ENQUANTO NÃO CHEGA 2026
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
O Rio Grande do Norte é conhecido e estigmatizado por
gastar o tempo com discussões marginais, supérfluas e estéreis. Soou a
trombeta eleitoral do início da campanha do ano 2026. E com ela fica
decretado que os homens públicos estão livres do jugo da ação da mentira.
Não mais será preciso usar a carcaça da desfaçatez para denegrir o seu
semelhante. A praça pública não pode transformar-se em rinha real,
escarlate, com suas armadilhas e surpresas. Que a baba e a saliva dos
profissionais da política não estilhacem vidraças. E que os ácidos
laboratoriais com seu chiado contínuo e enfadonho não prevaleçam sobre
os lares honrados.
É preciso exorcizar as teorias esquisitas do pântano
enganoso das bocas detratoras. Pelos caminhos do litoral e do oeste não
vamos esquecer o andarilho alísio caminheiro portador de boas novas de
milho e feijão verde. Do Mato Grande o vento carpidor e viajante vai
modelar no dorso a canção triste de antigas estiagens. No palanque do dono
da eleição nenhum vento plangedor romperá a brida do cavalo aboiador.
Nessa eleição é preciso que a verdade seja servida antes
da sobremesa. Lembrem-se que candidato e eleitor são lobo e cordeiro e
que jantarão juntos . O pasto do político é qualificado, mas ele sabe que a
fome é certa. Determinados candidatos possuem uma malandra e esperta
fome de guaxinim. E o eleitor sempre foi um ser privatizável, inconsciente
e circunstancial. Vamos cultivar as boas ações. Tudo vai passar. Aquelas de
melhores dividendos serão leiloadas pelo Banco da Providência.
Imprivatizável. Indevassável. Anti-Proer. Inassaltável. Lugar onde o
dinheiro jamais poderá comprar o sol das manhãs vindouras. Local onde os
moedeiros falsos do papel podre das emendas parlamentares jamais
entrarão. Mesmo diante do difícil e corruptível instituto da reeleição, que os
eleitos saiam das urnas limpos e acreditados. O processo eleitoral não pode
se cobrir de manchas e distorções irreparáveis. O político é um ser que ama
somente a si mesmo. É tempo de divórcio. É obrigatório flertar com o povo
porque no baile da eleição é proibido o uso de máscaras. Passou a
pandemia.
Nesse país, grande templo dos desafortunados e famintos,
todos os ídolos têm pés de barro. Principalmente os ídolos oficiais de certos
políticos, que entram e saem de cena como bufões.
A ninguém não podem mais enganar. O processo de
empobrecimento do Nordeste, em curso, em nome de uma falsa
modernidade, não se restringe só aos bancos, às empresas estatais, mas,
principalmente, ao Poder Público, aos Estados e Municípios, visando
enfraquecê-los e deixá-los inferiores, de pires à mão, genuflexos. Até
parece que, em nome do real, se preconiza o nascimento de um Estado
Unitário, Monetário, Autoritário, Confederado, mas libertino porque
subjuga e corrompe governadores e parlamentares. Ultrajante é a violência
institucionalizada no país. Obsceno é o patamar dos juros bancários.
Hediondo é o estado falimentar do agropecuarista brasileiro.
(*) Escritor.