sábado, 6 de dezembro de 2014

UM PAÍS EM ESTADO DE CHOQUE

TOMISLAV R. FEMENICK – Contador, Mestre em Economia e Membro do IHGRN.
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Alguns livros são essenciais para se compreender o nosso país. Entre eles estão “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, “Raízes do Brasil”, de Sergio Buarque de Holanda, “História Econômica do Brasil”, do Roberto Simonsen e “Os Donos do Poder”, de Raymundo Faoro. O momento atual de nossa história, os últimos acontecimentos políticos e econômicos (e por que não policiais) nos remetem a uma releitura deste último. Em “Os Donos do Poder”, o grande jurista Raymundo Faoro expõe de maneira crua e desnuda a origem de nossas mazelas comportamentais, dizendo que a nossa cultura, que não distingue os limites entre os bens públicos e os bens dos governantes, é uma maneira de proceder herdada dos colonizadores ibéricos. A mesma coisa acontece em quase toda a América de colonização espanhola, ao contrário de alguns países de colonização anglo-saxônica; Estados Unidos e Canadá. O patrimonialismo – a falta de limite entre os bens públicos e privados dos governantes – permeia toda a nossa história. Ainda hoje a grande maioria dos nossos dirigentes chega ao poder querendo “se dar bem”, fazer um grande pé de meia onde caiba uma fortuna que garanta a sua existência e de seus parentes e aderente, pelo resto da vida. Para isso não há escrúpulo moral e fazem tudo o que for possível. Não importa o cargo que ocupem; se eleitos ou nomeados. Prefeitos de cidades pequenas, certos altos dignitários da hierarquia federal, dirigentes de autarquias, de empresas estatais e até fiscais de obras, de trânsito etc. agem despreocupadamente, como se apenas estivesses cumprindo sua missão. O resultado é devastador. A banalização do delito tem um efeito multiplicador e se espalha por todos os recantos e por todas as áreas, inclusive nas empresas privadas. Se antes os agentes privados eram extorquidos, passaram a serem corruptores, num conluio digno da máfia italiana. Os exemplos são muitos. A Petrobras, os Correios, o Bando do Brasil, a Eletrobrás são apenas os modelos maiores, pois os há nos estados e nos municípios. Por mais incrível que pareça, o lado mais revelador do patrimonialismo aparece quando ele vem envolto em uma aparente legalidade. Para isso são criadas leis, decretos, regulamentos e normas que teriam por objetivo coibir comportamentos erráticos e desvios de conduta. Coitados de nós brasileiros, caímos em uma armadilha bem pensada, estudada e estruturada. Criam-se dificuldades para se vender facilidades; vender a preço régio. Chagamos, estão, a um outro estágio: o Estado burocrático. São tantas as exigências legais que ninguém sabe quantas e ninguém sabe o que se exige das empresas e de nós míseros cidadãos comuns. A consequência é um país engessado, paralisado. Nada anda sem um atestado, sem um alvará, sem um “nada consta”, sem um carimbo e sem uma firma reconhecida. E para se obter esses documentos tem-se que recorrer aos órgãos públicos, aonde os funcionários de cargo subalternos se vêm atormentados pelo fantasma de serem culpados pela não observância de algum texto legal obscuro e de interpretação dúbia. Resultado: a máquina para. Os atestados, os alvarás, os “nada consta” e os carimbos ficam guardados em alguma gaveta de alguma mesa de alguma repartição pública. Enquanto isso, a economia do país vai para o UTI. E para a economia este estado de coisa tem um custo enorme. O custo das propinas “não contabilizadas”, o custo da paralisação dos negócios, o custo da falta de investimento, o custo da não criação de novos empregos. Para desviar a atenção do povo, segue-se a receita da Roma Antiga: pão e circo. Distribui-se Bolsa Família e exuma-se o cadáver de um ex-presidente, a procura de um veneno que não se tem como encontrar.

Uma imagem do Iraque.






Uma foto e uma realidade exemplar!

Esta história deveria aparecer nas manchetes dos jornais de todo mundo... 

                                                         1.855828307@web161425.mail.bf1.yahoo.com
                   
Esta é uma história de guerra, porém toca-nos o coração...
 A esposa do sargento-enfermeiro John Gebhardt, diz que toda a família desta criança foi executada. Os assassinos pretendiam também executá-la, a atingiram na cabeça...mas não conseguiram matá-la.
Ela foi tratada no Hospital de John, está se recuperando, mas ainda chora e geme muito. As enfermeiras dizem que John é o único que consegue acalmá-la. Assim, John passou as últimas quatro noites segurando-a ao colo na cadeira, enquanto os dois dormiam. A menina tem se recuperado lentamente.
Eles se tornaram verdadeiras "estrelas" da guerra.
John representa o que todo o mundo gostaria de fazer.
Isto, meus amigos, vale a pena partilhar com o mundo inteiro.
Vocês nunca vêem notícias destas na TV ou nos jornais.
Os jornais agora só passam ações de marginais, crimes, corrupção, homossexualismo, guerras e matérias quem a grande maioria prefere não ver.  Parece até um orquestrado movimento de apologia a mudança e agressões morais. Os conceitos que criaram e estimularam a ordem, a família e a moral vem aos poucos sendo combatidos e agredidos até que sejam denominados como errados e ultrapassados.
Se achar legal como eu achei, divulgue.
Acredito que todos precisamos ver que (também) existem estas realidades... que pessoas como John fazem a diferença por mais dura que seja sua profissão.
A existência do mal é apenas a ausência do bem, esteja onde estiver!  




"Se alguém lhe fechar a porta, não gaste energia com o confronto, procure as janelas.
Lembre-se da sabedoria da água: a água nunca discute com seus obstáculos, mas os contorna."

(colaboração recebida do escritor Cláudio Galvão)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Prancha do estudo do Machadão para se adaptar às exigências da FIFA, 2008, de autoria do Arquiteto Moacyr Gomes da Costa.
Este assunto faz parte do livro "O Menino do Poema de Concreto", que será lançado no próximo dia 10 no Largo Vicente Lemos, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Uma economia policial



Uma economia policial
Tomislav R. Femenick – Contador, Mestre em economia e Historiador.


Nas ciências econômicas há duas categorias, dois segmentos de estudos, que, embora com nomes e bases parecidos, são diferentes em natureza e objetivo. Essas categorias são: “economia política” e “política econômica”. O primeiro diz respeito à estrutura, a forma como os pensadores econômicos formulam suas ideias. O segundo se relaciona com a maneira como o governo se posiciona nas áreas fiscal (contas públicas), tributárias (impostos, taxas etc.), cambial, moeda, por exemplo.
Os estudos sobre economia política remontam há trezentos anos antes de Cristo, quando Aristóteles fez as primeiras observações teóricas que ligam a economia à política. Em 1615 essa linha de pensamento foi continuada por Antoine de Montchrétien (um soldado, dramaturgo, aventureiro e economista francês), em seu “Tratado de economia política”. Posteriormente o assunto foi retomado por economistas de peso, tais como Adam Smith, David Ricardo, Marx, Engels e muitos outros teóricos. As diferentes abordagens desses pensadores estão nas suas interpretações sobre o papel do governo com relação à produção, à renda, ao consumo, à proteção aos produtos nacionais, ao ganho dos trabalhadores etc.
            Atualmente a “economia política” se apoia em várias disciplinas – a própria economia, o direito, a sociologia, a matemática e as ciências políticas –, para evidenciar o conjunto de fatores e eventos que são agentes das atividades econômicas, bem como interpretar seus reflexos na produção e nas condições do bem-estar da sociedade.
            Voltando à “política econômica”, hoje ela equivale ao planejamento do desenvolvimento nacional, bem como as ações dos agentes públicos, via ministérios, agência regulatórias, banco central, bancos estatais, empresas públicas ou de economia mistas e outros órgãos.
            Não sendo propriamente uma jabuticaba, isso é, uma invenção exclusivamente brasileira, e nem uma novidade, uma outra categorias está prestes a se institucionalizar no país. Trata-se da “economia policial”. Não é jabuticaba porque também é praticada em outros países. No passado próximo um príncipe consorte, um genro de um rei europeu, um ex-presidente francês e, mais recentemente, um ex-primeiro ministro português se envolveram em negócios escusos; foram escândalos noticiados e as justiças desses países foram à caça dos infratores.
            Por aqui, em nossa pátria amada Brasil, a história registra fatos dessa espécie desde o descobrimento. Pero Vaz de Caminha, em sua carta ao Rei de Portugal comunicando o achado da nova terra, já pedia favores para um genro. No tempo da colônia, João Fernandes, nomeado contratador para as regiões diamantinas das Gerais, acumulou uma fortuna tão imensa quanto inexplicável. No império, na primeira República, nos governos Vargas sempre houve “mar de lama”. Portanto, não há novidade alguma em os governantes acharem que os bens públicos são bens particulares seu. Como dizia Chico Buarque, o outrora menestrel de bem, parece até que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”.
            Então por que nos admirarmos com os escândalos políticos, econômicos e policiais como o mensalão mineiro, o mensalão do governo Lula e o petrolão do governo Dilma? Há vários motivos. Primeiro pelo volume e pela forma institucionalizada, pensada e organizada como se deram esses desvios dos recursos do Banco do Brasil, dos Correios, dos fundos de pensão, da Petrobras e de outras instituições públicas. E depois pela desfaçatez, pela forma descara, com que alguns representantes do executivo, do legislativo e até da justiça tentam justificar o injustificável. Cada centavo ou real desviado para o bolso dos larápios representa menos recursos para a saúde, educação e a segurança pública. Representa menos qualidade de vida para nós, os brasileiros comuns.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


      Públio José – jornalista
 
                        Uma das maiores dúvidas do homem está relacionada ao seu contato com Deus e a incerteza de ser ouvido. Essa questão está ligada a duas realidades: a primeira é que ninguém tem a capacidade de visualizar Deus, de vê-lo fisicamente como se vê as demais pessoas; a segunda é que ninguém ouve a Deus do ponto de vista físico, como se ouve o trinar de um passarinho ou o bate-boca de dois adversários. Para quem nunca o fez, ouvir a Deus, na verdade, é atividade de demasiada complexidade e que habita um terreno intrincado – o terreno da fé. Entretanto, embora pouco relacionada entre as dificuldades que compõem o dia-a-dia atual, a incerteza de que se é ouvido ou não por Deus é uma das piores calamidades de hoje. O fato de um governante não ouvir os reclamos de um segmento já gera um desconforto e uma incômoda sensação de rejeição, quanto mais o fato de não ser ouvido pelo Pai Eterno.
                        Assim, o fato de não ver Deus e concluir que não é ouvido por Ele – em razão de não escutar claramente a sua voz – tem levado muitas pessoas a abdicar totalmente de um contato com Sua Pessoa e, em consequência, adentrar perigosamente no terreno da descrença e da incredulidade.  Pois a pior sensação experimentada pelo ser humano, no encaminhamento de seus problemas existenciais, é quando cessam suas tentativas, suas buscas para a solução que almeja, e sua mente é invadida pelo vazio, pelo sentimento de que nada mais resta a fazer. A não ser se defrontar com o fruto cruel e amargo da impotência e da insustentabilidade. É também o tempo de se abraçar com a conclusão e a certeza de não se ter mais a quem recorrer. E agora? Do interior, angustiado, parte o grito, o clamor: “Por que ninguém me ouve? Por que ninguém me socorre; qual a razão para tamanho menosprezo?”.
                       Imaginemos, por exemplo, a situação de um suicida. Por que o atentado à própria vida? Com certeza, pelo sentimento de que o momento de continuar a luta chegou ao fim, exauriu-se a força para permanecer na peleja. E, se nas pessoas que vivem essa dolorosa experiência, se aconchegar uma certeza de que alguém lhe ouve, de que alguém muito poderoso está disposto a lhe escutar? Certamente as atitudes serão outras, não é verdade? Mas, afinal de contas, Deus nos ouve ou não? Se nos ouve, como é a Sua voz? Grave, aguda, alta, baixa, calma, tonitruante, acariciadora, intimista, impositora ou audível, simplesmente? E, se não nos ouve, qual o tom do seu silêncio? Duro, seco, ausente ou tão somente o ronronar do nada? Muitas pessoas há no mundo dando testemunho de que ouviram a voz de Deus. E ficaram maravilhadas. Dizem até que tal experiência modificou totalmente as suas vidas.
                        E o que fizeram de tão especial para ouvir a voz de Deus? Creram. Simplesmente creram. Personalidades bíblicas do porte de Davi também testemunharam ter ouvido a voz de Deus. No salmo 40, versículo 1, por exemplo, Davi assegura: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro”. Também no salmo 54, versículo 17: “À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei; e Ele ouvirá a minha voz”. E ainda como escreveu no salmo 120, versículo 1: “Na minha angústia, clamo ao Senhor, e Ele me ouve”. O profeta Daniel também viveu essa certeza, como está escrito no livro que leva seu nome, capitulo 10, versículo 12: “Não temas, Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa das tuas palavras, é que eu vim”.
                        Vários escritores bíblicos asseguram, além do mais, que o próprio Jesus Cristo, como homem, como carne, também suportou todos os seus sofrimentos por conta da certeza de que Deus lhe ouvia. Essa convicção, para nós salvadora, está bem registrada em João, capítulo 17, versículo 1 ao 26, na célebre oração sacerdotal quando agradeceu a Deus que, “dos que me deste, protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição”, se referindo a Judas. Também no livro de João, capítulo 11, versículo 41, na conhecida passagem da ressurreição de Lázaro, Jesus agradece de público a Deus o fato de ser ouvido: “E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste”. Assim, com fé, está na hora de passarmos a ter, em Deus, um conselheiro e confidente especial. Afinal, como nos assegura Davi, “se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá”. Beleza, não?
 
 
 

domingo, 30 de novembro de 2014

POESIAS, POEMAS E POETAS




O POETA A CAVALO



                               Juan Ramón Jiménez

                               (Trad. de José Bento)



Que quietude violeta,

pelo carreiro, de tarde!

A cavalo vai o poeta...

Que quietude violeta!



A doce brisa do rio,

rescendente a junco e água,

refresca-lhe o senhorio...

A brisa leve do rio...



A cavalo vai o poeta...

Que quietude violeta!



E o coração se lhe perde,

dolorido e perfumado,

entre a madressilva verde...

e o coração se lhe perde...



A cavalo vai o poeta...

Que quietude violeta!



A margem está a dourar-se...

O último pensamento

do sol a deixa a sonhar...

A margem está a dourar-se...



Que tranquilidade violeta,

pelo carreiro, de tarde!

A cavalo vai o poeta...

Que quietude violeta!



Fogo Morto

Ciro José Tavares

            “ Alors Il se soulève, ouvre son aile au vent
            Et se frappant le Coeur avec un cri sauvage,
            Il pousse dans la nuit un si fúnebre adieu.” *
            Alfred De Musset,        La Muse

            A despedida na porta que pendia sem prumo
            quase arrancando do portal as dobradiças,
            tempo escrito nas longas rachaduras verticais,
            pó e folhas secas esquecidos dos ventos na soleira.
            Dentro o odor da umidade apodrecida
            liberto de telhas e paredes sufocava,
             nos quartos, há muito não visitados pela luz
            estendia-se o soturno das visões de Dickens.
            Na varanda posterior, centro das reuniões familiares,
            as vozes de padrinho Ângelo e de tia Sinhá
            pareciam fluir suspensas nas lembranças.
            Também o burburinho das mucamas na cozinha,
            ruído da moenda triturando a cana,
            cheiro inconfundível do melaço e da cachaça,
            durante plenilúnios saudosas canções dos violeiros,
            Alba derramando prata no canavial. 
            Agora não restam sequer cinzas do fogão e candeeiros,
            parte da chaminé fraturada pelo meio,
            terreno arrasado do carnaubal.
            O crepúsculo que queimava tardes no horizonte,
            noite impiedosa apagou a chama.

*  “Ergue-se, então, asas abertas ao vento
O grito selvagem que parte do coração, estende na noite seu fúnebre adeus”.
 


À SERRA NEGRA DO NORTE

Entre montanhas, plantada,
Minha cidade nasceu
E a natureza lhe deu
Aos que as outras negara
Dou-lhe belezas raras,
Que em noite de invernada,
Fez suas praças beijada,
Pelas águas do Espinharas.

Capitão Manoel Monteiro,
Teu primeiro fundador,
Nessas paragens aportou,
Há mais dois séculos passados.
Senhor de escravo, abastado,
Hasteou sua bandeira,
Fez nascer nesta ribeira,
Rica fazenda de gado.

Aqui, em épocas remotas,
Sobre a margem deste rio,
Mandava o tigre bravio,
A mata virgem, o serrado,
Grotões e mato fechado,
Perdido na imensidade,
Antes de cerco cidade,
Fostes fazenda de gado.

Mas, o velho capitão,
Homem culto e fervoroso,
Português, religioso,
Erigiu uma capela.
Uma das mais rica, e bela,
Da zona do Seridó,
Nossa Senhora do Ó,
Foi a padroeira dela.

De capela, hoje Matriz,
Pelos teus filhos zelada,
Ó minha terra adorada,
Em ti quero a minha morte,
Linda cidade serrana,
Ó rainha sertaneja,
Tu tens a mais bela Igreja,
Do Rio Grande do Norte.

 Ramiro Monteiro Dantas, Fazenda Saudade/Serra Negra do Norte.