sábado, 5 de janeiro de 2013

RECORDANDO OS VENDEDORES AMBULANTES E SEUS PREGÕES MATINAIS
(Ormuz Barbalho Simonetti)

Nos últimos dias de dezembro do ano passado, almoçava com meu amigo Levi Bulhões, quando surgiu em meio à conversa, lembranças dos vendedores ambulantes de antigamente. Todas as vezes que nos reunimos para jogar conversa fora, o passado está sempre presente. Saudosistas irrecuperáveis, costumamos lembrar esse período de nossa adolescência, que contribuiu de maneira positiva para a formação de nossa cidadania.
Sejam pelas inúmeras passagens ocorridas na esquina da Rua Princesa Isabel com a Apodi, onde outrora existia a “bodega de Floriano”, ou pelos antigos carnavais, quando participávamos dos chamados blocos de elite, entre eles Lord’s e Apaches, ou mesmo as lembranças do cotidiano, vivenciadas pelas calçadas da vida.
A bodega de Floriano exerceu um papel tão importante nas nossas vidas, que seus frequentadores, no desejo de manter a união daqueles amigos, criaram uma espécie de confraria. Todos os anos, na segunda semana de dezembro, nos reunimos para um almoço de confraternização onde as lembranças e relembranças, predominam nossas conversas. Costumam participar dessa confraternização nossas esposas e filhos.
Temos praticamente a mesma idade e somos amigos desde o início de nossa adolescência. Por essa razão, compartilhamos das mesmas lembranças de uma cidade-capital, que nos anos 60 e 70, mais parecia uma cidadezinha com cara e jeito de interior.
Eu, morando na Av. Deodoro e ele na Rua Princesa Isabel, tivemos oportunidade de conviver com esses incríveis personagens, que fizeram parte da história da velha cidade, de nossa infância e adolescência.
No dizer do meu amigo e confrade Jurandyr Navarro, voltar ao passado, é antes de tudo, uma doce recordação. Não há nada mais terno e emotivo, que procurar o tempo perdido, envolto a ilusões despedaçadas.
Pois bem, foi recordando o passado, que lembrei da figura do vendedor de verduras. Ainda bem cedinho, ouvia sua voz forte e melodiosa: verdureeeeiro!...,  com um andar dolente e cadenciado obedecendo o ritmo imposto pelo vai e vem dos balaios, soltava a voz pelas ruas na amanhecença da cidade: verdureeeeiro!..., olha a verdura madame, tudo bem novinho..., verdureeeeiro!
O mercado central ou mercado da cidade, destruído por um incendiou nos anos 60, abastecia a maioria desses ambulantes. Ficava onde hoje funciona a agência do Banco do Brasil, na Avenida Rio Branco. Era lá onde o verdureiro se abastecia dos diversos produtos que comercializava, antes de ganhar as ruas da cidade, em vendas diária de porta em porta.
         Lembro-me bem de sua figura. Homem alto, magro, moreno claro, usava um surrado chapéu de palha de abas largas e calças arregaçadas até o meio das canelas. No ombro, um tufo de pano para aliviar as dores causadas pelo pau do galão, que sustentava os dois conjuntos de pesados cestos, onde cuidadosamente eram arrumados, os produtos que vendia. Num dos cestos maiores, que ficavam na base da pirâmide, colocava talhadas de jerimum de leite ou caboclo, batata doce, macaxeira, inhame, cebola, coco seco e produtos que não estragasse em contato com os demais. No outro cesto, frutas sazonais, feijão verde, que era vendido em “molhos”, legumes tais como cenouras, repolhos, batata inglesa, maxixes, quiabos etc. Nos cestos do meio, vinha o chamado tempero verde: cebola verde, coentro, pimentão, tomates e ainda folhas de couve, alface etc. No derradeiro cesto, por ser o menor e mais raso, era reservado às especiarias: cravo, canela, gengibre, pimenta do reino e algumas raízes usadas na confecção de chás e garrafadas. Também ali eram penduradas grossas tranças de cabeças de alho.
            Sempre fazia o mesmo caminho. Saia do mercado da cidade, subia a Rua Ulisses Caldas na altura do Armazém Natal e chegava a Avenida Deodoro. Passava em frente a minha casa, de número 622, que ficava em frente “A Palhoça”, do saudoso João Damasceno. De lá, perdia-se por entre as ruas dos bairros de Petrópolis e Tirol, só retornando no dia seguinte, na mesma hora e anunciando o mesmo pregão: verdureeeeiro!
         Havia também o vendedor de manguzás, ou munguzás, ou ainda “chá de burro”, como também era conhecido, um mingau feito de milho com leite de coco, temperado com açúcar e canela. Muito apreciado, na época fazia parte do desjejum de inúmeras famílias. Utilizava a mesma técnica do verdureiro, na condução do seu produto. Nas extremidades do pau de galão, preso por cordas, conduzia dois caldeirões de alumínio. Na mão, uma grande concha para servir a iguaria, geralmente comprada em generosas porções, para atender a toda a família, por ocasião do café da manhã, ou no jantar.
         Por cima da roupa, vestia um avental branco já meio encardido pelo tempo e pelo uso, com dois grandes bolsos onde colocava o apurado. Na cabeça, um chapéu de pano, evitava que algum indesejado cabelo, aterrissasse indevidamente no prado do freguês. Anunciava seu produto com um pregão um tanto esquisito: nunca falava o nome do que estava vendendo, gritava apenas “tem coco!”, e a freguesia já sabia que se tratava do gostoso manguzá.
         Na esquina da Rua Ulisses Caldas com a Avenida Deodoro, onde ainda existe o colégio da Imaculada Conceição, era ponto de alguns ambulantes. O mais famoso deles era Prego, um vendedor de poli – o picolé da época -, que atendia por esse apelido. Nunca soube o seu verdadeiro nome. Diziam que era agricultor e chegou a Natal retirante, fugindo de uma seca braba na região do Seridó, onde morava com mulher e filhos. Nunca mais voltou. Da família, não teve mais notícias. Apenas algumas lembranças que se perderam no tempo, juntamente com o sofrimento vivenciado durante as constantes secas, que enfrentou naquele longínquo sertão.
         Morava lá pros lado das Rocas, bairro pobre que se desenvolveu as margens do Rio Potengi, onde adquiria em uma pequena fabriqueta, os tais polis, que nada mais era que uma mistura de água, essência e açúcar. Conheci-o desde tenra idade, quando eu era aluno no Instituto Brasil, localizado na Rua José Pinto Martins, das saudosas professoras Carmem Pedroza e Pina. Naquela época, ele já era um homem velho. Muito espirituoso, sempre estava fazendo algum gracejo para atrair a clientela. Um de seus preferidos era espremer sua enorme língua, que conseguia dobrá-la com incrível habilidade, entre suas gengivas, já que era desprovido de todos os dentes. Num instante transformava sua cara magra e enrugada, numa careta engraçada e assustadora, que mais lembrava uma máscara carnavalesca.
         Ao seu lado, um amigo vendia roletes de cana. Sentado em um tamborete com texto de couro, trabalhava pacientemente com sua quicé – pequena faca -, transformando um pedaço de taboca de bambu, em um suporte para os roletes de cana. Abria a taboca em diversas hastes onde fixava em cada extremidade, um suculento rolete de cana caiana, formando uma espécie de cacho. Os maiores chegavam a ter até doze roletes, dependendo da largura da taboca. Lembro-me dos cachos, dispostos cuidadosamente em cima do tabuleiro forrado com um pano branco com bordados coloridos nas extremidades, aguardando a cobiça da meninada. Quando terminava o dia, colocava o tabuleiro na cabeça apoiado em uma rodilha de pano e retornava para casa apregoando os últimos cachos: rolete, rolete de cana caiana, ainda tem rolete de cana...     
         Por ocasião da sazonalidade, também se arranchavam naquela calçada, diversos vendedores: o de jabuticabas, de siriguelas, de umbus, que eram vendidos em litro, medida padrão, amplamente utilizada por diversos vendedores. Naquela época, o litro do óleo Benedito era o que mais se via, em virtude de sua larga utilização pelas classes mais pobres além de ter sua fabrica na vizinha cidade de Macaíba. Aparecia também naquela esquina o vendedor de goiabas, mangas, sapoti e também o vendedor de milho assado, que utilizava um fogareiro feito com lata de querosene e as espigas ficavam expostas em cima de uma pequena grelha sobre o fogareiro.
         Já o vendedor de pitombas, comercializava seu produto em cachos. O balaio ficava em cima de um tamborete e os cachos eram engordados, amarrando-se uns aos outros, com embira de fibra da bananeira. A exposição era feita sem muito critério. Os cachos ficavam amontoados no balaio a espera dos fregueses. Os compradores sempre procuravam os mais recheados, pois, não havia diferença de preço. Quando a fruta ainda não esta madura, ou como dizíamos, inchada, era possível degustar a polpa, que se desprendia do caroço com facilidade. Porém se as frutas já estivessem maduras, torna-se difícil a retirada da polpa, uma vez se tornavam bastante escorregadias, aumentando assim o risco de engoli-la juntamente com o caroço. Nesse caso, dependendo da quantidade de caroços engolidos, o indivíduo inevitavelmente teria sérios problemas após a digestão.
         Desfilavam pelas ruas da velha cidade, outros saudosos pregoeiros. A velhinha da carimã, uma espécie de broa feita de massa azeda de mandioca, muito utilizada na confecção de bolos e biscoitos. Andava sempre com um porrete na mão, dizia, para se defender dos cachorros vadios, mas também pra correr atrás dos garotos traquinos que mexiam com ela gritando “carimã podre!”.
         O vendedor de alfenim, um simpático velhinho que usava uma sandália de rabicho feita de sola e caminhava lentamente com paços miúdos e cadenciados. Trazia em seu tabuleiro torrões de açúcar transformados em miniaturas de bois, vacas, cachorros, galinhas e cavalos, tudo cuidadosamente pintados com cores vivas e atraentes.
         A vendedora de mangabas, negra alta e esbelta, equilibrava na cabeça com graça e desenvoltura, um alguidar de barro cheio dessas frutinhas genuinamente nordestina.  A venda era feita por litro e também em pequenas caixolas feitas com folhas de cajueiro brabo e costuradas com palitos de coqueiro. O produto era colhido nas dunas que circulam nossa cidade pelo lado do oceano.
         Outro pregoeiro, que ainda hoje pode ser visto pela cidade, é o vendedor de geleia de coco. Conduzindo o tabuleiro na cabeça, anunciava o produto batendo seguidamente com uma espátula, que utilizava no corte das poções, em uma das pernas do tabuleiro que produzia um Sam metálico. Os preços variavam de acordo com o tamanho da porção. Ao lado do tabuleiro, presos por um arame, pedaços de papéis de diversas cores serviam para acondicionar a guloseima. Pessoas que por ventura utilizasse próteses dentária, por motivos óbvios, evitavam seu consumo.
         O vendedor de pirulitos, franzino e saltitante, vez por outra encostava a tábua recheada com as deliciosas iguarias no muro de alguma casa, pra jogar bola de meia ou de gude, com os garotos da rua. Não raro, quando apanhava a tábua novamente, alguns pirulitos haviam desparecido misteriosamente. Mesmo assim, sempre estava por ali batendo uma bolinha.
         Lembro do vendedor de raivas, que trazia o produto em um depósito cilíndrico dentro de um saco e o conduzia preso as costas segurando-o com uma das mãos. Havia ainda o vendedor de cocadas; o de tapioca e beijus no coco, que passava propositalmente sempre no início das manhãs ou no final das tardes, horário que antecede as refeições; o vendedor do famoso cuscuz da Mata, que caminhava equilibrando o tabuleiro na cabeça, com andar ligeiro e cadenciado como se disputasse uma macha atlética. Com os primeiros raios do sol, partia para sua maratona que começava na Avenida Um, no bairro do Alecrim, onde se localizava a fábrica, só retornando no dia seguinte após novo carregamento.
         O pipoqueiro, presente constante nas portas das escolas ou onde houvesse aglomeração de crianças. O vendedor de cavaco chinês, que apesar da modernidade, ainda insiste em sobreviver. Também não utilizava nenhum pregão. Era reconhecido apenas pelo frenético tilitar de seu triângulo, que obedecia uma cadência bem conhecida, principalmente pela criançada.
         E continuava o desfile dos pregoeiros matinais. Aparecia o vendedor de peixe, que os trazia pendurados em uma peça de madeira em cima de seu ombro. Na mão, um porrete de madeira e na cintura uma peixeira 12 polegadas, para tratar o pescado, ou dividi-los em postas de acordo com o deseja da dona de casa. O vendedor de carangueijos-uça e gordos goiamuns, que eram vendidos amarrados em cordas de 10 e 12 unidades, pendurados em um pau de galão. O vendedor de camarões torrado, vendidos em litro, atraia os fregueses anunciando que sua medida era “cheio no capricho” e sempre tinha um agrado de 4 a 5 camarões que colocava depois.
         Um dos pregoeiros mais famoso daquela época foi o jornaleiro Cambraia. Conheci-o muito bem, pois, todos os dias, passava em frente a minha casa anunciando com um vozeirão arrebatador: “ôlelê, ôlelê, jorná de natá”. Negro alto, de brancos cabelos pixains que mais pareciam pipocas, tinha feições marcadas pelo tempo. Andava sempre de pés descalços, calças arregaçadas na altura das canelas e camisa entreaberta. Trazia os jornais, em baixo do braço protegidos por uma espécie de papelão.
         Recordo do sorveteiro, empurrava seu carrinho de madeira, pintado com cores alegres.  Na frente, dois espelhinhos redondos, imitavam os faróis de um carro. Entre eles, duas flâmulas: uma do ABC e outra do América. Não revelava o time do coração nem sob tortura. Tinha medo de perder os fregueses adversários. Num dos braços do carro, uma buzina tipo “fom, fom” era acionada para chamar a atenção da clientela. Naquela época o sorvete era feito em casa, e os sabores pouco mudavam: coco, coco queimado, chocolate, feito com toddy, morango (essência) e algumas frutas sazonais.
         Sem horário nem dia definidos para sua aparição, ouvia-se também o grito do vendedor de cestos e espanadores. Vendia inclusive um espanador em miniatura que eram comprados para as crianças brincarem. Era um homem ainda jovem, mas sempre o via descansando em baixo dos enormes fícus benjamina, que arborizavam a Avenida Deodoro.
         Por fim, me vem a figura do confeiteiro Mané Anão. Impávido, junto ao tabuleiro sortido de buzis, torrões, drops dulcora, chicletes Adams - aquele que trazia um pequeno número numa das orelhas, quando a caixinha era aberta -, o chiclete de bolas ping pong, que acompanhava figurinhas infantis, as coloridas jujubas, confeitos (balas) de mel e hortelã, além das desejadas barras de chocolate Diamante Negro, para nós, de valor inalcançável. Tinha a prerrogativa de ser o único vendedor em frente ao Cine Rio Grande, garantido pelo seu proprietário Dr. Moacir Maia e corroborado pelo administrador, Seu Antonio. Todos esses saudosos personagens ainda continuam desfilando nas minhas lembranças de garoto, morador da Avenida Deodoro.





quinta-feira, 3 de janeiro de 2013




AINDA SOBRE EXUPÉRY
Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

          Ansiei por muito tempo, a publicação desse livro "ASAS SOBRE NATAL", do escritor João Alves de Mello, narrando a passagem de pilotos por esta cidade e Parnamirim, em particular sobre Antoine de Saint Exupéry. Infelizmente, nele não enxerguei a  afirmativa sobre a estada em Natal do extraordinário escritor..
          As fotografias apresentadas à página 168 do livro possuem nominata dos personagens, uma delas reproduzida na última página (450) apontando Exupéry como o de nº 2, parecendo-me, não necessariamente ter sido feita pelo autor da obra. Aliás, nessas anotações consta a mesma pessoa com nomes diferentes: "Emont" (rádio) e "Ezan" (rádio), que na última página corresponde ao de numeração 3.
          Tal fato, no entanto, não diminui a qualidade da obra, rica em detalhes e trazendo, em relação a Exupéry um texto do jornalista francês e historiador da história da Latecoere Jean-Gerard Fleury, contemporâneo do piloto-escritor do Pequeno Príncipe, onde é enfático: ..."Todos os seus companheiros fizeram muitos voos sobre o Brasil. Mas ele só transitou por aqui rapidamente. Conhecia bem o Rio e Natal, porém, mas (sic) como passageiro de navios. Como os monoplanos Laté dificilmente poderiam vencer uma longa travessia, como a do Atlântico, navios tipo destróieres, faziam a viagem, em tempo record entre Dakar/Natal, onde os sacos de correspondências eram colocados nos aviões que partiam rumo ao sul."...
          Aliás, ele faz um comentário que coincide com os mesmos argumentos que usei durante um debate em evento realizado no Museu Câmara Cascudo, com o Cel. Hippólyto da Costa, numa mesa em que estavam também presentes o jornalista Vicente Serejo e o escritor Pery Lamartine, onde contraditei o pensamento daquele ilustre militar da reserva, quando afirmou da impossibilidade de Exupéry ter vindo a Natal porque o seu avião não possuía estabilidade para o tráfego entre Buenos Aires e Natal  e eu ponderei – “a vinda daquele famoso piloto a Natal, em viagem certamente de fiscalização da linha, não necessariamente teria de acontecer pelo ar, pois ele costumava viajar de navio, como foi desde a primeira vez em que veio para a América do Sul”! Mas o assunto permaneceu sem uma conclusão dos participantes daquele evento.
     Pesquisei na internet no site do Instituto Saint Exupéry (www.saintexupery.com.ar) onde há uma coluna chamada “Les lieux”, com o desenho de um globo terrestre assinalando no mapa do mundo, em vermelho, os pontos da linha francesa e, no Brasil, está assinalada Natal, com o seguinte texto:

"Natal – Brésil
Natal est Le point d´Ámérique Du Sul Le plus rapproché de La côteafricane d´où l´Aéropostale envisageait de farire partir lês avions devant assurer une laison transatlantique exclusivement aéronautique. C´est donc à Natal qu´amerrit en 1939 l´hydravion de Jean Mermoz, premier pilote à accomplir cet exploit. En as qualité de chef de l´Aeroposta Argentina, Antoine de Saint Exupéry se rend à plusieurs reprises a Natal sans que l´on puísse établir avec précision lês dates. On raconte qu´on peut encore y voir La Maison ou il aurait logé lors de sesdifférentes visites. On raconte que l´idée dês baobabs qui menacent la planète du Petit Prince lui aurait été suggérée par um arbre géant vu à Natal."

Tradução feita gentilmente pela Professora Madalena Rosado:

"Natal é o ponto da América do Sul mais próximo da costa africana, onde a Aeropostale visava fazer partir os aviões devendo assegurar uma ligação transatlântica exclusivamente aeronáutica.
É pois em Natal que amerrisa em 1939 o hidroavião de Jean Mermoz, o primeiro piloto a completar essa exploração. Na sua qualidade de chefe da Aeroposta Argentina, Antoine de St. Exupery esteve várias vezes em Natal sem que se possa estabelecer com precisão as datas. Conta-se que ainda se pode ver lá a casa  onde ele teria se alojado nas diferentes visitas. Conta-se que a ideia dos baobás que ameaçam o planetas do Pequeno Príncipe. lhe teria sido sugerida por uma árvore gigante vista em Natal."
          
             Nesse site não existe uma só fotografia com Saint-Ex usando óculos, nem com o seu corpo com aparência de sobrepeso, como aparece nas fotografias do livro de João Alves, com uma estatura não condizente com o que se comentava - ser um homem alto.
          Quando escrevi e publiquei o livro em homenagem ao meu sogro Rocco Rosso, que foi funcionário da Latecoere (Air France), morando em Parnamirim, apresentei o seu registro, como fotógrafo amador, de vários acontecimentos que envolviam os pilotos, inclusive apresentando fotografias de Exupéry, que havia tirado no campo de aviação e de outros pilotos, que fizeram parte de um álbum enviado para o Concurso Internacional promovido pela Air France, onde logrou um honroso 2º lugar, com premiação e o agradecimento da Companhia por ter oferecido subsídios para o acervo da empresa, consequentemente, não tendo sido desclassificada nenhuma das fotografias que compunham o seu álbum de concorrência, o que lhes dá autenticidade. 
          Além de depoimentos importantes que transcrevi e opiniões de pessoas respeitáveis, apresentei até um extraordinário achado de Vicente Serejo - um texto do próprio Exupéry sobre o desaparecimento de Mermoz, com o título "Depois de 48 horas de silêncio", que mereceu tradução do jornalista Mário Ivo Cavalcanti, e o comentário de Serejo ... "Mas, sua descrição do espelho de água e do terreno cheio de formigueiros também não parece ser apenas por ouvir dizer."
          E agora José! Vamos considerar o assunto encerrado? Exupéry esteve efetivamente em Natal, como defende Luiz Gonzaga Cortez e Diógenes da Cunha Lima, ou com as frustrantes provas fotográficas, como afirmam Pery Lamartine e Fred Nicolau, indiciam que ele não passou por aqui? E o texto traduzido do Instituto Saint Exupéry não tem valor?
         No meu entender, as provas pela sua passagem por Natal são mais consistentes e até lógicas, pois um Diretor da Air France para a América do Sul não visitar o ponto mais importante do continente, seria uma irresponsabilidade!
          Para mim Saint-Ex esteve em Natal, mas o assunto não “c´est fini”.  



quarta-feira, 2 de janeiro de 2013



CARTAS DE COTOVELO (2013.1)

Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor-veranista.

Mais um veraneio começa na região nordestina, tendo o condão de atropelar o calendário dos negócios e das coisas mais sérias do ano que se inicia, perdurando até o carnaval.
Veranear não deve ter a compreensão simplória dos dicionários, como simples lugar distinto da residência, geralmente nas praias, serras, lagos ou montanhas, conforme a localidade onde cada um vive.
Sua real característica permite revigorar a força física, fazer um hiato na labuta cotidiana e um reencontro com a paz interior.
Dou-me a esse deleite desde os idos de 1947, que começou na Barra do Cunhaú, depois na Redinha, por muitos anos e há mais de quatro décadas na praia de Cotovelo, onde encontrei o meu “Nirvana” espiritual.
A visão do veraneio varia com a idade. Quando criança, nada mais do que o lazer dos banhos à toda hora, pescarias e caminhadas.
Na adolescência, prepondera a convivência fraternal com os amigos e amigas, alguns folguedos, no bom sentido e os primeiros eflúvios do amor.
Faz-me, lembrar um filme que se passou num veraneio em uma praia italiana, onde um garoto, mais ou menos da minha idade (16 anos), interpretado pelo ator Gino Leurini realizou a sua primeira aventura amorosa, com uma “Donna” mais velha que ele, que o transformaria psicologicamente para a vida, tal a intensidade de sentimento naquela descoberta. Isso também me impregnou até os dias presentes, embora neste instante da vida, somente pelo desejo de conseguir de algum colecionador uma cópia daquela película “Amor de Outono”. Ainda tenho a esperança de conseguir!
Ao chegar a maturidade aflora a fraternidade, numa convivência harmoniosa entre a família e amigos. Esta é a fase mais duradoura, permitindo impulsos de criatividade intelectual e habilidades manuais nos campos da pintura, marcenaria, hidráulica e eletricidade, nem sempre bem sucedidas!
Mas quando se atinge a terceira idade, se eleva acentuadamente o pendor romântico e literário, pelas lembranças dos momentos vividos e felizes, dando a tudo uma visão especial, seja de um beija flor, um búzio, um luar ou qualquer outra visão do belo e do bom.
No veraneio leio vorazmente e escrevo com o mesmo apetite, entrecortados com uma geladinha ou scotch com água de coco.
Foi num veraneio na Redinha, que aprendi uma canção da autoria do meu pranteado irmão Fernando, composta quando ainda adolescente, que tem a seguinte letra:
REDINHA, praia linda e sem igual.
Poema lírico e imortal, onde nasceu nosso amor.
REDINHA, em teus recantos lindos,
Lembra-me o tempo de menino
Colhendo búzios em multi-cor.
REDINHA, de casas de palha e bangalô,
Onde não há escravo nem senhor,
Todos ali são iguais.
REDINHA volto de novo ao teu seio,
Para viver sem receio
Aqueles tempos ideais.
DIA 01 DE JANEIRO DE 2013
POSSE DO NOVO CONSELHO SECCIONAL
E
CAIXA DE ASSISTÊNCIA
DA OAB/RN

SÉRGIO, PAULO EDUARDO e PAULO COUTINHO
 CARLOS GOMES E ADILSON GURGEL
 MOMENTO DA TRANSMISSÃO DO CARGO
 JURAMENTO DA DIRETORIA
 LEITURA DO TERMO DE POSSE
 PLENÁRIO E OS NOVOS CONSELHEIROS E CONSELHEIRAS
 JURAMENTO DOS CONSELHEIROS E CONSELHEIRAS
 JURAMENTO DOS CONSELHEIROS E CONSELHEIRAS
 PARTE DO PLENÁRIO

PAULO EDUARDO SE DESPEDE DA 
PRESIDÊNCIA DA OAB/RN, CONDUZINDO
PLACA REPRESENTATIVA DA HOMENAGEM
QUE LHE PRESTOU O CONSELHO SECCIONAL





terça-feira, 1 de janeiro de 2013

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01 DE JANEIRO DE 2013  
DIA DACONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSAL
GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS

PAZ NA TERRA AOS HOMENS E MULHERES 
DE BOA VONTADE
FELIZ ANO NOVO PARA OS MEUS 
QUERIDOS LEITORES

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012





ADEUS ANO VELHO


Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixas contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoais também vós. Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição.  Triunfe em vossos corações a paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único corpo. E sede agradecidos. A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vos possais instruir e exortar mutuamente. [...]
Colossensses 3,12-21


A X É    ANO NOVO

A X É    para minha família

A X É    para os meus amigos

A X É    para os meus leitores

Não desejo AXÉ para inimigos, porque não os tenho!


Que o Grande Arquiteto do Universo

faça descer sobre o Estado Potiguar; a nossa cidade de Natal e todas as outras comunidades deste Rio Grande do Norte, as bençãos necessárias para que possamos atender às reivindicações do povo sofrido, mas esperançoso e bom desta terra abençoada.
Que os novos governantes tenham discernimento para a escolha das prioridades reclamadas e esqueçam as obras supérfluas, que nada beneficiam os cidadãos em suas necessidades básicas.
Eu estarei aqui, nesta modesta trincheira, lutando por dias melhores.

AAATTTÉÉÉ ......2 0 1 3 !!!!!!!!!!!!!!!!





domingo, 30 de dezembro de 2012

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POEMAS DO AMOR ETERNO


O teu riso

Pablo Neruda


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, 
mas não me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
 a lança que desfolhas, 
a água que de súbito 
brota da tua alegria, 
a repentina onda 
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso 
com os olhos cansados
às vezes por ver 
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso 
sobe ao céu a procurar-me 
e abre-me 
todas as portas da vida.

Meu amor, nos momentos 
mais escuros solta o teu riso 
e se de súbito vires 
que o meu sangue manchar 
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso 
será para as minhas mãos 
como uma espada fresca. 

À beira do mar, 
no outono, 
teu riso deve erguer sua cascata de espuma,
 e na primavera, amor, 
quero teu riso 
como a flor que esperava,
a flor azul, a rosa da minha pátria sonora. 

Ri-te da noite, 
do dia, da lua, 
ri-te das ruas 
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro 
rapaz que te ama,
mas quando abro 
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão, 
quando voltam meus passos, 
nega-me o pão, o ar, 
a luz, a primavera, 
mas nunca o teu riso, 
porque então morreria.

As sem-razões do amor

Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo, 
Não precisas ser amante,
 e nem sempre sabes sê-lo. 
Eu te amo porque te amo.
 Amor é estado de graça 
e com amor não se paga. 
Amor é dado de graça,
 é semeado no vento, 
na cachoeira, no eclipse.
 Amor foge a dicionários 
e a regulamentos vários.
 Eu te amo porque não amo
 bastante ou demais a mim. 
Porque amor não se troca,
 não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada, 
feliz e forte em si mesmo. 
Amor é primo da morte,
 e da morte vencedor, 
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



Amor

Vinicius de Moraes


Vamos brincar, amor? 
vamos jogar peteca 
 Vamos atrapalhar os outros, 
amor, vamos sair correndo 
 Vamos subir no elevador, 
vamos sofrer calmamente e sem precipitação? 
Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos 
 Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo 
 Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto 
Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos 
 Fingir que hoje é domingo, vamos ver 
O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão?  
Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée 
 Vamos roubar laranja, falar nome, 
vamos inventar Vamos criar beijo novo, carinho novo,
vamos visitar N. S. do Parto? 
 Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos 
Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol 
 Vamos, amor? Porque excessivamente grave é a vida.



"O Amor...

Cecília Meireles


É difícil para os indecisos. 
É assustador para os medrosos. 
Avassalador para os apaixonados!
 Mas, os vencedores no amor são os fortes. 
Os que sabem o que querem e querem o que têm! 
Sonhar um sonho a dois, 
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"



Arte de Amar

Manuel Bandeira


Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. 
A alma é que estraga o amor. 
Só em Deus ela pode encontrar satisfação
Não noutra alma. 
Só em Deus — ou fora do mundo. 
As almas são incomunicáveis. 

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. 

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.