FINANÇAS
PÚBLICAS
Carlos Roberto de Miranda
Gomes, advogado
Nos meus quase 80 anos de existência, dispensado de
encargos obrigatórios, dei-me a passear pelos jornais, noticiários, leitura de
livros que o tempo não permitia fazer tão constantemente nos dias de atividade
profissional.
Nesse devaneio delicioso tenho a oportunidade de
encontrar coisas que me encantam e conduzem a tempos pretéritos, tanto de
assuntos amenos quanto daqueles mais importantes para o desempenho da vida.
Refiro-me, por simples exemplo, às crônicas diárias do
nosso Vicente Serejo no jornal AGORA, que hoje foi demais ao confessar a sua
atração por Diana Palmer, a companheira do Fantasma, de quem, com menor fervor,
também me tirou algumas noites de sono. Igualmente quando os assuntos são mais
severos, como o alvissareiro artigo de Ricart César Coelho dos Santos,
Procurador de Contas (TN), como foi a minha dedicação num passado recente.
A sua intenção foi despertar a necessidade de se estudar
finanças públicas, seja pelos governantes, dirigentes, estudiosos do Direito e
a própria população, haja vista o descortínio que dá para melhor compreender as
coisas no campo dos ganhos, dos gastos e do equilíbrio orçamentário.
Quando ingressei na UFRN fui destinado ao ensino de
Direito Financeiro e Direito Tributário, que então já possuíam expoentes da
docência nas pessoas do Ministro Romildo Gurgel e do grande advogado Edgard
Smith Filho, este pioneiro nas lides da Procuradoria de Contas do nosso TCE-RN.
No meu tempo de Faculdade de Direito a disciplina oferecida era Ciência das
Finanças.
Com o passar do tempo os substituí nas cátedras,
juntamente com o meu amigo-irmão Adilson Gurgel de Castro, com quem dividi
alguns trabalhos didáticos.
Sobre a matéria editei livros pertinentes, publicados em
edições sucessivas, por editoras locais, mas também pela Saraiva e pela
Brasília Jurídica, com grande aceitação.
Ao deixar as atividades funcional e docente, insisti por
alguns anos, no ensino em cursos sobre Gestão Pública e, indiretamente, influir
na elaboração dos currículos dos cursos de Direito para que as referidas
disciplinas fossem cada vez mais enfatizadas pela sua importância para o
cotidiano do processo de condução das atividades vitais dos Entes Públicos.
Esse desiderato o fiz até 2017, em caráter privado,
sempre com a entrega de instruções escritas, notadamente da Lei de
Responsabilidade Fiscal, que ainda considero um oásis na vida financeira do
País, dos Estados e Municípios, carecendo de alguns ajustes, antes que alguns legisladores
despreparados cavem a sua sepultura.
Hoje, por força da idade, parece que fiquei
desacreditado, pois neste nosso Brasil a experiência é um conflito com as
necessidades públicas, daí o meu entusiasmo pelo que disse o jovem Ricart, na
direção do mesmo discurso que custou mais de 40 anos de uma luta nas salas de
aula, mas que gerou, graças a Deus, muitos continuadores – alguns até Ministros
de Tribunais Superiores, o que nos dá a sensação do dever cumprido.
Mesmo afastado das discussões temáticas, continuo
estudando, atualizando o que aprendi e pronto para dialogar com quem tiver
interesse de aceitar a experiência de um vetusto professor de assuntos de
finanças públicas, sem interesse de remuneração.
Alegra-me muito que ainda existam estudiosos do Direito
preocupados com assuntos de tanta importância.