BEM PERTO
(a Camões, no dia 10.06.2009. Lido junto ao túmulo do poeta)
Joaquim Sustelo
(editado em CAMINHOS DA VIDA)
Outrora à descoberta as caravelas,
E onde, a cismar que não voltavam,
Choravam por seus noivos as donzelas,
Aqui onde este rio é quase mar,
O mar do permanente pesadelo,
Do medo de pra sempre lá ficar
Como avisavam "velhos do Restelo",
Bem perto desse cume em nossa História,
Desta Nação que tinha longe a meta,
Na paz dum bom guerreiro após vitória
Descansas tu Camões, grande poeta!
Soubesses quanta gente te venera
E como correu mundo a tua obra,
Verias que o teu nome em qualquer era
Tem sempre, pra brilhar, razões de sobra!
Conta-se, sem que ao certo se conclua,
(E já ouvi bem junto à tua estátua),
Que foi a derradeira frase tua:
"Morro. Eu morro sim, mas com a Pátria!" (*)
Um erro, meu amigo: não morreste!
Um poeta nunca morre! O verso flui...
E nós, usando a força que nos deste,
Fazemos com que a Pátria continue.
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(*) Camões faleceu em 1580, ano em que Portugal
caiu sob o domínio dos espanhóis, por 60 anos
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