALEXANDRE, ZÉ  MARTINS, AGSLENE E OZANY
PAULO, ALEXANDRE E ZÉ MARTINS
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CRÉDITO: Blog da UBE/RN (Lúcia Helena)


28/06/2013 11h30

'Fui tomar satisfação', afirma idoso que enfrentou PM em protesto no CE

Juiz diz que foi atingido por bombas de gás lacrimogêneo.
Polícia Militar não comenta o caso.

Carolina Esmeraldo 
Homem fica parado enquanto policiais se aproximam para conter manifestantes (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)Homem fica parado enquanto policiais se aproximam para conter manifestantes (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
O senhor flagrado frente a frente com a polícia na manifestação desta quinta-feira (27), na Avenida Dedé Brasil, próximo à arena Castelão, afirma que, no momento da imagem, estava ''tomando satisfação'' por ter sido atingido por gás lacrimogêneo. Sílvio Mota, 68 anos, é juiz do trabalho aposentado e coordenador do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Ceará. "Quem enfrentou a Ditadura Militar não sente muita coisa diante daqueles pobres desgraçados que estavam lá", disse, referindo-se ao momento exato da fotografia. A comissão do Ministério Público que acompanhou o protesto não havia constatado até esta quinta-feira (27) excessos da PM.

saiba mais
O homem afirma que chegou até o bloqueio porque a polícia jogou bombas de gás lacrimogêneo na manifestação, no local em que estava com a esposa, chegando a atingi-los. "Eu fui protestar. Eles me agrediram. Me levantei e fui tomar satisfações. Aquilo foi uma violação de tudo!", conta. A imagem foi capa da edição desta sexta-feira (28) da publicação norte-americana ''The New York Times''
No momento em que chegou ao bloqueio, Sílvio conta que os policiais não o receberam de maneira positiva. "Primeiro, eles tentaram dizer que eu não tinha direito de ir até eles. Depois tentaram me prender. Precisei mostrar minha identidade profissional, aí eles recuaram", afirma. De acordo com Silvio, ele se afastou para voltar à manifestação. Neste momento, os policiais lançaram projéteis de gás lacrimogêneo. "Vi cinco artefatos sendo jogados. Um deles pegou nas minhas costas", conta.
Sílvio conta que foi à manifestação com o objetivo de protestar a favor da reforma política através de plebiscito. "O Batalhão de Choque e a Polícia Militar em geral não reagiram a provocações. Eles chegaram para acabar com a manifestação", completa.
Durante a manifestação a Polícia Militar soltou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. "Tudo estava pacífico, mas a frente vinham cerca de 100 rapazes exaltados e esses foram que provocaram a confusão", afirmou o funcionário do Ministério Público, Alberto Bonfim.
Sobre o episódio envolvendo Sílvio Mota, a Polícia Militar informou que tem nada a declarar. A PM ressalta, ainda, que toda a ação da polícia foi legítima e acompanhada de perto pelo Ministério Público.
O protesto
Centenas de manifestantes caminhavam pela Avenida Dedé Brasil em direção à Arena Castelão pedindo mais investimentos em educação e saúde, redução do preço do ônibus e o fim dos gastos excessivos com a Copa, entre outras reivindicações, até que, ao chegar à primeira barreira policial perto da igreja evangélica Canaã, uma minoria quis forçar passagem.
A partir de então, o Batalhão de Choque avançou sobre os baderneiros que iam promovendo quebra-quebra à medida que recuavam. Um carro da TV Diário, emissora local, foi incendiado e outro, da TV Jangadeiro, apedrejado. Um ônibus que levava torcedores foi atacado por vândalos e os passageiros tiveram de descer.


FOTO OAB - NOTÍCIAS eletrônico



TJRN dá posse ao novo desembargador Glauber Rego


Foi em tom de simplicidade que se deu a posse do novo desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), Glauber Rego, que foi eleito na última quarta-feira (26), na vaga destinada ao chamado Quinto Constitucional - que, desta vez, deveria ser ocupada pela classe dos advogados.
Com a presença de parlamentares, juízes e do colegiado do Tribunal de Justiça potiguar, o novo integrante da Corte assinou o termo de posse após passar mais de 15 anos no exercício da advocacia. Profissão que ele afirma reconhecer a importância nesse período. “Deixo a advocacia, mas levarei para sempre os conhecimentos adquiridos”, destaca o novo desembargador.
Glauber Rego foi o segundo mais votado – 11 dos 13 votos da Corte – na formação da lista tríplice que foi encaminhada à governadora Rosalba Ciarlini, a qual teve a responsabilidade de escolher o nome do integrante que iria substituir o desembargador aposentado Caio Alencar.
Para o presidente do TJRN, desembargador Aderson Silvino, a Corte ganha com a juventude do novo desembargador, que tem características reconhecidas nos 15 anos em que representou a OAB/RN. “Ele tem a cautela como uma das principais características e isso nos ajudará muito no Pleno”, antecipa o presidente do TJ.
O pensamento é compartilhado pelo presidente da Ordem no RN, o advogado Sérgio Freire que afirmou que o TJRN marcou um “Gol de Placa” com a chegada do novo integrante. “Ele tem crédito, ética e uma grande responsabilidade, principalmente por quem ele veio substituir”, afirma o presidente da OAB, seccional RN.
Recepção
Coube ao colega de toga, desembargador Virgílio Macedo, dar as boas vindas, como representante da Corte ao novo integrante do TJRN. Virgílio Macedo ressaltou que o novo desembargador chega a um tribunal que, entre erros e acertos, tem “um passado e um presente de respeito”. Para ele, agora, não há mais “distinção de votos”, se referindo à votação que ocorreu na última quarta-feira.
Uma votação que, para o desembargador Glauber Rego, se deu em um processo de intensa democracia, durante a escolha da lista sêxtupla pelos advogados e que foi remetida ao TJRN. “O TJRN é grande e seus componentes estão prontos para enfrentar qualquer desafio”, reforça o novo desembargador, ao destacar que o cidadão já deu demonstrações que deseja “menos fala” e mais ação.
“Há 27 anos que eu aspiro a compor esta Corte e, hoje, assumo uma grande responsabilidade”, conclui o desembargador Glauber Rego.
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FONTE:
por Anna Ruth Dantas
MOVIMENTO POPULAR DE NATAL

Hoje teremos um termômetro para avaliar o grau de sinceridade do movimento popular, marcado para sair da Praça Cívica.
Reivindicações legítimas terão o apoio total da população, mas se acontecerem atos de vandalismo, como ocorreu recetemente na Câmara Municipal de Parnamirim, precisaremos fazer um estudo da situação, pois do contrário estaremos enveredando por um caminho perigoso e simplesmente anárquico.
Espero ansiosamente que o nosso povo não desperdice a grande oportunidade de mostrar ao mundo do que somos capazes e alertar os políticos para os seus compromissos.
O ano de 2014 será de magna importância para o fortalecimento da nossa Democracia e que ela seja reforçada com Ordem e Progresso.

Fogo na palha

27 de junho de 2013 | 2h 21 

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo.

 
Anos de pasmaceira depois, Executivo e Legislativo são tomados por um sentido de urgência cuja motivação é conhecida: a determinação da sociedade de entrar de sola no jogo. Ótimo, saudável e mais que necessário.
                                                                                                                                                                Isso do lado A. Do lado B há os problemas decorrentes da inimizade entre a pressa e a perfeição. Os especialistas alertam para as consequências ruins que a maneira inconsequente de responder aos protestos pode gerar na economia: menos ajuste, menos racionalidade na tomada de decisões, mais desajuste, mais inflação. 
                                                                                                                                                                     O terreno é fértil para a demagogia em todos os campos. Assim é também na política, como se viu pelo espetáculo de desfaçatez estrelado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, na vocalização de uma pauta de votações que inclui de tarifa zero para estudantes nos transportes públicos ao enquadramento da corrupção no rol dos crimes hediondos.
Como se não fosse ele mesmo um dos itens do protesto, com seu embornal de denúncias e a provocativa volta à presidência do Senado.
Por esta e muitas outras, hedionda é a descompostura de suas excelências - legislativas e executivas - que agora correm atabalhoadamente para tentar zerar em dias o passivo acumulado durante décadas.
Não havia outro jeito, é verdade. Mas tinham o dever de aliar a esse movimento um mínimo de autocrítica e a explicitação de compromisso com a mudança de comportamento.
Cito muito e repito agora por adequada ao momento uma frase de Roberto Campos: "Não é a lei que precisa ser forte, mas a carne que não pode ser fraca". Não se ouviu da presidente, de ministros, de governadores e prefeitos palavra sobre a parte que lhes cabe no latifúndio de desmandos, equívocos e indiferença diante dos maus serviços prestados à população.
Tampouco se ouve dos congressistas e dos partidos um pedido de desculpas que seja pelo pouco caso de anos a fio em que o Parlamento, ressalvadas raríssimas ocasiões, representou a si mesmo.
Exemplo é a manutenção da política sob as mesmas regras de antanho enquanto o País avançava em outras áreas. Estava claro que um dia a casa cairia. Como reconstruí-la é o desafio que se impõe.
Inaceitável é que o açodamento, o afã de autoridades de todos os níveis e matizes se mostrarem atentas a um clamor que sempre ignoraram, resulte na aprovação de projetos e anúncio de medidas que levem a resultados opostos àquilo que a população saiu de casa para exigir: Estado organizado, presente, eficiente e decente.
Convém que não se brinque com o descontentamento porque o clima está mais para fogo na palha que para fogos de palha.

Meia-volta. Dilma Rousseff não se insurgiria contra um "volta Lula" do PT se fosse esta a vontade do ex-presidente. A questão é se ele estaria disposto a enfrentar a empreitada em ambiente de conturbação, adversidades de toda sorte e a perda de seu grande instrumento de pressão sobre os adversários: a ameaça de "mobilizar as ruas" sempre que o PT se viu acuado.
Há dois fatores a serem bem pesados e medidos: o risco de perder a eleição e a responsabilidade de, se ganhar, descascar o monumental abacaxi que será entregue ao eleito (ou reeleita) em 2014.
Note-se, ademais, o silêncio de Lula que desde o início dos protestos se manifestou uma vez, há exatos 14 dias, para dizer que "um sobressalto ou outro" não desviariam o Brasil "do caminho do crescimento".
Surgem cobranças aqui e ali para que o ex-presidente se manifeste. Faz sentido. Um político identificado com o povo como ele, dono de habilidade ímpar, sensibilidade e intuição celebradas em toda parte, seria de grande utilidade para ajudar a entender a situação e apontar saídas nesse momento de perplexidade.
COMBATE ÀS TREVAS – V
(A QUESTÃO DAS DROGAS-VISÃO DERROTISTA)
Por Luiz Eduardo Soares

TN - 22 de Julho de 2012

  Os últimos 30 anos da história ocidental comprovam que é "impossível" combater o tráfico de drogas, diz o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ao narrar o envolvimento do brasileiro Ronald Soares com as drogas, no seu recente livro Tudo ou nada (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012). "Não se trata de uma opinião, mas de constatação empírica", declara à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail. Segundo ele, foram gastos "bilhões de dólares na guerra contra as drogas e o tráfico vai muito bem, obrigado. O lucro permanece, a demanda se mantém mesmo nos países que possuem as melhores polícias e os mais sofisticados mecanismos de controle, como os Estados Unidos".


Soares explica que alguns fatores viabilizam a expansão do tráfico de drogas, como a criminalização e "a proibição, sem a qual não poderia realizar-se esse comércio em condições tão lucrativas e tão predatórias para o consumidor". Diante dessa conjuntura, o ex-secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro questiona: "Ora, se esse é o fato e se é impossível revogá-lo, a interrogação racional deixa de ser 'deve-se ou não permitir o acesso' para formular-se nos seguintes termos: 'Em que contexto institucional-legal seria menos mal que tal acesso ocorresse? O contexto em que drogas fossem questão relativa à polícia e prisão, isto é, à Justiça criminal? Ou o contexto em que drogas fossem matéria de educação e saúde, cultura e autogestão social?" E dispara: "Resta-nos superar preconceitos e ignorância, e adotar vias alternativas. O pior flagelo, entre as drogas, são o álcool e a nicotina. Mesmo assim, ninguém está propondo, felizmente, sua proibição".

Na entrevista a seguir, Luiz Eduardo Soares antecipa a história do brasileiro Ronald Soares, preso em Londres por associação ao tráfico de drogas, e posteriormente no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, apontando as diferenças e aproximações entre os sistemas penitenciários. "Ambas são destrutivas, mostrando que a privação de liberdade representa, sempre, uma degradante violência estatal", assegura.

Luiz Eduardo Soares é mestre em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional-UFRJ, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ, e pós-doutor em Filosofia Política pelas universidades de Virgínia e Pittsburgh. Foi fundador e primeiro coordenador do Núcleo de Pesquisas sobre Violência do Instituto de Estudos da Religião - ISER em 1991, onde desenvolveu várias pesquisas até janeiro de 1995. Entre janeiro e outubro de 2003, Luiz Eduardo Soares foi secretário nacional de Segurança Pública. Foi também subsecretário de Segurança Pública e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania no governo de Anthony Garotinho, entre janeiro de 1999 e março de 2000. Foi professor da UERJ e da Universidade Cândido Mendes. É autor de onze livros, entre eles Meu casaco de general: 500 dias no front da segurança pública do Rio de Janeiro (São Paulo: Companhia das Letras, 2000), Pluralismo cultural, identidade e globalização (Rio de Janeiro: Record, 2001) e Elite da tropa (Rio de Janeiro: Objetiva, 2005), este escrito com Rodrigo Pimentel e André Batista. Atualmente é coordenador do curso de especialização em Segurança Pública da Universidade Estácio de Sá. Confira a entrevista.

A partir da história de Ronald Soares, que tinha um futuro promissor, o que motiva e fomenta o tráfico internacional de drogas?

 Todo negócio, legal ou ilegal, é motivado pela busca do lucro e é viabilizado pela existência de oferta e demanda. No caso do tráfico, o fator que fomenta é a proibição sem a qual não poderia realizar-se esse comércio em condições tão lucrativas e tão predatórias para o consumidor. No livro mostro que cada tonelada que sai da selva colombiana é multiplicada por seis até o varejo, na Europa. Esse análogo perverso do "milagre dos pães" resulta da mistura das mais diversas e nocivas substâncias à cocaína pura. Sabe-se, aliás, que tais substâncias são muito mais lesivas do que a coca.

Que fatores favorecem a comercialização de drogas atualmente? Por que o tráfico de drogas é um dos mais difíceis de ser combatido?

 O que favorece, ou melhor, torna possível a existência dessa rede ultralucrativa chamada tráfico de drogas tal como ela se dá é a sua criminalização. Combater o comércio de drogas não é difícil: é impossível. Pelo menos em contexto político não totalitário. Não se trata de uma opinião, mas de constatação empírica. Basta observar o que ocorreu nos últimos 30 anos no mundo ocidental. Foram gastos bilhões de dólares na guerra contra as drogas e o tráfico vai muito bem, obrigado. O lucro permanece, e a demanda se mantém mesmo nos países que possuem as melhores polícias e os mais sofisticados mecanismos de controle, como os Estados Unidos. 30 anos não são suficientes para revelar uma realidade e confirmar um diagnóstico? Vamos continuar fazendo mais do mesmo?
(grifos nossos)
Qual, então a resposta para estas perguntas que o senhor levanta?

Quanto à pergunta sobre a razão da dificuldade (ou impossibilidade, fora dos totalitarismos) de reprimir, posso responder com outra indagação: por que os EUA venceram a guerra-fria? Entre os motivos, destaca-se a inviabilidade de anular o mercado quando há demanda e oferta. Pode-se disciplinar o mercado, regulamentá-lo, domesticá-lo e circunscrevê-lo, submetendo-o a regras etc. Porém, suprimi-lo é um objetivo insustentável. Na economia das drogas ilícitas, aplica-se o mesmo princípio. Eis a evidência: o acesso às drogas ilegais é uma realidade em toda sociedade não totalitária industrializada. Ora, se esse é o fato e se é impossível revogá-lo, a interrogação racional deixa de ser "deve-se ou não permitir o acesso" para formular-se nos seguintes termos: "Em que contexto institucional-legal seria menos mal que tal acesso ocorresse? O contexto em que drogas fossem questão relativa à polícia e prisão, isto é, à Justiça criminal? Ou o contexto em que drogas fossem matéria de educação e saúde, cultura e autogestão social? A primeira via tem sido experimentada pelo Brasil com resultados trágicos: o consumo de drogas não declina, o tráfico prospera, alimentando o negócio de armas, a corrupção policial e gerando mortes e violência, enquanto as prisões acumulam jovens pobres, com baixa escolaridade, em sua maioria sem vínculo com armas ou organizações criminosas e sem praticar violência. Essa via tem se mostrado inequívoco desastre. Resta-nos superar preconceitos e ignorância, e adotar vias alternativas. O pior flagelo, entre as drogas, são o álcool e a nicotina. Mesmo assim, ninguém está propondo, felizmente, sua proibição.

Em que sentido pode-se dizer que o tráfico de drogas é um dos pilares da violência urbana?


Quanto ao tráfico ser um pilar da violência, parece-me que sim, porque sua dinâmica movimenta lucros que se aplicam parcialmente em armas, as quais servirão para vários propósitos, sempre destrutivos. Ou seja, o tráfico de drogas é uma fonte de financiamento do tráfico de armas e um indutor de práticas violentas, nas disputas por mercado e com as polícias.

Como são os bastidores desse mundo quase desconhecido, do tráfico internacional de drogas?


O livro mostra como funcionam esses bastidores. Claro que há muitas estruturas diferentes e muitos métodos distintos para levar diversos tipos de drogas de um ponto a outro do planeta. O que a biografia do personagem real permite descrever é o transporte de algumas toneladas, todo ano, por mar, da Colômbia à Inglaterra, passando pela selva e pelo Caribe. Como isso é feito... bem, não teria como resumir. Há mil e um aspectos e detalhes, os quais, no livro, se convertem em suspense e aventura. Não gostaria de estragar o prazer da leitura. Se o livro tem valor, ele deve seduzir, emocionar, encantar os leitores e surpreendê-los a todo o momento. Não precisei ser imaginativo para alcançar esses objetivos ambiciosos. Bastou ser fiel à realidade.

Como a questão da violência aparece intrinsecamente na história de Ronald Soares?

Ronald nunca pegou em armas e sempre abominou a violência. Isso não o isenta, entretanto, de responsabilidades, porque o tráfico, mesmo quando praticado como um grande negócio empresarial, está ligado a máquinas de morte. Numa ponta está a inteligência asséptica; na outra, a brutalidade letal. Tratar de um lado sem olhar para o outro reduz o sentimento de culpa, mas não anula a responsabilidade. Eu mostro no livro como funciona a máquina de morte, na contramão das intenções e do pendor do biografado.

Como a experiência do aprisionamento modificou o jovem Ronald? Em que sentido o cárcere transforma o sujeito?


Muito jovem, recém-saído da universidade, o economista brilhante fez fortuna e aderiu à idolatria yuppie do mercado, em sua acepção darwiniana, competitiva, individualista e feroz. Entretanto, esse caminho significava uma traição aos sonhos hippies de adolescência, nos quais o ideal era a valorização da paz e do amor, do hedonismo e da natureza. Diante de uma dramática desilusão amorosa, que o joga numa tremenda depressão, Ronald toma consciência de que estava traindo a si próprio ao abandonar suas utopias, assim como fora traído pela belíssima esposa e pelo melhor amigo. Decide, então, abandonar a fortuna que conquistara, comprar um veleiro e lançar-se ao mar. Navega pelos oceanos por dez anos, no fim dos quais acaba se aproximando do cartel de Cali, por labirintos existenciais quase inverossímeis. E aí começa a fase negativa de sua vida, que o conduzirá a celas claustrofóbicas, a uma condenação na Inglaterra a 24 anos de prisão.
 

O biografado foi submetido ao julgamento mais longo da história inglesa: 14 meses. Por ter tentado uma fuga cinematográfica, foi classificado como o preso mais perigoso da Inglaterra e permaneceu em penitenciária de segurança máxima, sozinho. Enfim, foi transferido para o Brasil e cumpriu o final da pena em Bangu. Esteve perto da loucura, sofreu alguns abalos psíquicos gravíssimos, mas conseguiu sobreviver e restaurar a lucidez. Hoje, livre, reconstruiu sua vida, trabalha e se dedica aos filhos, que jamais o abandonaram e que constituíram, conforme ele mesmo diz, a grande usina de energia na qual alimentou sua resistência à loucura e aos sofrimentos.

Quais foram as diferenças fundamentais entre os períodos de encarceramento em Londres e no Rio de Janeiro? Em que aspectos os sistemas prisionais dessas duas cidades diferem e se aproximam?


 Na Inglaterra, as instituições penitenciárias são rigorosamente regidas pela legalidade, ninguém toca a mão em um preso, nem o agride verbalmente. As celas são tão limpas quanto salas cirúrgicas. No entanto, seu poder de destruição mental é devastador, por uma série de mecanismos sutis que descrevo no livro. No Brasil, impera a imundice, a promiscuidade, as violações aos direitos, o desrespeito à Lei de Execuções Penais. Ambas são destrutivas, mostrando que a privação de liberdade representa, sempre, uma degradante violência estatal. Por isso deveríamos recorrer a esse expediente apenas em casos extremos, que envolvam violência e impliquem riscos para inocentes. Casos para os quais não conhecemos, ainda, infelizmente, qualquer alternativa realista (grifos nossos).