Querida amiga e companheira Lúcia,
Há quase cinquenta anos, você
deixou sua cidade natal, Alagoinha, Paraíba e escolheu como destino nossa
cidade, com o objetivo de conseguir um emprego. Repito, com suas palavras:
“queria trabalhar”.
Aqui teve a sorte de ser
apresentada ao Rotary por Joaquim Alves Flor, homem de bem, rotariano de
talento, a quem você, conforme me falou, é eternamente grata.
Logo, conseguiu seu primeiro
trabalho, assumindo a função de secretária em uma Organização Internacional que
contava naquela época sessenta anos de fundação.
E o Rotary, por sua vez, teve
também a sorte de receber, em 1965, essa paraibana de apenas 21 anos, jovem
corajosa, determinada, guerreira, consciente de sua própria capacidade e convicta
de que poderia arcar com a responsabilidade requerida pela função que iria
exercer em uma Instituição, até então, por ela desconhecida.
Passo a passo, foi seguindo sua
trajetória, folha a folha, foi escrevendo sua história no Rotary, vencendo as
dificuldades, enfrentando os desafios, criando soluções, superando seus
próprios limites, adquirindo conhecimentos e desenvolvendo habilidades para
lidar com as diferentes situações e diferentes pessoas, e, assim, consolidando
sua permanência nessa Instituição. E o mais importante, seguiu cultivando
amizades, criou laços afetivos e fez grandes amigos, amigos para sempre.
Lúcia não se limitou a ser apenas
secretária cumprindo as tarefas e exigências requeridas pelos Clubes e
Distrito, relativas a essa função.
Ela foi tesoureira, cozinheira,
decoradora, arrumadeira, responsável pelas compras, telefonista, e tudo o mais
que fosse necessário. Era, também, guardiã das chaves da ASROCAN, tendo que
abri-la, muitas vezes, até nos finais de semana sempre que aquele espaço fosse
ser utilizado.
Foi um longo período, “tão cheio
e tão fértil que lhe fez esquecer a palavra estou cansada”, como dia um verso
de Cora Coralina. Não sabia dizer umj “não” e se desdobrava para atender a
todos e tudo fazer, da melhor forma possível, no tempo e na hora certa, por
amor e dedicação ao Rotary, seja nas plenárias dos Clubes, nas festivas e
eventos maiores como Seminários da Fundação Rotária e Instituto Rotary.
Somos testemunhas da atenção
muito especial que Lúcia sempre dedicou ao Interact, Rotaract e aos jovens do
Intercâmbio. Em síntese, a AROSCAN se tornara sua própria casa e continuação de
sua família.
Por tudo isso, Lúcia, torna-se
fácil perceber e entender por que foi tão difícil para você tomar a decisão de
encerrar sua jornada, custando-lhe, inclusive, noites insones, conforme me
declarou. Os motivos, disse, foram “estritamente pessoais”.
O Rotary estava com você para
sempre. Faz parte de sua história e como me falou, tudo o que você sabe
aprendeu no Rotary.
Nós, ainda não conseguimos
conceber o Rotary sem você e nos questionamos. E agora? Como será?
Suas pegadas e marcas jamais se
apagarão. Sua presença será sempre sentida como se estivesse fisicamente
pre3sente, na sede ou aqui, logo na entrada, sentada, cumprindo suas tarefas do
dia.
Acreditamos que você, nessa nova
fase de sua vida, se surpreenderá, muitas vezes, passando as folhas de sua
história em nossa Instituição e, em sua memória, reconstituirá os caminhos,
tantas vezes percorridos, os fatos e momentos vivenciados, muitos de alegria, alguns,
nem tanto, mas você soube superá-los com serenidade e altivez, não abandonando
o barco à deriva.
Temos certeza que tudo valeu a
pena e essa etapa de sua vida foi muito marcante e feliz.
Como fala o Papa Francisco em seu
discurso pronunciado em novembro: “ser feliz não é ter um céu sem tempestade,
uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem decepções...”
Cada um imagina a felicidade a
seu modo. Acreditamos que a sua felicidade é por em prática o “Dar de Si Antes
de Pensar em Si”. Foi o que sempre você fez. E continuará fazendo. Esse lema
continuará fazendo parte de sua história.
O mais relevante é que você sai
do Rotary de cabeça erguida, com a consciência tranquila do dever cumprido,
encerrando, assim, sua carreira com honra e louvor.
Agora, terá mais tempo para
dedicar a você mesma e a sua família e para participar do Rotary, como
rotariana, sem as responsabilidades assumidas anteriormente nas múltiplas
funções que você exerceu.
Na vida, tudo tem seu tempo.
Tempo de plantar. Tempo de colher. É chegada a hora de você colher o que semeou
ao longo de sua caminhada de quarenta e nove anos.
Nós lhe agradecemos de todo
coração, tudo o que você fez pelo Rotary e, particularmente, por nosso Clube.
Viva a sua nova fase de vida com
muita alegria. Seja muito feliz.
Receba de cada um de nós um
fraternal abraço e nosso aplauso.
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SELMA PORPINO – reunião do dia 8
de dezembro de 2015
Homenagem a LÚCIA DE FARIAS LUCENA