OUTRAS
CARTAS DE COTOVELO – 09, 24/janeiro/2017
Por:
Carlos Roberto de Miranda Gomes, veranista e escritor
Em
rápida passagem por Natal onde compareci para a despedida do meu estimado amigo
e confrade DORIAN GRAY CALDAS, ao chegar em casa encontrei uma encomenda num
envelopes A-4 amarelo, com algum volume em seu interior e com a inscrição do
remetente, mas sem deixar endereço algum: ROSALVO SERRANO (Carlos Rosalvo de
Oliveira Serrano), velho amigo da Rua Meira e Sá (Barro Vermelho), onde
residiam Seu Carlos e Dona Lila, personagens da geografia sentimental daquela
bairro e também antigo veranista de Cotovelo, onde certamente contemplou o mar,
respirou a brisa e gozou da paz, que nela dominam.
Na medida em que ansiosamente
mergulhava no interior da encomenda, fui me deparando com outros envelopes da
mesma cor, em menor tamanho, dentro dos quais me presenteia com lembranças
recônditas da minha juventude.
No primeiro – uma bela narrativa
da amiga Auricéia Antunes de Lima sobre az Terra de Mártires, trabalho do meu
maior interesse na condição de temática que venho desenvolvendo e publicado nas
Revistas da ANRL e IHGRN e envolvimento de ancestrais da minha mãe descendente
dos Albuquerque Maranhão.
O segundo encontro registros
marcantes da vida do meu querido amigo, acompanhado de uma crônica de Antônio
Bezerra Júnior sobre a sua abnegação pelas causas sociais, das quais sou
testemunha eis que pelas suas mãos e de outro amigo em comum Marcus Guedes,
recebi um dossiê denunciando um ente internacional incentivando desestabilizar
o nosso Banco do Brasil, ao tempo em que presidia a OAB-RN e juntos,
articulamos com o Conselho Federal e Senado da República e logramos abortar o
golpe.
Entre recortes de jornais
antigos, correspondência epistolar, reproduções reprográfica de documentos -
estavam quatro folhas soltas – todas elas envolvendo devaneios sentimentais:
texto da Serenata do Pescador (Praieira de Otoniel Menezes e Eduardo Medeiros);
mensagem de sabedoria do Escolástico Santo Agostinho; My Way (Meu caminho),
música imortalizada por Frank Sinatra e um Conto de Natal, de sua autoria, belo
e comovente. Revivi e contemplei momentos lúdicos.
Mas a história não ficou por aí,
eis que em outro invólucro estava um CD (Recordar é Viver), resultado nas
serestas realizadas na AABB ao longo do tempo – umas ao vivo, outros com
gravações de renomados cancioneiros: Dick Farney, Orlando Silva, Joanna,
Francisco Perônio, Elba Ramalho, Carlos Garlhado, Gregório Barrios, Vic Damone,
OQuendo e os potiguares Trio Irakitan, Trio Inajá, Gorinha (divina) Oliveira e
o próprio Rosalvo. Confesso que revivi as noites de encantamento ouvindo a
verdadeira música que aprendi a amar desde que cheguei a Natal, pelos idos de
1948, ouvindo o rádio e acompanhando os seresteiros, com os quais me engajei
até meados dos anos 50 quando decidi trilhar outros caminhos, sem jamais
excluir a música da minha vida.
Nada de mágoas ou tristezas,
apenas saudades de um tempo de pardais no verde dos quintais.
Um grande abraço fraterno ao
velho amigo, de Carlos Gomes.