terça-feira, 9 de julho de 2019


O SAL E A PRESSÃO ARTERIAL – 

Berilo de Castro



O SAL E A PRESSÃO ARTERIAL –
Há muito conhecemos a íntima associação danosa entre o sal e a pressão arterial.
Por muito tempo essa intimidade tem levado a  implicações e consequências sérias para a saúde, com maior morbimortalidade para a população devido à gravidade da hipertensão arterial.
O sal (cloreto de sódio), ao ser ingerido em grande quantidade, acima de 2 gr/dia (1/2 colher das de café ), é absorvido pelo intestino, entrando na corrente sanguínea, promovendo a absorção de líquidos, com  aumento de volume de fluidos nos vasos sanguíneos, elevando os níveis da pressão arterial (hipertensão arterial – HA).
A população de hipertensos é muito alta no mundo todo, com maior incidência nos afrodescendentes, tornando-se um problema de saúde pública muito sério, responsável por 40% dos infartos agudos do miocárdio (IAM), 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e 25% das insuficiências renais crônicas (IRC). O pior: trata-se de uma doença silenciosa e que raramente se manifesta clinicamente com uma discreta dor de cabeça na região occipital. Assim sendo, a sua abordagem clínica se faz em cima daqueles portadores de seus múltiplos fatores desencadeantes ou predisponentes, como: os obesos, os fumantes, os sedentários, os alcoólicos, os estressados crônicos, os que abusam da ingesta excessiva de sal, os tomadores crônicos de medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos; não esquecendo o fator genético, o mais prevalente e, infelizmente, não corrigível.
Na tentativa de diminuir a grande incidência de hipertensão arterial na população geral, os órgãos de saúde governamentais e as Associações Médicas têm procurado chamar a atenção, com programas de medidas preventivas, sendo as mais enfáticas a redução do consumo de sal, a mudança no estilo de vida, com a reeducação alimentar e a prática regular de atividade física.
É alarmante quando falamos que a hipertensão arterial e a diabetes são as maiores causadoras de doença renal crônica que necessita de hemodiálise e transplante renal.
Um bom conselho: a prevenção, voltada para a correção dos seus fatores causais e, quando instalada, procurar de imediato a orientação médica especializada.


Berilo de Castro – Médico e Escritor –  berilodecastro@hotmail.com.br
As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

QUESTÃO DE CARÁTER

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

Conduta nefasta tem se disseminado em Natal. Não se sabe bem de onde veio. Como se trata de comportamento humano, médicos proctologistas já diagnosticaram que tudo é fruto do mau caratismo. Defeito de personalidade para uns, ou, transtorno procedimental para outros. Onde quero chegar, finalmente? Já quer saber o leitor. Só sei que, sete, entre dez executivos, políticos e/ou secretários, agem dessa forma. Em muitos, a vaidade doentia, a megalomania, a mediocridade caracterológica, são fatores preponderantes e prevalentes sobre a humanidade comum que desaparece, de repente, debaixo do verniz do locatário do cargo ou da função.
Hoje em dia, é raríssima a autoridade pública ou privada que dá retorno de telefonemas. Deixar recado é esforço pífio e inútil. Não existe mais apreço, atenção, respeito, civilidade, sociabilidade, humanidade. O político, via de regra, só retorna ligação se houver vantagem de voto gratuito ou financiamento de campanha. O empresário pergunta logo quem está na ponta da linha e quanto vai lucrar. Já alguns secretários de governo, nomeados para atender a sociedade, sempre estão em reunião com “aspones” para evitar interrupções que não atendam seus interesses imediatos. Devolver um telefonema que não foi atendido de imediato por ocupação instantânea ou outro motivo relevante, ou não receber um cidadão que pediu audiência, é ato de cavalheirismo, de educação, de nobreza que pouca gente cultiva.
Sei que muitos leitores estão incluídos na estatística dos sofredores. E gostariam de dizer o que afirmo agora. Os cultores da prática mafiosa alegam que é preciso racionalizar o tempo, eleger prioridades, formatizar custos e ganhos de produtividade, e, o lado humano/cidadão vai para o beleléu, descartado por não representar modernidade, segundo os fariseus dos templos públicos. Cheguei a imaginar, de início, que a minha tese é inconsistente. Seria antiquado portar-me assim, mandando a secretária anotar quem telefonou para retornar, em seguida, uma a uma, as ligações recebidas? Acho que não. Tudo é uma questão de estilo, de ética, de personalidade e de berço.
Quem tem medo do povo não ocupa cargo ou função pública! Deve se lembrar que o cargo não é todo seu e pertence também, a cada pessoa que deseja se comunicar. Mandato eletivo, igualmente, e atividade privada financiada com dinheiro público e dos bancos oficiais. Diga sim ou não. Mas, atenda. Não foi à toa que quintuplicaram o número de telefones no mundo e as portas oficiais se alargaram. Político que não atende eleitor é burro. Secretário que não retorna ligação ou não recebe ninguém é grosso. E empresário que não se comunica se trumbica, já dizia o velho guerreiro Chacrinha.
O recado está dado. Retornar ligação e conceder audiência pública são questões de caráter.
(*) Escritor.

segunda-feira, 8 de julho de 2019




FACULDADE DE DIREITO DA UFRN – 1968

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, advogado

        Num período conturbado da vida brasileira, alguns estudantes potiguares ou aqui residentes, aventuram ingresso na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte através do vestibular do ano de 1964. Os que lograram êxito ingressaram no conturbado mês de março daquele ano, quando rebentou o movimento militar, com seus fundamentos voltados para evitar a vitória de uma teoria esquerdizante e, ao mesmo tempo, colocar o País no seu eixo natural, eis que então existente um período de verdadeira anarquia.

        Aqui não tenho nenhuma intenção de desenvolver as razões do movimento e do contra movimento, mas afirmar que foi um período de extrema dificuldades, haja vista as adesões de colegas às duas correntes, causando alguns transtornos que continuaram até a conclusão do curso, em 1968, cuja solenidade ocorreu no dia 12 no Teatro Alberto Maranhão, um dia antes da edição do famigerado Ato Institucional nº 5.

        Entre os sonhadores com dias melhores para o Brasil estava ARNALDO DE CARVALHO FRANÇA, jovem oriundo de uma família pobre, sendo o pai motorista de caminhão e a mãe professora primária e ele próprio um modesto vendedor no Mercado Público da Cidade Alta em Natal.

        Logo no iniciar das atividades acadêmicas, Arnaldo teve destaque em variadas habilidades: bom argumentador, esportista e estudioso, foi gradualmente ganhando o respeito dos colegas ao ponto de alguns deles – lembro bem de Valério Mesquita e Cláudio Emerenciano, chama-lo de Arnaldo de Carvalho Santos, em alusão ao grande jurista natalense J.M. de Carvalho Santos, radicado no Rio de Janeiro.

        Muitos embates jus-filosóficos, muitas participações nos certames esportivos e boa convivência nas reuniões sociais, traçaram a trajetória do nosso colega de turma.

        Com o diploma na mão, o ingresso na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção local, funcionário respeitado do Banco do Estado de São Paulo – agência da Av. Rio Branco, assumimos uma parceria no meu primeiro escritório de advocacia, formado com a participação, nada mais, nada menos, do Professor José Gomes da Costa, meu pai e patrono da Turma (o paraninfo foi o Professor Carlos Augusto Caldas da Silva), mais meu irmão Fernando de Miranda Gomes e do colega de turma Simeão de Oliveira Melo. Logo ganhamos alguma notabilidade, haja vista que naquela época era mais comum a advocacia individual. O papel timbrado com tantos nomes, mereceu o comentário jocoso do afamado escrivão do 3º Cartório Fernando Carvalho: isso não é um escritório de advocacia, é uma quadrilha.

        Arnaldo tinha tiradas importantes, uma delas ficou gravada em bronze no Tribunal do Júri, cuja frase, confesso que não me lembro, por enquanto, e também teve destaque nesse tribunal do povo, onde doou grande parte de sua vida.

        Solidário em todas as oportunidades, me faz lembrar de uma audiência em que eu iria participar em defesa de um parente e estava com o espírito armado para uma refrega agressiva. Ele não permitiu que eu funcionasse e assumiu o patrocínio em meu lugar e tudo correu normalmente e saímos vitoriosos.

        Desfeita a parceria no escritório em razão de fatores inevitáveis – falecimentos de papai e Simeão, assunção de tarefas individuais diferentes, continuamos amigos, embora com menos encontros. Foi o tempo em que se casou com Dona Munira, ganhando nova habilidade – exímio dançarino.

        O tempo passou, encontros fortuitos – o último deles em dezembro passado, com outros colegas de turma comemorando os 50 anos de formatura. Começa 2019 eu fui para o meu tradicional veraneio de Cotovelo até fevereiro, esperando voltar em março para o carnaval e aí o nosso Criador resolveu me levar THEREZINHA, minha eterna amante. Mal me refazia do momento mais agudo da saudade, sou informado por um dos seus filhos – Adonis ou Adonai, não lembro, de que Arnaldo estava muito doente. Fiquei atordoado e fui visitá-lo no Hospital Professor Luiz Soares e ali procurei dar-lhe algum alento dentro da filosofia cristã, que foi aceito por ele com extremo respeito e fiquei acompanhando a sua luta. Saíra do hospital, mas teve que regressar com uma recaída. Hoje na hora do café, meu filho Rocco me diz, papai Arnaldo faleceu ontem a noite. Novamente senti-me atordoado e marquei a ida para uma despedida logo mais. Vou com Rocco e Rosa Lígia. Apressei-me a fazer estas rápidas linhas para alertar os companheiros da Turma de 1968 da necessidade da nossa última homenagem ao colega e amigo de muitas e belas jornadas, esperando que Deus o proteja em sua nova morada, certamente nos jardins dos Céus, por merecimento.

domingo, 7 de julho de 2019



UM MODO DE VIVER BEM

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

        Escrevo, mais uma vez, no sentido de atingir a sensibilidade dos meus leitores e não para demonstrar erudição ou vaidade de simplesmente escrever. Apenas, agora, quando a minha eterna amada THEREZINHA voltou à casa do Pai, é que tive a necessidade de proclamar a importância do amor na nossa relação.
        Ninguém é suficiente sozinho. Não é o dinheiro, nem a inteligência que levam a criatura humana a se tornar conhecido pela sociedade, mas sim o seu modo de viver.
        Particularizando a minha situação, afirmo que tive um berço de ouro, não de riqueza, mas de cumplicidade com o amor dos meus pais José e Maria, os mesmos nomes que geraram o nosso Salvador. Com eles aprendi a simplicidade, a fidelidade a Deus, num caminho reto em que a religião sempre esteve presente. O resultado está nos frutos que eles geraram.
        Segui o exemplo e construí uma família, hoje, com quatro anjos, duas mulheres e dois homens, que me deram sete netos, tudo isso em parceria com uma criatura formidável que Deus chamou de volta no dia 31 de março deste ano.
        Não quero que minhas palavras representem emocionalismo de uma perda, mas a representação de uma família que soube ser fiel às tradições cristãs, praticando as regras irretocáveis do Livro Sagrado, dentro da tolerância entre os que procuram a salvação e a doação ao próximo através de todas as religiões. Temos entre nós católicos, evangélicos e espíritas e aceitamos qualquer seita que procure fazer o bem, praticar a harmonia do universo e a caridade. Até mesmo os agnósticos e ateus, desde que não interfiram no direito de pensar alheio. Afinal – dia virá em que na terra reinará um só pastor e uma só igreja.
        A desagregação familiar nasce da falta de Deus nos corações, da individualização das buscas e conquistas, gerando a vaidade, a ganância e o desamor. Devemos orar pelos amigos e, também, pelos que não nos seguem nas sendas da vida, como ensinam as Palavras Santas.
        Tenho assistido ou tomado conhecimento como advogado, de dissensões, de verdadeiras intrigas entre irmãos e casais levados pela individualidade referidas. Ninguém cede nada ao outro, preferindo buscar vantagens, ainda que em detrimento da unidade familiar.
        Devo adiantar, que nunca fui santo – em algumas coisas fui injusto, mas sempre tive duas diretrizes fundamentais – a primeira a fidelidade aos princípios cristãos e o segundo a capacidade de retratação diante de algo que involuntariamente fiz em desagrado de outrem. O perdão é um dom de Deus.
        Estou com saudade daquela que foi o meu esteio, depois da minha mãe, mas não tenho nenhuma queixa, palavra ou pensamento de restrição à vontade do Criador. Pelo contrário, agradeço a Ele por haver permitido que num tempo vetusto (71 anos) tenha, coincidentemente, convivido com a minha mãe e com minha Thereza, esta, como amigo-vizinho, namorado e marido/amante e delas ter obtido tudo o que de bom foi permitido nesta dimensão da vida. Todos nós estamos de passagem e, por isso, devemos aproveitar para deixar raízes, exemplos, fraternidade e amor – a vida continuar e o amor deve ser eternizado.
        Um bom domingo para todos.