SOMOS
TODOS CROATAS. SOMOS TODOS FRANCESES. SOMOS TODOS CAMPEÕES.
Geniberto Paiva Campos – do
Coletivo Lampião – Brasília 12 de julho, 2018
O Futebol assume o seu lugar
de esporte universal.
E propicia lições
aparentemente singelas, mas de profundo alcance, de integração de todos os
povos, de todas as etnias, de todas as crenças, de todos os quadrantes.
O Campeonato Mundial de
Futebol de 2018, organizado pela Rússia, que chega ao seu final no próximo
domingo, 15 de julho, talvez venha a representar um marco significativo, não
apenas na evolução da prática do esporte, suas táticas e suas regras, da
introdução provavelmente definitiva da Tecnologia na decisão dos juízes. Vai
mais além.
Mesmo para o observador não
muito atento ao entorno do esporte, vão se tornando cada vez mais claras as
consequências da Globalização. Para muitos, algo restrito à área da Economia.
Ou, vá lá, da Geopolítica. Chegou a hora e a vez do Futebol.
Ao que mostra o desenrolar e o
desfecho da Copa do Mundo de 2018, o futebol não é mais uma competição restrita
à Europa Ocidental e à América do Sul. Onde os outros países eram meros
figurantes. Quase obrigatórios.
Alguma coisa mudou. E o
processo de Globalização ocupa o seu lugar nessa mudança.
O surgimento dos centros
importadores de craques da pelota provocou um intenso intercâmbio entre os mais
diversos países. No caso do Futebol o mundo globalizado tornou-se ainda menor.
Mais restrito.
E o Mercado, ávido de
talentos, passou a adquiri-los em seu nascedouro, com a aquisição precoce de
jogadores adolescentes, ainda em formação. Futuros craques, com certeza.
Como resultado, o Futebol
firma-se, cada vez mais, como paixão incontida. Estádios cheios, torcidas
vibrantes. Retorno financeiro. Um espetáculo
para todas as idades, todas a gerações. Todos as gentes, todos os povos. Perfeita
integração entre jogadores e torcida.
A cada quatro anos organiza-se
a competição mundial. Na bolsa de apostas, os favoritos eram, sempre, os
campeões de outrora: europeus e latino-americanos. Isso, agora, mudou. O Futebol
paixão nacional ganhou o mundo. E continuou paixão. E guardou a sua pureza.
Quase ingênua, em sua aparência.
A Copa da Rússia está
comprovando algo que, há tempos, se suspeitava: o futebol agrega, o futebol
une. O futebol quebra barreiras e preconceitos.
Tentativas de “politizar” o nobre esporte bretão não conseguiram,
ainda, atingir os seus objetivos. Claro, o esporte, como toda atividade humana,
tem o seu viés político.
Mas não exatamente da forma como
alguns imaginam.
Voltando à Copa da Rússia: a
maioria dos países participantes se apresentou com “times mistos”, em sua composição étnica. Negros, brancos, amarelos,
árabes, judeus.
Todas as etnias estão ali
representadas, irmanadas, cobertas pelas cores da camisa, pelo hino, pela
bandeira. Pela incontida euforia na comemoração de belas jogadas e vitórias.
E, finalmente, tiraram dos
juízes a última e decisiva palavra sobe lances duvidosos. Eles aprendem a
voltar atrás das suas decisões equivocadas. (Ah, que belo exemplo nos trouxe a
tecnologia...).
Não importa quem seja, com
justiça, o campeão da Copa de 2018. O grande vencedor foi o Futebol e, por
tabela, o processo civilizatório.
O Futebol vai aos poucos
deixando de ser “a pátria de chuteiras”.
É um jogo. Uma competição saudável e leal, ganha quem souber jogar melhor.
Cujos técnicos saibam dispor de forma mais eficiente os seus craques em campo.
Por alguma razão, lembrei-me
da crônica, quase cinquentenária, do poeta Drummond, sobre Leila Diniz, a moça
brasileira que “sem discurso nem requerimento soltou as mulheres (...) presas
ao tronco de uma especial escravidão”.
Que o Futebol, sem discurso nem requerimento, cumpra o
seu papel de integração, na construção permanente de um mundo cada vez mais solidário,
humano, sem preconceitos e livre.