sábado, 8 de março de 2014

 


O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.

Essas referências, meramente simbólicas, não retratam o valor da mulher no contexto da família e da sociedade.
Poderia invocar os tradicionais poemas de Cora Coralina ou Raquel de Queiroz ou as belas alegorias de tantas poetisas potiguares, mas isso não sairia de mim. Então o que dizer?
Vivi e convivi com mulheres extraordinárias:
Maria Ligia, minha mãe - doçura e fibra;
Rosina, minha sogra - santidade e resignação;
Therezinha, minha esposa - meu amparo há mais de 50 anos;
Minhas filhas Rosa e Thereza - um pedaço de mim;
Em nome destas, homenageio as mulheres da minha família e da minha amizade, enviando uma rosa virtual para cada uma delas.

sexta-feira, 7 de março de 2014



NÃO PRECISA SER PROFETA

Valério Mesquita*

Determinismo histórico dizem que existe. Há dezenas de casos na política brasileira. Nunca foi tão fácil adivinhar a destruição do nosso planeta, num futuro não muito distante, vítima da poluição da atmosfera, dos mares e da natureza. Prever a paz na África e no Oriente Médio, por exemplo, é mero exercício de retórica. A gênese da questão palestina não é territorial, apenas, mas religiosa; desde o tempo do sultão Saladino e as Cruzadas do Vaticano. Óbvio ululante. Profecia é coisa séria. O dom de profetizar só ocorre com o apoio do Espírito Santo. Assim falou Malaquias. E antes dele, Zacarias, Ageu, Sofonias, Hebacuque, Naum, Daniel, Oséias, etc., sem falar em Isaías, o maior deles. Não foram adivinhos mas profetas de verdade.
 Após essa viagem de circunavegação polar em torno do assunto, chego a Natal, a cidade dos Reis Magos, adventícios, visionários, adivinhos e proficientes. Não se torna necessário recorrer a eles para distinguir ou antever nada em Natal. Se assim fosse, eles teriam se estabelecido nas Rocas e deixado uma banca invejável de cartomantes e curadores. Baltazar, Gaspar e Belchior ficaram mesmo perdidos no deserto das arábias em vez das dunas da Redinha.
Não precisa ser profeta para chegar a conclusão que não emplacará 2010 sem que as avenidas de Natal se tornem intransitáveis. O número de veículos que circula já é maior, hoje, que a capacidade de sua malha viária. Estão financiando carros para pagar em sete anos (oitenta e quatro meses). Qualquer pessoa, com apenas um salário, sai de uma loja ou concessionária, sem avalista, lenço ou documento, dirigindo por aí. Quando acontecer uma crise econômica no país, quem vai para o beleléu: a financeira ou a seguradora? Já prevejo filas de carros abandonados nas vias públicas por inadimplentes enlouquecidos. Não desejo que isso ocorra mas o calote vai ser geral. Já imaginou uma entrada de vinte por cento no valor do bem e somente pagar a primeira prestação em 2010? É caso de B.O (Boletim de Ocorrência).
Outro tema para o qual não se exige douta profecia está nas religiões. Algumas modificam o cristianismo ao seu bel prazer e conveniência. A boa nova para arrebanhar seguidores reside no apelo musical. A conversão está no tom. Jesus Cristo é fulanizado em forró, axé, lambada, brega, carimbó, swing e pagode. Em breve, em vez de MPB, surgirá a MPR (Música Popular Religiosa). Segundo os ruidosos desse mundo nada mais espiritual, após a palavra, que dançar um relabucho na igreja. Dizem eles que a unção é contagiante. Não precisa ser profeta para antever que essas religiões tendem a fazer desaparecer o Cristianismo. Não é por aí o caminho. Estão profanando o nome de Deus.   

(*) Escritor.

quarta-feira, 5 de março de 2014


O AMOR E A DOR

PADRE JOÃO MEDEIROS FILHO (pe.medeiros@hotmail.com)

O amor e a dor são inseparáveis na vida humana. Na dinâmica da existência desejamos ser compreendidos, perdoados e amados, mas isto não exclui o sofrimento. Porque amamos, podemos sentir a dor da traição, desconfiança, indiferença, solidão, distância, ingratidão e da própria morte. A perda ou partida de uma pessoa querida faz-nos sofrer. A dor é intrínseca à vida de quem ama. A cruz de Cristo é o resultado de seu afeto sem limites, seu perdão incomensurável, sua ternura e misericórdia infinitas e sem precedentes.

Nenhum ser humano ama verdadeiramente sem passar pela dor. Mas, na medida em que ela é aceita e compreendida, poderá ser suportada. “Só quem passa pelo fogo da dor, chega ao incêndio do amor e só quem se deixa queimar por este, saberá o que nos faz sofrer”, dissera Santo Agostinho. Quem ama, supera pequenos e grandes desencontros, com a força de recomeçar. A grande preocupação está em condenar quem errou e não em tentar compreender. E isto aumenta em muitos a tristeza e a decepção. “O que importa é a solução, e não o culpado”, afirmou o Papa Francisco. Jesus não procurava saber por que alguém pecou ou errou. Com gestos e palavras, ensinou a todos que o amor é inconsistente sem misericórdia e perdão.

Falando recentemente aos fiéis, na Praça de São Pedro, o Sumo Pontífice comentou: “Supomos ser justos e julgamos os outros. Julgamos até Deus, porque pensamos que deveria punir os pecadores, condenando-os à morte em vez de perdoar”. Agimos como o primogênito da parábola do filho pródigo. Em vez de se alegrar com a volta do irmão, foi atingido pela flecha do ciúme diante da acolhida do pai. Ali, Cristo quis nos dizer que o amor não é egoísta. E se assim o for, far-nos-á sofrer ainda mais.

O amor mais sincero, profundo, leal e desinteressado, não está isento de tristezas, lágrimas, angústias, decepções e até separações. Pode parecer paradoxal, mas a plenitude do amor de Cristo realizou-se na cruz. Na verdade, devemos nos conscientizar de que a dor, na sua essência, coroa o gesto de amar.

Cabe-nos refletir. O que aconteceu com aquele que amou sem medidas, acolheu os pecadores e fez refeição com eles? O que ocorreu com quem curou os doentes e restabeleceu os paralíticos, fez os surdos ouvirem e os cegos enxergarem? Como terminou a vida daquele que realizou tantos milagres, multiplicando pães para matar a fome da multidão? Como acabaram os dias de quem perdoou sempre, escutou, acolheu, incluiu, compreendeu, enxugou lágrimas e amainou a angústia de tantos? O seu fim foi a solidão, o abandono, a condenação e a morte. Quem ama verdadeiramente, sabe disso e tem consciência de que o sofrimento também é redentor. Foi o exemplo de Jesus de Nazaré, entregando-se totalmente, numa prova de afeição pelos homens, que hoje nos capacita a compreender que o amor exige renúncia e talvez nos traga provações e dores.

Amar consiste unicamente em doar-se. Poderá tornar-se frustrante, se não entendermos que tem como objetivo fazer o outro feliz. Se assim não for, sofreremos intensamente, pois o amor autêntico tem apenas o caminho de ida. Cristo deu-se todo, por inteiro, sem esperar nada em troca. Não raro, padecemos muito, quando esperamos e até exigimos retorno ou recompensa pelo amor. Ele é dádiva total, gratuito. Deus é amor (1Jo 4, 8), por isso entregou-nos seu Filho Unigênito, de forma absoluta e incondicional, sabendo que somos frágeis, ingratos, pecadores e incapazes de retribuir!




Quarta-feira de Cinzas

Você sabe de onde vêm as cinzas que recebemos na Quarta-Feira de Cinzas? Você acha que é papel queimado? graveto queimado? carvão triturado? Se você não sabe, as cinza vêm dos ramos bentos do Domingo de Ramos do ano anterior.
foto de Fabian Lewkowicz
Quando recebemos os ramos no Domingo de Ramos, os levamos para as nossas casas e as colocamos junto aos nossos crucifixos de parede e ou junto aos nossos oratórios, mas com o tempo eles secam. Quando secam, não devemos jogá-los fora, pois foram bentos pelo sacerdote. Por isso, devemos entregá-los na igreja para que sejam queimados e transformados em cinzas, a fim de serem usadas no dia de Quarta-Feira de Cinzas.
No dia de Quarta-Feira de Cinzas, os fiéis são marcados na testa com as cinzas em forma de cruz ou a recebem um pouco sobre as suas cabeças, quando o secerdote pronuncia a seguinte frase, à sua escolha:
- “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás!” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho!”
Bem, agora ofereceremos um belo artigo de um frade franciscano para que todos possam compreender melhor o significado deste dia:

"Um pouco mais de um mês, e vai chegar a festa mais importante do ano, a celebração do acontecimento central e máximo de toda a história da humanidade. Está se aproximando a Páscoa. E porque ela é tão grande, merece uma preparação à altura. Começa nesta quarta-feira a nossa preparação para a Páscoa. E como inauguramos esta preparação? Colocando cinza sobre a nossa cabeça, como sinal de penitência, isto é, como sinal de que estamos dispostos a nos alinharmos no caminho de Deus com seu projeto de justiça e paz para todos. Além disso, passamos esse dia fazendo jejum, também como sinal de penitência. Serão então quarenta dias de preparação: Quaresma
Quarta-feira de cinzas! Celebramos neste dia o mistério do Deus misericordioso que acolhe nossa penitência, nossa conversão, isto é, o reconhecimento de nossa condição de criaturas limitadas, mortais, pecadoras. Conversão que consiste em crer no Evangelho, isto é, aderir a ele, viver segundo o ensinamento do Senhor Jesus. Numa palavra, trata-se de entrar no caminho pascal de Jesus. “Convertei-vos, e crede no Evangelho”: é o convite que Jesus faz (cf. Mc 14,15). Esta palavra, a gente ouve, recebendo cinzas sobre a nossa cabeça. Por que cinzas? É para lembrar que, de fato somos pó! Mas não reduzidos a pó!…
A fé em Jesus ressuscitado faz com que a vida renasça das cinzas. Quando o ser humano reconhece sua condição de criatura realmente necessitada da ação de Deus, em Cristo e no Espírito, então Jesus Cristo faz brotar vida de nossa condição mortal. Reconhecer-se assim, é entrar numa atitude pascal, isto é, de passagem com Cristo da morte para a vida.
Esta páscoa, a gente vive na conversão, através dos exercícios da oração, do jejum e da esmola ou partilha de bens e gestos solidários, no espírito do Sermão da Montanha. Páscoa que celebramos na Eucaristia, pela qual aclamamos Deus como aquele que, acolhendo nossa penitência, corrige nossos vícios, eleva nossos sentimentos, fortifica nosso espírito fraterno e, assim, nos dá a graça de nos aproximarmos do seu jeito misericordioso de ser, e nos garante uma eterna recompensa. Por isso que o sacerdote, em nome de toda a assembléia, canta na Oração Eucarística: “Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso…, vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória. O jejum e abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados [...]
Pela penitência da Quaresma, vós corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos, fortificais nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa” (Prefácio da Quaresma III e IV). Junto com a oferta total de Cristo ao Pai, pelo Espírito Santo, na Liturgia eucarística, une-se também a oferta de nossa penitência quaresmal. E Deus, por sua vez, nos recompensa com o corpo entregue e o sangue derramado de seu Filho Jesus, na santa comunhão.
Que o Cristo pascal nos ajude, para que o nosso jejum seja realmente agradável a Deus e nos sirva de remédio para a cura dos nossos vícios. E assim possamos celebrar dignamente a santa Páscoa de Cristo e nossa Páscoa. Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1. Qual o sentido da Quarta-feira de cinzas na vida do cristão?
2. Por que a Igreja usa cinzas no início da preparação para a Páscoa?
3. Que é importante cultivar na comunidade e nas celebrações, no tempo da Quaresma?"
(www.cnbb.org.br – autor: Frei José Ariovaldo da Silva, OFM – texto com uma pequena modificação)
    COMO SE CALCULA A PÁSCOA? QUANDO VAI CAIR?
A Páscoa sempre acontece na primeira lua cheia após a primavera na Europa (outono aqui no Brasil). A primavera na Europa tem um enorme significado de vida, pois durante o inverno toda a natureza fica morta, ressurgindo com o início de uma nova estação. Podemos fazer uma analogia da primavera com a Ressurreição de Jesus, que vence a morte.
Bem, como estávamos falando, quando descobre-se qual o dia da primeira lua cheia da primavera, então passam-se a contar 40 dias para trás (quaresma é a abreviação do latim, quadragésima), sem incluir os domingos. Então chega-se à data que será a Quarta-Feira de Cinzas e o início da quaresma. Por isso, a Páscoa é uma data móvel, assim como a Sexta-Feira Santa, a Quinta-Feira Santa, o Carvanal etc.

FONTE:

terça-feira, 4 de março de 2014


NOSTALGIA DA TARDE
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

          Em pleno carnaval, entre o contraste dos veranistas que se preparam para os folguedos tradicionais do segundo dia de Momo e o entardecer, sem uma razão lógica, acerca-se de mim um sentimento de nostalgia.
 
          Ainda não compreendi por que o adormecer do dia causa-me esse sentimento. Não vejo, realmente, explicação para isso.
 
          Esqueço por alguns instantes esse constrangimento e volto o olhar para o infinito e logo encontro um elo da grandeza de DEUS no passar das nuvens entrecortadas de reflexos do Sol que segue o caminho para se recolher e na dança das palhas do coqueiro ao vento, onde os pequenos pássaros procuram os seus abrigos.
 
          As primeiras luzes se apresentam anunciando o reino das sombras.
 
          E a noite vem de mansinho tomando o seu espaço no dia que vai terminar.
 
          Aguardo ansioso que o sono se apodere do meu corpo cansado.
 
          'Dorme menino grande ...'

D’ONT CRY FOR ME,HABANERO
(Para Maria Thereza – do  GRES   “QUIABO COM JERIMUM”)
Geniberto Paiva Campos – Brasília – Carnaval de 2014
Foi um curto momento na festa de domingo de Carnaval do Carpe Diem.
O baile, ou a roda de samba, corria solta nos salões do bar. Cantos carnavalescos nostálgicos, puxados pelo Oscarzinho. Todo mundo canta junto, afinados, uníssono. São quase todos coroas. Estão ali para celebrar a tradição da festa. Paquerar um pouco. Celebrar a vida. Afinal, ainda estamos vivos. Alguns comparecem fantasiados, isso aumenta a alegria. Hoje, em Brasília, não mais importa a origem dos foliões. Se cariocas, pernambucanos, paulistas. Agora, somos todos brasilienses. Ou candangos.
A festa tem um componente nostálgico inevitável. Há, subjacente, um clima de paz e confraternização. O ritmo é quente. O samba bem marcado. Geme uma cuíca . Os tamborins  ajudam na cadência, em contraponto com o surdo.  Tudo transcorre sem exagero. Oscarzinho puxa Zé Ketty, “quanto riso, oh, quanta alegria!” Uma  alegre  nostalgia toma conta da festa. Dançamos, felizes, os braços para o alto. Talvez, na esperança de estarmos aqui presentes, inteiros, no próximo Carnaval.
 Ninguém atravessa o ritmo. Estamos fazendo bonito. “Foi bom te ver outra vez/ está fazendo um ano/ foi no Carnaval que passou/ eu sou aquele pierrô”, clamam os belos versos da marchinha do Zé Ketty. Uma pausa para os músicos e para os foliões. A festa corre  solta. Bonita. Alegre. O som do Carpe Diem não deixa o samba morrer.
Após o intervalo, volta a música ao vivo. Um negro jovial assume o microfone e canta. Apenas duas músicas. Não carnavalescas, como pede o roteiro. É um ritmo diferente. A plateia se espanta. É um canto bonito, doído. Parece arrancado das entranhas. A forma do rapaz “puxar” a música, num espanhol perfeito, leva os foliões ao êxtase. É tudo uma emoção só. Os carnavalescos ouvem com respeito e curiosidade o canto triste, melódico, bonito, falando de “Yolanda/Yolanda”. Alguns, talvez, lembram-se da versão do Chico Buarque para a música do cubano Pablo Milanês. A maioria apenas ouve a música, belíssima. Aderem ao seu encanto. Sabem que tem uma mensagem subjacente. Há todo um povo que fala, através daquele jovem vestido de branco, para os foliões que brincam o seu Carnaval. Ele  encerra a sua performance com “Guantanamera”. A emoção atinge o seu auge. Todos nós sabemos o refrão. Cantamos  com mais força ainda, “Guajira/Guantanamera”. O rapaz de branco, cubano, sai ovacionado. Tranquilo, sutil, da mesma forma que chegou. Deixou o seu recado. A sua mensagem. Sem fazer discursos.
-“Quem era? Um cubano do “Mais Médicos”? perguntam alguns. – Não. Apenas um cubano do “Mais Música”, responde um folião, gozador. Um outro volta até a mesa, e fala para os que estão ainda sob o impacto – impossível de disfarçar -   da música do Caribe: - “Essa Cuba eu gosto. O que veio a se tornar depois, não”. Mas a música havia diluído o preconceito. E assegurava: somos todos latinos, somos alegres, nascemos para ser felizes. Somos tolerantes. Aprendemos a respeitar o direito de cada um seguir o seu caminho. Enfim, voltando ao Zé Ketty, “não me leve a mal. Hoje é Carnaval”.

segunda-feira, 3 de março de 2014



EDUCAÇÃO POPULAR  -  A alavanca que mudaria o mundo
O legado de Paulo Freire no Brasil, hoje.

Geniberto Paiva Campos – Brasília – Março / 2014

1. Paulo  Freire faz parte daquela estirpe de educadores que periodicamente aparecem para mudar o que está bem estabelecido e fazer o processo educacional avançar.
Juntamente com Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, estes na educação de nível superior, Paulo Freire, na alfabetização de adultos, conseguiu mudar a nossa forma de pensar sobre  o tema – EDUCAÇÃO – que em várias  pesquisas de opinião pública, ainda hoje, aparece como item prioritário da lista de preocupação de todos os brasileiros.
Desde o período colonial evidenciava-se o “atraso” do Brasil em direção ao “progresso”.  Retórica permanente, a qual identificava as soluções mágicas capazes de fazer o país alcançar níveis aceitáveis de desenvolvimento. Foi assim com as ferrovias. Iriam fazer com que o país deixasse de engatinhar para, enfim, caminhar altaneiro rumo ao progresso.  Mas o milagre esperado não aconteceu. As “estradas de ferro não trouxeram o progresso, nem o país começou a andar” ( Faoro, R. 2007). Ainda segundo Faoro, esgotadas outras fórmulas mágicas, surgiu a “Ciência” , como o toque infalível “capaz de resolver todos os problemas”. Era a ciência como salvação, o valor mais alto da cultura humana. Talvez um mea culpa pela crença anterior, de resto inútil, na escolástica e no bacharelismo. Mas como fazer a “ciência” caminhar num país de iletrados?
Percebeu-se, então, que cabia um olhar prioritário, urgente, sobre o grave problema do analfabetismo. O qual se espalhava, como praga sem controle, por toda a população, particularmente entre os mais pobres e desfavorecidos. E que atingia, igualmente, os adultos.
Para espanto de todos, revolta e indignação de alguns, o Brasil entrava no século XX com níveis inaceitáveis de analfabetismo. Coincidentemente, também  não tínhamos Universidades dignas desse nome. Havia sim, um aglomerado de faculdades isoladas, uma espécie de federação de escolas de nível superior. Uma coincidência cronológica, talvez cronológica só aparentemente, acolhe duas experiências decisivas na Educação brasileira. Logo no início da década de 1960 é criada a Universidade de Brasília/UnB, representando o coroamento do esforço didático e político de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.  E começa, em seguida, numa  pequena cidade do Rio Grande do Norte, Angicos, a experiência de “Alfabetização de Adultos em 40 horas”, pelo método Paulo Freire. Sobre a trajetória épica da UnB muito já sabemos.
Falemos, portanto, da atualidade e do legado do educador brasileiro Paulo Freire. E do contexto histórico no qual o seu método seria  aplicado.

2. Meados da década de 1950, após o segundo governo Getúlio Vargas, no complexo período de saída da II Guerra Mundial, o Brasil vivia o governo JK. Ambos eleitos, democraticamente, pelo voto direto dos brasileiros. Depois de tantas turbulências políticas entrava-se, enfim, num período áureo, em que tudo parecia dar certo. Dizia-se, á época, que os deuses conspiravam para que a nação brasileira tivesse o seu encontro consigo mesma. Nunca esteve tão em alta a confiança e orgulho dos brasileiros no seu país. Numa sequência temporal de eventos felizes nas mais diversas áreas, o Brasil mostrou porque éramos chamados de “a pátria do futebol”: a taça do mundo era finalmente nossa. E fomos campeões de tênis em Wimblendon, com Maria Esther Bueno; a construção da Nova Capital, Brasília seguia a passos céleres, em breve estaria vivo e habitável um dos mais belos monumentos urbanos, a Capital da Esperança; a Bossa Nova e a sua nova  batida do samba encantava os brasileiros e  causava forte impacto no exterior; o Cinema Novo dava os seus primeiros passos, talvez já anunciando a conquista da Palma de Ouro em Cannes, com o “Pagador de Promessas”, belo filme, dirigido por Anselmo Duarte, com temática brasileira. Os brasileiros tinham todos os motivos para se orgulhar do seu país. E nosso desenvolvimento seria também célere: “50 Anos em 5”,  de acordo com o slogan do período JK.
E, no entanto, persistiam os níveis inaceitáveis de analfabetismo na população brasileira.

3.  No Recife, início dos anos 1960, estava em curso um movimento de educadores, com foco  no ensino básico. Com vínculos acadêmicos e na área executiva do governo local, esses educadores entrariam para a história como um dos grupos que mais ousou na área da inovação educacional no Brasil. O professor Paulo Freire fazia parte do grupo, o qual incluía, entre outros expoentes, Germano Coelho, Anita Paes Barreto, Paulo Rosas, Silke Weber. Eram pessoas com formação no exterior, com grande sensibilidade  social, quase todos ligados à Igreja Católica, que á época, vivia uma fase de grande abertura para o social, através do  Concílio Vaticano II, sob a égide do papa João XXIII.
A educação de adultos era uma das preocupações desse grupo, que ficaria conhecido como o “Movimento do Recife”. Uma pergunta pertinente, nunca bem esclarecida: por que o “Método Paulo Freire” de alfabetização de adultos não foi testado primeiramente na capital pernambucana? Uma explicação possível, de difícil confirmação: teria havido um impasse didático – pedagógico sobre a utilização de cartilhas na aplicação do Método. O seu idealizador se mostrava claramente contrário. Afinal, a “cartilha”, usada tradicionalmente no processo de alfabetização, era entendida como uma espécie de carta de navegação, também chamada “portulanos”. O papel desse instrumento didático, portanto, era o de criar uma trilha a ser percorrida pelo alfabetizando, com todas etapas  previamente sinalizadas. O que deixava muito pouco por conta da criatividade dos estudantes. Restringindo, dessa forma a sua liberdade de ação. Outros aspectos polêmicos do método: as escolas, denominadas “círculos de cultura”, com forte integração comunitária, não previam, obrigatoriamente, prédios escolares clássicos para o seu funcionamento. A “escola” imaginada por Paulo Freire podia funcionar em clubes, associações de bairros, residências particulares ou qualquer local disponível. Outra característica: o método era essencialmente baseado no aluno. O professor incentiva, orienta. Mas o aprendizado não ocorre de forma passiva , com assimilação acrítica dos conceitos didáticos. Outro aspecto essencial: o método repassava não só o “texto”, mas o “contexto”. Formando, assim, uma “consciência crítica” no estudante. (O que foi, maliciosamente,  propositadamente, confundido com politização ou partidarização. Estigmatizando o processo de alfabetização com um viés ideológico, o qual atendia aos objetivos de manutenção do status quo dos donos do poder).
Era preciso portanto coragem, e muita abertura para o novo, para por em prática   a aplicação de um método tão ousado  em suas inovações. Foi o que Paulo Freire encontrou no  então secretário de educação do Rio Grande do Norte, Calazans Fernandes. E na sua imediata sintonia com um jovem estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Marcos Guerra, quase  adolescente, que enfrentou o desafio de assumir a coordenação do projeto pioneiro na cidade de Angicos/RN . O êxito do programa de alfabetização projetou-se no tempo, criando um protótipo de intervenção em políticas públicas, que se mostrou válido em diversas circunstâncias históricas.
4. A simples exposição desses conceitos mostra o quanto Paulo Freire estava á frente do seu tempo. Por isso, ao analisar, hoje, os atuais processos de comunicação, transmissão de conhecimentos e técnicas inovadoras de ensino/aprendizagem, baseados na “Conectividade”, surge a figura de Paulo Freire, projetando a atualidade dos seus já cinquentenários conceitos pedagógicos. Nos quais  o papel  do professor é compartilhado com os alunos. Cedendo, parcialmente, a importância docente,  priorizando a inventividade e a iniciativa do aluno, além  de  valorizar a sua capacidade e o seu ritmo próprio de aprendizado. E, sobretudo, o seu potencial de interação com elementos eletrônicos disponíveis, fonte indispensável, permanentemente acessível, de informações e conhecimentos. Neste momento, evoca-se naturalmente o legado de Paulo Freire. A sua incrível capacidade de visualizar o futuro. Orientando cidadãos conscientes, comprometidos com a Modernidade. Preparados, inteligentemente, para um mundo novo e desafiador.
Esta a herança, o legado histórico da ousadia do professor Paulo Freire.



domingo, 2 de março de 2014

HÁ 45 ANOS

Mais um ser povoa a terra
Vem das minhas entranhas
Ordem de DEUS!

A criança se fez homem
E das suas entranhas a renovação da vida
Ordem de DEUS!

Abraço o meu filho 
Carlos Roberto Rosso Gomes
DOMINGO DE CARNAVAL
O dia é de sol
Não necessariamente de alegria
Por ser carnaval!
Lembranças invocam a juventude
Memórias convocam amigos,
Presentes ou na plenitude com Deus.
Não rio nem choro
Apenas tenho recordações.
Dosinho está entre elas.      
*** 
 
O TEMPO
Nascer, viver, voar
O mundo aos meus pés
Existe um viés enigmatico.
Não sei o que será amanhã
Hoje ainda é carnaval
Mas a quarta-feira se aproxima.
CINZAS!
***
CANÇÕES DO MEU VIVER
Era uma vez um Rouxinol (devaneio)
Tempos de Criança (eu)
Chão de Estrelas   (começa o amor)
A Deusa da minha rua (ela)
Somente uma vez (paixão)
Encantamento (ver o mundo)
Mulata Rosinha (ilusão)
A mulher da capa (realidade).
O rio
O mar
As estrelas.
O AMOR CONTINUA EM MIM!