sábado, 28 de janeiro de 2023

 NA MIRA DA VERDADE


Aprendi a me contentar com o que sou e com o que tenho, como

falava o apóstolo Paulo. Até me compraz abordar esse tema que 

representa, apenas, uma despretensiosa opinião entre milhares. 

Falo para lembrar que o mundo precisa é de um bom retorno à 

moral, aos bons costumes e às boas maneiras. 

O Brasil está grandemente desacreditado no exterior, tanto do 

ponto de vista político e esportivo, bem assim com relação a 

segurança e a moralidade pública. Hoje, se a polícia agir para 

manter a ordem social é logo acusada de repressora. Se ela 

prender o criminoso ou o viciado, a legislação penal 

permissiva e retrógada coloca nas ruas para repetirem tudo 

outra vez. 

O país parece que não está mais acreditando em si mesmo.

 

Os princípios basilares da constituição de uma família, obra de

Deus, estão sendo confundidos e modificados pela opção 

individual de vida com pessoas do mesmo sexo, em nome de 

falsa modernidade. Modernidade para mim é o progresso da 

ciência médica, da informática, da engenharia, das

comunicações, etc. Mas, em desagrado com o que é sagrado 

e consagrado é degradação, degenerescência. 

O direito individual de escolher a condição sexual, é assunto 

exclusivo de cada um que deve ser respeitado. No entanto, 

tratar a união de parceiros iguais tal e qual uma família 

constituída, significa destruir uma geração que já está 

contaminada e descompensada pela perda da guerra

contra a droga. Aonde a sociedade brasileira quer chegar? 

Depois, recebe com ceticismo o clamor popular para 

endurecer a legislação penal contra os menores infratores 

que comandam hoje as estatísticas criminais! 

E ai? O governo está criminalizando a pobreza porque falhou 

na educação dos jovens. Ou vamos nos transformar numa imensa

 população carcerária ou tudo virar mesmo um caos.

As facções criminosas fazem “gato e sapato”. Invadem e

depredam tudo! Aliás, já ocorreu a invasão aos órgão públicos. 

Três de uma só vez. Os índios já deram o bom exemplo 

intimidando a Câmara Federal. 

legislação brasileira sobre esses assuntos corporativos é 

frouxa e mixuruca. 

excesso de tolerância pode causar mortes por imprudência 

ou falta de autoridade.

A grande burrice da escolha nacional de gastar bilhões para 

salvar o falido futebol - em vez do próprio brasileiro, ser 

humano, pobre, sem saúde e segurança, é um absurdo. 

Viva o circo! Abaixo o pão! Um dia – o que não

desejo – mas prevejo, quando acontecer uma tragédia que 

atinja congressistas, ministros da área jurídica ou suas 

famílias, aí sim! Será dada a largada. Os jovens ocupam 

as ruas do Brasil com protestos, lutando e depredando 

mais para tirar centavos de uma passagem de ônibus do 

que pela vida, pela punibilidade das gangues dos crimes 

hediondos.

Nas antiguidades grega, romana e principalmente a judia,

revelada no Antigo Testamento, todas acreditavam em um 

Deus irado que punia todos que ameaçavam os respectivos 

povos com catástrofes e sinistros. Na Bíblia Sagrada, Moisés, 

Josué, Samuel, Ezequiel, Jeremias, Daniel, Isaías, além dos

profetas menores, todos escolhidos e inspirados por Deus, 

descrevem intervenções divinas em defesa e preservação do 

povo judeu. Nos dias de hoje, ante a derrocada moral do 

mundo, só temos a recorrer mesmo ao Altíssimo.

Esperar o retorno de Jesus Cristo, no final do milênio 

(se lá chegar), conforme rezam as Escrituras, parece ser a 

única salvação para depurar, higienizar e moralizar o 

planeta. Se não ocorrer uma medida preventiva do Céu, 

tudo o mais vai piorar igual a cantiga da perua. 

Quem viver, verá: o diabo favorecendo os

maus e a gente pedindo a Deus que nos acuda.

 

(*) Escritor

 





quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

 

Cartas de Cotovelo – Verão de 2023 – 4

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

LEITURAS DE VERANEIO

Neste veraneio fragmentado os livros povoam as cercanias da minha rede e vou lendo até o sono, até ser forçado pela brisa da varanda me derrubando de corpo inteiro.

         Após o voo transcendental do sono, desperto com o volume caído sobre mim, convidando-me a continuar a leitura até outro surto de sonolência, o que me faz repetir a mesma página um punhado de vezes.

         Obras sobre genealogia potiguar é sempre do meu agrado, mas os preferidos são os aleatórios – prosa, poesia, ficções, reflexões e por assim continuar.

         Destaco alguns trabalhos que ficam empilhados na cabeceira para eventuais consultas rápidas, tais como Reflexões de um Provinciano (Caio Flávio Fernandes); 100 frases & Pensamentos (Juarez Chagas); Epigramas de Nino (Vicente Serejo); e Novos Poemas Dedicados (Francisco Ivan) - um dos quais, com justiça, em homenagem a Abimael Silva.

         No mais, os enigmas de Francisco Sobreira (Uma noite linda – Mas para quem?), tive de fazer uma segunda leitura para destrinchar a trama da morte de Romeu Aldigheri, a presença do forasteiro Douglas e o mistério da viúva Louise com a jovem Susana; as pequenas histórias de Honório de Medeiros (De uma longa e áspera caminhada); A bela narrativa do Sapo de Pedra e a Magia do Feiticeiro (Raimundo Inácio) e, por fim, temporariamente, Da Caverna à luz, de André Paganelli.

         Desse punhado de livros, atrevo-me a fazer deduções lúdicas, telúricas ou realistas? Nem sei o que! Mas sempre me encontro com A República de Platão, em sua parte sobre o Mistério da Caverna.

         A Caverna de Platão sempre está presente em variadas coisas do cotidiano – seja nas questões ideológicas políticas, na literatura, na própria existência. Explico:

I – Quando nos fechamos na interpretação das ideologias, de maneira hermética, temos a impressão apenas do que se encontra fechada naquele conteúdo teórico, fazendo juízo de valor destorcido das coisas do mundo, até que elas recebam a luz da realidade fática, daí saírem os seus intérpretes fundamentalistas ou existencialistas.

II – Na literatura, alguns se enclausuram nas suas leituras individualistas, sem o clareamento da luz e transmitem seus conhecimentos, muitas vezes abundantes, em escritos ininteligíveis porque numa linguagem que não chega aos demais viventes, tornando-se, assim, o homem, ou melhor, a criatura da caverna, conhecedor de uma realidade sem luz, sem alcance fora das sombras das paredes iluminadas pela fogueira;

III – A existência carece de conhecimento, eruditos ou populares, mas integralmente compreensíveis no cotidiano, sem a vaidade (que é uma caverna) de apenas enaltecer a si próprio, empurrando de goela abaixo publicações que, de tão pesadas, não permitem acesso à plebe rude.

         Graças ao Criador, nunca passei pela Caverna, pois tenho a certeza de que, sem erudição, consigo penetrar o coração dos meus poucos leitores, trazendo-lhes lembranças, saudades e experiência.

         Fico gratificado quando alguém informa que gostou da minha prosa. E espero que não seja só por gentileza. (O elogio gratuito é outra caverna). O silêncio tem luz própria.

Esse é o motivo da minha possível imortalidade e não a pompa de vestes acadêmicas, a pose de intelectual ou a empáfia da sabedoria – que não tenho. Tomando por empréstimo dito do Professor Mário Porto – o que interessa é o amor do meu semelhante e a salvação da minha alma.

         Como faz bem o mar, a luz e a brisa – eles nos indicam a nossa finitude, a nossa mortalidade, a humanidade de ser e até a falta de lucidez ao escrever esses mal traçado textos.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 

Padre Sátiro Cavalcanti Dantas

Nenhum lugar comum, nenhuma palavra de efeitos, contendo exaltação, louvor e cântico evolutivo de benemerência e projeções iluminativas, personalizando um ser humano, verdadeiro monumento de grandeza material e espiritual, na mais legítima expressão do termo, seriam qualificativos excessivos em se tratando de Padre Sátiro Cavalcanti Dantas.

Por isso, a Academia Mossoroense de Letras – AMOL, através do seu presidente, com  aquiescência de todos os seus integrantes, torna público, a admiração, o respeito, os louvores e os mais elevados encômios, através  desta proclamação, ao acadêmico Sátiro Cavalcanti Dantas, titular da cadeira Nº11, que tem como Patrono, Luiz Ferreira Cunha da Mota, nesta magnifica data, que se torna mais significativa e mais importante, por representar o dia do seu nascimento; e por honrar e dignificar com a sua presença iluminada, por sua grandeza e nobreza, não só a nossa entidade, AMOL, bem como a todas aquelas a que pertence, dando o valor da sua inteligência, da sua cultura, e da reconhecida elevação de  espírito como sacerdote, pondo nas alturas o seu sagrado ministério.

Mossoró, (RN) 22 de janeiro de 2023

 

Elder Heronildes da Silva

Presidente da AMOL

 A paz e a humanidade

Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN

Paz, palavra diminuta, exprime pensamento prolixo, profundo e crucial para o homem. Comum em textos religiosos, documentos oficiais, plataformas políticas, discursos e mensagens individuais, é muito mais escrita e pronunciada do que vivida. Esteja onde estiver, preso a qualquer circunstância, o vocábulo paz tem significado profuso, extraordinário, tanto no âmbito pessoal, quanto nas inter-relações humanas, das mais íntimas e particulares às mais amplas possíveis. O significado é maior quando implica paz de espírito, paz na consciência, ou sentimento de harmonia com Deus, com a vida e com o mundo. O oposto dá lugar ao desespero, à angústia e à crise de culpa, que podem levar a gestos extremos, tal qual o exemplar e histórico episódio do suicídio de Judas. Isto remete a São Francisco de Assis: “Para pregar a Paz, primeiro você deve ter a Paz dentro de você”.
Justiça, liberdade e paz no mundo constituem os fundamentos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela ONU, em 1948. A paz está em todas as constituições, é defendida em prosa e cantada em verso, mas, a cada dia, parece se tornar mais expressão de retórica, distante da realidade. Seriam o egoísmo, a ambição e a agressividade inerentes aos seres humanos e, portanto, causadores de violência tão dispersa? Acreditamos nas virtudes superando os pecados, nos bons vencendo os maus, no amor acima do ódio. Em meio a tantas miséria e injustiças, a tantas mortes violentas e tantas guerras, parece-nos que o homem nunca esteve tão carente de Deus. Jesus proclamou: “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz, para que a minha alegria esteja em vós e seja perfeita a vossa alegria”. Por que a humanidade não O escuta?
A paz predomina quando não somente se apregoa mas também se pratica a igualdade de direitos. Pode-se obter a paz social somente combatendo a violência urbana e o crime organizado, aumentando o efetivo policial e dando-lhe mais treinamento e armas? O correto é identificar as causas e corrigi-las. Por que não levar todas as crianças e adolescentes para a escola, atendendo-os nas suas diversas fases de desenvolvimento por projeto pedagógico de qualidade? Seria plantar hoje a semente da frondosa árvore de paz do amanhã. Nelson Mandela (1918-2013), um dos maiores líderes políticos do mundo no século XX, venceu o Apartheid da África do Sul, movimento que segregava a maioria negra do seu país. Em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, e, no ano seguinte, sagrou-se vitorioso na primeira eleição democrática para Presidente da África do Sul. É de sua autoria uma das mais expressivas frases sobre o valor da educação: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
O Professor Paulo Bonavides (1925-2020), talvez o maior constitucionalista brasileiro contemporâneo, reconhecido no Brasil e no exterior, em artigo publicado na Folha, há cerca de 15 anos, sob o título O Direito à paz, assim se expressou: “O Direito à paz é o direito natural dos povos. Direito que esteve em estado de natureza no contratualismo social de Rousseau e que ficou implícito como um dogma na paz perpétua de Kant. (...) Paz, portanto, em seu sentido mais profundo, perpassado de valores domiciliados na alma da humanidade”.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023


Marcelo Alves

O nível do policial

​Vou tratar hoje de dois assuntos controversos nas letras. A questão do gênero ou da tipologia da literatura, que é bastante controversa. Grandes obras normalmente não se conformam às regras do gênero; e muitos críticos literários sequer reconhecem a existência desse conceito (de gênero da literatura). Eu já acho que essa classificação é possível. Reconheço que uma das minhas literaturas preferidas, a literatura policial ou detetivesca, como literatura de massa, é um gênero bem definido. E aqui eu chego à segunda controvérsia, na qual me deterei amiúde: a literatura de massa, popular, como a dos romances policiais, pode ser uma “alta” literatura?

​Houve um tempo em que a divisão entre “alta” e “baixa” literatura era visível ou ao menos reconhecida/propagada pelos entendidos do assunto. Como registra Miklós Szabolcsi (em “Literatura universal do século XX: principais correntes”, Editora Universidade de Brasília, 1990), é “possível traçar uma linha divisória entre as duas espécies de literatura, com base em diversos pontos de vista, sejam os da sociologia da literatura ou da estética, sejam os referentes às diferenças de função. O comum mesmo é citar, a título de fundamentação, as narrativas reiterativas, de produção fácil e compostas por módulos já prontos, que têm o poder de emocionar e horrorizar com facilidade e são caracterizadas pela trivialidade do texto. Pode acrescentar-se, no entanto, a possibilidade de recepção rápida, a compreensão sem dificuldades e, finalmente, determinados procedimentos ligados à difusão e à produção. Mas são critérios incertos e discutíveis. (...) O fato é que as pegadas das obras arroladas nesse gênero podem ser acompanhadas a partir do século XVIII. A evidente divisão da literatura ‘alta’ e ‘baixa’ ou ‘trivial’ consolida-se no final do século XIX, simultaneamente com o fato que é sua causa: a ‘alta’ literatura vai se tornando excludente, em face das dificuldades que oferece para a compreensão”.

​Todavia, sobretudo a partir do começo do século XX, os territórios da “alta” e da “baixa” literatura se expandiram causando uma mistura entre os seus conjuntos. Como explica Szabolcsi, “de um lado, porque a vanguarda destrói os limites estabelecidos entre a arte ‘elevada’ (de elite) e a ‘inferior’ (popular), de outro, porque, em função de causas técnicas e comerciais, cresce o número de obras culturais modernas que, empregando as conquistas da literatura ‘superior’ e assimilando-lhe a cosmovisão e as técnicas, passam a prometer leitura rápida e leve, diversão e esquecimento. O best seller, o êxito de livraria, não é simplesmente uma leitura soporífera e dissuasiva. Frequentemente, representa correntes formativas e excitantes, que conquistam grande parcela de leitores-consumidores”. Já tratei até desse tema e citei Graham Greene, Morris West e John Le Carré, escrevendo aventuras, thrillers, policiais ou romances de espionagem, como perfeitos casos de best-sellers que realmente escreviam bem.

​O que dizer da qualidade dos precursores do romance policial? De Edgar Allan Poe, por exemplo, “com sua reconstrução intelectual dos crimes”? Na verdade, depois de outros precursores do século XIX, como Émile Gaboriau e Maurice Leblanc, a leitura do policial assiste “ao surgimento de clássicos como Conan Doyle e Edgar Wallace e, a partir dos anos 30, com Agatha Christie e Georges Simenon. Tornam-se parte integrante da literatura, em face das exigências de um amplo círculo de leitores, que deseja a sobrevivência do romantismo dos bandidos e mostra-se ávido da investigação e das emoções da adivinhação dos enigmas. Tanto é verdade que, a seguir, instalam-se profundamente na estrutura literária, a ponto de obras ‘elevadas’ passarem a fazer uso dos recursos e das máscaras do romance policial. Primeiro, com G.K. Chesterton; depois, com Grahan Greene, Friedrich Dürrenmatt, Max Frisch e o nouveau roman francês, a ponto de diluir, aqui também, as fronteiras entre os dois estilos”. E podemos citar outras referências do século XX, como Dashiel Hammett e Raymand Chandler, suprassumos do policial noir, ou Erle Stanley Gardner, que nos dá o tipo jurídico do advogado-detetive, com o seu Perry Mason. E por aí vai.

Na verdade, para mim, não existe uma barreira intransponível à literatura de massas, em especial à literatura policial/detetivesca, ao país da “alta” literatura. Desconfio de Tzvetan Todorov quando afirma (em “Poética da Prosa”, Martins Fontes, 2003): “quem quiser ‘embelezar’ o romance policial, faz ‘literatura’ e não romance policial”. Acredito que faz os dois. E dou como exemplo definitivo Umberto Eco. Alguém vai me dizer que “O nome da rosa” (1980) não é altíssima literatura detetivesca?

Marcelo Alves Dias de Souza

Procurador Regional da República

Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL