NÃO PRECISA SER
PROFETA
Valério Mesquita*
Determinismo histórico dizem que existe. Há dezenas de casos na política
brasileira. Nunca foi tão fácil adivinhar a destruição do nosso planeta, num
futuro não muito distante, vítima da poluição da atmosfera, dos mares e da
natureza. Prever a paz na África e no Oriente Médio, por exemplo, é mero
exercício de retórica. A gênese da questão palestina não é territorial, apenas,
mas religiosa; desde o tempo do sultão Saladino e as Cruzadas do Vaticano. Óbvio
ululante. Profecia é coisa séria. O dom de profetizar só ocorre com o apoio do
Espírito Santo. Assim falou Malaquias. E antes dele, Zacarias, Ageu, Sofonias,
Hebacuque, Naum, Daniel, Oséias, etc., sem falar em Isaías, o maior deles. Não
foram adivinhos mas profetas de verdade.
Após essa viagem de circunavegação
polar em torno do assunto, chego a Natal, a cidade dos Reis Magos, adventícios,
visionários, adivinhos e proficientes. Não se torna necessário recorrer a eles
para distinguir ou antever nada em
Natal. Se assim fosse, eles teriam se estabelecido nas Rocas
e deixado uma banca invejável de cartomantes e curadores. Baltazar, Gaspar e
Belchior ficaram mesmo perdidos no deserto das arábias em vez das dunas da
Redinha.
Não precisa ser profeta para chegar a conclusão que não emplacará 2010
sem que as avenidas de Natal se tornem intransitáveis. O número de veículos que
circula já é maior, hoje, que a capacidade de sua malha viária. Estão financiando
carros para pagar em sete anos (oitenta e quatro meses). Qualquer pessoa, com
apenas um salário, sai de uma loja ou concessionária, sem avalista, lenço ou
documento, dirigindo por aí. Quando acontecer uma crise econômica no país, quem
vai para o beleléu: a financeira ou a seguradora? Já prevejo filas de carros
abandonados nas vias públicas por inadimplentes enlouquecidos. Não desejo que
isso ocorra mas o calote vai ser geral. Já imaginou uma entrada de vinte por
cento no valor do bem e somente pagar a primeira prestação em 2010? É caso de
B.O (Boletim de Ocorrência).
Outro tema para o qual não se exige douta profecia está nas religiões.
Algumas modificam o cristianismo ao seu bel prazer e conveniência. A boa nova
para arrebanhar seguidores reside no apelo musical. A conversão está no tom.
Jesus Cristo é fulanizado em forró, axé, lambada, brega, carimbó, swing e
pagode. Em breve, em vez de MPB, surgirá a MPR (Música Popular Religiosa).
Segundo os ruidosos desse mundo nada mais espiritual, após a palavra, que
dançar um relabucho na igreja. Dizem eles que a unção é contagiante. Não
precisa ser profeta para antever que essas religiões tendem a fazer desaparecer
o Cristianismo. Não é por aí o caminho. Estão profanando o nome de Deus.
(*) Escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário