sábado, 23 de abril de 2022

 Novas Cartas de Cotovelo – OUTONO de 2022-13

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes

    Outra vez a falta de disposição para escrever induz ao alimento para a preguiça, que me invade nesses dias invernosos de Cotovelo, privando a todos do gozo da natureza.

    Em razão desse fato, ocupo o meu tempo - demasiadamente ocioso, a fazer reiteradas leituras e com elas deixar os dias passarem até o meu regresso a Natal, pois lá ainda cumpro pequenos compromissos profissionais e mergulho no meu atelier, razão maior do meu dia a dia.

    Apesar dos pesares, Cotovelo continua linda, com chuva, pouco ou nenhum sol, mas conservando a placidez do bucolismo das cidades do interior, onde ainda é possível sentar à frente das casas vendo a paisagem.

    Graças à diligência de um empresário local, o querido Octávio Lamartine, Presidente da PROMOVEC, tem sido possível encontrar bons momentos de lazer ou de atividades religiosas através da sua rádio Web Mar e Campo, como, igualmente alguns poucos outros empresários, que teimam em manter abertos seus estabelecimentos comerciais variados, incluindo padaria e degustação, que possibilita ter alimentação sem ir longe.

    O deletério barulho de uma casa de recepções, principalmente nos sábados do cair do sol e começos da noite e madrugada, afinal cessaram.

    Cotovelo/Pium compõem uma Comunidade que vem aumentando a sua população e, muito breve, será um arrabalde da capital, na expectativa de a Prefeitura de Parnamirim iniciar algumas obras de urbanismo e uma principal - escoamento dos esgotos.

    Visitar o Vale do Pium, além de proveitoso na aquisição de verduras, frutas e legumes, é também prazeroso pela visão mais saudável da natureza produtiva.

    Muito bem-vindos os projetos de melhorias da nossa Comunidade, anunciados pela Edilidade da Cidade Trampolim, acompanhados de perto pela nossa PROMOVEC, prevendo grande melhoria para os próximos cinco anos. Vamos investir um pouco mais na cultura, nas artes e no lazer.

    E tome chuva!!!!!!!!!

 



quarta-feira, 20 de abril de 2022

 

O REENCONTRO – Berilo de Castro



O REENCONTRO –

Há 55 anos (1967), quando o nosso futebol ainda se vestia de um certo amadorismo e o amor pela camisa e pela prática do futebol era verdadeiro e fiel; quando ainda não se beijava “falsamente” o seu símbolo maior – o escudo na camisa, o América FC e o Riachuelo Atlético Clube (RAC) travaram um belo embate para decidir o campeonato de futebol da cidade. O jogo foi  realizado na noite de uma quarta-feira, dia 27 de dezembro de 1967, no centenário Estádio Juvenal  Lamartine (JL), no bairro do Tirol.

Noite de verão, de céu estrelado, de temperatura elevada medida pelos termômetros dos torcedores, ocupando todas as dependências do JL. Foi uma vibrante noite de vermelho e azul.

Momento de uma disputa inusitada, diferente de todas as outras já realizadas. Não estaria em campo para a decisão final, a maior colecionadora de títulos do Estado – a equipe  alvinegra do ABC FC. Estavam presentes, sim, as briosas equipes do América  e do Riachuelo.

A cidade em festa, vivendo um momento de muita empolgação e de muita expectativa; as equipes muito bem preparadas e ansiosas aguardavam  a hora do embate.

O JL, em êxtase, casa lotada e eriçada, digna de um teatro de arena, orgulhoso em mostrar os seus artífices desempenhando brilhantes papeis com muita maestria. O espetáculo aconteceu em um clima  vibrante de uma bela e envolvente disputa; o resultado final mostrou o equilíbrio de forças dos dois times em campo; jogo encerrado e o escore empatado, o que deu o título de campeão ao América, que jogava pelo resultado.

Hoje, tarde noite de sexta-feira, 8 de abril de 2022, próximo de completar 55 anos, aqui estamos  nós, atletas remanescentes das duas equipes, juntos e unidos nesta noite de inverno, abafada, sem luar, de céu azul com poucas estrelas e nuvens esparsas, na dependência física do América, no “Themis Bar”, relembrando os momentos do embate, marcando terreno e mantendo acessa a chama da nossa história. Infelizmente, sem poder contar pessoalmente com todos os  participantes daquela peleja final; muitos já nos deixaram, partiram para sua última viagem, deixando saudades e outros, sem condições físicas de comparecer.

A nossa disputa, a nossa peleja, hoje, não está em jogo e nem termina aqui, e sim, se reencontra sem disputa de titulo, de  troféu, sem vencedor e sem vencido; somos um só clube, uma só equipe, vestindo a mesma camisa, com cores que se misturam e se definem em união, amizade e fraternidade; voltando a lembrar e relembrar que há 55 anos, estávamos travando um grande duelo em busca do título de melhor time do futebol potiguar, o que orgulha, enriquece e inebria a todos nós até hoje.

 

 

 

 

 

 

Berilo de Castro – Médico e Escritor,  berilodecastro@hotmail.com.br

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

segunda-feira, 18 de abril de 2022

 As crônicas de Jahyr Navarro

Daladier PessoaCunhaLimaReitor doUNI-RN

 

Depois de muitos apelos de amigos para que reunisseemlivroumaseleção das suas crônicas, publicadas no jornal Tribuna doNorte, JahyrNavarro resolveu perenizar em uma obra esses seus ótimos escritos. Somoscolegas de turma e, durante seis anos, de 1960 a 1965, vivemosodiaadiado curso médico. Sempre de bom humor, alegre, brincalhão, nashorasdelazer fazia com que o sorriso fosse frequente nas faces dos 22colegasdaturma, bem assim de amigos de outros períodos. Porém, nas aulasenashoras de aprender, encarava tudo com o maior rigor. Foi bomaluno, assíduo,dedicado, e, ao concluir o curso, foi logo para o Rio de Janeirofazer estágioem um dos melhores hospitais da cidade. Ao retornar, fez concursoetornou-se professor de otorrino, ao lado de grandes mestres, entreosquaisonotável Raul Fernandes. Escrever e publicar é se desvelar aos leitores, mesmo quenãosetratede autobiografia. O escritor Ivan Maciel, em crônica sob o título“Oofíciodeescrever”, publicada no jornal Tribuna do Norte, em16 de janeirode2016,assim se expressa: “Há também em todos nós, comvocaçãoounãodeescritor, uma tendência compulsiva de nos revelarmos. Queremoscomunicaraos outros – sem saber sequer se isso vai interessar alguém– nossasideias,sonhos, fantasias. Mais ainda: o que sabemos ou o que pensamossobreavida”. Clarice Lispector, em crônica no Jornal do Brasil, em5dejunhode1971, (Viajando por mar), escreve: “Um dia, telefonei para RubemBraga,ocriador da crônica, e disse-lhe desesperada: Rubem, não soucronista, eoque escrevo está se tornando excessivamente pessoal. Oqueéqueeufaço?” Ele respondeu: “É impossível, na crônica, deixar de ser pessoal.” O livro de Jahyr Navarro compõe-se de crônicas de passagensvividaspelo autor, na sua querida cidade de Natal. Impregnada de amor telúrico,alinguagem do escritor Jahyr Navarro é límpida, enxuta, semsobrasdepalavras e de extrema clareza. É o tipo de texto que prendeoleitor atéàúltima frase. São aventuras, relatos, lembranças de velhos amigos, lugares,ruas, hospitais e até igreja, um amplo resgate histórico de cenasguardadasnos desvãos da memória do autor. As crônicas de Jahyr Navarrooelevaàcondição de figurar entre os melhores escritores memorialistas dacidadedeNatal. Só para ilustrar, vejamos poucas frases da crônica “Lembrandoaminha rua”: “A minha rua era cheia de graça, e tudo nela tinha oseuencanto(...). Em cada pedaço de chão que piso, salta uma lembrança. Cadacasaque ainda resta, ou, que não se modificou, lembra umrosto, umahistória...”Jahyr Navarro da Costa é homem de múltiplas atuações: médico,dentista, professor, cantor, boêmio, causeur, atleta, escritor e pilotodeavião,com brevê. Em tudo, sempre se houve de forma profícua, eleganteecompetente. Texto publicado na Tribuna do Norte, em14/04/2022

 

LEIAM A BÍBLIA

 

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

 

“Pois não me envergonho do evangelho de Cristo, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” Romanos 

1.16.

 

Não li, em minha vida, tanto quanto gostaria de ter lido sobre autores das literaturas brasileira, francesa, portuguesa e inglesa – as minhas prediletas. Enveredei cedo pela política gastando o meu tempo e o latim. Mas selecionei e degustei obras preferidas. O tempo passou. Sem vocação para a advocacia não me interessei pelos filósofos e juristas. Admirava-os sem conhecê-los bem. As biografias dos grandes estadistas, os episódios marcantes da história da humanidade me alimentaram por algumas estações. Enfim, tenho do mundo uma visão humanista, política, administrativa e social. A chamada cultura bacharelesca sintonizada com o homem e o ambiente em que vive. Sou um provinciano saudosista ou memorialista, como queiram.

 

A leitura da Bíblia, desde a fase adolescente, pouco me seduzia, mesmo tendo estudado oito anos no Colégio Marista, ao qual muito devo a minha formação educacional e espiritual. Estudava-se a história sagrada de forma pedagógica dos livros da FDT. Quase não se compulsava a Bíblia. Percebo, hoje, o quanto isso me fez falta. Agora, na maturidade, senti uma imensa sede da palavra dos evangelhos, dos profetas, dos salmistas e das epístolas do maior de todos os apóstolos: Paulo de Tarso, o que fora perseguidor dos cristãos, que contribuiu para o martírio de Estêvão e que estava ao lado da guarda pretoriana quando Jesus foi crucificado. Aquele mesmo chamado depois por Cristo para receber o Espírito Santo de Deus e se tornar o mais importante pregador do cristianismo em diferentes partes do mundo até os nossos dias. 

 

Ah! Como seria bom se ele pudesse pregar ao vivo, em Aparecida, São Paulo, perante os maiores dignitários deste mundo, realçando sempre acima dele, mais a Santíssima Trindade do que o homem mortal, como atualmente assim não agem certos pregadores sem humildade através do aparato humano, do show gospel, da cantoria vulgar, da banalização do nome de Jesus Cristo e de falsos milagres por intermédio da televisão comercial. Se lhe fosse dada a chance de exortar que: “Só há um Senhor, uma só fé e um só batismo”. E que há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. “Sede uns para com os outros benignos, perdoando-vos uns aos outros como Deus vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Cristo e que ninguém vos engane com palavras vãs”. (Efésios).

 

Falta em muitos doutores das igrejas da modernidade o sentimento da humildade que o apóstolo Paulo detinha. Disse ele em Coríntios: “Sou o menor dos apóstolos e não sou digno de ser chamado apóstolo pois persegui a igreja de Deus”, apesar de Cristo viver nele. E se lhe dessem a oportunidade de falar na Rede Globo para todo o Brasil e principalmente para o Rio de Janeiro: “Se esperamos um Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. Pois, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir os sábios, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele”. Por isso, hoje proclamo: leiam a Bíblia. Além de instruir, ela santifica.

Aproveito para desejar a todos os leitores uma Feliz Páscoa!

 

(*) Escritor