POESIA NA PANDEMIA -
DOIS POETAS EM DIÁLOGO POÉTICO-FRATERNAL:
HAVANA: FELIX CONTRERAS
NATAL: HORÁCIO PAIVA
FELIX CONTRERAS
Havana, Cuba
Pandemia
Es como la araña
callada
no tiene patas
se arrastra y come
lágrimas y amor
que acomoda
en un ataud.
Pandemia
É como a aranha
calada
não tem patas
se arrasta e come
lágrimas e amor
que acomoda
num ataúde
Lúdico
Desde mi torre azul te procuro en las nubes
y el viento que sopla en el mar.
Horácio Paiva
Sombrero de papel
(sobrante del carnaval)
Pistolas a lo John Wayne
(memoria de la infancia)
Botas (las de cortar caña)
El Palo de escoba
(brioso corcel)
Caminar de medio lao
(de tipo guaposo)
Pañuelo a lo Tom Mix
(el nasobuco)
Y, todo, carajo,
para asaltar esa diligencia
Que no acaba de pasar.
Lúdico
De minha torre azul te procuro nas nuvens
e no vento que sopra no mar.
Horácio Paiva
Chapéu de papelão
(que sobrou do carnaval)
Pistolas a John Waine
(lembrança da infância)
Botas (de cortador de cana)
Um cabo de vassoura
(brioso corcel)
Caminhar cauteloso
(charmoso e decidido)
Lenço de Tom Mix
(como máscara)
E tudo isto, caralho,
para assaltar essa diligência
que não para de passar!
El sublime encanto de soñar
Cuánto diera por tenerte
aún en este ámbito corporal
en que besarte sea
numerosas veces
mirándote levantar tu blusa cuando
la soledad deja de flotar en el aire.
O sublime encanto de sonhar
Daria tudo para ainda te possuir
no domínio do corpo
em que beijar-te possa
milhares de vezes
vendo-te levantar a blusa enquanto
não mais flutua no ar a solidão.
Nasobuco
Adoro los disfraces
pero no perdono al nasobuco
ocultar tu rostro en momentos
como este.
Máscara
Adoro os disfarces
mas não perdoo à máscara
ocultar teu rosto
em momentos como este.
Fiesta
En realidad
el rostro de Michelle
hecho también para el aplauso
es ahora un disparate
oculto en el nasobuco
pero cuando desemboque
de nuevo en la poesía
todo será una fiesta.
Festa
Na realidade
o rosto de Michelle
feito também para o aplauso
é agora um absurdo
oculto sob a máscara
mas quando de novo
tudo será uma festa
(Traducão Horacio Paiva)
H0RACIO PAIVA
Natal, Brasil
(A) Temporal
no dia a dia
da pandemia
assomam horas
vazias
na quarentena
uma centena
tudo se aquieta
nada porfia
e o poema
na verdade
é um brado frio
à liberdade
(A) Temporal
en el día a día
de la pandemia
asoman horas
vacías
en la cuarentena
una centena
todo se aquieta
nada porfía
y el poema
en verdad
es un grito frio
a la libertad
A hora rasa
Não há mais onde abrigar-se
o quarto é um símbolo mudo
e a calmaria
sinal de perigo
os odres estão vazios
e muita cautela é preciso ao pisar
as nuvens de silêncios inflamáveis
outrora havia rumor de tambores
que anunciavam a chuva
mas os ventiladores pararam
o quarto está despido
sem sombras e sem luz
sem qualquer movimento de espera
exceto a expectativa
de que uma porta se abra
e exponha o jazigo
à exterioridade dos ruídos
La hora vacía
No hay más donde abrigarse
el cuarto es un símbolo mudo
y la calma
señal de peligro
los odres están vacíos
y mucha cautela es preciso al pisar
las nubes de silencios inflamables
otrora había rumor de tambores
que anunciaban lluvia
pero los ventiladores pararon
el cuarto está desnudo
sin sombras y sin luz
sin cualquier movimiento de espera
excepto la expectativa
de que una puerta se abra
y exponga la yacija
a lo exterior de los ruídos
Tempo endêmico
na pandemia
quase não se conta
o dia a dia
o tempo sangra
veloz e expõe
sua anemia
Tiempo endemico
en la pandemia
casi no se cuenta
el dia a dia
el tiempo sangra
veloz y exhibe
su anemia
Era uma vez...
Daquela vez vi a morte.
Agora ela me diz:
- Não era eu, era uma máscara!
- Ilusória, sempre ilusória...
Não passas mesmo de uma máscara!
Fue una vez...
Aquella vez vi la muerte.
Ahora ella me dice:
— No era yo, era una máscara!
— Ilusória, siempre ilusória...
No pasas de ser la misma máscara!
Aproveitemos a noite
É tudo puro ontem
marcado pelo engano
e isto também passará
Aproveitemos a noite
que se alonga
mas não quer afastar-se
Ninguém tomará nossa palavra
nosso estro
nossa musa
nem mesmo nosso amor
e a alguns até poderemos socorrer
Procuremos os jardins
antes ocupados pelos bem-te-vis
sanhaçus e rouxinóis
e agora visitados pelas sombras
pelo rocio e pelo piscar das estrelas
E preparemos o coração
para que não assuma o seu comando
a nostalgia
pois é certo que a aurora virá
mas quando vier
muitos terão partido
Aprovechemos la noche
Es todo un puro ayer
marcado por el engaño
y esto tambiém passará
Aprovechemos la noche
que se alarga
pero no quiere apartarse
Nadie tomará nuestra palabra
nuestro estro
nuestra musa
ni siquiera nuestro amor
y a algunos hasta pudiéramos socorrer
Procuremos los jardines
antes ocupados por los pájaros bien-te-vis
sanhaçus y ruiseñores
y ahora visitados por las sombras
por el rocío y el titilar de las estrellas
Y preparemos el corazón
para que no asuma su comando
la nostalgia
pues, es cierto que la aurora vendrá
pero cuando venga
muchos habrán partido
((Tradução Felix Contreras)
ÍNDICE
Poesia na pandemia
Dois poetas em diálogo poético—fraternal:
Felix Contreras e Horacio Paiva:
FELIX CONTRERAS
Pandemia
Lúdico
O sublime encanto de sonhar
Máscara
Festa
(Tradução Horácio Paiva)
H0RÁCIO PAIVA
(A) Temporal
A hora rasa
Tempo endêmico
Era uma vez...
Aproveitemos a noite
(Tradução Felix Contreras)