sábado, 16 de maio de 2015




           Pousada Lobos da Montanha
Jansen Leiros*


Como um lobo de alvíssimo pelo, focinho erguido para o  infinito, “Nuvem Branca” parecia farejar a Lua, em sua magnífica polaridade, passeando pelo céu de infindável horizonte. Transcorria o plenilúnio!
Horas depois, o dia começava! A nevasca havia coberto a relva molhada com um branco ofuscante, fazendo doer os olhos da alma, se assim existissem.
As renas caminhavam desatentas pelos intermináveis vales que compunham e ornamentavam os sopés da montanha, outrora verdes!
Dias antes, o Dr. Edghard Dantas, amigo pessoal dos proprietários da Pousada Lobos da Montanha, recebera uma ligação telefônica dos mesmos e acertaram uma visita à Montanha dos Ventos Ululantes
O passeio foi programado! Edgard, Jr. Úrsula, Anair e Eu.  No dia aprazado, viajamos.
Do aeroporto, saímos na direção da Pousada. Há cerca de dois quilômetros, avistávamos a Pousada Lobos da Montanha. Nós, que a apreciávamos daquele “belvedere” estávamos deslumbrados! Embevecidos! Encantados!
Nossos relógios de pulso marcavam quatro (4 hs) da manhã. A noite se despedia!
Apesar da madrugada, era uma visão belíssima. Dali, víamos a silhueta de quase toda a Montanha dos Ventos Ululantes, onde fora, por imigrantes finlandeses, edificada aquela famosa Pousada.
Os possantes binóculos de Úrsula, nos permitiam visualizar com bastante nitidez, um casal de Urso Polar que se dirigia para o galpão principal da vivenda, onde os proprietários guardavam, além dos mantimentos da casa, os pequenos animais, as aves domésticas e tudo o que carecesse de cuidados, naquela época fria. O ambiente, à noite, estava apinhado de coisas.
Tínhamos informações recentes de que, naquele galpão  de dois pavimentos e um “mezanino”, existiam dois grandes tonéis contendo mel de abelha, colhidos do apiário da Pousada, os quais seriam utilizados durante todo o ano, até a chegada do verão, que se aproximava.
No período de hibernação, os ursos iam, paulatinamente, ficando famintos e, nessas ocasiões, o alimento predileto daqueles animais, era  o mel de abelha que, além das proteínas de que se compunha seu conteúdo, trazia uma glicose especial, fabricada pelo tipo de abelha que habitava aquela região, trazidas que haviam sido, com sucesso,  por apicultores do norte-europeu, especificamente finlandeses.
Supúnhamos que nossos amiguinhos ursos já estivessem muito necessitados daquele alimento, a fim de reporem suas corduras, entradas que estavam, no declínio de seu nível regular.
Agora, eles já se deslocavam na direção do galpão com certa rapidez (na condição de ursos que eram).
Apressamo-nos para não permitir que os ursos adentrassem à pousada e fomos devidamente preparados para rechaça-los preventivamente.
Sabíamos da habilidade dos Ursos, principalmente no uso de sua força e, por tal razão, estávamos munidos com excelentes armas que nos haviam sido sugeridas pelo companheiro Dr. Edgard Dantas,  “expert” em munições específicas  no abate de animais perigosos.
Edgard Jr. esposo de Úrsula, desceu do veículo e, lépido, pulou a mureta que guarnecia a Pousada e contornou o muro de arrimo que cercava o galpão.  Chegou-se à entrada do ambiente fechado e, colocando-se contra o vento, apoiou-se em posição de tiro. Edgard, em condição estratégica, também se posicionou e, instantes depois, ouviram-se dois estampidos, dois uivos ou gemidos e os animais estavam fora e combate.
As portas se abriram!  Os moradores, também armados, acorreram ao galpão e, ao chegarem, identificaram o Dr. Edgard, o convidado de honra,  conhecido que era dos proprietários e se abraçaram felizes pelo sucesso naquela caçada não planejada.
Minutos depois, o café da manhã estava posto à mesa e a família reunida, feliz e alegre comemorava o abate dos dois gigantes da floresta polar.
Jansen Leiros*
Da Academia Macaibense de Letras;
Da Academia Norte Rio-grandense de Trovas;
Da União Brasileia de Escritores;

Do Instituto Histórico e Geográfico do RN.

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