Pousada
Lobos da Montanha
Jansen Leiros*
Como um lobo de alvíssimo pelo, focinho erguido para o infinito, “Nuvem Branca” parecia farejar a Lua, em sua
magnífica polaridade, passeando pelo céu de infindável horizonte. Transcorria o
plenilúnio!
Horas depois, o dia começava! A nevasca havia coberto a relva
molhada com um branco ofuscante, fazendo doer os olhos da alma, se assim
existissem.
As renas caminhavam desatentas pelos intermináveis vales que
compunham e ornamentavam os sopés da montanha, outrora verdes!
Dias antes, o Dr. Edghard Dantas, amigo pessoal dos
proprietários da Pousada Lobos da Montanha, recebera uma ligação telefônica dos
mesmos e acertaram uma visita à Montanha dos Ventos Ululantes
O passeio foi programado! Edgard, Jr. Úrsula, Anair e
Eu. No dia aprazado, viajamos.
Do aeroporto, saímos na direção da Pousada. Há
cerca de dois quilômetros, avistávamos a Pousada Lobos
da Montanha. Nós, que a apreciávamos daquele “belvedere” estávamos deslumbrados!
Embevecidos! Encantados!
Nossos relógios de pulso marcavam quatro (4
hs) da manhã. A noite se despedia!
Apesar da madrugada, era uma visão belíssima.
Dali, víamos a silhueta de quase toda a Montanha dos Ventos Ululantes, onde
fora, por imigrantes finlandeses, edificada aquela famosa Pousada.
Os possantes binóculos de Úrsula, nos permitiam visualizar
com bastante nitidez, um casal de Urso Polar que se dirigia para o galpão
principal da vivenda, onde os proprietários guardavam, além dos mantimentos da
casa, os pequenos animais, as aves domésticas e tudo o que carecesse de
cuidados, naquela época fria. O ambiente, à noite, estava apinhado de coisas.
Tínhamos informações recentes de que, naquele galpão de dois pavimentos e um “mezanino”, existiam
dois grandes tonéis contendo mel de abelha, colhidos do apiário da Pousada, os
quais seriam utilizados durante todo o ano, até a chegada do verão, que se
aproximava.
No período de hibernação, os ursos iam, paulatinamente,
ficando famintos e, nessas ocasiões, o alimento predileto daqueles animais,
era o mel de abelha que, além das
proteínas de que se compunha seu conteúdo, trazia uma glicose especial,
fabricada pelo tipo de abelha que habitava aquela região, trazidas que haviam
sido, com sucesso, por apicultores do
norte-europeu, especificamente finlandeses.
Supúnhamos que nossos amiguinhos ursos já estivessem muito
necessitados daquele alimento, a fim de reporem suas corduras, entradas que
estavam, no declínio de seu nível regular.
Agora, eles já se deslocavam na direção do galpão com certa
rapidez (na condição de
ursos que eram).
Apressamo-nos para não
permitir que os ursos adentrassem à pousada e fomos devidamente preparados para
rechaça-los preventivamente.
Sabíamos da habilidade
dos Ursos, principalmente no uso de sua força e, por tal razão, estávamos
munidos com excelentes armas que nos haviam sido sugeridas pelo companheiro Dr.
Edgard Dantas, “expert” em munições
específicas no abate de animais perigosos.
Edgard Jr. esposo de
Úrsula, desceu do veículo e, lépido, pulou a mureta que guarnecia a Pousada e
contornou o muro de arrimo que cercava o galpão. Chegou-se à entrada do ambiente fechado e,
colocando-se contra o vento, apoiou-se em posição de tiro. Edgard, em condição estratégica,
também se posicionou e, instantes depois, ouviram-se dois estampidos, dois
uivos ou gemidos e os animais estavam fora e combate.
As portas se
abriram! Os moradores, também armados,
acorreram ao galpão e, ao chegarem, identificaram o Dr. Edgard, o convidado de
honra, conhecido que era dos
proprietários e se abraçaram felizes pelo sucesso naquela caçada não planejada.
Minutos depois, o café
da manhã estava posto à mesa e a família reunida, feliz e alegre comemorava o
abate dos dois gigantes da floresta polar.
Jansen Leiros*
Da Academia
Macaibense de Letras;
Da Academia
Norte Rio-grandense de Trovas;
Da União
Brasileia de Escritores;
Do Instituto
Histórico e Geográfico do RN.