sábado, 16 de junho de 2012



C O N V I T E ESPECIAL

EDUARDO GOSSON, presidente da União Brasileira de Escritores – UBE/RN e Verônica Melo (viúva) convidam V. Senhoria e família para a Missa de 01 ano de encantamento do Escritor José Bartolomeu Correia de Melo.

Local: Igreja Nossa Senhora do Líbano

Data: 18.06.2012 (segunda-feira)

Hora: 19h

sexta-feira, 15 de junho de 2012

H O J E, dia 15 de junho, a partir de 19 horas, teremos no Centro de Convivências do Campus da UFRN o lançamento do Livro/CD “Pássaro Novo”, com resgate da impressionante produção musical de Ivanildo Cortez e Napoleão de Paiva.

Para toda a geração que viveu intensamente o movimento musical natalense dos anos 1960 e 1970 - inspirado nos Beatles, na Jovem Guarda e no Tropicalismo- é a oportunidade de resgatar as principais composições que entusiasmaram a juventude nos festivais que eram realizados no Palácio dos Esportes e no Teatro Alberto Maranhão.

Trata-se da história escrita e cantada (livro +CD) abordando a efervescência estudantil, o Tropicalismo papa-jerimum e o cotidiano da Natal nos tempos das tribos “Paz e Amor, Bicho”.

É a oportunidade de lembrar as origens da irreverente Banda de Rock estudantil “The Funtus” e da evolução do repertório produzido por Ivanildo Cortez e sua turma, culminando com o sucesso impactante de “Quero talvez uma Nêga” que ganhou nota 10 da unanimidade dos jurados no Festival Nordestino realizado no Teatro do Parque lotado em Recife no ano de 1973.

O CD -que contém as melhores músicas produzidas por Ivanildo Cortez e Napoleão de Paiva- foi gravado com participação marcante de Erivaldo Galvão (Babal), Galvão Filho, Isaque Galvão, Pedrinho Mendes, Sílvia Sol, Tânia Soares e arranjos de Franklyn Nogvaes. Os estilos das músicas são bastante variados: Rock, Xaxado, Valsa, Marchinha de Carnaval e Instrumental.

O livro contando toda história da juventude transviada natalense, dos festivais, das bandas de rock estudantis femininas e da turma que “fundou” a Praia dos Artistas, com inúmeras fotografias da época, foi escrito por Carlos e Fred Rossiter Pinheiro.

Fred



O pavor que o homem causa ao homem -
Flávio Rezende*
escritorflaviorezende@gmail.com

Geralmente empreendo minhas caminhadas por cantos e recantos que misturam os belos recortes da natureza com seus representantes sempre maravilhosos, proporcionando a este neófito escrevinhador, graciosas observações de aspectos vários deste mundo de árvores, galhos, frutos, folhagens e, animais conhecidos, com seres, que igualmente caminhando ou compondo o cenário, tornam os meus passos mais ávidos por estas fontes de pensamentos e de inspirações difusas.

Em algumas oportunidades, a vida nos possibilita um mergulho relativamente diferente do tradicional, permitindo uma ousadia em caminhadas por lugares ermos, solitários de presenças visuais aparentes, tornando nossa palpitação um pouco mais desregrada e, proporcionando um mergulho - mesmo que meio amador ou forçado, numa névoa de certo mistério do que pode surgir, adelante.

Quando estamos neste clima de grande interrogação do que pode se materializar diante de nós, às vezes, o que a realidade apresenta é um animal de médio porte, vulcanizando nossa adrenalina para um ambiente de larvas de receio, que rapidamente viram cinzas pelo acostumar da mente já macetada em situações desta natureza.

A mesma situação também ocorre quando o ser sozinho, num ambiente lúgubre, sendo ele ecológico ou urbano, depara-se com outro ser de sua mesma espécie. Apesar das religiões pregarem abertamente que somos irmãos. Apesar das ordens místicas afirmarem que somos todos UM. Apesar de estarmos acostumados visualmente, fisicamente, o medo do outro quase sempre acontece.

O homem não sente segurança ao estar na presença de outro homem num ambiente distante, num lugar onde outros não estejam por perto, reina o pavor, o medo, o receio do outro ser seu algoz, com o homem vivenciando o espírito de Thomas Hobbes, filósofo inglês, que afirmou ser impossível o homem viver em estado de natureza, apontando que a naturalidade do comportamento do homem é o enfrentamento, a lei do mais forte, dai revelar a criação do pacto de nascimento do Estado, que cumpriria a missão de proteger os mais fracos, pois o homem seria o lobo do homem.

Independente de você crer em Hobbes e seu Leviatã é fato que ao visualizar seu "irmão" num ambiente despido de outras presenças, o homem treme, o homem vacila, o homem parece encarnar outro personagem, o Haller, do livro "O lobo da estepe", do grande Hermann Hesse, que deixa margem para uma conclusão pessimista quanto à possiblidade de formação da unidade pessoal.

E este homem que sou eu, você, todos nós, segue sua trajetória, com medo de si mesmo na medida em que não quer de maneira nenhuma encarar seus bosques interiores, cheios de outros seres tarados, ambiciosos, egoístas, caricaturas de nós mesmos e, também o outro ser, que poderá sempre, no vácuo da indecisão, ser o ser, que poderá determinar pela vontade dele, o nosso último suspiro.

Na incerteza de uma aproximação amistosa, o homem esquece sua irmandade e prefere pensar no pior, encarnando Jorge Bem Jor que bem cantou... "... eu estou vestido com as roupas e as armas deJorge. Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem. Para que meus inimigos tenham mãos e não me peguem e não me toquem. Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejam. E nem mesmo um pensamento eles possam ter para me fazerem mal".

*Flávio Rezende, escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN

quinta-feira, 14 de junho de 2012


PRIMEIRO NÚMERO DA REVISTA DA ALEJURN
Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado e escritor

A ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, nasceu da ideia original de Jurandyr Navarro da Costa, intelectual de reconhecido valor, que convocando alguns colegas de profissão e ligados às letras jurídicas, fez nascer a novel Academia, com fundação em assembleia especial realizada no dia 11 de abril de 2007.

A solidificação da Entidade veio paulatinamente com a sua estruturação funcional e estatutária, elegendo-se uma primeira Diretoria, tendo à frente o Procurador Adalberto Targino que lhe deu régua e compasso, disso resultando a criação de 40 cadeiras com a denominação de figuras reconhecidas no mundo jurídico do Estado e consequente convocação de igual número de acadêmicos para o seu primeiro preenchimento.

Em uma segunda etapa, a ALEJURN realizou o seu primeiro pleito eleitoral, resultando na eleição do seu idealizador Jurandyr Navarro que foi obrigado a renunciar o seu mandato, com pouco mais de um ano de gestão, haja vista o percalço do falecimento do acadêmico Enélio Lima Petrovich, que obrigou ao nosso então recém eleito presidente assumir o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, assumindo o seu Vice-Presidente, acadêmico Odúlio Botelho Medeiros.

A sociedade natalense acompanhou e prestigiou as solenidades de posse solene dos integrantes da nova Academia e esta, por sua vez, organizou programas, metas e projetos, que ao longo desses anos vem realizando a contento, notadamente o Projeto de Resgate da Memória Jurídica Potiguar, palestras técnicas e históricas proferidas por pessoas ilustres convidadas e agora, coroando todo esse trabalho, com a publicação do primeiro número da REVISTA DA ALEJURN.

A Revista, que tem como diretor o acadêmico Luciano Alves da Nóbrega, apresenta todo o seu ideário, enumera os integrantes do seu Quadro de Honra, seus Patronos e Acadêmicos, palestras, discursos, artigos e os ensaios a título de Elogio dos Patronos, aqueles que já foram proferidos nas sessões mensais.

Ilustrando a publicação, são transcritos alguns dos atos referentes à história da Academia e registrados diversos momentos noticiados pela imprensa potiguar e fotografias de diversos momentos de sua existência, inclusive do falecimento do seu acadêmico Manoel Benício de Melo Sobrinho, não constando o de Enélio Lima Petrovich porque ocorrido após já formatada a Revista e que será objeto de homenagem especial no próximo número.

Parabéns aos ilustres confrades por este tento marcado em favor da cultura jurídica do Rio Grande do Norte.

quarta-feira, 13 de junho de 2012


C o n v i t e
Odúlio Botelho, Presidente da ACADEMIA DE LETRAS JURÍDICAS DO RIO GRANDE DO NORTE – ALEJURN, convida para o lançamento do Primeiro número da sua Revista Oficial
Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
Rua Mipibu, 443 – Petrópolis – NATAL/RN
Data: 14 de junho de 2012 - amanhã -  (quinta-feira) -  Hora: 19h
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


REUNIÃO DA UBE ACONTECE NO DIA 14-06-2012, POR MOTIVOS SUPERIORES.



UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES DO RN - UBE/RN
Comunicado de reunião nº 03/2012

Através do presente Comunicado ficam todos os membros da Diretoria, do Conselho Fiscal e do Conselho Consultivo da UBE/RN avisados do adiamento, por motivo extraordinário (morte de um filho), da Reunião Ordinária que estava agendada para o dia 06 corrente e que fica remarcada para a próxima quinta-feira, dia 14, com a seguinte


Ordem do Dia:


1. Leitura da Ata de posse da Diretoria (biênio 2012/2013)
2. Aprovação de novos sócios
3. Resolução 02/2012: Coleção Nati Cortez (Literatura Infanto-Juvenil)
4. Programação de um ano de Encantamento de Bartolomeu Correia de Melo
5. Outros assuntos correlatos.


Data: 14.06.2012 (Quinta-feira)
Local: Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
Hora: 16 h


Natal/RN, 04 de Junho de 2012


Eduardo Gosson
Presidente

terça-feira, 12 de junho de 2012


Provas de amor da minha esposa Therezinha Rosso Gomes.
Hoje o DIA DOS NAMORADOS registro 15 anos daquele dia em que, ministrando aula na UnP da Salgado Filho, com duas turmas reunidas - cerca de 100 alunos, pelas 21 horas, o coração baqueou e me veio um enfarte. A salvação chegou com meus alunos, em especial pela diligência de Daisy e Soares, que me levaram para o Papi e ali, recebido pela Dra. Maria José, revivi para o mundo. OBRIGADO a DEUS, àquela iluminada profissional e aos meus queridos alunos.
FELIZ DIA DOS NAMORADOS PARA TODOS.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

CAMPANHA EM DEFESA DA VIDA – EMENDA CONSTITUCIONAL


Prezado (a) Amigo(a):

Todo o dia assistimos a matança de jovens pela droga e não fazemos nada: o meu filho Fausto Gosson foi mais um a engrossar esta triste estatística. Aos 28 anos despediu-se da Vida. Entretanto, nós poderemos fazer algo. Basta você assinar e divulgar esta CAMPANHA EM DEFESA DA VIDA – EMENDA CONSTITUCIONAL entre os seus amigos e conhecidos. Objetiva colher assinaturas com o propósito de entregar aos presidentes dos Três Poderes, com ênfase no presidente do Congresso Nacional.

Todos nós sabemos que 90% da droga que entra no Brasil se dá pela Região Norte por ser territorialmente muito grande e a presença das Forças de Segurança é mínima. Precisamos enfrentar o problema e não varrê-lo para debaixo do tapete. Como enfrentar?

Sabemos que a Polícia Civel e a Polícia Militar não conseguem resolver o problema porque ultrapassa a sua capacidade operacional e também estão envoltas com o dia-a-dia das cidades. Quando resolvem enfrentar atacam no varejo (os morros) e deixam de combater no atacado (Região Norte) provocando tragédias que, muitas vezes, colocam a Opinião Pública contra.

A Constituição do Brasil diz que a função das Forças Armadas é defender o país de uma ameaça externa. Com a queda do Socialismo, simbolizado no Muro de Berlim, o mundo perdeu a bipolaridade e é preciso redefinir o seu papel para evitar que as mesmas fiquem ociosas. Acontece que a droga hoje é um problema internacional que vem minando a sociedade, destruindo o que tem de mais valioso: a sua juventude. O inimigo externo já está aqui dentro e é preciso combatê-lo. Por trás da Marcha da Maconha está o narcotráfico. Perguntamos: liberdade para quê? Para quem? Para começarmos enfrentá-lo é preciso do apoio de todos e algumas medidas práticas por parte do Governo:
01. Emenda Constitucional redefinindo o papel da Forças Armadas e o seu engajamento no combate ao narcotráfico;
02. Em cada unidade da Federação ficaria um contingente mínimo de militares a ser definido pelos Comandos Militares em harmonia com o Ministério da Defesa;
03. O excedente seria deslocado para a Região Norte;
04. Seria instituída, a exemplo de algumas categorias de Servidores Públicos, uma gratificação de 100% sobre os vencimentos (atualmente é de 30%) aos militares;
05. Fim do clientelismo nas Forças Armadas e o restabelecimento da disciplina e da hierarquia (segundo um Oficial de Informações, a pressão é muito grande para permanecer no eixo Brasília-Rio de Janeiro-São Paulo e capitais do Nordeste; ninguém quer ir para as fronteiras, especialmente na Região Norte).

Cordialmente,
Eduardo Gosson
E-mail: eagosson@gmail.com

DIGA NÃO À INDIFERENÇA! A PRÓXIMA VÍTIMA PODE SER SEU FILHO.



A SAÚDE NO BRASIL – Uma Síntese

Geniberto Paiva Campos, Cardiologista, formado pela UFRN.

Afirmar que a saúde brasileira “é um caos”, inicialmente um mote, está se tornando um axioma, adquirindo foros de verdade inconteste.

Em todos os segmentos sócio-econômicos a saúde é percebida apenas como “ASSISTÊNCIA MÉDICA”. Nesse sentido, o direito ao acesso aos serviços de qualidade, com capacidade resolutiva, ainda é restrito a parcelas – crescentes – da população brasileira que dispõem de plano de saúde. Os usuários do Sistema Único de Saúde/SUS enfrentam imensas dificuldades na resolução de problemas simples nas unidades de atenção primária e daí procuram, obstinadamente, os serviços de emergência hospitalares, resultando em sobrecarga de serviço evitável e desnecessária. E mais grave, tornando o sistema administrável.

Se retomamos, entretanto, o conceito de SAÚDE PÚBLICA em sua acepção correta, podemos constatar avanços significativos nessa área, sabidamente restrita às ações governamentais. Nas últimas décadas houve redução da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida, incremento da cobertura vacinal atingindo 100% da população infantil, redução do número de fumantes com impacto evidente nas estatísticas de morbimortalidade das doenças crônicas não transmissíveis, diminuição da desnutrição infantil, com destaque para as ações da Pastoral da Criança, redução das internações e óbitos decorrentes de infarto e derrame cerebral, ampliação da cobertura pré-natal. Resultados que demonstram a presença do Estado e do terceiro setor na promoção da saúde e prevenção de doenças.

Os desafios atuais do SUS, na ÁREA ASSISTENCIAL são, essencialmente: 1) organização da demanda, através da formatação dos DISTRITOS SANITÁRIOS, responsabilidade da SAÚDE DA FAMÍLIA, com papel de destaque para os AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE; 2) investimentos estratégicos nos níveis primários de atenção, os quais dependem prioritariamente de gestão de recursos humanos, com mínima incorporação de tecnologia médica; 3) incremento da qualidade dos serviços hospitalares, com aporte de recursos financeiros e tecnológicos e gestão de recursos humanos. São medidas simples e exequíveis que tem a capacidade de mudar uma situação inaceitável.



Sobre a biografia de Getúlio assinada por Lira Neto e comentada por Otavio Frias
História

Maquiavelismo à brasileira
Os lances de cálculo e sorte na biografia de Getúlio

RESUMO
Primeiro volume da biografia do maior líder político brasileiro escrutina o cálculo racional e a metódica acumulação de poder que marcaram a trajetória de Getúlio Vargas na República Velha. A despeito do curto alcance interpretativo, Lira Neto realizou uma obra jornalística exemplar, que se deixa ler com gosto.

OTAVIO FRIAS FILHO
O primeiro volume da biografia do jornalista Lira Neto sobre Getúlio Vargas merece ser recebido com grande interesse. A publicação de "Getúlio - Dos Anos de Formação à Conquista do Poder (1882-1930)" [Companhia das Letras, 630 págs., R$ 52,50] dá início a uma série de três livros, a ser concluída em 2014, configurando a mais completa biografia sobre o maior líder político brasileiro.
A julgar pela primeira parte, o trabalho vem sendo executado com meticulosidade exaustiva. É gigantesca a massa de documentos oficiais, livros, artigos na imprensa, memórias e testemunhos que o autor e seus auxiliares dominaram para compor uma narrativa decerto prolixa, mas sempre legível e muitas vezes trepidante.
Todo biógrafo acredita que a vida sob seu exame é extraordinária. Mesmo assim, Lira Neto mantém isenção exemplar em meio às paixões que cercaram seu personagem e dividiram o país.
Não escreve para enaltecer ou para detratar, mas como repórter -atividade que exerceu em Fortaleza antes de se mudar para São Paulo, onde se converteu em biógrafo profissional na década passada, ao publicar uma sequência de livros sobre o escritor José de Alencar, o marechal-presidente Castello Branco, a cantora Maysa e o líder messiânico Padre Cícero.
Talvez se possa atribuir a essa disciplina de repórter a principal lacuna em livro tão bem elaborado. Ainda que este não seja um trabalho de história, falta-lhe ambição analítica, alcance de interpretação e densidade explicativa.
Enquanto a camada aparente dos acontecimentos é descrita com suntuosidade de minúcias (ficamos sabendo até a marca da limusine que conduziu o presidente Washington Luís ao sair deposto do Palácio), as relações de força subjacentes são pouco esboçadas. O autor dispensa, assim, muita possibilidade de articular a vida do biografado aos fatores impessoais que ajudaram a moldá-la.
Terá pesado, nessa escolha, o propósito de tornar a leitura atrativa para um público amplo, menos interessado em implicações sociológicas e controvérsias entre historiadores do que no drama pessoal de figura tão hipnótica.
Lira Neto adota a tendência de todo biógrafo contemporâneo à visada cinematográfica, rica em peripécias e lances de expressão imagética, como se concebida para dar base a um futuro roteiro de cinema ou televisão -talvez ambos. Parece ter resistido, porém, à tentação de fantasiar detalhes e turbinar diálogos, que surgem em profusão, mas sempre alicerçados em alguma fonte escrita.

PODER
Getúlio nasceu em São Borja, na fronteira com a Argentina, em 1882, filho de um potentado local. Foi promotor público, deputado, ministro da Fazenda de Washington Luís, governador do Rio Grande do Sul e candidato a presidente da República. Derrotado na eleição de 1930, fraudada como as anteriores, fez-se líder revolucionário e tomou o poder como chefe de um governo provisório.
Foi confirmado presidente pelo voto indireto em 1934. Esmagou uma insurreição liberal (1932), outra comunista (1935) e ainda outra fascista (1938), tornou-se ditador em 1937 com apoio dos militares e foi por eles deposto em 1945. Reconduzido ao cargo pelo voto popular em 1950, suicidou-se em meio à aguda crise política de agosto de 1954.
Contribuiu como ninguém para ampliar e modernizar o aparelho do Estado, impulsionar a industrialização, inaugurar direitos sociais e introduzir a política de massas no cenário brasileiro. Viveu sob a marca da ambivalência: conciliador e autoritário, modernizante e paternalista, conservador e progressista conforme a ocasião.
Distinguiu-se ainda por duas características incomuns. Exerceu uma ditadura feroz entre 1937 e 1945, mas nunca foi pessoalmente acusado de corrupção. Era um político astucioso e manipulador, que obviamente gostava do poder, mas ao exercê-lo parecia ter em mente objetivos nacionais que transcendiam a política miúda.

FORMAÇÃO
Este primeiro volume trata da parte menos conhecida da vida de Vargas, "dos anos de formação à conquista do poder", conforme o subtítulo. É inevitável ler a obra como se fosse historiografia reversa ou premonitória, à procura de sinais que antecipem o Getúlio que viria depois e que permitam esclarecer retrospectivamente essa personalidade elusiva, apelidada de "Esfinge" por causa das intenções indecifráveis e do laconismo sorridente.
Como foi possível, por exemplo, que um político provinciano, oriundo de um Estado periférico, chegasse ao ápice nacional numa estrutura tão impermeável como a da política daquela época?
O panorama biográfico dessa fase inicial ressalta como o Rio Grande ganhou vulto econômico e militar a partir da década de 1910, credenciando-se a atuar como elemento de arbitragem quando as elites políticas centrais -paulista e mineira- entravam em desacerto.
Essa capacidade se potencializou a partir de 1923, depois que o acordo de Pedras Altas, orquestrado por Vargas, encerrou três décadas de confronto entre as duas facções que disputavam o poder no Estado sulino.
De um lado estavam os liberais, chamados de maragatos ou federalistas, ligados a uma linhagem de descentralização, parlamentarismo e livre-comércio que provinha dos tempos do Império. De outro estavam os republicanos, chamados de chimangos ou pica-paus, influenciados pela doutrina positivista e adeptos de uma concepção "científica" de governo autoritário. Grosso modo, aqueles prevaleciam na região fronteiriça; estes, na litorânea.
Embora os republicanos tenham controlado a política gaúcha na maior parte desse tempo, enfrentaram resistências intermitentes que deram origem a duas guerras civis, em 1893-95 e 1923.
Getúlio, que tinha parentes nos dois lados do conflito, cresceu em meio a essas dissensões, à sombra do governador republicano Borges de Medeiros, eleito cinco vezes para o cargo. Sua escola de conciliação mesclava movimentos de intimidação e apaziguamento.
O regime gaúcho não diferia do coronelismo político vigente no resto do país, mas tinha uma peculiaridade: suas facções se achavam imbuídas de colorido ideológico nítido e coerente. Como se expressassem, de forma concentrada, a oposição mais difusa entre liberalismo elitista e estatismo autoritário que seria o eixo da política nacional de 1930 a finais do século, com ecos que ainda ressoam.

CÁLCULO
Evidentemente, Vargas não era um político vulgar. Desde cedo, destacou-se pelo cálculo racional e pela metódica acumulação de poder. É notável o contraste com a turbulência impensada dos que o cercam, a começar dos irmãos, arruaceiros cujas trapalhadas criminais Getúlio tratou de abafar, nem sempre por meios legítimos.
Esse aspecto atávico, tribal, violento (seu pai lutara na Guerra do Paraguai, seu avô combatera na Revolução Farroupilha), estaria presente até o paroxismo de 1954, desencadeado pelo atentado contra Carlos Lacerda, canhestramente urdido nos subterrâneos do Palácio do Catete.
Relembramos ao longo do livro como foi lenta a erosão da República Velha, como demorou até que oligarcas dissidentes e líderes das revoltas tenentistas articulassem uma candidatura viável de oposição à Presidência, apoiada no desgaste crescente do governo central, sobretudo na opinião pública das grandes cidades. E ainda assim Getúlio perdeu.
Parece certo que o desfecho revolucionário teria sido evitado se Washington Luís fosse menos intransigente na imposição de seu sucessor e se não sobreviesse o assassinato -num crime passional- do candidato a vice na chapa de Getúlio, João Pessoa, estopim psicológico da deflagração. Mais certo ainda é que somente a crise econômica de 1929 foi capaz de esvair a sustentação social de um regime que já caducava.
É impressionante a cautela quase apática com que Vargas navegou pela vertiginosa sucessão de episódios. Hesita em aceitar a candidatura; candidato, tenta um acordo secreto com o governo central; derrotado, conforma-se. Quem organiza a insurreição é o círculo imediato de assessores, quase todos amigos de juventude -Lindolfo Collor, João Neves da Fontoura, Flores da Cunha e Oswaldo Aranha.
Até semanas antes de romper com a legalidade, a preocupação de Getúlio é evitar que seu controle da política estadual sofra retaliações do futuro presidente Júlio Prestes, que jamais tomaria posse.
Havia maquiavelismo nessa prudência, mas fica evidente que também houve muita sorte ou acaso -"fortuna"- nesse maquiavelismo. A posteriori, quando o encadeamento dos fatos já premiou o vencedor, a trajetória inteira tende a se apresentar como obra de arte política, sem deixar entrever o quanto terá havido de dúvida, imprevisto e balbúrdia.
Da mesma maneira, o que chamamos de "carisma" do líder -como definir ou identificar algo tão etéreo?- só cristaliza simbolicamente o êxito já consolidado.
Exceto quanto à revelação de alguns detalhes inéditos e episódios secundários, o livro de Lira Neto não parece trazer contribuição original ao relato de uma vida já tão esmiuçada e conhecida. Ainda assim é uma colossal reconstituição dessa existência única na história brasileira, expressa num andamento romanesco e palpitante.
Grande parte do mistério que emana do vulto de Getúlio Vargas se esvanece, mas perdura um resíduo irredutível, enigmático, desse homem sobre o qual se disse que podia "tirar as meias sem descalçar os sapatos" e que preconizava, estranhamente, que "na luta, vencer é adaptar-se".
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Colaboração do jornalista "Walter Gomes" walgom@uol.com.br






domingo, 10 de junho de 2012


BEM PERTO
(a Camões, no dia 10.06.2009. Lido junto ao túmulo do poeta)
Joaquim Sustelo

(editado em CAMINHOS DA VIDA)

Bem perto desse cais donde largavam
Outrora à descoberta as caravelas,
E onde, a cismar que não voltavam,
Choravam por seus noivos as donzelas,

Aqui onde este rio é quase mar,
O mar do permanente pesadelo,
Do medo de pra sempre lá ficar
Como avisavam "velhos do Restelo",

Bem perto desse cume em nossa História,
Desta Nação que tinha longe a meta,
Na paz dum bom guerreiro após vitória
Descansas tu Camões, grande poeta!

Soubesses quanta gente te venera
E como correu mundo a tua obra,
Verias que o teu nome em qualquer era
Tem sempre, pra brilhar, razões de sobra!

Conta-se, sem que ao certo se conclua,
(E já ouvi bem junto à tua estátua),
Que foi a derradeira frase tua:
"Morro. Eu morro sim, mas com a Pátria!" (*)

Um erro, meu amigo: não morreste!
Um poeta nunca morre! O verso flui...
E nós, usando a força que nos deste,
Fazemos com que a Pátria continue.

____________
(*) Camões faleceu em 1580, ano em que Portugal
caiu sob o domínio dos espanhóis, por 60 anos



JESUS CRISTO POR UM DIA

Serra Negra do Norte é aquela cidade do nosso Estado, situada na ponta oeste do Seridó, encaixando-se em alguns municípios do Estado da Paraíba.

Apesar de pequena, já se destacou no comércio do algodão, e do couro de boi ao couro do teiú, maior lagarto brasileiro já em extinção, também conhecido por tejuaçu ou teju.

Foi um empório bastante movimentado. Dali partiam as mercadorias, incluindo-se “peles” de ovelha e de bode, passando por Caicó-RN, até chegarem ao Sul do País. O Algodão, já era beneficiado (descaroçado) na usina da SANBRA – Sociedade Algodoeira do Nordeste do Brasil S/A – ali mesmo na cidade, onde o velho Dinarte começou sua carreira política, exatamente impulsionado por aquele comércio diversificado, através de sua “Importadora Dinarte Mariz Ltda”.

Ressalte-se que o domínio político daquele recanto estava restrito a algumas famílias abastadas ou remediadas. Fincado em três forças como: Os Bezerra da Cunha, os Faria e os Mariz, que até hoje ainda gozam privilégios e exercem domínios político e econômico.

Dos Bezerra da Cunha, destacou-se o velho Artéfio Bezerra, prefeito municipal por mais de uma vez, e um dos personagens desta narrativa. Chegou a eleger um dos seus moradores para substituí-lo na direção dos destinos do município, cuja gestão ocorrera com bastante êxito.

A tradicional feira da cidade convencionava-se aos domingos - hoje, ao que nos consta é aos sábados -; e muita gente a ela acorria não só para efetuar compras ou vender alguma mercadoria avulso. Grande parte vinha fazer uma visita a Nossa Senhora do Ó, padroeira do lugar e os mais moços, quem sabe, arranjarem namorados. Aquelas meninas que usavam azeite de carrapato (mamona) e banha de porco nos cabelos para amaciá-los e, para tirar a inhaca, bastava uma gota de extrato marca Dyrce, vendido no mercado negro, em caixas quadradas onde acondicionavam pelo menos duas dúzias daqueles frasquinhos de 5ml, rotulados de “Amor Perfeito”, “Não Sai do Lenço” e diversos outros atrativos. Mesmo assim não perdia a má-fama pelo baixo preço, ao alcance da classe menos favorecida. É que a turma “endinheirada” o conheciam por “Rola de Pobre”. Um preconceito que vem de longe. Os rapazes, por sua vez, usavam a brilhantina “Glostora”, “Roial Briar” ou “Vale-Quanto-Pesa”, sem desprezarem os tubozinhos, conduzidos naquele bolsinho da frente, já beirando ao cós da calça. Mas deixemos os detalhes.

Foi num desses dias de feira que o ‘Velho Artéfio’, como era mais conhecido, estava chegando da fazenda, costumeiramente na parte da tarde, e encontrou o local onde se instalava o comércio temporário ‘sem um pé de pessoa’. Para sua estranheza, sem dúvida. Olhou para um lado, para o outro... aproveitou a parte alta da cidade para direcionar a visão até sua casa, localizada nas proximidades do “Coreto”, quase à beira do Rio Espinharas que banha parte do município, vindo lá das bandas da Serra do Teixeira trazendo as águas de Patos e de São José do mesmo nome, na Paraíba.

Sem o uso de qualquer aparato, um binóculo, por exemplo, o alcaide-mor vislumbrou uma multidão ao redor de sua ‘mansão’, debaixo de uma timbaubeira de grande porte, e ramos frondosos, bem na beirinha do rio. Foi se aproximando em marcha lenta, pois era portador de deficiência, em razão de queda sofrida no campo, quando corria atrás de gado, deparou-se com um sujeito sentado numa das raízes expostas da árvore. Cabisbaixo, trajando roupas franciscanas, barba e bigode já de bom tamanho. Não se alimentava, embora pessoas bondosas o tivessem oferecido alguma refeição. Quase não falava e quando pouco, balbuciava alguns nomes compreensíveis com muita dificuldade, mas dava para traduzir: Ele dizia que era Jesus Cristo e que estava ali para anunciar os “Três Dias de Escuro”, já há tempos profetizados. E veriam por volta de duas semanas, no máximo.

Com aquela criatividade dominava todos os espectadores, alguns se deslocando para Igreja de Nossa Senhora do Ó, para rezarem e pedirem perdão a Deus pelos pecados até ali cometidos. O templo estava lotado. Até que chegou um menino esbaforido, subiu ao patamar e anunciou: “A polícia resolveu tudo”. Disse isso e se mandou de volta. Para crescer ainda mais a dúvida dos devotos.

Pois bem. O “Velho Artéfio” observou bem direitinho a atitude do “profeta”e disse: “Meninos, nem é Jesus Cristo nem é Santo. Peraí que eu vou invocá-lo bem juntinho dele. Vão lá em cima (referindo-se à parte alta da cidade), digam ao Sargento(Delegado) que eu estou precisando de um cabo e dois soldados. E venham logo”! Uma ordem daquela e de quem partiu só poderia surtir efeito imediato.

Com a chegada dos policiais, o velho alcaide ordenou: “Metam-lhe o couro nesse sujeito, para ver se ele faz o mundo se acabar agora ou escurecer tudo por três dias”.

O ‘engraçadinho” agüentou poucas lamboradas. Saiu correndo, enfrentou um poço de relativa profundidade, nadou uns vinte ou trinta metros lineares, saiu do outro lado demonstrando sinais de cansaço, ainda ouvindo os gritos do “Velho Artéfio” dizendo: “Cabra safado, se daqui há uma hora você for encontrado no Município de Serra Negra, vai ver os três dias de escuro primeiro do que nós”.

Disse isso e se recolheu aos seus aposentos, como se nada tivesse acontecido. E a partir daquele instante, a feira se recompôs, a igreja que se encontrava lotada, teve reduzida a presença dos fiéis e dali em diante tudo correu normal até o sol se pôr, anunciando o final da feira.

Aquele episódio rendeu muitos comentários. Alguém dizia que o fulano ou a beltrana chegaram a revelar ao padre alguns pecados de alta potencialidade (ou periculosidade?) que, em vida, jamais contariam a “seu ninguém”.

Quanto ao “profeta”, não sabemos se lhe compensou ser “Jesus Cristo” por um dia.

JOSÉ SANTOS DINIZ
RN-0242/JP


ANTOLOGIA PÕE POTIGUARES NO PANTEÃO DO CHORO
Por Yuno Silva

Inspirada no antológico "O Choro: reminiscências dos chorões antigos", livro do cantor e cavaquinista carioca Alexandre Gonçalves Pinto (1870-1940) publicado em 1936, a flautista norte-americana Julie Koidin mergulha no universo da mais erudita das vertentes populares da música brasileira e apresenta "Os sorrisos do Choro: uma jornada musical através de caminhos cruzados", obra que traz um registro significativo de toda uma geração de instrumentistas, compositores e personagens do quilate de Altamiro Carrilho, Hermeto Pascoal, Guinga, Sivuca, Yamandu Costa, Henrique Cazes, Paulo Moura e Carlos Malta.


A pesquisa de Julie levou quase uma década ser concluída, reúne 52 entrevistas (transcrições na íntegra) e destaca nomes do Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Recife, São Paulo e Natal. "Foi tudo muito por acaso: em junho de 2002, ela estava de passagem por Natal para descansar e, ouvindo o programa Chorinhos e Canções da rádio FM Universitária, quis conhecer quem estava tocando", lembrou o flautista, cantor e compositor natalense Carlos Zens, que ao lado do instrumentista e compositor João Juvanklin representam os músicos do Rio Grande do Norte no livro de 514 páginas.

"Na época questionaram os motivos dela só ter conversado conosco, mas há dez anos não havia tantos discos lançados na praça e vários nomes que hoje atuam como compositores ainda se destacavam apenas como intérpretes", justificou Juvanklin. O músico de Serra Caiada, que em 2002 tinha CD e song book lançados, contou que chegou a citar, durante a entrevista que concedeu à Julie Koidin, o irmão Franklin e o sobrinho Alexandre Moreira como outros representantes do choro potiguar. "Mas ela queria focar a pesquisa em compositores com trabalho lançado. Se fosse hoje, teríamos muito mais gente para indicar como Diogo Guanabara entre outros ótimos nomes", garante o músico.

Para ambos, o reconhecimento e a oportunidade de figurar ao lado de grandes personalidades da música nacional é a grande recompensa de ter participado do projeto. "Não quero chamar atenção, nem tenho mais idade pra isso e cheguei a pensar que o livro nem seria publicado, mas fiquei extremamente gratificado de estar ao lado nomes como Hamilton de Holanda, que na minha opinião está entre os grandes cavaquinistas da atualidade. Acredito que nossa presença no livro, minha e de Zens, serve para mostrar ao resto do país que aqui em Natal tem boa música sendo feita. Somos apenas a ponta do iceberg", garante.

Aos 74 anos, João Juvanklin já lançou três discos inteiramente autorais e está fechando a produção do quarto álbum e de seu segundo song book (livro com partituras). Em 1998, editou o song book "Trinta e uma peças musicais" e gravou o CD "Bandolim, Cavaquinho e Violão". "Estou na fase de documentar e deixar minhas composições registradas para as futuras gerações, é a minha contribuição com a cultura musical".

JULIE KOIDIN

a flautista fez sua investigação particular sobre o ritmo
o encanto pela espontaneidade e improvisos dos músicos brasileiros

CD DE ALTAMIRO CARRILHO, ACHADO EM SEBO, DEU O PONTAPÉ

Para Carlos Zens, o livro de Julie Koidin é um documento histórico, não só pela abrangência da pesquisa como também pela presença de músicos consagrados e muitos já falecidos como Sivuca e Paulo Moura. "É um trabalho incrível, ela juntou os maiores nomes do choro no Brasil e teve o cuidado de não se limitar aos grandes centros. Acredito que a obra oferece um ótimo material para quem se preocupa com a pesquisa do choro".O flautista disse ser "muito legal" estar junto com grandes músicos do gênero, reconhecidos internacionalmente: "Isso dá boa visibilidade aqui pra nós do RN e reforça laços de amizade que já existiam", verificou Carlos Zens, que apelidou a pesquisadora norte-americana de 'Julie Cajá' - "Ela simplesmente ficou fascinada com as frutas daqui do Nordeste, e virou fã do suco de cajá. Em todo lugar era só o que pedia", diverte-se o músico.

Zens contou que Julie conheceu o choro brasileiro através de um disco do flautista Altamiro Carrilho, 87, encontrado em um sebo nos Estados Unidos. "Carrilho é um dos mestres do choro, nome obrigatório para flautistas de qualquer parte do mundo", ressaltou Zens, explicando que a base do chorinho é formada pela dupla bandolim e flauta. Quando Julie esteve em Natal, Carlos Zens levou a norte-americana naquela primeira primeira roda de chorinho do Beco da Lama, bem antes de existir o Buraco da Catita. "Ficou encantada e, claro, pediu mais um copo de suco de cajá para acompanhar a galera na flauta", recorda.

Segundo Zens e Juvanklin, Julie Koidin planeja vir a Natal no próximo mês de julho para lançar oficialmente o livro "Os sorrisos do Choro: uma jornada musical através de caminhos cruzados" (Global Choro Music) - disponível para compra em páginas eletrônicas de livrarias por preço médio de R$ 45 (o título também pode ser encomendado na livraria Saraiva).

MODA E RECEIO - Sobre o fato do samba e do choro estarem passando por uma nova onda de modismo no país, Zens acha válida a valorização, mas vê com ressalvas e receio a possibilidade da tradição ser enfraquecida com a mercantilização exagerada do gênero. "É muito amor, muita paixão, quando começo a ouvir entro até em depressão com a choradeira. Minha preocupação é essa vulgarização. O samba e o choro são muito mais que isso, vide as crônicas sociais e urbanas de Noel Rosa. Mas uma coisa é certa, eles nunca vão morrer, podem até agonizar, mas morrer não". Carlos Zens explicou que o choro é base instrumental da música brasileira, é a partir dele que se desdobraram o samba, o baião e o sertanejo raiz. "O choro é referência fundamental para a música brasileira, foi a maneira que encontramos para traduzir a música erudita europeia que desembarcou junto com a família real no início do século 19".
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...fonte...www.tribunadonorte.com.br
Fotografias: TN e Canindé Soares