sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018






Ao Srº Diógenes da Cunha Lima


Venho por meio deste apresentar e solicitar ao Sr° Diógenes da Cunha Lima e aos acadêmicos da Academia Norte-rio-grandense de Letras a colaboração e parceria com o projeto Caminho da Leitura. O Projeto destina-se à população de Parnamirim, especialmente ao público infantil e jovem, e tem como principal foco o estímulo à leitura, através da facilitação ao acesso e a redução da distância entre o leitor e o livro. Apresentado de forma lúdica, a leitura será feita no próprio ônibus, que atenderá toda a comunidade local. O atendimento é gratuito. Somente em Parnamirim, são mais de 27 mil alunos na rede pública.
Os objetivos do projeto são promover a leitura através da ampliação das condições de acesso ao livro na cidade de Parnamirim; formar leitores e possibilitar a melhoria da qualidade de vida por meio do acesso à informação; despertar o desejo por novas leituras e diferentes gêneros literários; e possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia, da imaginação e da criação, entre os alunos.
Sendo assim, propomos aos senhores, a doação de um exemplares de suas obras literárias para fazer parte do acervo da biblioteca.
Certo de termos firmado grande parceria em prol da educação de nossa cidade, ficamos no aguardo de resposta positiva e agradecemos a atenção.

Parnamirim/RN, 05 de fevereiro de 2018.
Abidene Salustiano
Coordenador do Projeto
(84) 9.8843-2576



terça-feira, 6 de fevereiro de 2018



NO PAÍS EM QUE VIVEMOS 
PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO 


Presencia-se na cultura brasileira, arraigado nas entranhas da sociedade, um modo de pensar ou agir, ética e historicamente deturpado. Desta forma, evidenciam-se inúmeros esquemas de ilicitudes e ilegalidades, envolvendo administradores, políticos, homens e setores públicos. Isso emperra as reformas necessárias. Trata-se de uma força perversa, que atrasa a superação da crise econômica e impõe verdadeiro caos social. Em nosso artigo “A cultura da cleptocracia”, Padre Antônio Vieira foi lembrado no seu Sermão do Bom Ladrão. Pelo que se infere da prédica, a realidade é bem antiga e parece que pouco mudou, nesta Terra de Santa Cruz. Na opinião de sociólogos, há uma corrupção sistêmica e epidêmica. Já no século XVII, em tom profético, Vieira criticou os que se serviam do erário para se locupletarem indevidamente. Denunciou riquezas ilegítimas, gestões fraudulentas e a desigualdade de punições. Vale destacar a peroração de sua atualíssima homilia: “Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título [por vezes] são aqueles aos quais são confiados os governos”. 
Percebe-se que o furto, a apropriação indébita, o superfaturamento de obras, as comissões, propinas ou similares e a deterioração estão bem enraizados no Brasil, há tempos. Afirma-se que bilhões desviados da nação seriam suficientes para resolver muitos de nossos problemas mais graves. Em lugar disso, criaram-se novas situações, pois a corrupção sistematizada dilapidou nossa economia. Levar-se-ão anos para soerguê-la, afirmam os especialistas. “Evidências dispensam provas”, dizia o tribuno romano Marco Túlio Cícero. Por enquanto, apura-se – e não sem fortes protestos e críticas – a degradação em alguns setores. Não pasmem se ela jaz no ventre de outros órgãos. Fala-se dos fundos de pensão corroídos pela falta de escrúpulo. Empresas, outrora sólidas e estáveis, combalidas. Comenta-se que é preciso passar um pente fino em várias instituições estatais. Afinal, podem ter sofrido processos semelhantes àqueles que, de acordo com estudiosos e a mídia, abalaram nosso patrimônio. 
Como demonstrou Padre Vieira – com exceções – a malversação da coisa [res] pública já grassava em terras do Brasil. A diferença reside no fato de que ultimamente foi institucionalizada e convertida em “quadrilhas organizadas”, na expressão de um ex-senador amazonense. E este completa: “Os paladinos da moral e da ética institucionalizaram o processo da roubalheira e o alargaram, mascarando-o com o cinismo”. Diante das descobertas e denúncias, passou-se a adotar na vida pública a comezinha regra do futebol: “O ataque é a melhor defesa”. É o que se vê no Parlamento, onde as grandes questões nacionais ficam relegadas, dando espaço a acusações de parte a parte. Ninguém faz o “mea-culpa”. Tenta-se inocentar aliados, muitos afogados no lamaçal da desonra e da desonestidade, afrontando probos e justos. Há quem duvide dos fatos e dados, ache tudo tão natural e ouse afirmar: “roubam, mas fazem”. Grupos preconizam que denúncias e delações, prisões e sentenças fazem parte de uma estratégia de perseguição política ou jurídica. A história dirá. A Ética determina que o rigor das normas deva existir para todos, independentemente de ideologias, partidos, cargos ou funções. Apesar das bravatas, não dignifica ninguém isentar corruptos. “Cristo perdoa os pecadores arrependidos, mas não os contumazes e recalcitrantes”, pregava Santo Agostinho. Uma senhora perguntou-nos esta semana: “Padre, em quem confiar?”. O apóstolo Paulo, revelando sua fé no Senhor, responde: “Sei em quem acreditei” (2Tm 1, 12). 
Mas não se deve esquecer que, por outro lado, pessoas que criticam a classe política muitas vezes consideram normal desrespeitar o próximo, jogar lixo nas ruas, dar carteiradas, furar filas, subornar o guarda, desobedecer às regras de trânsito, invocar privilégios, desejar benesses, favores etc. A cada direito corresponde um dever. Infelizmente, em lugar de formar cidadãos, o sistema preocupa-se mais em incentivar consumidores para manter a roda econômica. Quem ignora o que realmente é cidadania, não tem consciência política e tampouco está apto a votar. Age por impulso, interesses pessoais, conveniências ou puros sentimentos, em detrimento da pátria e do bem comum. Repetia Dom Luciano Mendes de Almeida, quando arcebispo de Mariana (MG): “Uma sociedade despreparada ou deseducada não tem como forjar políticos honestos”.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A PRIMOROSA RESPOSTA DE EUGÊNIO


O compositor francês Georges Bizet deixou uma vasta e importante obra musical, mesmo tendo falecido precocemente aos 36 anos de idade. Sua curta existência nunca foi simples, se caracterizando por desapontamentos, falhas e acusações não muito veladas. Os triunfos na França não faltam, mas não como teria merecido esse músico tão desafortunado. E isso ocorreu no caso da sua “Les pêcheurs de perles”, ópera de três atos cuja estreia se deu a 30/09/1863, no Théâtre Lyrique de Paris. Seu relativo sucesso, dessa que é tida hoje como a primeira obra-prima do compositor, não evitou a crítica mais intransigente. Foi completada em apenas 10 semanas, durante o verão de 1863, quando Bizet ainda tinha 25 anos de idade. O curto espaço de tempo na feitura não deve enganar. O drama é muito ambicioso e seus aspectos exóticos não eram uma aposta simples. A inspiração veio claramente de "La vestale" de Spontini e da "Norma" de Bellini, um tema oriental que provocou a mente do músico francês. O enredo se situa na antiguidade, na ilha do Ceilão, e conta a história de como o voto de amizade eterna, firmado entre dois pescadores de pérolas, Nadir e Zurga, é ameaçado, quando se apaixonam pela mesma mulher, a casta sacerdotisa Leila, cujo próprio dilema é o conflito entre o amor secular e seu juramento sagrado.
A música da obra é cheia de colorido e expressão, todavia não é muito conhecida do público. O início é, como acontece na “Carmen”, bem calmo e meditativo, mas passa depois para exames de consciência, remorços e acusações. Um mérito que certamente deve ser reconhecido ao compositor é ter redimensionado as cenas mais pesadas, para tornar sua música dramática, mas ao mesmo tempo esbelta. A ária "Je crois entender encore", cantada ao final do primeiro ato, é tida como uma das mais lindamente sedutoras em toda a ópera francesa, e uma das mais sublimes que já foram escritas. Não poderia deixar de existir, também, uma versão em italiano (“Mi par d'udire ancora”), tantas das vozes magníficas do século passado que interpretaram e gravaram inúmeras árias e canções naquela língua. Há ainda, para essa ária, uma gravação em russo e outra em alemão.
Aqui no Brasil resolveram , nos primeiros anos da década de 50, fazer uma versão popular para a ária do Bizet. Renato Cesar fez o arranjo, em andamento de bolero, e a letra ficou a cargo de Othon Russo. A interpretação coube à famosa cantora Ângela Maria, a “Sapoti”, e a gravação, pela Copacabana, em vinil de 78 rpm, foi lançada em agosto de 1953. Depois foi reproduzida, em 1955, no primeiro LP da série “Sucessos de Ângela Maria”.
Compartilho, como vídeo principal desta postagem, a interpretação da bela ária no idioma francês, original da ópera, pelo extraordinário tenor espanhol Plácido Domingo, e no primeiro comentário deixo o vídeo com a versão em italiano, com o renomado tenor italiano Enrico Caruso, que é considerado, inclusive pelo ilustre Luciano Pavarotti, o maior intérprete da música erudita de todos os tempos. E ainda acrescento outro vídeo, com a versão popular pela Ângela Maria. E como complemento seguem as letras nos dois idiomas em que é cantada a ária, uma tradução livre baseada na versão francesa original, e ainda a letra da versão brasileira.
JE CROIS ENTENDRE ENCORE
(versão em francês)
Je crois entendre encore,
Caché sous les palmiers,
Sa voix tendre et sonore
Comme un chant de ramiers!
Ô nuit enchanteresse!
Divin ravissement!
Ô souvenir charmant!
Folle ivresse, doux rêve!
Aux clartés des étoiles,
Je crois encor la voir,
Entr’ouvrir ses longs voiles
Aux vents tièdes du soir!
Ô nuit enchanteresse!
Divin ravissement!
Ô souvenir charmant!
Folle ivresse, doux rêve!
Charmant souvenir!
Charmant souvenir!
MI PAR D’UDIRE ANCORA
(versão em italiano)
Mi par d'udire ancora,
O scosa in mezzo ai fior,
La voce sua talora,
Sospirare l'amor!
O notte di carezze,
Gioir che non ha fin,
O souvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno,
Sogno d'amor!
Dalle stelle del cielo,
Altro menar che da lei,
La veggio d'ogni velo,
Prender li per le ser!
O notte di carezze!
Gioir che non ha fin!
O souvenir divin!
Folli ebbrezze del sogno,
Sogno d'amor!
Divin souvenir,
Divin souvenir!
EU CREIO AINDA OUVIR
(tradução pela versão em francês)
Eu creio ainda ouvir
Oculta sob as palmeiras
A sua voz terna e sonora
Como um canto de pombos
Oh, feiticeira da noite
Divino arrebatamento
Oh, lembrança encantadora
Êxtase louco, doce sonho!
Ao brilho das estrelas
Eu creio ainda vê-la
Entreabertos seus longos véus
À brisa morna da noite.
Oh, feiticeira da noite
Divino arrebatamento
Oh, lembrança encantadora
Êxtase louco, doce sonho!
Encantadora lembrança!
Encantadora lembrança!
É ILUSÃO
Renato Cesar e Oton Russo
Não, não posso mais
Viver assim sem seu amor
Porque você não vem
Amenizar a minha dor?
O amor é tão divino
Porém você
Não me soube amar
É ilusão você me diz
O amor só é sublime
Para quem sabe amar
O amor só é sublime
Para quem sabe amar

"Plácido Domingo, "the greatest operatic artist of modern…
youtube.com

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Esta gravação é do tenor, contemporâneo a Caruso (Beniamino Gigle)

Enviei uma mensagem ao meu amigo de colégio Eugenio Bezerra Cavalcanti Filho e estou aguardando um comentário pertinente ao assunto que agora dou publicidade.


"Meu Caro Eugênio, apesar da minha labuta dedicada às lides jurídicas, nunca deixei de acompanhar a música, que foi o meu primeiro porto. Você deve saber que fui cantor da Poti e minha curta vida artística começou nas sessões recreativas do Instituto Batista com a Professora Isabel, creio, ou sua irmã, parece que chamada Margarida. Estudei na Escola de Música e tive o sonho de ser cantor lírico. Por isso ouvi muita música clássica e o repertório das operetas e canções napolitanas de Carlo Buti. Ouvindo Caruso, descobri a canção I PESCATORI DI PERLE - Mi par d' udire ancora (Bizet). Pelos idos de 1954 conheci Angela Maria e ela cantava uma música denominada "É Ilusão", versão brasileira de Othon Russo / Renato César.

Como você é especialista, gostaria dos seus comentários sobre este particular assunto, geralmente esquecido pela mídia. Um abraço de Carlos Gomes".

É ilusão (gravação de Ângela Maria)

DOMINGO É PARA POETAR



Poema : SAUDADE
Autor: Antônio Pereira
Paraibano de Livramento
Profissão : Carpinteiro
Grau de escolaridade: Analfabeto

SAUDADE



Saudade é um parafuso
Que quando na rosca cai
Só entra se for torcendo
Porque batendo não vai

Se quiser plantar SAUDADE
Escalde bem a semente
Plante em ligar bem seco
Onde o sol é bem quente
Pois se plantar no molhado mata gente

SAUDADE mata é verdade
Mas dessa morte me esquivo
Como morrer de SAUDADE
Se é de SAUDADE que eu vivo.
_________________
Colaboração de Berilo de Castro