Coisas que não se
explicam
Por: augusto Coelho Leal, engenheiro civil
Existem
coisas na vida, que por mais que você procure uma justificativa, não se
justificam. Pelo menos para que eu possa aceitá-las preciso de argumentos, mas
até agora não achei, há não ser, desmandos, roubos, falta de capacidade
administrativa.
A
nossa Câmara Municipal, ou seja, da cidade de Natal, fez uma audiência pública,
para debater o genocídio dos palestinos. Ora vejam bem a importância desta
audiência, com relação aos problemas cruciais da nossa cidade, do nosso estado,
do nosso país. Que diabo tem haver a Palestina com Natal? Os buracos das ruas e
avenidas, lá causados pelas bombas, aqui pelas chuvas.
Mas
fiquemos por aqui. Quantas pessoas são assassinadas em Natal ou na Grande
Natal? Quantos lares são invadidos por marginais que andam em massa pelas ruas
dessas localidades? Os transportes
coletivos são assaltados todos os dias. Os jovens, filhos de classes pobres,
que moram em favelas, sem serem educados. Com renda familiar baixa ou muitas
vezes sem renda nenhuma, esses jovens procuram os guetos pelas noites, madrugadas
em busca das drogas e são assassinados. Não existe um trabalho de assistência
social ou pedagógica em forma de mutirão permanente para esses jovens. Estão abandonados,
entregues a própria sorte, ou melhor, ao próprio azar. Nunca ouvi falar em uma
audiência que tratasse desses assuntos. São problemas nossos gravíssimos, são
crônicos, exigem soluções urgentes. Mas, estamos preocupados com a politicagem
barata, e ainda temos que nos preocupamos com os problemas dos palestinos e
judeus, como se nós vivêssemos em um mar de rosas, e não em um mar de lama ou
de sangue.
Já imagino uma
grande caravana com os camelos de Ginipabu, pelos desertos da palestina,
com uma banda de música, tocando a música do filme “Lawrence of Arabia”
e uma grande faixa. “Estamos aqui, lá pouco fazemos.” Por isso, acho que vereador não deveria ter salário,
talvez aí motivasse os verdadeiros colaboradores da sociedade a uma cadeira na
Câmara.
Como
estamos falando em assassinatos, roubos, furtos, estupros e outras mazelas,
outro dia li em jornais da nossa cidade que o secretário de segurança, pede
ajuda a população para diminuir tais delitos. Pode? Pode, aqui pode tudo ou
tudo pode a ordem dos fatores não altera o produto, nem aumenta ou diminui a
insegurança pública. Quanta saudade do Coronel Bento de Medeiros, do seu filho
Maurílio Pinto. Hoje, desarmaram os homens de bem e super armaram os marginais.
O cidadão hoje não tem a menor chance de defesa, vive amedrontado, acuado
dentro de sua casa, mesmo assim, nem lá ele tem segurança. Semana passada vi
uma senhora de idade ser assaltada de arma apontada. Roubaram-lhe a bolsa e o
seu carro, ela coitada em estado de choque. Isto aconteceu ás nove horas da
manhã na Avenida Afonso Pena, uns duzentos metros do Quartel de Polícia, em um
dia de semana, com vários veículos passando pelo local. Mas nada afastam os
bandidos, eles sabem que nós estamos desarmados e indefesos e que a impunidade
é grande.
Por
que o nosso Judiciário é tão lento? Por que a Câmara, a Assembléia Legislativa
não se reúnem com membros dos governos, do Judiciário para cobrar da Justiça
mais agilidade nas sentenças judiciais. Por que se o problema é de pessoal não
se resolve este problema com mais contratações? Por que se os equipamentos são
deficitários não equipamos nem modernizamos esta instituição?
Por
que os políticos honestos são aqueles que mais lutam contra suas dificuldades? E
são em sua maioria os menos votados? Por que a maioria dos homens de bem se
afasta da política partidária? Por que o povo, reclama, reclama e no final vota
nos mesmos? Quantos são os políticos que por esse Brasil a fora estão no poder
há mais de doze anos? Quase todos, fazem política por profissão, não por amor
as coisas públicas. São grandes as denuncias de corrupção, mas continuam quase
todos. Povo educado é povo esclarecido, e educar o povo não é prioridade para a
maioria dos políticos.
Estava
em certo lugar, quando ouvi de um cidadão, que lê, escreve, se atualiza, dizer
-eu voto em fulana porque acho "menos ruim" de todos os candidatos. A
análise passa a ser feita por baixo e não os melhores, e assim vamos passando
nossas vidas.
Passei
pela Avenida Salgado Filho, ali perto do Walfredo e vi várias ambulâncias do
SAMU estacionadas. Achei estranho, e procurei saber o motivo de elas estarem
ali. Resposta – as macas ficaram retidas no hospital, por falta de leitos por
lá. Pode? Pode, aqui faltam recursos para saúde, segurança educação, mas não
falta para campo de futebol e nosso povo não é politizado para ver isto.
Sei
que esta ladainha que escrevo é antiga. Mas, tenho gravada comigo palavras de
John Kennedy “Temos necessidade de homens capazes de
imaginar o que nunca existiu.” Imagino um país diferente para todos os
brasileiros, imagino um dia um povo bastante politizado para saber em quem
vota.